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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

SÓCRATES: A BUSCA PELA VERDADE

Prof. Douglas Barraqui

  1. SÓCRATES E OS SOFISTAS

A)   CONTEXTO HISTÓRICO
Ø  A filosofia é fruto de um contexto e condições históricas específicas.

                    I.        Aspectos sociais:
Ø  Vitória dos gregos sobre os persas (Guerras Médicas 490a.C.-448 a.C.)
(Vitória possível graças a Liga de Delos)

                  II.        Aspectos econômicos:
Ø  Atenas se destaca na liderança da Liga de Delos / “século de Péricles” (uso dos recursos para benefício da pólis)
Ø  Expansão do comércio marítimo (porto de Pireu – contato com outros povos e culturas orientais) fez de Atenas a mais importante pólis da Grécia.

                 III.        Aspectos políticos:
Ø  Construção da Democracia (exigência de um pensamento racional)
§  Dracon 620 a.C – Código de leis draconiano (leis exigem pensamento racional)
§  Solon 594 a.C. – Seisachteia (fim da escravidão por dívida) / Boulé
§  Clistenes 510 a.C – isonomia / isegoria (isos = “igual”, e agoreúo = “falar em público”)
§  Péricles 446 a.C - “Século de Péricles”.

                IV.        Aspectos culturais:
Ø  Teatro Grego (550 a.C. - Theathon “lugar que se vê”):
§  Levaram os gregos a fazerem REFLEXÕES E CRÍTICAS sobre a política na Pólis grega (pensamento racional).
§  Tragédia (Tragoedia) = conflito entre as TRADIÇÕES mitológicas e a RACIONALIDA.
§  Comédia (Komedia) = críticas baseadas na sátira, abordando problemas sociais e políticos da pólis (corrupção).

Ø  Nova Areté: (Termo grego para excelência, mérito e valor)
§  Educação ateniense ocorria nos ginásios e tinha por objetivo formar guerreiro belo e bom – PERFEIÇÃO FÍSICA (treinamentos físicos para preparar o guerreiro) e PERFEIÇÃO DO ESPÍRITO (poesia, música e retórica - sofistas).
§  NOVA ARETÉ objetivava formar o cidadão em excelência moral e política  - pensar o bem da pólis (ensinava-se política, filosofia, leis).

B) OS SOFISTAS: MESTRE NA ARTE DE ENSINAR
Ø  Professores itinerantes que ensinavam mediante ao pagamento.
Ø  Eram mestres da retórica e da manipulação (eloquência para o convencimento).
Ø  Ensinavam o cidadão a falar (oratória = como falar)
Ø  Acreditavam ser impossível chegar a uma verdade única.
Ø  O que importava não era o conteúdo (verdade / mentira), mas como falar.
ü  Protágoras de Abdera (481-411 a.C)
§  Relativismo sobre a verdade – cada um conhece a sua verdade (“Homo mensure”)
§  Ninguém está errado (cada um possui a sua verdade)



SÓCRATES


C) “ENCARNAÇÃO” DA FILOSOFIA:

“Conhece-te a ti mesmo”

“Só sei que nada sei”

Ø  Fundador da chamada filosofia clássica. “Pai da filosofia ocidental”. “Pai e fundador da ética”
Ø  Nasceu em Atenas e teve uma vida pobre.
Ø  Filho de Sofronisco (escultor) e Fenarete (parteira). Portanto, não foi um membro da aristocracia.
Ø  Lutou na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.)

Sócrates começou a se dedicar à filosofia após visitar o Oráculo de Delfos (Sibila) e ao entender as inscrições acima do templo “temet nosce” (conhece-te a ti mesmo).
A cada conhecimento obtido uma nova ignorância surgia. “só sei que nada sei”.

O ESPÍRITO DA FILOSOFIA (POSTURA FISLOSÓFICA) consiste em uma busca incessante pela verdade (INVESTIGAÇÃO, CRÍTICA e QUESTIONAMENTO). Sócrates se pós a serviço da busca pela verdade e sobre aquilo que determinava a MORAL do homem o que determina sua ÉTICA.



D) O MÉTODO SOCRÁTICO:
O método socrático é uma técnica de investigação filosófica feita em DIÁLOGO (consiste em o professor (locutor) conduzir o aluno (interlocutor) a um processo de reflexão e descoberta dos próprios valores.

Método DIALÉTICO ou DIÁLOGO dividi-se em duas etapas:

1)    IRONIA (“EIRIM” = PERGUNTAR/QUESTIONAR)
Sócrates (locutor) faz uma pergunta ao interlocutor. O interlocutor pensa e dá uma resposta a Sócrates.
Sócrates busca demonstrar, através de mais perguntas, com base na resposta dada pelo interlocutor:
Ø  A insuficiência da resposta dada.
Ø  O preconceito recebido
Ø  As opiniões subjetivas.
Assim o interlocutor passa a questionar a si mesmo e a suas próprias respostas. A finalidade é que o interlocutor reconheça a sua própria ignorância.

2)    MAIÊUTICA (“Parto das idéias”)
Sócrates faz as perguntas e comenta as respostas (a fim de induzir o interlocutor a chegar à sua resposta)
“se pode alcançar a verdade se dela a alma estiver grávida”  (Sócrates)

Julgamento e a morte de Sócrates:
Sócrates foi acusado de corromper os filhos da aristocracia, com novas crenças e duvidar dos valores tradicionais e religiosos de Atenas. Sócrates dizia escutar uma voz interna “DAIMON” – acreditava que era como um deus que lhe dizia o que podia ou não fazer.
Sócrates não se defendeu, aceitou sua condenação. Teve a oportunidade de fugir, mas não aceitou em fidelidade a ética e as leis da pólis. Sócrates tinha a opção de ir para o exílio (desistir de sua vocação filosófica) ou ser condenado à morte.


Esta aula está, também, disponível em slides. Clique no link abaixo:

FILOSOFIA - A BUSCA PELA VERDADE: SÓCRATES E PLATÃO



REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução á Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis; ed. Vozes, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo,10ª. Ed.,Ática,1998.

CONTIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia -História e Grandes Temas. São Paulo;Editora Saraiva, 2000.

 GAARDEr, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo; Cia. Das Letras, 1995.

GILES, Thomas Ransom. Introdução á Filosofia. São Paulo; Epu, 1979.

LICKESI, C. Carlos. Introdução á Filosofia - Aprendendo a Pensar.2ª. Ed. São Paulo.

Cortez,1996. MONDIM, Battista. Curso de Filosofia. 8ªEd. São Paulo; Paulus,1981 - Volume I, II e III.

 MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. São Paulo; Mestre Jou,1980.


POLITZER, G. Princípios. Fundamentais de Filosofia. São Paulo; Hemus, 1995.

sábado, 2 de dezembro de 2017

VOCÊ É UM ANIMAL QUE FILOSOFA

Prof. Douglas Barraqui


Quem somos nós?
De onde viemos?
Para onde vamos?
Qual o sentido da vida?

Parabéns! Se em algum momento de sua vida, como ser vivo pensante, você já se pegou fazendo alguma dessas perguntas, você esteve a filosofar.



Conta-se que Tales de Mileto (623 a.C – 558 a.C) andava observando o céu. Tales tropeçou e caiu em um buraco. Uma escrava da Trácia ficou rindo dele, e o primeiro filósofo adquiriu fama de lunático e distraído. Tales observava o céu e o tempo, a natureza (physis), pois era também astrônomo.

Conforme o relato de Aristóteles (384-322 a.C), na sua obra “A Política”, Tales foi repreendido pelos cidadãos de Mileto por ser pobre. Os cidadãos afirmavam que a filosofia de nada servia e que ele perdia tempo olhando para o céu e meditando sobre a natureza. Tales, contudo, um estudioso dos astros, previu uma grande safra de azeitonas com um ano de antecedência. Arrumou algum capital e alugou por baixo custo todas as prensas de azeite da região. Assim, Com a chegada da safra prevista, os produtores se viram obrigados a alugar de Tales as prensas a um custo bem mais alto. Com esse negócio Tales angariou fortuna, tornou-se um homem rico. Pode-se dizer até que foi um dos primeiros especuladores financeiros da história, além é claro de o “primeiro filósofo”.

Mesmo que Aristóteles tenha dito que “é fácil aos filósofos enriquecer, se desejarem”. Refletir sobre o mundo que o cerca e todos os seus fenômenos não necessariamente vai fazer de você um homem rico, tão pouco um lunático e distraído. Refletir sobre o mundo que o cerca faz de você, antes de qualquer coisa, um filósofo. 

Sim, goste ou não, você é um animal que filosofa. E não há nada de errado nisso. Você apenas está cumprindo e fazendo valer a máxima que te eleva e te destaca em relação aos animais, a racionalidade.

Se você chegar a um cientista e perguntar a ele o que é o homem? Provavelmente ele vai lhe responder que o homem é apenas um animal entre 7,77 milhões de espécies estimadas. Se você fizer a mesma pergunta a um filósofo, ele vai dizer que sim, o homem é um animal entre tantos, mas não é qualquer um animal, é um animal racional.

Postamos-nos a filosofar quando exigimos de nossa mente e do mundo que nos cerca provas e justificativas racionais que validam ou não o mundo que nos cerca, todos os seus fenômenos e o que acreditamos. A nossa racionalidade se faz presente quando:
1)    Argumentamos, debatemos e compreendemos;
2)    Conhecemos as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros;
3) Respeitamos certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido. Deste modo, é possível chegar a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros, também de maneira racional.

Quando penso em nossa capacidade de pensar e perguntar sobre o mundo que nos cerca, me vem a cabeça a obra “O Pensador” (1880), escultura em bronze do francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna o pensamento. O trabalho mostra uma figura masculina nua, maior do que o tamanho real de um homem, sentado em uma pedra com o queixo apoiado em uma mão, como se imerso em seus pensamentos. A escultura e é frequentemente utilizado como uma imagem para representar a filosofia: a imagem de um homem perdido em seus pensamentos, mas cujo corpo poderoso sugere uma grande capacidade de ação.