Prof. Douglas Barraqui
A parceria entre
Portugal e Holanda
ü Holanda passou a custear todas as
etapas, desde o financiamento até o fornecimento de equipamentos para a
produção do açúcar.
ü Holandeses detinham a tecnologia de
refino do açúcar.
ü Em troca, os holandeses tinham o
direito de comercializá-lo na Europa.
União Ibérica
(1580-1640)
1578 – D.
Sebastião, o jovem rei de Portugal, ao tentar expandir a fé católica e
obter honras em batalhas que acreditava que o glorificariam, partiu em uma
cruzada, invadiu o norte da África e desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir,
no Marrocos, com apenas 24 anos, sem deixar herdeiros.
ü Portugueses foram derrotados pelo
sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco);
ü O resgate dos sobreviventes agravou as
dificuldades financeiras do país;
ü Portugal sofre com uma crise
econômica; Surge a lenda do "rei dormente" (Messias) que iria
regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias.
1580 – O tio-avô, o cardeal D. Henrique, inquisidor-geral do reino, único parente mais
próximo morreu em 31 de Janeiro de 1580, sem indicar um herdeiro.
ü Seguiu-se uma crise de sucessão, com
três netos de D. Manuel I de
Portugal a reivindicar o trono: Catarina,
infanta de Portugal, duquesa de Bragança, António,
Prior do Crato e Filipe II de
Espanha sobrinho de D. Henrique.
ü
No
mesmo ano Filipe II Marcha com seu exército para Portugal para
assegurar a sua coroação. O reconhecimento de Filipe II deu-se a partir da
assinatura do Juramento de Tomar uma lista de exigências ao novo rei.
1581 - Juramento de tomar:
I.
Não
interferência na economia de Portugal;
II.
Nomear
portugueses para assuntos de Portugal;
A
Espanha exerceu domínio sobre Portugal por 60 anos. Assim, entre 1580 e 1640,
Portugal e Espanha formaram um único império, governado por um rei espanhol.
Com essa união, Filipe II tornou-se ainda mais poderoso, ampliando a marinha, o
exército e seus domínios ultramarinos.
O domínio espanhol sobre
os Países Baixos
A
partir do final da Idade Média, o território onde se localizam os Países Baixos
(atuais Luxemburgo, Bélgica e Holanda) transformou-se em um importante polo de
produção de tecidos, lã e navios, entre outros produtos.
Ø Séc.
XV - os Países Baixos
estavam sob o domínio espanhol de Carlos
V, da dinastia Habsburgo.
Ø 1565
- holandeses
protestantes começaram a lutarar contra esse domínio. A situação tornou-se
insustentável durante o governo de Filipe
II, católico fanático:
ü Promoveu execuções na fogueira de
perseguidos religiosos.
ü Impôs restrições comerciais entre a
Holanda e as colônias lusitanas.
A
partir de então, as populações dominadas intensificaram as lutas pela
independência que eram financiadas com açúcar do Brasil.
ü Ciente de que os holandeses
financiavam sua luta de independência com o açúcar do Brasil, Filipe II decreta
o bloqueio econômico à Holanda que
estava proibida de comercializar o açúcar do Brasil.
ü Revoltados, os holandeses invadiram e
conquistaram domínios pertencentes à União Ibérica, em especial os destinados
ao tráfico negreiro na África e à produção de açúcar na América portuguesa.
Ø 1600
- Companhia das Índias Orientais (EIC): Responsável por ataques as colônias na Ásia e África;
Ø 1624
- Companhias das Índias Ocidentais (WIC):
- 1624-1625 – Invasão da Bahia;
- 1630-1654 – Invasão de Pernambuco
Observação: 1648
- Felipe IV, sucessor de Filipe II ao trono espanhol, assinou o Tratado de Münster, que pôs fim à “Guerra dos 80 Anos” entre espanhóis e
holandeses pela independência dos Países Baixos. Depois disso, a região
prosperou como um grande centro comercial e manufatureiro. Tabaco, seda, açúcar
e armas de guerra eram os principais produtos de sua economia.
1624 – 1625 - Invasão
Holandesa na Bahia
Ø Com o objetivo de tomar a cidade de Salvador, sede da
administração colonial. Em um primeiro momento, o ataque foi bem-sucedido.
Ø A resistência organizada pelos colonos
de Portugal impediu que os holandeses consolidassem seu domínio, obrigando-os a
abandonar a cidade no ano seguinte.
Observação:
10 a 18 de março de 1625, Piet Hein tentou invadir a Vila de Vitória no
Espírito Santo; o donatário do Espírito Santo era Francisco de Aguiar Coutinho. Maria
Ortiz, (1603 — 1646) é considerada uma heroína brasileira. jovem de origem
espanhola que vivia na colônia portuguesa da capitania do Espírito Santo
organizou a resistência das mulheres que do alto dos casebres lançou carvão em
brasa, óleo fervente, paus e pedras, impedindo que os holandeses chegassem até
o pelourinho na cidade alta. Ganhado tempo para formação da resistência
portuguesa.
1630 – 1654 - Invasão de
Pernambuco
Ø 1630 - os holandeses atacaram o
litoral pernambucano. Após vários enfrentamentos com tropas portuguesas e
proprietários locais, finalmente se apoderaram do território, em 1635. A sede
do governo holandês, estabelecida primeiramente em Olinda, foi logo depois
transferida para o Recife.
Ø De Pernambuco, os batavos estenderam seus domínios de Alagoas ao Rio Grande do Norte, permanecendo no Nordeste brasileiro por 24
anos.
Ø Para diminuir a resistência dos
senhores de engenho à invasão e normalizar a produção, os holandeses ofereceram
facilidades, como:
ü Empréstimos para incrementar os
engenhos.
ü Auxiliar na reconstrução das
propriedades destruídas durante os conflitos militares.
A PRESENÇA HOLANDESA
Promoveu
uma série de mudanças na vida colonial, com a introdução de novos hábitos e
costumes, a construção de edificações e melhorias na vida urbana. A vila de
Recife foi reestruturada ganhando praças e ruas calçadas, no mesmo modelo das
cidades europeias da época.
1637 – 1644 - Governo de
Maurício de Nassau
O
conde Maurício de Nassau pertencia a uma importante família nobre holandesa.
Como governador dos domínios holandeses
na América portuguesa suas principais reformas foram:
Ref. Econômicas e
políticas:
Ø Estabeleceu relações amistosas entre
neerlandeses, comerciantes e latifundiários.
Ø Estabelecimento de aliança política
com os senhores de engenho de Pernambuco.
Ø Adoção de melhorias nos engenhos,
visando o aumento da produção de açúcar.
Ø Melhoria da qualidade dos serviços
públicos em Recife, investindo na coleta de lixo e nos bombeiros.
Ø Redução dos tributos cobrados dos
senhores de engenho de Pernambuco.
Ø Formulação de empréstimos.
Ø Reformou engenhos com empréstimos
concedidos pela WIC.
Ø Confiscou e vendeu engenhos
abandonados.
Ø Incentivou a manufatura local.
Ø Introduziu métodos aperfeiçoados de
cultivo da cana-de-açúcar e do fumo.
Ref. Estrutural Urbana:
Ø Restaurou a cidade de Olinda, onde
construiu hospitais, asilos de órfãos, pontes e outras obras que modernizaram a
cidade.
Ø Investimentos na infra-instrutora de
Recife como, por exemplo, construção de pontes, diques, drenagem de pântanos,
canais e obras sanitárias.
Ø Construiu a cidade Maurícia, na ilha
de Antônio Vaz, com diversos palácios e fortes.
Ø Proibiu a derrubada dos cajueiros,
quase em extinção,
Ø Plantou mamoeiros, jenipapeiros e
mangueiras nas ruas da cidade.
Ø Proibiu que o bagaço da cana fosse
jogado nos rios e açudes, para evitar que as camadas mais pobres sofressem com
a morte dos peixes, seu principal alimento.
Observação: Ponte
Maurício de Nassau -
povo não tinha muita fé na ponte antiga promessa do governo português. Dizem
que “era mais fácil um boi voar...”.
Nassau prometeu construir a ponte e fazer o boi voar. “boi do Melchior” (Boi
Voador), um animal de pêlo amarelado, famoso na cidade por entrar nas casas e
subir as escadas. Em 28 de fevereiro de 1644, um domingo, Nassau marcou a
inauguração da tal ponte. Ordenou que se arranjasse um pedaço de couro, de
tamanho e cor iguais ao do boi exposto no Palácio, que foi empalhado e inflado
como um balão. Amarrado em cordas bem finas, invisíveis ao público que lotava a
praia e os barcos.
Ref. Culturais:
Ø Foi protetor das artes.
Ø Estabeleceu um regime de tolerância
religiosa que diminuiu a resistência dos colonos católicos em relação aos
holandeses, em sua maioria protestantes (calvinistas).
Ø Estabelecimento da primeira sinagoga
do Brasil “Sinagoga Kahal Zur Israel”.
Ø Incentivo ao estudo e retratação da
natureza brasileira, principalmente com a vinda de artistas e cientistas
holandeses.
Ø Criação do Jardim Botânico no Recife,
assim como o Museu Natural e o Zoológico.
De
volta à Holanda, Nassau ocupou vários cargos políticos e comandou o exército
holandês na luta contra a Inglaterra. Morreu na Alemanha, em 1679, aos 75 anos.
A produção cultural
durante o domínio holandês
1637
- conde Maurício de Nassau desembarcou no Brasil - faziam parte de sua comitiva:
46 cientistas, artífices e intelectuais.
A
intenção de Nassau era:
ü Registrar, catalogar e estudar a flora
e a fauna, bem como a sociedade do Nordeste brasileiro.
ü Torná-las conhecidas aos europeus.
a)
ZachariasWagener - que era soldado, produziu centenas de
aquarelas de animais brasileiros que ilustravam seus tratados da fauna local.
b)
Albert Eckhout - pintor naturalista, influenciado pela
obra de Wagener, também retratou a fauna e usava modelos para representar a
sociedade colonial da época.
c)
Frans Post - compôs quadros das paisagens
brasileiras.
d)
George Marcgraf - cientistas da comitiva, naturalista e
astrônomo, se notabilizou pelo detalhismo com que retratava o território
ocupado. Tal era a precisão de seus mapas que se temia que a divulgação de seu
trabalho despertasse a cobiça de outras potências sobre o território então
dominado pelos holandeses.
O fim da União Ibérica:
a Restauração
1640
– Restauração do trono português:
Ø O duque de Bragança comandou os
portugueses em uma guerra contra a Espanha, movimento que ficou conhecido como Restauração.
Ø Para recuperar o trono de Portugal e
fazer prevalecer sua soberania, os portugueses fizeram alianças com vários
países europeus:
ü Ingleses – estavam de olho no mercado
consumidor do Brasil.
ü Holanda – queria manter o comércio
açucareiro com o Brasil. (os holandeses continuariam administrando o Nordeste
açucareiro até 1654).
Ø Instauração da 4.ª Dinastia Portuguesa
- a casa de Bragança - com a
aclamação de D. João IV.
A expulsão dos holandeses:
insurreição pernambucana
Ø 1644 - Nassau é retirado do comando do governo
holandês na América.
Ø Os administradores que sucederam
Nassau, preocupados em aumentar os lucros da Companhia das Índias Ocidentais,
pressionaram os fazendeiros a pagar os empréstimos adquiridos durante o governo
de Nassau, ameaçando tomar-lhes as terras ou confiscar o açúcar.
Ø 1645 - Descontentes, os senhores de
engenho iniciaram os confrontos armados visando expulsar os holandeses. Os
combates ficaram conhecidos como Insurreição
Pernambucana,
Ø Os colonos formaram milícias:
ü O movimento integrou forças lideradas
por André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias.
André
Vidal de Negreiros
·
Mobilizou
recursos e gentes do sertão nordestino • Foi nomeado Mestre-de-Campo.
·
Comando
de um dos terços do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes.
·
Comandou
o sítio de Recife que resultou na capitulação holandesa em 1654.
·
Pelos
seus feitos foi nomeado governador e capitão-geral das capitanias do Maranhão,
de Pernambuco e o Estado de Angola.
Felipe
Camarão ou Potiguaçu
·
Indígena
da tribo potiguar.
·
Organizou
ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos
invasores.
·
Destacou-se
nas batalhas de São Lourenço (1636), Porto Calvo (1637) e de Mata Redonda
(1638).
·
Distinguiu-se
comandando a ala direita do exército rebelde na Primeira Batalha dos Guararapes.
·
Foi
agraciado com a mercê de Dom, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo, o foro
de fidalgo com brasão de armas e o título de Capitão-Mor de Todos os índios do
Brasil.
Henrique
Dias Brasileiro
·
Filho
de escravos, conhecido como governador da gente preta.
·
Recrutou
ex-escravos afro-brasileiros oriundos dos engenhos.
·
Comandou
o Terço de Homens Pretos e Mulatos do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes,
suas tropas também eram denominadas milícias negras.
·
Distinguindo-se
por bravura nos combates de Igaraçu onde foi ferido duas vezes.
ü 1648 e 1649 - As duas batalhas de
Guararapes foram decisivas para restaurar gradualmente o domínio português.
ü Portugal requisitou auxilio militar da
Inglaterra
ü 1954 - os colonos venceram a batalha, os
holandeses assinaram a Capitulação da
Campina da Taborda e se retiraram definitivamente do território nordestino.
A
paz definitiva, no entanto, só seria assinada em 1661. Os holandeses seguiram
para as Antilhas, no Caribe, onde implantaram a produção de açúcar, que passou
a concorrer diretamente com o açúcar português.
A crise econômica
portuguesa
Ø O preço do açúcar caiu ainda mais com
a concorrência da produção holandesa nas Antilhas.
Ø Agravando a situação Portugal foi
obrigada a assinar um tratado com a Inglaterra, como recompensa pelo auxílio na
luta contra os holandeses.
Ø Os navios ingleses foram autorizados a
negociar diretamente nas colônias de Portugal, competindo com os comerciantes
lusitanos.
Medidas adotadas por
Portugal para superar a crise:
Esforço
do governo português para intensificar o controle político sobre seu império
ultramarino e, principalmente, sobre o comércio:
Ø 1642 – criação do Conselho Ultramarino,
órgão cuja principal função era ampliar o controle do comércio sobre os
domínios coloniais.
Ø A fim de combater a sonegação de
impostos, a Coroa proibiu que os comerciantes metropolitanos praticassem suas
atividades de forma independente.
Ø 1649 – foi criada a Companhia Geral de Comércio do Brasil,
que obteve o monopólio comercial entre o sul e o Rio Grande do Norte.
Ø 1682 – foi criada a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão,
que se encarregava das atividades comerciais com as demais regiões da colônia.
Ø Fim da autonomia das Câmaras
Municipais, que a partir de 1696 passaram a ser dirigidas pelos juízes de fora,
agentes diretos do rei;
Ø Incentivo da produção de manufaturas
portuguesas;
Ø 1680 – Fundação da Colônia do
Sacramento (onde hoje é o Uruguai) com o objetivo de facilitar o acesso à prata
extraída na América espanhola.
Ø Organizou expedições para a descoberta
de metais e pedras preciosas no interior da colônia.
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Gislane Campos;
SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris:
história 7° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
CAPELLARI, Marcos
Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista -
Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.
COTRIM, Gilberto. História
Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo:
Saraiva 2005.
MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
PILETTI, Nelson & PILETTI,
Claudico. História & Vida Integrada.
São Paulo: Ed. Ática, 2002.
Projeto Araribá: História – 7° ano. /Obra
coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel
Apolinário Melani.
Uno: Sistema de Ensino –
História – 7° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável:
Angélica Pizzutto Pozzani.
VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental.
São Paulo: Ed. Scipione, 2002.
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