quarta-feira, 21 de novembro de 2018

AS MULHERES NA REVOLUÇÃO FRANCESA

A marcha das mulheres para Versalhes, gravura do século XVIII


“Não fiz a guerra como mulher, fiz a guerra como um bravo!”, declarou Marie-Henriette Xaintrailles em carta ao imperador Napoleão Bonaparte. Indignada por lhe recusarem pensão de ex-combatente do Exército “porque era mulher”, ela lembrou que, quando fez sete campanhas do Reno como ajudante de campo, o que importava era o cumprimento do dever, e não o sexo de quem o desempenhava.

Madame Xaintrailles não foi um caso isolado. Em 1792, quando a França declarou guerra à Áustria, voluntárias se alistaram no Exército para lutar ao lado dos homens contra as forças da coalizão austro- prussiana que ameaçavam invadir o país. Muitas se apresentaram com identidades falsas e disfarçadas de homem. Além de conseguirem se alistar, protegiam-se do risco da violência sexual. [...]

Não se conhece o número exato de mulheres-soldados durante o período revolucionário francês (1789-1799). Há oitenta casos registrados nos arquivos parlamentares, militares e policiais.

As irmãs Fernig, com 17 e 22 anos, foram exceções: eram nobres, e combateram vestidas de homem no Exército do general Dumouriez (1739- -1823), na fronteira da atual Bélgica. Fora da batalha, passeavam com roupas de mulher e carabina ao ombro. Tornaram-se heroínas nacionais.

De todo modo, as soldadas encarnavam as virtudes republicanas. Não era pouco. Por essa razão, Liberté Barreau e Rose Bouillon figuravam na Coletânea de Ações Heroicas e Cívicas dos Republicanos Franceses, publicada em 30 de dezembro de 1793. [...] Sacrificaram-se pela pátria sem esquecer as virtudes de seu sexo. Eis aí o grande mérito. Numa República marcada por apelos à moral, as mulheres-soldados contribuíram com um modelo de comportamento feminino positivo.

REFERÊNCIA:
MORIN, Tania Machado. Revolução Francesa e feminina. Revista de História da Biblioteca Nacional, 8 dez. 2010.

domingo, 4 de novembro de 2018

ALGUÉM DÊ UM OSCAR PARA O TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM



Prof. Douglas Barraqui

“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”


O tema da redação do Enem 2018 fou atual e mais específico que em anos anteriores. A princípio, para aquele aluno mais desavisado, pode até parece um tema fácil, mas ao mesmo tempo por possibilita uma série de leituras, se torna complexo. Assim, com uma temática ampla, coube ao aluno o papel de delimitar o tema a partir dos textos bases propostos pelo Enem e desenvolver a proposta de intervenção.

Esse tema permitiu que várias questões pudessem ser abordados: a privacidade nas redes sociais; a maneira como os seus dados são usados pelos provedores;  Como seu comportamento pode ser manipulado. e como você é, e se torna conhecido.

Para uma boa redação eu acredito que o aluno precisa trabalhar quatro palavras norteadoras a partir dos textos base: manipulação, comportamento, usuário e internet. O aluno poderá ainda inferir sobre o marketing dirigido e sobre como disponibilizamos informações nas redes sociais. O aluno pode levantar discussões sobre o Marco Civil da internet que prevê um ambiente de privacidade, neutro e de liberdade de expressão.

Embora o tema não tenha relação direta com as notícias falsas, mas sim com a manipulação de dados dos usuários, isso não impede que o aluno traga as fake news como ferramenta de manipulação com um tom moral, enganar alguém.

ALUSÕES HISTÓRICAS QUE PODERIAM SER FEITAS:

Ø  Terceira fase da Revolução Industrial e a telemática (união da telecomunicação com a informática) e a Terceira Revolução Tecnológica e o advento da internet.

Ø  A criação da internet em 1969, nos Estados Unidos. Chamada de Arpanet, essa rede pertencia ao Departamento de Defesa norte-americano. Tinha como função interligar laboratórios de pesquisa nos EUA.

Ø  O exemplo histórico de manipulação o caso Cambridge Analytica, ocorrido em 2016, em que a empresa britânica utilizou informações acessíveis pelo Facebook para promover a candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

ALUSÕES SOCIOLÓGICAS  E FILOSOFICAS QUE PODERIAM SER FEITAS:

Ø  A maneira como o algoritmos de sites e aplicativos agem de forma coercitiva sobre nós: captam aspectos e dados pessoais e criam uma bolha, um simulacro de lugar confortável, em que músicas, postagens, páginas são sugeridas ao usuário, fazendo, assim, com que ele perca autonomia de escolha e seja submisso e influenciável.

Ø  “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis". (Umberto Eco)

Ø  “Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade”. (Albert Einstein)

Ø  Edgar Morin e o conceito de “Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo”: "Cultura de massa” é produzida segundo as normas maciças de fabricação industrial; propagada pelas técnicas de difusão maciça (...) destinando-se a massa social, isto é um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade.

Ø  Conceito de “cultura de massas” na internet como um fenômeno específico do contexto do capitalismo pós industrial, marcado pela forte influência dos meios de comunicação de massa.Características:
1)      Produção em larga escala,
2)      Consumismo,
3)      Padronização das mercadorias,
4)      Uniformização dos indivíduos,
5)      Maior homogeneização dos indivíduos
6)      Grande influência da mídia e do mercado.

Ø  Adorno e Horkheimer na obra “Dialética do esclarecimento”, pondera que Tanto os meios de comunicação quanto a produção cultural servem para manipular a alienar dentro da lógica de mercado do capitalismo.

Ø   Hannah Arendt em seu livro “A crise da cultura” (1972), Acusa o mercado e a mídia de se valerem do entretenimento como forma de dominação e alienação cultural ao incentivarem o consumismo.

Ø  Outras questões possíveis de serem cooptadas e inseridas no texto:
1) O indivíduo não é um sujeito, mas sim um objeto, cujo capacidade crítica se encontra atrofiada e controlada pelos algoritmos .
2) Obediência a padrões predeterminados (novelas e filmes obedecem a dicotomias simplistas e maniqueístas: mocinho, o heroi, e o vilão; o mocinho que se apaixona pela mocinha e todos viveram felizes para sempre.
3) Sensacionalismo: “sociedade do espetáculo” conceito criada pelo filósofo francês Guy Debord, em que a verdade ficcional se sobrepõe à realidade de fato. Nessa sociedade Vídeos, imagens e notícias produzidas, curtidos e compartilhados como ferramenta de manipulação do comportamento do usuário da internet.