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sábado, 9 de fevereiro de 2019

O PROBLEMA DE ENSINAR FILOSOFIA EM TEMPOS DE ESCOLA SEM PARTIDO




Os ataques sofridos pela filosofia desde suas origens até nossos dias levaram e ainda levam muitos pensadores e educadores a refletir sobre ela e seu ensino. Isso significa que a própria filosofia constituiu- se em um problema filosófico, pois seu ensino apresenta diversas questões problemáticas que devem ser abordadas tanto do ponto de vista da reflexão pedagógica como da perspectiva filosófica, notadamente no que se refere a seus “quês”, “comos”, “porquês” e “para quês”.


Quando um professor ou uma instituição de ensino deve decidir sobre que tipo de curso de filosofia seria possível desenvolver com seus alunos, todas essas questões vêm à tona. Quando se elabora um livro também. E nós sabemos que a didática não é neutra. Isso significa que, antes de fazer nossas escolhas, devemos investigar atentamente os pressupostos das propostas pedagógicas que se apresentam (ou daquela que já adotamos), buscando explicitar seus objetivos, recortes de conteúdo, estratégias e recursos postos em jogo. Tudo isso não são problemas menores.


No debate ATUAL sobre esses aspectos, podemos dizer simplificadamente que, entre as diversas alternativas existentes, há TRÊS enfoques pedagógicos que representam a prática de ensino da filosofia: o tradicional, o renovado e o de falso moralismo. Esta última prática é defendida pela escola sem partido, seguidores de místico Olavo, terraplanistas e neonazistas de esquerda.



domingo, 4 de novembro de 2018

ALGUÉM DÊ UM OSCAR PARA O TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM



Prof. Douglas Barraqui

“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”


O tema da redação do Enem 2018 fou atual e mais específico que em anos anteriores. A princípio, para aquele aluno mais desavisado, pode até parece um tema fácil, mas ao mesmo tempo por possibilita uma série de leituras, se torna complexo. Assim, com uma temática ampla, coube ao aluno o papel de delimitar o tema a partir dos textos bases propostos pelo Enem e desenvolver a proposta de intervenção.

Esse tema permitiu que várias questões pudessem ser abordados: a privacidade nas redes sociais; a maneira como os seus dados são usados pelos provedores;  Como seu comportamento pode ser manipulado. e como você é, e se torna conhecido.

Para uma boa redação eu acredito que o aluno precisa trabalhar quatro palavras norteadoras a partir dos textos base: manipulação, comportamento, usuário e internet. O aluno poderá ainda inferir sobre o marketing dirigido e sobre como disponibilizamos informações nas redes sociais. O aluno pode levantar discussões sobre o Marco Civil da internet que prevê um ambiente de privacidade, neutro e de liberdade de expressão.

Embora o tema não tenha relação direta com as notícias falsas, mas sim com a manipulação de dados dos usuários, isso não impede que o aluno traga as fake news como ferramenta de manipulação com um tom moral, enganar alguém.

ALUSÕES HISTÓRICAS QUE PODERIAM SER FEITAS:

Ø  Terceira fase da Revolução Industrial e a telemática (união da telecomunicação com a informática) e a Terceira Revolução Tecnológica e o advento da internet.

Ø  A criação da internet em 1969, nos Estados Unidos. Chamada de Arpanet, essa rede pertencia ao Departamento de Defesa norte-americano. Tinha como função interligar laboratórios de pesquisa nos EUA.

Ø  O exemplo histórico de manipulação o caso Cambridge Analytica, ocorrido em 2016, em que a empresa britânica utilizou informações acessíveis pelo Facebook para promover a candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

ALUSÕES SOCIOLÓGICAS  E FILOSOFICAS QUE PODERIAM SER FEITAS:

Ø  A maneira como o algoritmos de sites e aplicativos agem de forma coercitiva sobre nós: captam aspectos e dados pessoais e criam uma bolha, um simulacro de lugar confortável, em que músicas, postagens, páginas são sugeridas ao usuário, fazendo, assim, com que ele perca autonomia de escolha e seja submisso e influenciável.

Ø  “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis". (Umberto Eco)

Ø  “Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade”. (Albert Einstein)

Ø  Edgar Morin e o conceito de “Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo”: "Cultura de massa” é produzida segundo as normas maciças de fabricação industrial; propagada pelas técnicas de difusão maciça (...) destinando-se a massa social, isto é um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade.

Ø  Conceito de “cultura de massas” na internet como um fenômeno específico do contexto do capitalismo pós industrial, marcado pela forte influência dos meios de comunicação de massa.Características:
1)      Produção em larga escala,
2)      Consumismo,
3)      Padronização das mercadorias,
4)      Uniformização dos indivíduos,
5)      Maior homogeneização dos indivíduos
6)      Grande influência da mídia e do mercado.

Ø  Adorno e Horkheimer na obra “Dialética do esclarecimento”, pondera que Tanto os meios de comunicação quanto a produção cultural servem para manipular a alienar dentro da lógica de mercado do capitalismo.

Ø   Hannah Arendt em seu livro “A crise da cultura” (1972), Acusa o mercado e a mídia de se valerem do entretenimento como forma de dominação e alienação cultural ao incentivarem o consumismo.

Ø  Outras questões possíveis de serem cooptadas e inseridas no texto:
1) O indivíduo não é um sujeito, mas sim um objeto, cujo capacidade crítica se encontra atrofiada e controlada pelos algoritmos .
2) Obediência a padrões predeterminados (novelas e filmes obedecem a dicotomias simplistas e maniqueístas: mocinho, o heroi, e o vilão; o mocinho que se apaixona pela mocinha e todos viveram felizes para sempre.
3) Sensacionalismo: “sociedade do espetáculo” conceito criada pelo filósofo francês Guy Debord, em que a verdade ficcional se sobrepõe à realidade de fato. Nessa sociedade Vídeos, imagens e notícias produzidas, curtidos e compartilhados como ferramenta de manipulação do comportamento do usuário da internet.

terça-feira, 20 de março de 2018

OS PRIMÓRDIOS DA FILOSOFIA


Prof. Douglas Barraqui

1.1            A MITOLOGIA GREGA

A)     O que é mito?

I – Etimologia:
Mythos (grego)= narrativa (imaginação)
Fábula (latim)= narrativa (imaginação)

Antes do surgimento da filosofia os gregos respondiam às perguntas sobre a origem do mundo por meio dos mitos.

B)      Função dos mitos?

Explicar o mundo, o Universo e todos os seus fenômenos (imaginação).
Tranquilizar, acomodar o ser humano diante de um mundo que lhe parecia misterioso.

CAOS     /    COSMO

Cosmogonia = tentativa de explicar o universo (cosmo) por meio de narrativas imaginárias.

C)      O nascimento da filosofia:

I - Teses:
1)      Tese do Milagre Grego: filosofia surgiu na Grécia como um verdadeiro milagre de forma espontânea.
2)      Tese do Orientalismo: filosofia surgiu na Grécia a partir de influências de outros povos (egípcios e a matemática, babilônicos e sua astrologia).
3)      Tese das condições históricas: Séc. VII a. C ao séc. V a.C. o mundo grego antigo reuniu as condições necessárias para o desenvolvimento da filosofia (filosofia é filha da pólis).

II - Condições históricas da Grécia:
1)      Navegação: pouca fertilidade do solo grego, relevo acidentado (80% maciços rochosos); existência de portos favoráveis a navegação e desenvolvimento naval.
2)      Desenvolvimento do comércio: permitiu contato com outros povos.
3)      Desenvolvimento dos centros urbanos: ágora como local de debate.
4)      Desenvolvimento da matemática: Necessidade de realizar registros do comércio.
5)      Desenvolvimento da escrita: Escrita alfabética criada pelos fenícios (gregos e romanos adicionaram as vogais), mitos passaram a ser registrados.
6)      Invenção do calendário: identificar a regularidade de mares e das estações do ano.
7)      Política: um dos fatores que mais contribuiram para o surgimento da filosofia, as leis eram expressão da racionalidade na organização da vida em sociedade.

1.2            PRÉ-SOCRÁTICOS

Filósofos da natureza ou fisiólogos ou pré-socráticos. Considerados como fundadores da filosofia

A)     O QUE BUSCAVAM OS PRIMEIROS FILÓSOFOS:

I - Objetivo:
ü  Compreender a natureza (physis)
ü  Explicar o mundo por meio da razão
ü  Buscavam elaborar o logos (explicação racional)

II - Teoria:
ü  O universo (cosmo) é uma ordenação de causa e efeito
ü  Toda natureza era fruto dessa relação de causa e efeito
ü  Causa foi efeito de alguma outra causa anterior, o que consiste em um processo infinito.

III -  A “Causa Primeira” (arché):
Os filósofos da natureza (pré-socráticos) buscavam encontrar a “causa primeira” (arché):
Significados:

“Origem, aquilo que está à frente, começo e princípio de tudo.”
“O que está a frente e, por isso, comanda todo o restante.”

B)      ESCOLAS PRÉ-SOCRÁTICAS:

I - Escola Jônica – buscava a arché nos elementos de natureza física, perceptíveis aos sentidos.
(Tales, Anaximandro, Anaxínenes  e Heráclito)

II - Escola Italiana – buscava a arché não em substâncias materiais, mas em conceitos abstratos não perceptíveis pelos sentidos.
(Pitágoras e Parménides)

III - Escola Pluralista – Consideravam que não havia apenas uma arché (causa primeira) para o universo.
(Anaxágoras, Demócrito e Empédocles)

I - Escola Jônica
TALES DE MILETO (cerca de 625/324 - 558 a. C.)
Considerado por Aristóteles como sendo “O primeiro filósofo”. Não deixou nada escrito.
Viagem para o Egito (importância da água para a vida em uma região desértica)
ARCHÉ = ÁGUA
ü  Tudo aquilo que é úmido
ü  Água se encontra na natureza em todos os estados físicos (sólido, líquido e gasoso)
ü  Tudo que é vivo é úmido


ANAXIMANDRO (cerca de 610 - 547 a. C)
Discípulo de Tales
Obra: “sobre a natureza” (1ª obra filosófica, só restam fragmentos)
Arché = Ápeiron
(Indefinido, ilimitado e indeterminado)
ü  Não é nenhum elemento da natureza
ü  Não era nenhuma qualidade da physis
ü  Algo totalmente abstrato
ü  Crítica: a explicação de Anaximandro se aproximava do caos
ü  Teoria: o universo (o mundo) teria surgido do movimento circular de ápeiron que fez surgir:
                   1° QUENTE (FOGO)
                                   2° FRIO (AR)
                                   3° SECO (TERRA)
                                   4° UMIDO (ÁGUA)


ANAXÍMENES (cerca de 585-528 / 525 a. C)
Discordava de Anaximandro, dizia que sua concepção se assemelhava aos Caos.
ARCHÉ = AR (PNEUMA)
ü  O ar está presente em toda parte;
ü  Sendo o primeiro e último movimento da vida.


HERÁCLITO (cerca de 540 - 470 a. C)
“O obscuro” ou “o fazedor de enigmas” (Devido sua escrita de difícil compreensão).
Defensor da concepção mobilista de mundo (mundo está em constante transformação).
“Nenhum homem banhar-se duas vezes no mesmo rio”

ARCHÉ = FOGO
Elemento primordial que tudo molda,  tudo transforma e dá dinamismo a realidade.
ü  Tudo é fruto da unidade dos opostos:
FRIO /QUENTE
DIA / NOITE
VIDA / MORTE
ü  Realidade só pode ser compreendida pelos sentidos


II - Escola Italiana
PITÁGORAS (cerca de 570 - c. 495 a.C)
ü  De sua vida nada se sabe. Alguns filósofos dizem que ele nunca existiu

ARCHÉ = NÚMEROS
ü  Afirmava que os números e suas proporções harmoniosas constituíam a origem de tudo.


PARMÉNIDES (cerca de 530 a.C. -  460 a.C.)
“O filósofo do ser”
Inaugurou a metafísica - do grego antigo (metà) = depois de, além de tudo; e [physis] = natureza ou física.

ARCHÉ = “TUDO QUE EXISTE SEMPRE EXISTIU”
ü  Defensor da concepção monista (NADA SE MOVE) contrário a concepção mobilista.
ü  Caminhos para se chegar ao conhecimento:
1)       Via da opinião (Doxa) – Uso dos sentidos.
2)       Via da verdade (Alétheia) – Uso do pensamento.


III - Escola Pluralista
ANAXÁGORAS (cerca de 500 - 428 a. C.)
ü  Afirmou que o sol era uma pedra incandescente e não um deus Hélio.
ü  Foi acusado de descrença e precisou fugir de Atenas.
ARCHÉ = HOMEOMERIAS
União de tudo que existe no universo
(INFINIDADE DE PEQUENOS ELEMENTOS FORMARIA TUDO QUE EXISTE NO UNIVERSO)
ü  Tanto os elementos da natureza (terra, fogo, água e o ar)
ü  Como as oposições (quente / frio; vida / morte; dia / noite)


DEMÓCRITO (cerca de 460 - 370 a. C.)
ü  “O filósofo que ri”
ü  Um dos filósofos que mais produziu (viajou pelo Egito, Mesopotâmia, Pérsia)
ARCHÉ = ÁTOMO
ü  Defendia que o universo era formado por átomos (partículas não divisíveis)
ü  Átomo seria a menor parte de todas as coisas, que era impossível de se dividir.


EMPÉDOCLES (cerca de 490 - 435 a. C.)
ü  Propôs a existência de poderes (forças) chamados por ele de "Amor" e "Ódio"
ARCHÉ = 4 ELEMENTOS JUNTOS
ü  A origem de tudo estaria nos quatro elementos somados à amizade (ou amor) que os unia e à discórdia (ódio) que os separava.



REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução á Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis; ed. Vozes, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo,10ª. Ed.,Ática,1998.

CONTIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia -História e Grandes Temas. São Paulo;Editora Saraiva, 2000.

GAARDEr, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo; Cia. Das Letras, 1995.

GILES, Thomas Ransom. Introdução á Filosofia. São Paulo; Epu, 1979.

LICKESI, C. Carlos. Introdução á Filosofia - Aprendendo a Pensar.2ª. Ed. São Paulo.

Cortez,1996. MONDIM, Battista. Curso de Filosofia. 8ªEd. São Paulo; Paulus,1981 - Volume I, II e III.

MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. São Paulo; Mestre Jou,1980.

POLITZER, G. Princípios. Fundamentais de Filosofia. São Paulo; Hemus, 1995.