Mostrando postagens com marcador Lutero. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lutero. Mostrar todas as postagens
sábado, 18 de maio de 2019
domingo, 14 de junho de 2015
AS IGREJAS PROTESTANTES E A CONTRARREFORMA
Prof.
Douglas Barraqui
A
CRISE DA IGREJA CATÓLICA
Durante a Idade Média acumulou poderes:
a) econômico:
posses de terras;
b) Político:
influência nas decisões políticas;
c) Jurídico:
interferência na criação de leis;
d) Poder
social: estabelecia padrões de comportamento moral para a
sociedade
Heresias
A autoridade da Igreja era
praticamente inquestionável: aqueles que ousassem julgar o comportamento dos
clérigos ou discordar dos seus ensinamentos eram considerados hereges, ou seja, cristãos que
escolhiam outra forma de interpretar os dogmas e as doutrinas católicas. Como
isso não era permitido no cristianismo, a Igreja identificava e punia esses
transgressores. A mais comum forma de punição era a morte pelo fogo.
Contexto
da crise:
Ø Com
a crise que acometeu a Europa nos séculos XIV e XV (fome, pestes, dificuldades
econômicas), as críticas ao domínio da Igreja católica tornaram-se cada vez
mais comuns.
Ø O
Renascimento, como movimento cultural, questionou os valores medievais,
buscando recuperar os ideais da Antiguidade clássica.
Ø Criou-se
assim um ambiente favorável ao desenvolvimento de cismas, que levaram os
cristãos à Reforma Protestante e à criação de novas Igrejas cristãs.
AS
CRÍTICAS À IGREJA CATÓLICA
I)
Conflito
filosófico quanto à salvação: tomismo (salvação pela fé e
boas obras) e o agostinianismo (salvação pela fé) - Aurélio Agostinho (354 – 430) e São Tomás de Aquino (1225-1274),
II)
Luxo e na riqueza desfrutados pelos membros do alto clero;
III)
Não obediência ao celibato clerical (Alexandre VI teve várias amantes, em
particular Vanozza Catanei, com quem teve quatro filhos. Teve ainda por amante
Giulia Farnese, mulher de Orsino Orsini).
IV)
Venda de Indulgências ("Assim que uma moeda tilinta no
cofre, uma alma sai do purgatório" – Tetzel - bispo encarregado da
campanha de cobrança de indulgência na Alemanha).
V)
Prática de simonia - Simonia é a venda de favores divinos,
bençãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas
sagradas, objetos ungidos.
VI)
Conflito de interesses entre reis (Estado)
e a Igreja.
VII)
Desenvolvimento
do espírito capitalista;
VIII)
Ascensão da Burguesia (lucro e da usura – práticas condenadas
pela Igreja Católica);
AS
REFORMAS PROTESTANTES
I)
MARTINHO
LUTERO (1483 —1546)
Em 1517, o papa Leão X estabeleceu a venda de
indulgências, ou seja, uma carta que assegurava o perdão dos pecados em troca
de uma quantia em dinheiro. Segundo a Igreja, o dinheiro seria usado no término
da construção da basílica de São Pedro, em Roma. Na Saxônia (região da atual
Alemanha), o monge e teólogo Martinho Lutero, que pregava uma volta à “pureza
original” da fé cristã, revoltou-se com o escândalo das indulgências.
Quem
foi Lutero:
n Lutero
nasceu na Alemanha em 10 de novembro de 1483;
n Filho
de Hans Luther e Margarethe Lindemann, integrantes de uma pequena
burguesia ascendente;
n 1501
- aos 17 anos, ingressou na Universidade de Erfurt. Se formou em
bacharel e posteriormente mestre.
n 1505
- ao voltar de uma visita à casa dos pais, em meio a uma tempestade, teria
feito uma promessa à Santa Ana;
n Aderiu
à ordem dos agostinianos.
n 1507
- foi ordenado sacerdote. No ano seguinte começou a lecionar teologia na Universidade
de Wittenberg.
n 1515
- Lutero passaria pela chamada “experiência da Torre”: no alto da
torre da Catedral do Castelo de Wittenberg;
n Salmo
30: “liberta-me em tua justiça”
n Conta
Lutero em sua autobiografia: “me senti renascido, entrando no
paraíso por suas portas abertas”.
n 1517
– Lutero, revoltado com a campanha de venda de indulgências, escreve as 95
teses – 95 críticas à postura e a moral da Igreja
n 1520
– Lutero é excomungado pelo papa Leão X. Passa a ser perseguido como herege.
Recebeu auxílio e proteção dos
príncipes austríacos, dentre eles Franz von Sickingen.
Doutrina
luterana:
I.
Salvação pela fé;
II.
Sacerdócio universal –
para Lutero “pelo batismo somos todos sacerdotes”;
III.
Negou da infalibilidade da Igreja: a única fonte da verdade é a Bíblia, e
não a tradição ensinada pela instituição religiosa;
IV.
Negou a infalibilidade do papa: e a existência de uma hie-rarquia dentro
da Igreja.
V.
Fim dos sacramentos: exceto batismo e a eucaristia;
VI.
Fim do culto aos santos
II)
JOÃO
CALVINO (1509 —1564)
Enquanto na Alemanha e em alguns reinos escandinavos
(onde hoje se localizam a Suécia, a Noruega e a Finlândia) o luteranismo
avançava, uma reforma mais radical iniciava-se na região da Suíça, onde havia
importantes centros comerciais e uma forte burguesia mercantil.
Foi nessa região que o francês João Calvino refugiou-se,
protegendo-se das perseguições religiosas que ocorriam na França. Defensor da
Reforma de Lutero, Calvino entrou em contato, na Suíça, com outras ideias protestantes,
que o ajudaram a formar uma nova doutrina.
Quem
foi Calvino:
n Nasceu
na França, região da Picardia, em 10 de julho de 1509 (Martinho Lutero escreveu
as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade);
n 1521
- com doze anos, João Calvino ganhou uma renda anual concedida pela Igreja, com
o fim de estudar Teologia;
n 1529
– Mudou-se para Orleães: O pai muda de idéia e preferiu que Calvino seguisse
com estudos de Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos
aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado
do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino.
n Calvino
tomou contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e
o renascimento são, pois, os movimentos culturais que o influenciaram em
primeiro lugar
n 1532
- foi doutorado em Direito em Orleães. Memos ano em que teria dada a sua
conversão de Calvino ao protestantismo (Aderiu as idéias de Lutero);
n 1534
- Calvino ajudou seus conterrâneos picardos Antonie Marcout e Fefevre d´Etaples
a espalhar os cartazes em algumas cidades próximas a Paris condenando a missa
como blafematória (criticavam a celebração da missa tal como ela era realizada
oficialmente pela igreja católica).
n 1536
- aos 26 anos, após ser perseguido na França foge para Genebra, na Suíça.
DOUTRINA
CALVINISTA
I)
Salvação pela Predestinação;
II)
Todo homem é pecador por natureza;
III)
Fim do culto aos santos;
IV) Infalibilidade
da Bíblia;
V)
Fim dos sacramentos:
com exceção à eucaristia e o batismo;
VI) Separação
entre Igreja e Estado;
III)
HENRIQUE
VIII (1491-1547)
O movimento reformador na Inglaterra teve origem na
própria monarquia inglesa. O rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, desejava
divorciar-se de sua esposa Catarina de
Aragão (filha dos reis católicos da Espanha), porque com ela teve apenas
filhas, deixando o trono sem sucessores homens.
O rei queria casar-se, então, com a dama da corte Ana Bolena. Diante da recusa do papa em
lhe conceder o divórcio, Henrique VIII rompeu com a Igreja de Roma em 1531 e
assumiu o poder absoluto na Inglaterra.
1534 - Três anos depois do rompimento do rei com a Igreja
católica, o Parlamento inglês aprovou o Ato
de Supremacia, que proclamou o rei como o único e supremo chefe da Igreja
na Inglaterra. Henrique VIII tornou-se assim o chefe da Igreja anglicana (expressão medieval latina datada de, pelo menos,
1246, e que significa Igreja Inglesa),
com o poder de nomear bispos, desapropriar terras da Igreja católica e
distribuí-las entre nobres ingleses.
Quem
foi Henrique VIII
n Nascido
em 28 de junho de 1491 em Greenwich, no Palácio de Placentia. (Foi o sexto
filho de Henrique VII e Isabel de
Iorque, dinastia dos Tudor).
n 1509
- foi coroado rei de Inglaterra.
n Foi o
governante absoluto da Inglaterra.
n Excêntrico
pelos seus 6 casamentos
Conflito
entre Estado Inglês e a Igreja (igreja católica era detentora de 1/3 de todas
as terras da Inglaterra;
n Motivos
Pessoais:
Ø Queria
a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão,
Ø Desejava
um novo matrimônio com Ana Bolena.
Ø Conflito
com o Papa Clemente VII.
Ø Catarina
foi formalmente despojada do seu título de rainha, e Ana foi coroada rainha
consorte em 1 de junho de 1533.
Ø Clemente
VII excomungou Henrique VIII;
n Ato
de Supremacia:
Ø Confiscou
todas as terras da Igreja Católica na Inglaterra;
Ø formou
uma nova Igreja a Anglicana ;
Ø Declarou
Henrique VIII o líder supremo da nova Religião.
DOUTRINA
ANGLICANA
n É uma Igreja Católica Reformada;
n Importância da Bíblia: Adora a Deus e
entende que a Bíblia e a chave para compreender a revelação de Deus aos homens;
n É uma Igreja Democrática
onde todos tem direito de se expressar mesmo sendo minoria.
n Aceitação do divorcio;
n Reconhecemos os cinco Ritos Sacramentais: Confirmação,
Confissão, Sagradas Ordens, Matrimonio e Unção dos Enfermos e dois
Sacramentos: Santa Comunhão e Santo Batismo
CONTRA
REFORMAS
n Contra Reforma, também conhecida por Reforma Católica;
n Resposta
e reação da Igreja Católica ao avanço do protestantismo;
n Papa
Leão X, organizou a Igreja no Concílio de Trento entre 1545 a 1563;
I)
Reafirmar os dogmas da Igreja;
ü Negou
as mudanças doutrinárias realizadas pelos reformistas,
ü Confirmando
os sete sacramentos (batismo, confirmação ou crisma, eucaristia, penitência ou
confissão, ordem sacerdotal, casamento e unção dos enfermos);
ü Reafirmou
o culto à Virgem Maria e aos santos;
ü Reafirmou
que um bom católico é julgado por sua fé e pelas obras que faz;
ü Estabeleceu
a supremacia dos papas, revalidou o celibato clerical e a indissolubilidade do
matrimônio.
ü Confirmou
que as fontes da doutrina católica são a Bíblia e a tradição da Igreja.
II)
Moralizar a Igreja;
ü Condenou
a corrupção interna ligada à venda de cargos eclesiásticos, relíquias e
indulgências.
ü A
venda de indulgências não foi proibida, mas devia ser controlada pelas
autoridades da instituição.
ü Exigiu-se
que o clero voltasse a ter uma vida simples e espiritual, com a obrigação de
ter conduta moral exemplar e boa formação intelectual.
ü Determinou-se
a criação de seminários para a formação de sacerdotes. Deveria haver um
seminário em cada diocese,
ü Crio
a Companhia de Jesus;
ü Criou
o INDEX (lista de livros proibidos)
ü Reabriu
o tribunal da Santa Inquisição;
Referências
n AZEVEDO,
Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto
Teláris: história 7 ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
n CAPELLARI,
Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed.
São Paulo: SM. 2010.
n COLLINSON,
Patrick. A reforma. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2006. 277 p. (Historia essencial )
n COTRIM,
Gilberto. História Global –
Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.
n FERNÁNDEZ-ARMESTO,
Felipe; WILSON, Derek A. Reforma:
o cristianismo e o mundo 1500-2000 . Rio de Janeiro: Record, 1997. 416 p.
n LÉONARD,
Émile G. O Protestantismo
Brasileiro. Rio de Janeiro / São Paulo: JUERP/ASTE. 1981.
n Projeto Araribá: História – 7º ano. /Obra
coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel
Apolinário Melani.
n SKINNER,
Quentin. A formação do pensamento
político moderno. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
n Uno: Sistema de Ensino – História – 6º ano.
São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto
Pozzani.
Marcadores:
Aula,
Azevedo,
Calvino,
Capellari,
Collinson,
Contra Reformas,
Cotrim,
Educação,
Ensino,
Ensino Fundamental,
Ensino Médio,
Henrique VIII,
Léonard,
Lutero,
Reforma Religiosa,
Skinner
sexta-feira, 4 de julho de 2014
AULA - AS REFORMAS PROTESTANTES E A CONTRA REFORMA
Marcadores:
7º ano,
Barraqui,
Calvino,
Catolicismo,
Educação,
Ensino,
Ensino Fundamental,
Ensino Médio,
Igreja,
Lutero,
Reforma Religiosa,
Religião
quinta-feira, 21 de março de 2013
Um olhar sobre a Reforma luterana
Por Douglas Barraqui
MARTINHO LUTERO
“Ajuda-me, Sant’ Ana! Eu me tornarei um monge”. Essas foram as
palavras de Martin Luther ou Luder; mais conhecido como Martinho Lutero, o
homem que mudaria os rumos da Igreja.
Martinho Lutero nasceu na
Alemanha em 10 de novembro de 1483. Filho de Hans Luther e Margarethe
Lindemann, integrantes de uma pequena burguesia ascendente, era do desejo de
sua família que Lutero seguisse a carreira pública, especialmente a de
advogado; e assim foi mandado a diversas escolas, em 1501, aos dezessete anos,
ingressou na Universidade de Erfurt. Se formou em bacharel e posteriormente
mestre. E em 1505, ao voltar de uma visita à casa dos pais, em meio a uma
tempestade com muitos raios, teria prometido a Santa Ana que, se o salvasse, se
tornaria um monge. Aderiu à ordem dos
agostinianos. Em 1507, foi ordenado sacerdote. No ano seguinte começou a
lecionar teologia na Universidade de Wittenberg.
Porém, em meio aos seus estudos
teológicos, Lutero se deparou com uma crise espiritual envolvendo a questão da
soterologia – estudo da salvação do homem. Em 1515 Lutero passaria pela chamada
“experiência da Torre”: no alto da torre de Wittenberg, estudando a fim de
encontrar respostas para as questões envolvendo a salvação, se deparou com o
Salmo 31 – “liberta-me em tua justiça” – e assim Lutero passou a compreender a
justiça de Deus, não como algo punitivo, mas sim como sendo a demonstração da
misericórdia de Deus frente aos pecadores. Depois disso, conta Lutero em sua
autobiografia: “me senti renascido,
entrando no paraíso por suas portas abertas”.
Igreja do Castelo em Wittenberg |
E em 1517 Lutero escreve as 95
teses, um convite aberto ao debate sobre algumas posturas morais da Igreja –
documento que em vias de fato é contestado por alguns historiadores. As 95
teses, diz a tradição, foram afixadas nas portas da Igreja do Castelo de
Wittenberg e a escrita desse documento teria sido motivada em meio a uma
campanha de cobrança de indulgência, organizada por Johann Tetzel – “assim que uma moeda tilinta no cofre, uma
alma sai do Purgatório”: eram as palavras de Tetzel que fez de sua campanha
de perdão dos pecados um verdadeiro comércio de compra e venda da salvação.
EXPLICAÇÕES PARA AS REFORMAS
De fato a idéia de Reformar a
Igreja não é nova na Idade Moderna. E quando buscamos explicações para as Reformas
alguns historiadores acabaram por ter uma visão simplista e limitada
concentrando-se apenas na decadência moral da igreja – temas como: luxo
exacerbado do alto clero; a não obediência ao celibato clerical; a questão
envolvendo a indulgência e a prática da simonia. Outros autores buscaram
explicações muito mais amplas para as causas que desencadearam a Reforma: Emile
Leonard, vai nos dizer que a razão de ser da Reforma está na própria crise
espiritual da Igreja. Ou seja, é na própria religião que se deve buscar a
natureza da Reforma.
Historiadores marxistas elencam
uma explicação de cunho sócio-econômico. O próprio Marx vai dizer que “a
religião é filha da economia”: assim a Reforma era resultado do modelo
capitalista daquele momento histórico. As transformações de caráter
sócio-econômicas surgidas após o Renascimento comercial – o que podemos
destacar como a ascensão da classe burguesa – teve como resultado a necessidade
de um novo senso comum religioso que beneficiaria a burguesia que aos olhos da igreja
era má vista pela prática do lucro e da usura. O que fazem os marxistas,
portanto, é relacionar a Reforma com o surgimento da sociedade Burguesa e sua
ascensão.
Outros ainda buscam uma visão
Holística para as causas da Reforma, como é o caso de Henri Hauser: apontando
para as causas da Reforma como um emaranhado de fatores econômicos, sociais e
religiosos, indissolúveis: “A reforma do
século XVI teve um duplo caráter de revolução social e revolução religiosa. As
classes populares não se sublevaram somente contra a corrupção dos dogmas e os
abusos do clero. Também o fizeram contra a miséria e a injustiça. Na bíblia não
buscaram somente a salvação pela fé, mas também a prova da igualdade original
de todos os homens”.
Uma outra interpretação muito
singular quanto às causas da Reforma é a de Quentin Skinner. Ele faz uma
interpretação de caráter político e será o autor que mais terei atenção neste
artigo, não porque sua explicação seja a mais plausível ou a única a via de
fatos, mas sim porque sua obra nos ajudará a compreender a importância da
doutrina luterana na formação do absolutismo.
Particularmente eu me identifico
com a visão de Cornelius Castoriadis que estabelece uma relação entre a
religião e a filosofia: a partir da Idade Média a cultura Ocidental fez um
resgate da filosofia grega – feita pela igreja em São Tomas de Aquino. A
escolástica medieval, portanto, é um “conbinado” de Aristotelismo e
cristianismo. Falando a grosso modo, o tomismo tentou compreender Deus, suas
práticas, origem e dogmas usando a filosofia. Castoriadis diz que isso vai ser
paradoxal e contraditório.
Mapa da Alemanha indicando as cidades pelas quais Lutero passou |
A SALVAÇÃO PELA FÉ
Lutero fundamentou sua doutrina
na salvação pela fé, rompendo, desse modo, com a pregação tomista de que o
homem por intermédio da fé e das boas obras alcançaria a salvação. Esta idéia
de Lutero está bem descrita em sua obra “De
Servo Arbítrio”: obra em que ele reafirma as idéias de Santo Agostinho.
Tomás de Aquino usou argumentos
filosóficos para demonstrar “a verdade” dentro das crenças do cristianismo, o
que ficou bem evidente em sua obra “Suma Contra os Gentios”. O tomismo virou a
filosofia oficial da Igreja e também foi declarada a única filosofia
verdadeira. E Tomás de Aquino seria feito mestre da Escolástica Medieval um
conjunto de doutrinas teológicas e filosóficas que combinava aristotelismo com
a crença cristã. A soterologia de Aquino defendia a salvação pela fé e pelas
boas obras e a soterologia de Lutero à fé: eis o conflito.
Trata-se, portanto, de uma
questão de interpretação que muito além de pura e simplesmente romper com o
tomismo, trás autoridade para a bíblia e retira a função e a autoridade da
Igreja em seu caráter institucional.
AS CONCEPÇÕES DE LUTERO
As concepções de Lutero passaram
pelo: I - Conciliarismo – subordinava a autoridade do papa à comunidade dos
fieis representada pelo concílio; II - Eclesiologia – trata-se do entendimento
de Lutero sobre a natureza da Igreja (Lutero entende a Igreja como uma
congregação de fieis e não como uma instituição hierarquizada). III – sacerdócio
universal – este ponto envolve a questão do batismo (para Lutero pelo batismo
somos todos sacerdotes), Lutero tinha inaugurado o sacerdócio universal.
Ao mesmo tempo a questão
“sacerdócio universal” terá enormes implicações quando Lutero assiste a
Epistola de São Paulo aos romanos, “todas
as autoridades vem de Deus”: Quando todos são pautados como sacerdotes um
em especial, o príncipe, terá além da autoridade política a autoridade
religiosa. É inaugurado, então, o “direito divino dos monarcas”; o que fortalece
enormemente o poder dos príncipes e afirma o poder temporal acima da Igreja.
Lutero ainda vai dizer que cabe ao príncipe proteger a Igreja. A reforma
Luterana, em via de práticas, permitiu a formação dos príncipes frente à Igreja
Católica.
Quentin Skinner destaca que os
príncipes passaram a ter uma autoridade política e religiosa: quando um
príncipe ordenar ao seu súdito que faça o mal, o súdito deve recusar; o
príncipe utilizara de sua autoridade para punir o súdito e, segundo Lutero, o
súdito não deve reagir. Trata-se de um
posicionamento de “passividade” frente a autoridade dos príncipes.
Lutero qualifica a Igreja como
autoridade interposta; defende o sacerdócio universal, rompendo assim como a
separação entre leigos e religiosos – assim se faz valer: “mediante ao batismo
somos todos sacerdotes”. Lutero então derruba a divisão entre estado religioso
e estado laico.
CONSEQUÊNCIAS DAS PRETENSÕES DE LUTERO PARA A IGREJA
Em linhas gerais as concepções de
Lutero tiram da Igreja sua jurisdição e uma série de seus privilégios
específicos – Antes a igreja era uma instituição visível, hierarquizada, dotada
de poderes que influenciavam a vida dos homens e os Estados.
Lutero condena a pretensão da
Igreja em ter um papel e poder temporal. O reino dos homens, segundo Lutero, é
ordenado por Deus – trata-se de um domínio distinto já que a espada está nas
mãos das autoridades seculares para manter a paz, tendo portanto, o poder
coercitivo.
Portanto, o que podemos notar é
uma relação de obediência e subserviência em Lutero – aqui retomamos o ponto da
questão da “passividade” frente aos príncipes.
O SUCESSO DA DOUTRINA LUTERANA
Skinner atribui o sucesso da
doutrina luterana a três razões básicas que, em certo grau, estão relacionadas
direta e indiretamente com a própria doutrina luterana: 1º) idéia luterana de
insuficiência da razão; 2º) ênfase no caráter absoluto da vontade de Deus e 3º) o
pecador deve colocar toda a sua confiança na vontade de Deus.
Igreja do Castelo. Wittenberg |
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reforma luterana foi um marco
para a história do cristianismo e, porque não, da humanidade. O principio
reformador, para alguns autores, é inato de nos humanos. Sem reduzir a importância
de seus atores principais, digo que a reforma de Lutero é filha de seu tempo
histórico, um momento em que o mundo cristão ocidental ansiava por uma nova
postura moral e religiosa, eis a reforma de Lutero.
REFERÊNCIAS
LÉONARD, Émile G. O Protestantismo Brasileiro. Rio de Janeiro
/ São Paulo: JUERP/ASTE. 1981.
SKINNER, Quentin. A
formação do pensamento político moderno. São Paulo, Companhia das Letras,
1996.
Assinar:
Postagens (Atom)