domingo, 29 de abril de 2012

Pergunte ao passado


Prof. Douglas Barraqui

As reflexões sobre a “história” ecoaram durante milênios e continuam até hoje a soar como sons enigmáticos: “quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será nosso destino? como obter a salvação? Onde encontrar todas as respostas para todas as perguntas?

“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. (Inscrição no oráculo de Delfos)

Em tempos remotos o homem buscou as respostas para suas aflições em meio a rituais místicos, solicitou respostas a oráculos, a videntes e a profetas. Era o homem, que sofrendo com a própria ausência, tentava criar uma imagem global, reconhecível e aceitável, de si mesmo. O homem buscou isso quase todo o tempo e  continua por tentar.

Para os gregos a história se repete, o futuro teria os mesmos eventos do passado, e os homens teriam sempre as mesmas pulsações e necessidades. Portanto, os gregos tinham uma visão cíclica da história, repetitiva: nasce, cresce, dá frutos, envelhece e morre.

Os helênicos não se preocupavam com o passado. Acreditavam que o futuro individual já estava traçado podendo até ser antevisto: perguntar o que fazer? e/ou, o que será? Questões que apontam necessariamente para o papel dos oráculos. Entre os teóricos da historiografia é sabido que entre os gregos não há idéia de história universal, não havia ainda sido formulada, sendo esta desenvolvida pelos romanos cristãos.

Na concepção dos romanos, filhos daqueles que mamaram na teta da loba, o futuro passou a ser o centro da história e o fim da história seria a romanização do mundo. É aqui que surge o conceito de história universal aplacada, em amplitude, pelo o que seria a dominação romana sobre o mundo pagão.

Os judeus por sua vez desenvolveram a idéia de história como um caminho linear para a salvação humana. Os romanos cristãos encaravam o futuro como a vitória incontestável de Cristo, e consequentimente de Roma, por fim, o fim do calvário do homem.

O homem renascentista buscava o êxito econômico com a riqueza, o êxito político com o poder, o êxito social com o estatus, a estética com a vaidade e o intelectual com a razão. O mundo medieval abria espaço para um mundo em que o homem estava no centro das coisas, o antropocentrismo.

O ambiente na pós-modernidade é caracterizado pelo individualismo, pelas mudanças aceleradas na ciência e tecnologia que caminham de mãos dadas a fim de dar a respostas e acabar com o sofrimento do homem. Tudo é em tempo real e imediato, demos o nome a isso de globalização. As questões locais tomam relevância e as generalizações tornam-se um perigo eminente a exemplo do etnocentrismo, do imperialismo, do racismo, do xenofobismo e do nacionalismo. As resistências passam a ser concebidas como intolerância, fanatismo e irracionalidade. Surgem novos atores Hitler, Saddam, Bush, Obama, Lula e Dilma. O mundo não pode mais ser visto em uma estrutura maniqueísta de preto e branco, heróis e vilões, vitoriosos e derrotados; aparecem outras cores, vários atores.

Tudo é prazer imediato, não é mais o que você é, mas sim o que você tem. Não é mais o que você planta, mas sim o que você pode destruir e construir a partir da destruição. E as respostas para as aflições humanas? Talvez esta seja a resposta: a constante busca por respostas. 

domingo, 15 de abril de 2012

Titanic: o que podemos aprender

Por Douglas Barraqui

Há cem anos atrás a natureza demonstrou ao homem a sua força implacável e colossal. Um simples bloco de gelo, obra da mãe natureza, colocaria em baixo da água, e não em cima dela, uma das maiores obras da engenharia humana: o RMS Titanic.

O Titanic foi fruto de uma sociedade industrial, de um período de cultura cosmopolita da sociedade europeia, momento de avanços tecnológicos que mudariam o mundo a exemplo do telegrafo, o telefone sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião. Inventos que inspiravam no homem uma nova percepção a mercê da realidade: era a Belle Époque, bela época em francês.

Essa mesma sociedade do início do século XX devastava a natureza de modo atroz e voraz. Era o preço do luxo, das praticidades e comodidades da bela época.

Concebido para ser inafundável” dizia um folheto publicado em 1910 da White Star Line empresa operadora do navio. Com quase 50.000 toneladas de aço e 270 metros de comprimento o Titanic era o maior navio de passageiros do mundo. Resultado das mais avançadas tecnologias disponíveis na época.

Mas o que parecia impossível aconteceu: na noite do domingo do dia 14 de abril de 1912, por volta das 23:40 o Titanic se chocaria com um bloco de gelo a deriva no oceano, afundando na manha do dia seguinte. De 2.240 pessoas a bordo o naufrágio vitimou, nas gélidas águas do Atlântico Norte, 1.523 pessoas.

Foi um grande choque para a sociedade daquela época. Apesar do que havia de melhor de tecnologia e de uma experiente tripulação, o inafundável Titanic não só afundou como levou a morte milhares de pessoas.

E o que podemos aprender com Titanic? Atualmente nossa sociedade industrializada, consumista e capitalista não estaria indo em rota de colisão com as forças desconhecidas da mãe natureza. Segundo relatório intitulado “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais”, as cidades atualmente ocupam um pouco mais de 2% da superfície da terra, e que mais da metade da população mundial vive nelas e que, de forma alarmante, já consumimos mais de 70% dos recursos naturais disponíveis em nosso planeta.

Assim como o Titanic não era inafundável, nós não somos inatingíveis. Temos que superar o “paradigma da imunidade humana” (human exemptionalism paradigm) aos fatos naturais, como nos fala José Augusto Drummond. Não estaríamos, todos nós, a bordo de um grande barco em uma trágica rota de colisão com nosso passado de séculos de espoliação desenfreada dos recursos naturais de nosso planeta? Teremos o mesmo fim trágico daqueles abordo do Titanic?

Referência:

DRUMMOND, José  Augusto. A história ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisas. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Vol. 4 n. 8, 1991, Pg. 179. 

Relatório intitulado "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais" (Teeb, na sigla em inglês), lançado no Brasil em 9 de setembro de 2010, em workshop realizado em Curitiba, no Paraná. Disponível em http://www.teebweb.org/Portals/25/TEEB%20Synthesis/TEEB_Sintese-Portugues_web[1].pdf. Acesso em 15 de abril de 2012.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um pouco da história dos Estados Unidos


Por Douglas Barraqui

Como nasce um grande império? Como um povo, uma nação dita trás-oceânica, pode levar sua hegemonia econômica, política e cultural aos quatro cantos do planeta? Oras quem não conhece a Coca Cola? Como pode um país ser considerada anticristo e, contraditoriamente, suas escolas negarem o evolucionismo e pregarem a fé obediente a Deus? E “Deus salve a América”. Como explicar um país conseguir despertar tanto ódio ao ponto da hecatombe de 11 de setembro de 2001 ser comemorada por vários povos? 


Eis os Estados Unidos da América meus caros leitores. Amando ou odiando espalhou sua hegemonia pelo mundo: seja na defesa da suposta democracia, do liberalismo, do neoliberalismo. Seja pelo cinema Hollywoodiano, pelo jazz ou rock n’roll, pelas milhares de redes de  Fast-food, pela calça jeans, ou pelo padrão de beleza tipo anoréxica. Os EUA exportaram para o mundo, para quem quis e para quem não quis, o American way of life. Um país que caçou as bruxas comunistas, lançou as bombas atômicas e se lançou ao espaço.


Eis uma obra prima sobre a história dos Estados Unidos da América. Um livro que foge das amarras dualistas e maniqueístas. Os autores não falaram dos EUA como um grande Satã nem de como um grande império civilizador do mundo. Mas, Falaram sim de sua História. 

REFERÊNCIA:
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2007. 288 p. 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Canja do Imperador: bom apetite

Por Douglas Barraqui

A Canja do Imperador, livro do jornalista J. A. Dia Lopes, conta as curiosas histórias em torno da vida e da mesa de personalidades de várias épocas: Dom Pedro I, Dom Pedro II, Dom João VI, João Paulo II, John F. Kennedy, Marilyn Monroe, Hemingway, Freud, Churchill, Balzac, Casanova, Átila, Nostradamus, Portinari, Napoleão, Carlos Magno, Salvador Dalí, Grace Kelly, Carmen Miranda, entre outros. A obra revela as preferências culinárias e curiosidades à mesa de grandes reis, rainhas, imperadores, papas, escritores, chefs famosos entre outros nomes conhecidos da humanidade, através de uma coletânea de 74 crônicas. Cada crônica contém uma receita, às vezes desenvolvida pelo próprio personagem e testada por algum chef conhecido ou cozinheiro.

Trata-se de uma obra de um Jornalista. É gostosa de ler não somente por contar as curiosidades da gastronomia através dos tempos, descobrir ingredientes, vinhos e outras bebidas, aprender a origem de receitas clássicas, preparadas ainda hoje na cozinha contemporânea, mas também por desvendar certas linhas da história que são pouco pesquisada. Eu recomendo esta obra e faço questão que tenham um bom apetite com o trecho que se segue:

“Nunca houve alguém que gostasse tanto de canja quanto o imperador Dom Pedro II. Impossível calcular quantas vezes ele saboreou esse prato em 66 anos de vida (1825-1891). Era um predileção tão forte que se tornou, nos últimos tempos, o único prato de suas refeições. Tanto fazia se era canja de galinha ou de macuco - ave brasileira como o peru, conhecida pelo pio de uma nota só, pelo ovos azuis e pela carne deliciosa, atualmente ameaçada de extinção e protegida por lei. O importante é que fosse um sopa rica, capaz de dispensar pratos complementares. O imperador a sorvia com surpreendente prazer para uma pessoa de paladar pouco exigente. Seus olhos brilhavam de felicidade cada vez que levava á boca a colher de prata com aquela saborosa combinação de arroz, caldo e carne.

Contudo, comia sempre com pressa. Em um dos capítulos da Antologia da alimentação no Brasil (op. cit.), organizada pelo folclorista Luís da Câmara Cascudo, o historiador Hélio Vianna assinala que o imperador se alimentava rápido demais, geralmente sozinho ou acompanhado apenas pelos dois cadetes da Escola Militar que o escoltavam nas saídas do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Se os rapazes não acompanhassem o ritmo de Dom Pedro II, saíam da mesa com fome. "Pára a má saúde de Dom Pedro II, em seus últimos anos de vida, terá contribuído a pressa com que comia", afirma Hélio Vianna.

Na biografia intitulada Artur Azevedo e sua época (São Paulo: Saraiva, 1953.), o escritor R. Magalhães Júnior diz que o imperador ia ao teatro para assistir companhias teatrais européias. Acompanhava o espetáculo sem bocejar ou dormir, como seu avô Dom João VI, mas fazia questão de saborear "uma canja quente entre segundo e o terceiro ato, que só começava, por isso mesmo, ao ser dado o aviso de que Sua Majestade terminara a ceiazinha".

Órfão de mãe com 1 ano de idade e tendo 6 anos quando pai, Dom Pedro I, abdicou do trono do Brasil em seu favor, Dom Pedro II foi criado por aias, preceptores e tutores. Teve educação particular severa e esmerada. Aprendeu alemão, astronomia, ciências naturais, dança, desenho, direito, equitação, esgrima, filosofia, francês, geografia, hebraico, história, inglês, literatura, matemática, medicina, música, piano, pintura e português.

Homem de cultura, afeiçoado às letras e artes, vivia entre os livros. Financiou escritores e artistas, correspondeu-se com personalidades internacionais, como o naturalista suíço Agassiz, o diplomata e homem de letra francês Pasteur, pai da microbiologia, e o compositor alemão Wagner. Fez duas longas viagens ao exterior, a primeira de maio de 1871 a março de 1872, a outra de março de 1876 a setembro de 1877. Numa caricatura da época, aparece gritando ao desembarcar em porto estrangeiro: "Onde estão os sábios? Nesse país não há sábios? Quero ver os sábios". Entretanto, não lhe ensinaram exercitar o paladar com receitas da cozinha requintada - ou ele não se interessou por essa disciplina. Além disso, era abstêmio.

Para satisfazer o apetite do nosso monarca, bastavam uma canjinha de galinha ou macuco e alguns copos de água com açúcar. Hélio Vianna conta ainda que o Barão de Paranapiacaba, com o qual Dom Pedro II realizou a tradução de Prometeu acorrentado, do grego Ésquilo, surpreendeu-se com a composição do refresco do qual o imperador se servia constantemente, para enfrentar o calor carioca. Não passava de simples água com açúcar, armazenada em um grande jarro. Nas viagens ao exterior - sempre pagas por ele, sem jamais aceitar ajuda de custo - interessou-se por alguns doces, todos muito simples. Na Espanha, por exemplo, elogiou "argolas de pão-de-ló com açúcar".

A frugalidade do imperador, porém, não influenciava a corte e a sociedade. No seu reinado, o Rio foi contagiado pela moda da culinária francesa. A adoção dessa cozinha virou sinônimo de comer bem e, sobretudo, de bom gosto. No segundo volume de História da alimentação no Brasil (op. Cit.), Luís da Câmara Cascudo lembra que "um prato levado à mesa devia Ter nome francês, ou não ser levado". Sopas portuguesas eram chamadas de potages. Peru recebia o nome de dindon. Ao longo de sua obra, o romancista Machado de Assis documenta as estrangeirices da época, como croquete, maionese de peixe e rosbife, que qualificava de "bife cru".

Prato de origem asiática, a canja veio para o Brasil depois de fazer escala em Portugal. No seu Novo dicionário da língua portuguesa (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.), Aurélio Buarque de Holanda Ferreira diz que a palavra vem do malaiala kanji. É a língua falada em Malabar, na costa sul-ocidental da Índia, onde ficava a colônia portuguesa de Goa. Significa arroz com água. A kanji já aportou no Brasil levando carne de galinha, também indiana. Na transmigração, a receita ainda foi acrescida de alho, pimenta-do-reino, cebola, louro, batata e até cenoura. Atualmente, há quem coloque no fundo do prato, antes de servir, um pão passado na chapa e temperado com alho. No início, era comida para doentes e refeições familiares. Depois, virou prato da jantares elegantes e ceias intelectuais. No Brasil, a palavra ganhou novas acepções. "Dar uma canja" é o mesmo que se apresentar de graça. Cantores profissionais fazem isso em bares noturnos, após três ou quadro doses de uísque. "Ser canja" tem o sentido de coisa fácil de conseguir. Outra paixão do imperador foi o sorvete, introduzindo no Brasil a partir de 1834, quando passou a chegar gelo natural. Vinha dos Estados Unidos, retirado de lagos congelados. Os americanos desenvolveram uma tecnologia que solucionou o problema de estocagem do gelo em navio e armazenamento no porto. Segundo Carlos Ditadi, pesquisador do Arquivo Nacional, do Rio de Janeiro, que estuda o assunto, o sorvete tinha duração efêmera. Ainda assim, chegava em volume suficiente para revolucionar a doçaria carioca. A população o recebeu com desconfiança, suspeitando que "queimasse as tripas". O preconceito com sorvete só acabou quando D. Pedro II, ainda menino, obteve licença de seus responsáveis para experimentar a novidade.

Os depósitos de gelo e as sorveterias foram se multiplicando no Rio de Janeiro. A maioria ficava no centro da cidade. O italiano Antonio Francione, instalado na Rua Direita, anunciava seu negócio intitulando-se "sorveteiro de Sua Majestade". Crônicas da época dizem que o imperador preferia o de pitanga. A fruta era colhida de árvores existentes na orla então deserta de Copacabana. Mas existiam sorvetes de outras frutas tropicais, como abacaxi, caju e coco. Segundo Hálio Vianna, o consumo excessivo de água com açúcar, além de doces e sorvetes, contribuiu para que Dom Pedro II "acabasse diabético". Não foi essa, porém, a doença que o matou. O simpático imperador brasileiro morreu no exílio, em um modesto hotel de Paris, amargurado pela saudade da pátria amada, vitima de pneumonia contraída durante o inverno, no caminho da biblioteca onde continuava a ler livros.”

REFERÊNCIA:

DIAS LOPES, J. A. A canja do Imperador. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. 

domingo, 1 de abril de 2012

Todo Professor deveria ler Rubem Alves, pois, educar é um ato de amor

Por Douglas Barraqui

lembrem-se de que vocês [educadores] são pastores da alegria, e que a sua responsabilidade primeira é definida por um rosto que lhes faz um pedido: ‘Por favor, me ajude a ser feliz... ’”

Rubem Azevedo Alves, escritor mineiro, lá de Boa Esperança, vem trazer a nós professores alguma esperança para nossa profissão. Educador, escritor e psicanalista, doutor em filosofia pela Universidade Princeton (EUA) e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Rubem Alves é um daqueles escritores que faz magia com as palavras e possui um estilo inconfundível. Tem escrito sobre temas que navegam pelo universo da Sociologia, da Psicanálise, da Filosofia, da Teologia e da educação.

Recentemente tive a oportunidade de ler três obras de Rubem Alves: Conversa Com Quem Gosta de Ensinar, A Alegria de Ensinar, e, O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender.  Passei a considerar estes três livros como leituras fundamentais e indispensáveis para qualquer futuro educador, para aquele educador em início de carreira e para aquele professor que faz de sua profissão um verdadeiro mar de lamentações. O que se segue meus amigos é uma breve análise sobre os pontos principais dessas três obras.

Conversa com quem gosta de ensinar

Neste livro Rubem Alves enfatiza: “professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.” Professor, segundo o autor, são como eucaliptos plantados por um motivo, enfileirado, descartável e com uma finalidade meramente comercial, econômica, trata-se de um funcionário de uma instituição submetido ao ritmo do sistema e ao tempo das máquinas. Educador por outro lado são como jequitibás, belos e raros; definidos pela suas paixões, sonhos e esperanças. O mundo mudou: jequitibás foram ao chão e em seu lugar foram plantados eucaliptos. Educadores deixaram de existir, em seu lugar professores.  

Já perceberam uma coisa: quando alguém nos pergunta o que somos nos respondemos de forma inevitável dizendo o que fazemos. O que você é? Professor. O que somos de fato: Educadores ou professores? Todos que um dia pretendem entrar em uma sala de aula, ou até mesmo aqueles que estão há anos lecionando devem se fazer essa pergunta.

Mas, é possível ser um jequitibá em meio a plantações de eucaliptos enfileirados? Para Rubem Alves o educador que existe dentro do professor deve ser despertado. Mas como fazer isso? Para isso é necessária uma experiência de amor: “Para se acordar o educador que há dentro do professor há de então fazer um ato de regeneração do nosso discurso, o que sem dúvida exige fé e coragem: coragem para dizer em aberto os sonhos que nos fazem tremer. A formação do educador? Antes de mais nada:  é necessário reaprender a falar. Com que   instrumentos   trabalha   o educador?  Com  a   palavra.  O educador fala. São as palavras que orientam as mãos e os olhos.” As palavras, para Rubem Alves, são a extensão do corpo.

O educador por intermédio das palavras constrói teias que tornam possível o mundo humano. Isso só depende da capacidade do educador em usar as palavras, quer seja para ensinar, quer seja para educar ou quem sabe para dar um conselho ao seu aluno. As palavras certas, bem usadas e ministradas são fundamentais elas humanizam.

É pela educação que aprendemos a sermos humanos. Educar é a prática de construir a realidade por intermédio da linguagem. As informações que nossos alunos recebem de nós professores são por eles filtradas, selecionadas, organizadas e estruturadas pela medição da linguagem. É assim que o corpo se torna um produto da educação. É a linguagem se demonstra uma ferramenta para o educador. Nós devemos perguntar a nós mesmos: “que amores têm [temos] sido inflamados? Que ausências têm [temos] sido choradas e celebradas? Que horizontes utópicos têm [temos] sido propostos? Que valores têm [temos] informado nossa prática educativa?”.

A partir da leitura desse livro todos deveriam se perguntar: somos professores ou educadores? Há um educador dentro de mim esperando para ser despertado? É possível conciliar, de forma harmoniosa. essas duas perspectivas? É possível ser um professor educador?

A alegria de ensinar

Para Rubem Alves um grande mestre nasce da exuberância da felicidade, da alegria de ensinar. Ser mestre é ensinar com alegria, é ensinar a felicidade. Mas, todos os professores deveriam parar por um minuto, em sala de aula ou no pátio das escolas, e olhar para os seus alunos e se perguntar: estariam nossos alunos felizes na escola ou estariam lá infelizes e obrigados? A escola é um espaço de alegria ou de tristeza? A partir dessa terrível e apavorante constatação nos professore não estaríamos intimidando a inteligência e a criatividade de nossos alunos em um ambiente de tristeza e infelicidade regado por autoritarismos, regras e gritos? Então Rubem Alves faz um pedido a nós professores: “lembrem-se de que vocês [educadores] são pastores da alegria, e que a sua responsabilidade primeira é definida por um rosto que lhes faz um pedido: ‘Por favor, me ajude a ser feliz... ’”. Nossos alunos querem brincar. Vamos fazer da educação uma brincadeira.

Os adultos não sabem, os professores não percebem, a vida é para ser brincada.” A química, a física, a história, a geografia, a biologia, o português e a temida matemática podem se tornar fantásticos brinquedos e grandes brincadeiras. Então nos professores devemos nos perguntar: é possível transformar a escola em um espaço de brincadeiras e aprendizagem ao mesmo tempo? Marcos Fábio Quintiliano, um dos maiores e mais respeitados pedagogos romanos, já defendia, no primeiro século depois de Cristo, que a escola deveria ser um espaço de alegria.

É por intermédio da brincadeira que nós professores vamos despertar em nossos alunos o interesse. Esse é o objetivo do professor, que vai muito além de pura e simplesmente ensinar, e despertar em nosso aluno o interesse pelo saber, pela aprendizagem. Com prazer e com amor levar o aluno a dar asas a sua imaginação, percorrer caminhos nunca percorridos, tornar-se crítico, livre para expor suas idéias e pensamentos. Brincando, tirando sorriso dos rostos de nossos alunos. Assim o aprendizado se torna muito mais fácil.

A escola e o professor, não devem existir para ensinar ao aluno as respostas, mas para ensinar as perguntas. E, um grande mestre, além de ensinar o que sabe, deve ensinar o que não sabe. Na busca dos sonhos e da felicidade de nossos alunos, nos educadores, devemos construir novos saberes.

Rubem Alves nos adverte ainda que o professor é o profissional que sonhava e que teve seu corpo transformado em mais uma das ferramentas do sistema, e que ferramentas esquecem como se sonha, a educação é o processo segundo o qual nosso corpo fica igual as nossas palavras. “Eu não sou eu, eu sou as palavras que os outros plantaram em mim”. Estamos nos professores sabendo plantar as palavras certas em nossos alunos? O processo pelo qual as palavras despertam um mundo antes adormecido se dá o nome de educação. Nossos corpos, nossa cultura, são feitos de palavras. O corpo de nossos alunos é um espaço infinito onde cabe um universo de palavras, um espaço para muitas possibilidades.

Educadores antes de serem especialistas na ferramenta do saber devem ser especialistas em amor, interprete de sonhos, proclamadores da alegria e da felicidade. Pois, para Rubem Alves, tudo começa com um ato de amor.

O desejo de ensinar e a arte de aprender

Esta obra de Rubem Alves é sublime. E abre com o seguinte tema: “Curiosidade é uma coceira que dá nas idéias”. As crianças quererem aprender para se curar da coceira. Os gregos diziam que a cabeça começa a pensar quando os olhos ficam estupidificados diante de um objeto. Pensamos para decifrar o enigma da visão. Pensamos para compreender o que vemos. Os rostos de nossos alunos podem ser iluminados pela curiosidade e pelo prazer de entrar num mundo que eles não conhecem.

Aristóteles dizia que “Todos os homens têm, por natureza, um desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até de sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais...”. Rubem Alves corrige a frase dizendo que “Todos os homens, enquanto crianças, têm, por natureza, desejo de conhecer...”.

Para as crianças o mundo é um vasto parque de diversões.  As coisas são fascinantes provocações ao olhar. Cada coisa é um  convite.

Rubem Alves aborda a questão da sede por conhecimento. “É fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer ela a beber a água...”. De fato: se a égua não estiver com sede, ela não beberá água por mais que o seu dono a surre. Mas, se estiver com sede, ela, por vontade própria, tomará a iniciativa de ir até o ribeirão. “É fácil obrigar o aluno a ir à escola. O difícil é convencê-lo a aprender aquilo que ele não quer aprender...”. Por vezes nos professores nos pegamos a tentar forçar as crianças a beber a água que elas não querem beber.

Mas, o que é que as crianças querem aprender? Rubem Alves mostra o exemplo da Escola da Ponte. Uma escola inteligente, pois, leva mais a sério as perguntas que as crianças fazem do que as respostas que os programas querem fazê-las aprender. Para nosso autor, “as perguntas que fazemos revelam o ribeirão onde quero beber...”. “Os mundos das crianças são imensos! Sua sede não se mata bebendo a água de um mesmo ribeirão! Querem águas de rios, lagos, lagoas, fontes, minas, chuva, poças d’água.”

O autor destaca que alem da sede a fome é fundamental. “Não quero faca nem queijo; quero é fome”. “O comer não começa com o queijo. O comer começa na fome de comer queijo. Se não tenho fome é inútil ter queijo. Mas se tenho fome de queijo e não tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar um queijo.”

Rubem Alves propõe que para se entrar numa escola alunos e professores deveriam passar por uma cozinha. Os cozinheiros bem que podem dar lições aos professores. Os banquetes não se iniciam com a comida que se serve. Eles se iniciam com a fome. A verdadeira cozinheira é aquela que sabe a arte de produzir fome. Nos professores temos que despertar a fome pelo conhecimento em nossos alunos, como faz o bom cozinheiro quando deixa a porta da cozinha aberta para que os aromas possam percorrer pela área de jantar e fazer os estômagos dos frequentadores roncarem de fome. 

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. O “afeto” é o movimento da alma na busca do objeto de sua fome.

A tarefa do professor é a mesma da cozinheira: antes de dar faca e queijo ao aluno, provocar a fome. Se ele tiver fome, mesmo que não haja queijo, ele acabará por fazer uma maquineta de roubar queijos.

Rubem Alves lembra de uma experiência de quando viajava de trem de Campinas para Rio Claro: “No mesmo vagão viajavam também muitos professores...”. “Falantes”... “Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas, provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos.” “Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.”

Raros são os professores que têm prazer e se dedicam aos seus alunos. Nietzsche dizia: “Aquele que é um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo.” Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.

Seu aluno tem admiração ou temor de você professor? Nos educadores podemos ser fonte de pura admiração para os nossos alunos. Quando se admira um mestre, o coração dá ordens à inteligência para aprender as coisas que o mestre sabe. Saber o que ele sabe passa a ser uma forma de estar com ele. Aprendo porque amo, aprendo porque admiro.

O autor destaca ainda a importância da brincadeira. Brinquedo, pra ser brinquedo, tem de ser um desafio. Um brinquedo é um objeto que, olhando para mim, me diz: “Veja se você pode comigo!”. O brinquedo me põe à prova. Testa as minhas habilidades. Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas.

Há brinquedos que são desafios ao corpo, à sua força, habilidade, paciência. E há brinquedos que são desafios à inteligência. A inteligência gosta de brincar. Brincando ela salta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela tem de fazer coisas que não são desafios, ela fica preguiçosa e emburrecida. Todo conhecimento científico começa com um desafio: um enigma a ser decifrado!

Um brinquedo curioso é aquele em que um par de pregos grandes, tortos, entrelaçados de propósito para quebrar nossa cuca. A primeira tarefa do professor é fazer de sua disciplina verdadeiros pregos tortos, transformá-la num brinquedo que desafie a inteligência do aluno.

Pois não é isso que são a matemática, a física, a química, a biologia, a história, o português? Brinquedos, desafios à inteligência. Mas, para isso, é claro, é preciso que o professor saiba brincar e tenha uma cara de criança ao ensinar. Porque cara feia não combina com brinquedo.

Experiência: a Escola da Ponte

Rubem Alves conta, neste capítulo, como se apaixonou pela Escola da Ponte, em Portugal, um lugar único, onde alunos e professores convivem como amigos na fascinante experiência da descoberta.

Lugar onde o diretor se recusa a ser chamado de diretor. E em que a apresentação da escola foi delegada a uma pequenina de apenas nove anos. Disse a meninaa: “Para entender a nossa escola, o senhor terá de se esquecer de tudo o que o senhor sabe sobre escolas. Não temos turmas, não temos alunos separados por classes, nossos professores não dão aulas com giz e lousa, não temos campainhas separando o tempo, não temos provas e notas”.

E como se aprende? Seria a pergunta que todos nos faríamos no lugar de Rubem Alves. A menina responde: “Formamos um pequeno grupo de seis pessoas em torno de um tema de interesse comum. Convidamos um professor para ser nosso assessor. Ele nos ajuda com informações bibliográficas e de internet. Estabelecemos, de comum acordo, um programa de trabalho de duas semanas. Durante esse tempo, lemos e pesquisamos. Ao cabo de duas semanas, nos reunimos para avaliar o que aprendemos e o que deixamos de aprender”.

Sem programas? Os professores deixam de ser aqueles que dominam os saberes prescritos pelos programas. Os professores não são aqueles que conhecem os saberes. São aqueles que sabem encontrar caminhos para eles e por não saberem de antemão o que as crianças querem saber, têm de se tornar aprendizes junto às crianças.

Como seria uma sala de aula nessa escola? Era uma grande sala, com muitas mesinhas, crianças pequenas, crianças grandes, algumas com Síndrome de Down, todas juntas no mesmo espaço. Cada uma fazendo a sua coisa. Estantes com livros. Vários computadores. Algumas crianças lendo ou escrevendo. Outras consultando livros e a internet. Algumas professoras assentadas às mesinhas junto das crianças. Ninguém falava alto. Só sussurros. E ouvia-se, baixinho, música clássica. Numa parede, em letras grandes, estavam várias frases relativas ao descobrimento do Brasil. Era o ano em que se comemoravam os cinco séculos da descoberta.

Em um quadro estava escrito “Preciso que me ajudem” em, no outro, “Posso ajudar em”. Qualquer aluno que esteja com um problema, antes de procurar a professora, escreve o seu pedido no primeiro quadro: “Preciso que me ajudem em regra de três”, quando um aluno se sente competente em um saber, ele o anuncia aos colegas e se coloca à disposição. A capacidade de ensinar um saber a alguém vale por uma avaliação. E é o aluno quem a faz. É ele que se sente competente.

E os alunos agressivos, indisciplinados, que gritam e perturbam a ordem? Para eles há o tribunal de alunos. “Quando um menino ou uma menina se comporta de maneira a perturbar a ordem nos termos que nós mesmos estabelecemos, o tribunal entra em ação e providências disciplinares são tomadas.” Uma escola onde os professores não são responsáveis pela disciplina. E nem o diretor é a instância punitiva última, para onde são enviados os desordeiros.

Em 2001 quando Rubem Alves retornou a Escola da Ponte o tribunal fora abolido pela assembléia. Percebeu-se que ele era uma instância de punição e não de recuperação. No seu lugar estabeleceu-se uma comissão de ajuda. Hoje, na Escola da Ponte, quando algum aluno começa a apresentar problemas de comportamento, essa comissão se adianta e nomeia colegas para ajudá-lo, com a missão de estar sempre por perto do dito aluno. E, quando se percebe que ele vai fazer algo inadequado, os colegas entram em ação para tentar dissuadi-lo.

Rubem Alves relata que em uma mesa onde estava trabalhando uma aluna com Síndrome de Down. Sua presença ali era algo normal e feliz na rede de relação de solidariedade e de aprendizado que constitui a escola. Aquela menina era parte dessa rede. Com algumas peculiaridades e limitações, é claro. Se me perguntarem se ela conseguia seguir o programa, eu responderia dizendo que não há um programa a ser seguido numa ordem certa e num mesmo ritmo. Cada criança é única, com seus próprios sonhos, ritmos e interesses. O objetivo da escola é criar um espaço em que cada criança possa pensar os seus sonhos e realizar aquilo que lhe é possível, no ritmo que lhe é possível.

A educação não tem como objetivo preparar os alunos para ingressar no mercado de trabalho. O objetivo é criar as condições possíveis para a experiência da alegria. Porque é para isso que vivemos. A escola deve ser um espaço em que isso acontece. Parte das potencialidades daquela menininha tem a ver com saber viver no mundo dos ditos “normais”. E parte das potencialidades das crianças ditas “normais” tem a ver com saber conviver com crianças diferentes e ajudá-las. Isso também é alegria. Esse aprendizado de solidariedade é mais importante do que qualquer conteúdo de programa.

O dia na Escola da Ponte se inicia de uma forma inusitada. Cada criança se assenta onde quer e escreve numa folha de caderno o seu plano de trabalho para aquele dia. Esse plano de trabalho está ligado ao seu projeto de investigação. Ao final do dia, comparando o realizado com o planejado, ela poderá avaliar o quanto caminhou.

Em um cartaz cujo título era: “Direitos e deveres das crianças em relação aos livros”. Dizia assim: “Toda criança tem o direito de não ler o livro de que não gosta”. Nessa escola Lê-se pelo prazer de ler. Lê-se pela mesma razão que se dá um beijo amoroso: porque é deleitoso, porque dá prazer ao corpo e alegria à alma.

Em um computador da escola se encontram dois arquivos. “Um se chama Acho bem, o outro, Acho mal.” Qualquer pessoa pode usar o computador para comunicar aos outros o que acha bem e o que acha mal.

Como se aprende a ler nessa escola? “Aqui não aprendemos nem letras e nem sílabas. Só aprendemos totalidades”.

Assim conclui Rubem Alves: “A Escola da Ponte me mostrou um mundo novo em que crianças e adultos convivem como amigos na fascinante experiência de descoberta do mundo. Aprender é muito divertido. Cada objeto a ser aprendido é um brinquedo. Pensar é brincar com as coisas. Brincar é coisa séria. Assim, brincar é a coisa séria que é divertida. Quando falo que me apaixonei pela Escola da Ponte, estou dizendo que amo aquelas crianças.” (...)Voltar à Escola da Ponte já está se tornando rotina. Quando lá chego, sou afogado por centenas de “beijinhos”. Comove-me a amizade daquelas crianças. Sinto que o maior prêmio para um professor é quando os alunos se tornam amigos dele. Um verdadeiro professor nunca sofre de solidão. Uma entrevistadora brasileira perguntou a uma menina: “Quem é Rubem Alves?” A menina respondeu: “É um velhinho que conta estórias”. As crianças podem me chamar de velhinho. Não me importo. Mas somente elas.

Pois bem

A partir de tudo que foi exposto a respeito das três obras de Rubem Alves, sinto-me no dever de concluir e alocar meu ponto de vista. Tudo que Rubem Alves disse, é possível? Conseguiremos um dia superar a dicotomia entre a Educação, pura e verdadeira, e a catástrofe? É possível superar, no que tange a educação, o distanciamento entre o idealismo, o mesmo proposto pelo nosso autor, e o realismo de nossas salas de aula? [pausa] não sei. Na conjuntura de nosso país, não há uma formula secreta. E Rubem Alves nos lança perguntas, que as considero fundamentais.

Rubem Alves conclama uma cruzada contra as idéias anacrônicas que sufocam a educação e a cultura do Brasil. Todas as provocações que o autor nos lança nessas três obras são fundamentais e devem ser devidamente refletidas por nos educadores.

Em Rubem Alves umas duas páginas valem mais do que um compêndio de mil laudas, uma metáfora explica muito mais do que o mais explicativo manual didático. A temática educação em Rubem Alves tem pouco a ver com os programas e pseudo-programas de governo, tem haver com um ato humano, um ato de amor.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1984.

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3. ed.São Paulo: Ars Poética,1994.

ALVES, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender. Campinas: Fundação EDUCAR D. Paschoal, 2004.