sábado, 20 de janeiro de 2018

Níkos Poulantzas e Otto Bauer: uma visão da esquerda sobre o fascismo


Prof.  Douglas Barraqui

Para Níkos Poulantzas, filosofo e sociólogo grego, o fascismo constitui de uma forma de estado e uma forma de regime, representando uma conjuntura extremamente particular da luta de classes. Desenvolveu-se de forma orgânica a partir da democracia burguesa. Na concepção da Internacional comunista, compartilhada por Trotsky, fascismo corresponde a uma guerra civil aberta da burguesia contra a classe operária.

Poulantzas destaca que o fascismo não é a simples substituição de um governo burguês por um outro, mas sim uma mudança na forma de Estado. Trata-se de um fenômeno complexo que pode ser explicado a partir das suas relações com as diversas classes de lutas. O processo de fascização e a instauração do fascismo correspondem à situação de aprofundamento das contradições internas entre as classes e a fração da classe dominante.

A conjuntura do fascismo corresponde a uma crise da ideologia dominante, a democracia liberal. E acima desta crise ideológica podemos falar em uma conjuntura determinada - o pós-guerra, as consequências para os países derrotados e a crise de 1929.

Poulantzas divide o processo de fascização da seguinte maneira: em primeiro momento há o aparecimento das milícias; e em um segundo momento ocorre o recrudescimento do papel do próprio Estado.

Ainda sobre a forma embrionária de bandos armados, milícias, assumem um caráter de partido de massa quando apoiado por frações dominantes durante a etapa de ofensiva contra o proletariado. Nesse momento o partido fascista, dando garantias seguras, ganha o apoio do grande capital e sua ligação com as massas populares mantém-se forte.

Em outro momento o fascismo caminha em direção as massas há ainda uma aliança entre a fração monopolista e a pequena burguesia. Uma vez no poder: Concessões são dadas as massas, é o momento em que  se dá início da dominação do Estado.

No período de estabilização do fascismo: é imposto pelo bloco no poder certas concessões às massas populares. É neste momento que se estabelece a hegemonia do grande capital.

Na visão de Otto Bauer, um dos principais pensadores esquerda, o fascismo é resultado de três processos sociais: Primeiro: A guerra expulsou da vida burguesa e desempregou grande massas incapazes de retornar ao modo de vida burguês, formaram milícias fascistas, com peculiar ideologia militarista, antidemocrática e nacionalista. Segundo: A crise econômica do pós-guerra levou a miséria grandes massas de pequenos burgueses e camponeses. Essas massas abandonaram as fileiras dos partidos de massas democráticos e levantaram-se cheios de ódio e decepção contra a democracia. E por último: Diminuição dos benefícios contra das classes capitalistas que para ressarcir-se aumentou o grau de exploração sobre a classe operária. Como a classe capitalista duvidava que pudesse conseguir por intermédio do regime democrático conter a classe operária, optou então em recorrer às milícias fascistas nacionalistas para que semeasse o terror na classe operária.

Capitalistas ajudaram os fascistas em primeiro momento com auxílio financeiro, posteriormente induzio o Estado a fornecer armas aos fascistas e por fim cedeu o poder Estatal aos fascistas.

O exemplo do caso da Itália os oficiais da reserva desmobilizados depois da guerra foram quem constituiu os núcleos do partido fascista. Homens que não estavam na vida burguesa; odiavam o capitalista especulador;  orgulhosos de suas condecorações e seus ferimentos e que criaram uma aversão ao capitalismo proletário; ressentidos, pois sua pátria, pelo qual haviam dado seu sangue, não podia oferecer-lhes melhores condições e posições; nacionalistas exacerbados em oposição a democracia; homens que não queriam deixar os antigos hábitos contraídos durante a guerra: desejavam dar e receber ordens, usar uniformes e desfilar no ritmo da marcha. Apreciavam assim a indústria da guerra.

Foram esses homens que começaram a formar as organizações paramilitares (ainda mais numerosos na Alemanha). Foram essas as células primordiais do fascismo as que desenvolveram sua ideologia geral.

Para o caso da Alemanha a República na Alemanha nasceu em meio a uma amarga miséria. Um país arruinado no pós-guerra e humilhado. Foi nessa conjuntura que os nacionalista da intelectualidade rebelaram-se contra a situação do país. Assim podemos dizer que as consequências do pós-guerra mundial contribuíram assim para fomentar o nacionalismo alemão.

A grande crise do sistema capitalista de 1929 teve um impacto muito forte sobre a Alemanha e Hitler soube muito bem manobrar a crise de modo colocar o povo a seu lado e o nazismo no poder. Antes da crise, durante a época de prosperidade, o partido Nacional Socialista de Hitler era um grupo sem importância, com a crise de 1929 ele ganha força. A democracia não pode evitar que a crise arruinasse a pequena burguesia e camponeses. Assim esses voltaram-se contra a democracia. Em meio as constantes pressões por parte da classe operária a classe capitalista então decidiu fazer do fascismo para submeter a classe operária. Foi através das “expedições de castigo” que a classe capitalista descobriu como romper com o impetuoso ataque da classe operária. A milícia fascista foi lugar de confluência dos marginalizados de todas as classes. Podemos concluir em Otto que o fascismo nacionalista seria patrocinado pela burguesia e seu poder Estatal.


Uma vez no poder o partido fascista dominaria o proletariado; expulsaria os representantes da burguesia do poder dissolvendo seus partidos sob a justificativa de que salvaria a burguesia da revolução proletária. Na verdade o movimento operário já estava debilitado. Era o momento dos capitalistas escolherem entre destruir o fascismo e assim favorecer a classe operária, ou ceder ao fascismo o poder estatal. Talvez tarde de mais; pois o terror fascista dissolveria e submeteria à sua tutela algumas organizações capitalistas.

Níkos Poulamtzas e Otto Bauer são contribuições valiosas no que tange a compreensão dos regimes fascistas da Europa entre guerras, bem como o processo de fascilização. São autores que embora partem de uma visão de esquerda devem ser lidos e levados em consideração no estudo da história política da Europa.

Bibliografias:

BAUER, Otto. O Fascismo.

POULANTZAS, Nicos. Fascismo e a ditadura: A III Internacional face ao fascismo. Tradução João G. P. e M. Fernanda S. Granado. 1ª ed. Porto: Portucalense Editora, 1972.


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O TRISTE FIM DE OVELHAS, VACAS, CABRAS, PORCOS E GALINHAS

Pintura de um túmulo egípcio, por volta de 1200 a.C.: um par de bois arando um campo.

À medida que os humanos se espalharam pelo mundo, os animais domesticados também o fizeram. Há dezenas de milhares de anos, não mais de alguns milhões de ovelhas, vacas, cabras, javalis e galinhas viviam em nichos seletos na África e na Ásia. Hoje, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o mundo tem cerca de um bilhão de ovelhas, um bilhão de porcos, mais de um bilhão de cabeças de gado e mais de 25 bilhões de galinhas. E eles estão pelo mundo todo, só no Brasil são 218,23 milhões de cabeças de gado, mais bois e vacas do que gente. As galinhas domesticadas são as aves mais disseminadas até hoje. Depois do Homo sapiens, o gado, o porco e a ovelha são, nessa ordem, os grandes mamíferos mais difundidos no mundo.

Infelizmente, a perspectiva evolutiva é um parâmetro de sucesso relativo. Julga tudo segundo os critérios de sobrevivência e reprodução, sem considerar o sofrimento e a felicidade individuais. As galinhas e as vacas domesticadas podem ser uma história de sucesso evolutivo, mas também estão entre as criaturas mais miseráveis que já existiram. A domesticação de animais se baseou em uma série de práticas brutais que só se tornaram cada vez mais cruéis com o passar dos séculos.

A expectativa de vida natural de galinhas selvagens é de 7 a 12 anos, e de bovinos é de 20 a 25 anos. Já a grande maioria das galinhas e vacas domesticadas no mundo hoje é abatida com algumas semanas ou no máximo alguns meses de vida.

Galinhas chocadeiras, vacas leiteiras e animais de carga às vezes têm a chance de viver por muitos anos. Mas o preço é a sujeição a um estilo de vida completamente alheio a suas necessidades e desejos. É razoável supor, por exemplo, que os bois preferem passar seus dias vagando por pradarias abertas na companhia de outros bois e vacas do que puxando carroças e arados sob o jugo de um primata com chicote.

A fim de transformar bois, cavalos, jumentos e camelos em animais de carga obedientes, seus instintos naturais e laços sociais tiveram de ser destruídos, sua agressão e sexualidade, contidas e sua liberdade de movimento, restringida. Os criadores desenvolveram técnicas como trancar animais em jaulas e currais, contê-los com rédeas e arreios, treiná-los com chicotes e aguilhadas e mutilá-los. O processo de domesticar quase sempre envolve a castração dos machos. Isso restringe sua agressividade e permite que os humanos controlem seletivamente a procriação do rebanho.

Referências:


HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Tradução Janaína Marcoantonio. 11 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2016.

UM MONARCA EM APUROS

Prof. Douglas Barraqui

O movimento republicano
Homenagem da Revista Ilustrada à proclamação da república brasileira


O ideal de república não era novo no país e se divide em duas fases: durante o Período colonial, significou a revolta contra a metrópole, é o que a autora  do livro “Da Monarquia a Republica”, Emila Viotti Costa, chama de republicanismo utópico e após independência:, que significou uma oposição ao governo.

O partido republicano surge em 1870, sua origem está no partido liberal, que em 1868 cindiu-se em duas alas: radicais e moderados. Dentro da ala dos radicais que vai evoluir o ideário republicanismo.

De 1870 até 1889 o partido republicano ampliou sua influência. Foram criados vários clubes e jornais, e essa ampliação do ideário de república se dá graças a propaganda feita por esses órgãos, que se concentraram preferencialmente no sul, segundo o qual 73% dos jornais e 89% dos clubes, localizavam-se nessas províncias. Portanto, o sul do país demosntrava que era o grande emissor da propaganda republicana.


Grande parte do corpo militante do movimento republicano era composto por fazendeiros, rompendo com a idéia de que as zonas rurais eram predominantemente conservadoras. Os dirigentes do movimento deixavam bem claro em não ter nada a ver com a questão abolicionista (o que não significava que alguns de seus membros fossem simpáticos ao fim do escravismo) a fim de conservarem a simpatia com os fazendeiro. Quando a participação no movimento era preponderante a presença de elementos do oeste paulista em detrimento do Vale do Paraíba. Emília Viotti da Costa, diz que o Oeste Paulista configurava-se em uma zona pioneira e que destacava-se pelo espírito progressista: pioneiros na substituição da mão de obra escrava pela de imigrantes, ampliação de ferrovias e organismos de credito, a própria população era mais diversificada profissionalmente, formação de uma mentalidade mais urbana do que rural devido que os fazendeiros viviam boa parte do ano nas cidades. Portanto em São Paulo os fazendeiros formavam o núcleo mais importante do partido republicano, já no Rio de Janeiro e demais províncias era constituída por representantes da camada urbana.


O partido republicano se dividia em duas tendências: A revolucionária, idealizava a revolução popular, o povo deveria fazer a revolução e a evolucionista, acreditavam que se chegaria a republicanismo pelo modo pacífico, através da via eleitoral. Essa ala evolucionista é a vencedora no congresso realizado em são Paulo em 1889, e Quintino Bocaiúva é indicado para a chefia do partido.

A solução militarista


É em 1887 que a chefia do partido começa a cogitar na possibilidade de recorrer ao exército a fim de derrubar a monarquia e instaurar a república. A questão militar era explorada pelos republicanos a fim de colocar os militares contra a monarquia, e assegurava-lhes incondicional apoio. A autora explica que não havia uma questão militar e sim várias: a primeira data do fim da Guerra do Paraguai; difusão do positivismo de conte nas escolas militares, principalmente com a ação de Benjamin Constant; entre os militares havia a difusão da convicção de que os homens de farda eram “puros” e “patriotas”, e estavam ansiosos para corrigir os vícios da organização política do país, ao contrário dos civis corruptos e sem nenhum sentimento patriótico. Dentro do corpo militar havia certamente profundas divergências, mas a adesão de uma facção, mais ou menos importante, à idéia de república foi decisiva para a proclamação da mesma. Emília argumenta que: "A república nasce sobre o signo do exército".


Tentativas de frear o movimento



O movimento abolicionista e a propaganda republicana faziam generalizar a impressão de que a monarquia estava com seus dias contados. Foram então deixadas algumas palavras proféticas pelo Barão de Cotegipe, disse ele: 

“não se apresse a correr para ela que ela está correndo para nós. O meu ministério caiu por uma conspiração do palácio, o meu sucessor sairá na ponta das baionetas e talvez com ele a Monarquia.”


Ouro Preto, quem assumira o ministério em 1889, tinha a plena convicção dos riscos que estava por enfrentar. E deste modo era necessário neutralizá-la, não por meio da violência ou repressão, mas sim demonstrando a elasticidade do regime monárquico, por intermédio de reformas políticas, sociais e econômicas, inspiradas na escola democrática. Inicia-se então o programa de reformas: ampliação da representação; plena autonomia das províncias; liberdade de culto religioso; temporariedade do senado; liberdade de ensino; lei de terras que facilitasse sua aquisição; estabelecimento de créditos; elaborar um código civil; reformas no conselho de Estado dentre outras reformas de nítido carater liberal.
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927). Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo


Pedro Luiz Soares de Souza, deputado do Rio de Janeiro, pergunta a Ouro preto: “é o começo da República?”, ao que lhe respondeu Ouro Preto: “não, é a inutilizarão da República.” A câmara recuou diante das medidas, que pareciam demasiadamente radicais. O que testemunhando, portanto, a incapacidade dos grupos dominantes em aceitar as reformas necessárias para inutilizar o movimento republicano sem a repressão. O fato é que seria impossível realizar tais reformas dentro dos quadros da monarquia.


O golpe de 15 de novembro


Com a dissolução da câmara a situação se agravou. Ouro preto tomou algumas medidas que desagradaram os militares e foram amplamente utilizadas pelos republicanos, que se aproveitando do momento de inquietação, passaram a insistir com os militares para que se colocassem à frente do movimento republicano. Em 11 de novembro, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Bocaiúva, Glicério e o coronel Sólon reuniram-se na casa de Deodoro a fim de convencê-lo a tomar partido. Assim em 15 de novembro era proclamada a República, por um golpe militar, conjugando três forças: O exército, fazendeiros do Oeste Paulista e Representantes da classe média urbana.


O ano de 1889, todavia, não significou uma ruptura do quadro histórico do Brasil: As condições de vida do trabalhador rural continuaram as mesmas; Permaneceu o sistema de produção e o caráter colonial da economia e persistia a dependência em relação ao mercado externo e ao capital estrangeiro.
 
Proclamação da República no Rio de Janeiro (por Georges Scott, publicado em Le Monde Illustré, nº 1.708, 21/12/1889).
Referência:


COSTA, Emilia Viotti da. Da Monarquia a Republica: momentos decisivos. 5. ed. - São Paulo: Brasiliense, [1989?]. 361p. ISBN 8511130462 (broch.).

A VERDADE ESTÁ NO MUNDO REAL E A BUSCA PELA FELICIDADE: ARISTÓTELES

Prof. Douglas Barraqui


1.1           ARISTÓTELES: A IMPORTÂNCIA DA REALIDADE SENSORIAL

A)   CONTEXTO HISTÓRICO:
Ø  Aristóteles nasceu em 384 a. C., em uma família de médicos, na cidade de Estagira (por isso ele também é chamado de estagirita).
Ø  Foi discípulo de Platão.
Ø  Professor de Alexandre o Grande.
Ø  Fundou a sua escola: Liceu.

B)    DIFERENÇAS ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES:
PLATÃO
ARISTÓTELES
Ø  Matemática como meio de se alcançar o conhecimento verdadeiro.
Ø  Experimentalismo como forma de se alcançar o conhecimento verdadeiro (empirismo – usos dos sentidos).
Ø  Dualidade: mundo sensível e inteligível.
Ø  Mundo sensível (material).
Ø  Beleza (bom e belo) percebida através do pensamento, só existe no mundo das idéias (inteligível).
Ø  Beleza percebida através dos sentidos, propriedade do ser (admite o feio como valor estético).
Ø  Idealista
Ø  Realista

C)    A METAFÍSICA:
Ø  É o estuda das causas primeiras.
Ø  A metafísica (busca a essência das coisas), portanto, FILOSOFIA PRIMEIRA.
Ø  É o mais alto grau de conhecimento que o ser humano pode alcançar sobre o mundo do ser.
Ø  A mais difícil e a mais ampla de todas as ciências.
Ø  A filosofia aristotélica busca o conhecimento daquilo que está além do mundo empírico (uma realidade METAEMPÍRICA).

D)   A LÓGICA:
Ø  Para Aristóteles para se chegar ao conhecimento verdadeiro deve-se obedecer a regras lógicas.
Ø  A lógica nos permite avaliar as idéias em argumentos.
Ø  Para que uma conclusão seja correta, a argumentação deve ser lógica.

I.                    Tipos de Argumentação:

1)      Indução (analogia):
ü  O RACIOCÍNIO parte da experiência PARTICULAR em direção ao UNIVERSAL para se chegar a uma CONCLUSÃO LÓGICA.
ü  A experiência PARTICULAR permite alcançar por meio de uma GENERALIZAÇÃO uma LEI GERAL.
ü  A conclusão pode ser forte ou fraca, depende do numero de seres observados.
Ex.
·         Urubu é um pássaro que voa,
·         Pardal é um pássaro que voa,
·         Pombo é um pássaro que voa,
·         Logo, todos os pássaros voam.

2)      Dedução (silogismo):
ü  O RACIOCÍNIO parte da experiência UNIVERSAL em direção ao PARTICULAR para se chegar a uma CONCLUSÃO LÓGICA.
ü  O silogismo é formado por uma PREMISSA MAIOR (P) (verdade) somada a uma PREMISSA MENOR (p) para se chegar a uma CONCLUSÃO LÓGICA (C).
P+p=C
Ex.
·         Todo brasileiro é sul-americano. (Premissa maior)
·         Ora, todo paulista é brasileiro. (Premissa menor)
·         Logo, todo paulista é sul-americano. (Conclusão)


E)     COMO COMPREENDER A REALIDADE: A TEORIA DO CONHECIMENTO
Livro: “Metafísica”
Ø  A realidade pode ser compreendida através da observação (sentidos).
Ø  A realidade é constituída pelo concreto e mutável.
Ø  É na realidade que, através do experimentalismo, o ser humano deve buscar a verdade.
Ø  O sujeito cognoscente (ser pensante) deve partir dos dados sensíveis (pelo método indutivo) para chegar a verdade universal ou essência do ser.

Alguns conceitos em Aristóteles são importantes para compreender o mundo sensível, material:

I.                    MATÉRIA E FORMA:
1)      Matéria:
ü  A matéria é o que compõe o mundo físico.
ü  O que constitui as coisas.
ü  Um princípio que individualiza o ser.
ü  É tudo aquilo que é perceptível aos nossos sentidos e contem a potência (possibilidade) de se transformar em outra coisa.
Ex.: Madeira, pedra

2)      Forma:
ü  É a maneira com a qual a matéria de cada ser (coisa) se individualiza e se dispõe.
ü  É a essência da matéria.
Ex.: Cadeira, mesa

II.                  SUBSTÂNCIA E ACIDENTE:
1)      Substância:
ü  Definições:
a)      Existência particular, característica individual e única do ser (essências individuais)
b)      Objeto da metafísica, que busca encontrar a metafísica do ser (fundamento)
Ex.: Cedro, mármore

2)      Acidente:
ü  Característica circunstancial do ser.
ü  Varia, mas sem mudar a sua essência.
Ex. cor dos olhos, azuis ou castanho possuem a mesma função; dedos, curtos ou largos possuem a mesma função.
Ex.: Madeira roxa, Mármore rosa

III.                NECESSIDADE E CONTINGÊNCIA:
Características do ser:
1)      Necessário: aquilo que é necessário para que o ser exista (a substância).
Ex. Cadeiras e mesas precisam da madeira e da pedra.
2)      Contingentes: aquilo que é dispensável para a existência do ser (os acidentes).
Ex.: Cadeira pode ser de madeira roxa ou vinho, terá mesma função. A mesa pode ser de mármore rosa ou branco, ainda assim terá a mesma função.

IV.                POTÊNCIA E ATO:
1)      Potência:
Está relacionado com a matéria que possui potencial para ser transformado, ex.:
ü  A madeira é a potencia da cadeira.
ü  A pedra é a potencia da espada.
2)      Ato:
Está relacionado com a Forma que assume o ser após ser transformado.
 Ex.:
ü  A cadeira é o ato da madeira.
ü  A espada é o ato do ferro.
ü  A moeda é o ato da prata.
Ø  Os seres se transformam da potência para o ato.
Ø  A FORMA por ser sempre o ato, é o REAL.
Ø  A MATÉRIA por ser sempre uma potência, é o POSSÍVEL.
Ø  O REAL é MAIS PERFEITO do que o POSSÍVEL.
Ø  Logo, a FORMA é MAIS PERFEITA do que a MATÉRIA.


V.                  A TEORIA DAS 4 CAUSAS:
1)      Causa material: é a matéria que forma a coisa ou  o ser. (ex. a madeira e a causa material da cadeira)
2)      Causa formal: é a forma ou modelo da coisa ou do ser. (ex. a cadeira para ser a cadeira precisa ter quatro pés e um acento).
3)      Causa eficiente: aquele que realiza a transformação (criador). (ex. carpinteiro é a causa eficiente da cadeira).
4)      Causa final:  é o objetivo, o porquê das coisas, sua finalidade. (ex. a cadeira serve para sentar).
Todas as coisas têm um propósito e devem cumprir sua finalidade.


F)     ÉTICA: A MEDIANIA OU JUSTIÇA MEDIDA
Ø  Diz respeito ao comportamento das pessoas em sociedade.
Ø  O PRINCÍPIO BÁSICO e fundamental que guia o pensamento de Aristóteles é a noção de FELICIDADE. (todas as ações humanas devem ser para buscar a felicidade).
Ø  Felicidade não está nas coisas materiais ou nos prazeres da carne.
Ø  Felicidade consiste na realização da racionalidade através das virtudes (justa medida / mediania).
Ø  justa medida / mediania seria a justa medida entre o excesso e a falta (busca pelo equilíbrio).
Ø  As escolhas racionais devem vencer os instintos e os prazeres.
Ø  O homem não nasce bom, torna-se bom a partir do exercício da virtude, atingindo assim a felicidade.

Escolhas racionais (virtute) equilíbrio = felicidade

G)   A CIDADE E O CIDADÃO POLÍTICO
Ø  O ser humano é um “animal político” (as pessoas nasceram para viver em comunidade).
Ø  A felicidade está em viver em sociedade.
Ø  Justifica a escravidão como meio para que o cidadão tenha tempo para se dedicar a política.
Ø  O governo (de um só homem ou de vários homens) tem o dever de garantir o bem comum. Aristóteles classifica as formas de governo: MONARQUIA (despotismo ou tirania), ARISTOCRACIA (oligarquia) e POLITÍA (democracia ou demagogia). Para Aristóteles a democracia seria uma governo alheio ao bem comum por favorecer os mais pobres.

REFERÊNCIAS:
 ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução á Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.
 BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis; ed. Vozes, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo,10ª. Ed.,Ática,1998.

CONTIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia -História e Grandes Temas. São Paulo;Editora Saraiva, 2000.

 GAARDEr, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo; Cia. Das Letras, 1995.

GILES, Thomas Ransom. Introdução á Filosofia. São Paulo; Epu, 1979.

LICKESI, C. Carlos. Introdução á Filosofia - Aprendendo a Pensar.2ª. Ed. São Paulo.

Cortez,1996. MONDIM, Battista. Curso de Filosofia. 8ªEd. São Paulo; Paulus,1981 - Volume I, II e III.

MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. São Paulo; Mestre Jou,1980.

POLITZER, G. Princípios. Fundamentais de Filosofia. São Paulo; Hemus, 1995.