Prof. Douglas Barraqui
Quem somos nós?
De onde viemos?
Para onde
vamos?
Qual o sentido
da vida?
Parabéns! Se em
algum momento de sua vida, como ser vivo pensante, você já se pegou fazendo alguma
dessas perguntas, você esteve a filosofar.
Conta-se que Tales
de Mileto (623 a.C – 558 a.C) andava observando o céu. Tales tropeçou e caiu em
um buraco. Uma escrava da Trácia ficou rindo dele, e o primeiro filósofo
adquiriu fama de lunático e distraído. Tales observava o céu e o tempo, a
natureza (physis), pois era também
astrônomo.
Conforme o
relato de Aristóteles (384-322
a.C), na sua obra “A Política”, Tales
foi repreendido pelos cidadãos de Mileto por ser pobre. Os cidadãos afirmavam
que a filosofia de nada servia e que ele perdia tempo olhando para o céu e meditando
sobre a natureza. Tales, contudo, um estudioso dos astros, previu uma grande
safra de azeitonas com um ano de antecedência. Arrumou algum capital e alugou
por baixo custo todas as prensas de azeite da região. Assim, Com a chegada da
safra prevista, os produtores se viram obrigados a alugar de Tales as prensas a
um custo bem mais alto. Com esse negócio Tales angariou fortuna, tornou-se um
homem rico. Pode-se dizer até que foi um dos primeiros especuladores
financeiros da história, além é claro de o “primeiro filósofo”.
Mesmo que Aristóteles
tenha dito que “é fácil aos filósofos enriquecer, se desejarem”. Refletir sobre
o mundo que o cerca e todos os seus fenômenos não necessariamente vai fazer de
você um homem rico, tão pouco um lunático e distraído. Refletir sobre o mundo
que o cerca faz de você, antes de qualquer coisa, um filósofo.
Sim, goste ou
não, você é um animal que filosofa. E não há nada de errado nisso. Você apenas
está cumprindo e fazendo valer a máxima que te eleva e te destaca em relação
aos animais, a racionalidade.
Se você chegar
a um cientista e perguntar a ele o que é o homem? Provavelmente ele vai lhe
responder que o homem é apenas um animal entre 7,77 milhões de espécies
estimadas. Se você fizer a mesma pergunta a um filósofo, ele vai dizer que sim,
o homem é um animal entre tantos, mas não é qualquer um animal, é um animal
racional.
Postamos-nos a
filosofar quando exigimos de nossa mente e do mundo que nos cerca provas e
justificativas racionais que validam ou não o mundo que nos cerca, todos os
seus fenômenos e o que acreditamos. A nossa racionalidade se faz presente
quando:
1)
Argumentamos,
debatemos e compreendemos;
2)
Conhecemos
as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros;
3) Respeitamos certas regras de coerência do
pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido. Deste modo, é
possível chegar a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e
respeitadas por outros, também de maneira racional.
Quando penso em
nossa capacidade de pensar e perguntar sobre o mundo que nos cerca, me vem a
cabeça a obra “O Pensador” (1880), escultura em bronze do francês Auguste
Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força
interna o pensamento. O trabalho mostra uma figura masculina nua, maior do que
o tamanho real de um homem, sentado em uma pedra com o queixo apoiado em uma
mão, como se imerso em seus pensamentos. A escultura e é frequentemente
utilizado como uma imagem para representar a filosofia: a imagem de um homem
perdido em seus pensamentos, mas cujo corpo poderoso sugere uma grande capacidade
de ação.
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