segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sempre mais do mesmo

Por Douglas Barraqui

Hoje nosso país passa por uma prospera fase de vacas gordas, mas ao mesmo tempo vertiginosamente perigosa. E o que os intelectuais têm a dizer sobre esse momento da história do tempo presente do Brasil? Nada. Absolutamente nada. É sempre o mais do mesmo.

Ninguém quer arriscar à errar: jornais, revista, livros, é sempre o mais do mesmo. Textos de ontem em uma roupagem de hoje, restaurados. Ninguém se aventura em analisar as mudanças no Brasil de ontem no hoje. Diante de um verdadeiro “ritual de passagem” em que o país se destaca como uma grande potencia econômica, pseudo intelectuais cospem merdas em forma de palavras. Os ditos intelectuais pisam em ovos, tentando tirar os seus da reta.

Não se pensa mais em idéias impensáveis. Veja um exemplo: a despeito da globalização uns ainda tendem a ver como fundamental e inevitável, outros insistem como conspiratória e perigosa. O que é isso? Puro maniqueísmo em verdadeiro preto e branco. Onde estão as outras cores? Será que o movimento GLBT foi o único capaz de, em tempos do Brasil em transformações sociais latentes, mesclar outras cores. Não sendo mero acaso sua bandeira de luta ser multicolorida e está ganhando espaço.

Quando eu falo mais do mesmo eu invoco discussões do tipo: sociedade de consumo, exclusão social, perda da identidade, capitalismo selvagem. É nítido como reluz o ouro que as discussões dos temas óbvios, desta conjuntura histórica na qual o Brasil está passando, são mesmo pobres. E as pessoas persistem em agarrar-se nessas idéias como sendo valiosas relíquias. Alguém já te disse que quem gosta de coisa antiga é historiador.

Pois bem. O fato é que a originalidade antropofágica foi enterrada com Oswald de Andrade. Não se “come” e “digere” como estava descrito nas receitas do movimento antropofágico brasileiro. As idéias na boca de uns e de outros são mastigadas, jogadas de um lado para o outro e cuspidas nas páginas de jornais, revistas e livros. É óbvio que não se trata de um novo Brasil, mas sim de coisas novas acontecendo em um Brasil ainda antigo. Será mesmo difícil ver isso? É o que a gente lê? É sempre mais do mesmo, mesmices e hipocrisia. Pronto, falei.