A marcha das mulheres para Versalhes, gravura do século XVIII |
“Não fiz a guerra como mulher,
fiz a guerra como um bravo!”, declarou Marie-Henriette Xaintrailles em carta ao
imperador Napoleão Bonaparte. Indignada por lhe recusarem pensão de
ex-combatente do Exército “porque era mulher”, ela lembrou que, quando fez sete
campanhas do Reno como ajudante de campo, o que importava era o cumprimento do
dever, e não o sexo de quem o desempenhava.
Madame Xaintrailles não foi um
caso isolado. Em 1792, quando a França declarou guerra à Áustria, voluntárias
se alistaram no Exército para lutar ao lado dos homens contra as forças da
coalizão austro- prussiana que ameaçavam invadir o país. Muitas se apresentaram
com identidades falsas e disfarçadas de homem. Além de conseguirem se alistar,
protegiam-se do risco da violência sexual. [...]
Não se conhece o número exato de
mulheres-soldados durante o período revolucionário francês (1789-1799). Há
oitenta casos registrados nos arquivos parlamentares, militares e policiais.
As irmãs Fernig, com 17 e 22
anos, foram exceções: eram nobres, e combateram vestidas de homem no Exército
do general Dumouriez (1739- -1823), na fronteira da atual Bélgica. Fora da
batalha, passeavam com roupas de mulher e carabina ao ombro. Tornaram-se
heroínas nacionais.
De todo modo, as soldadas
encarnavam as virtudes republicanas. Não era pouco. Por essa razão, Liberté
Barreau e Rose Bouillon figuravam na Coletânea de Ações Heroicas e Cívicas dos
Republicanos Franceses, publicada em 30 de dezembro de 1793. [...]
Sacrificaram-se pela pátria sem esquecer as virtudes de seu sexo. Eis aí o
grande mérito. Numa República marcada por apelos à moral, as mulheres-soldados
contribuíram com um modelo de comportamento feminino positivo.
REFERÊNCIA:
MORIN, Tania Machado. Revolução Francesa e
feminina. Revista de História da Biblioteca Nacional, 8 dez. 2010.
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