Prof. Douglas Barraqui
a)
Localização: região da Ática.
b)
Formação: fundada pelos jônios por volta do
século X a.C. (Bem próxima do litoral, Atenas possuía o porto de Pireu, que
favoreceu o comércio marítimo. Estabelecida numa planície fértil, a cidade
contava também com áreas para a agricultura e era protegida por montanhas.
c)
Aspectos sociais:
I.
Cidadãos – tinha direito de participar da vida
política da cidade e possuir terras. Os cidadãos atenienses que se dedicavam às
atividades comerciais e bancárias eram malvistos pela sociedade. Por essa
razão, os estrangeiros e os escravos predominavam nesse tipo de trabalho. Para
os atenienses, o conceito de cidadania estava ligado ao de liberdade e ao de
origem. Somente os homens adultos, filhos de pais atenienses, eram cidadãos e
podiam votar e ser votados nas assembleias, além de se tornarem magistrados. Os
cidadãos mais ricos eram em geral os grandes proprietários de terras. Eles
viviam principalmente nas cidades, onde se dedicavam à política, às artes, à
filosofia e praticavam exercícios físicos. Os cidadãos menos ricos podiam ser
donos de uma pequena oficina, onde trabalhavam com a ajuda da família e de
poucos escravos. Podiam ser ainda donos de pequenos lotes agrícolas. Havia
também cidadãos mais pobres que trabalhavam em troca de salário. Mulheres,
escravos e estrangeiros não tinham direito à cidadania. Eram excluídos da vida
política.
II.
Os estrangeiros, ou metecos - não podiam se casar com cidadãos da
pólis, mas eram obrigados a prestar serviço militar e a pagar um imposto
pessoal. Seus descendentes não podiam possuir terras dentro da cidade. Muitos
deles trabalhavam no comércio, no artesanato e no empréstimo de dinheiro a
juros. Mas havia metecos donos de grandes fortunas e outros que trabalhavam em
troca de salário.
III.
Escravos - tinham várias origens, podiam ser
comprados dos povos orientais, ser prisioneiros de guerra ou ainda homens
livres que se tornavam escravos quando devedores. Esse era o caso do pequeno
camponês que fazia empréstimos para comprar sementes ou alimento e não
conseguia pagar suas dívidas. O fato de não cumprir um dever – o pagamento da
dívida – tornava-o um cidadão indigno de sua cidadania, e a escravidão era
vista como o único jeito de puni-lo. Os escravos não possuíam nenhum direito
nem podiam, pelo menos no início, se libertar. Eram considerados bens,
instrumentos de trabalho, mercadorias que pertenciam aos cidadãos gregos.
Faziam todo o trabalho pesado nos campos, trabalhavam também com artesanato, em
lojas, em barcos e na mineração. Para os gregos, o escravo era aquele que,
privado de sua liberdade, era obrigado a trabalhar sob o domínio de outra
pessoa. Eles eram, em grande parte, os responsáveis pelo funcionamento da vida
dos cidadãos em Atenas, já que estes, com escravos para trabalhar, podiam se
dedicar a atividades políticas e militares, pois entre os gregos havia uma
noção geral de que todas as atividades que fossem voltadas a atender às
necessidades físicas do corpo impediriam o pleno exercício da liberdade. E
aqueles que não participavam da vida política de uma cidade, que não eram
cidadãos, portanto, mereciam a condição de escravos.
d)
Aspectos econômicos: destacou-se no artesanato e no
comércio. Os artesãos trabalhavam em pequenas oficinas, que produziam
cerâmicas, armas, tecidos etc. Os vasos gregos eram, em geral, pintados com
cenas míticas ou ilustrações da vida cotidiana. Os comerciantes navegavam pelo
mar Mediterrâneo vendendo produtos atenienses e comprando alimentos, madeira e
cobre. Os gregos usavam moedas de prata como pagamento. No campo, os
agricultores cultivavam a uva e a oliva, matérias-primas para a fabricação do
vinho e do azeite. O trigo, produto mais importante da alimentação ateniense e
matéria-prima do pão, vinha sobretudo de colônias espalhadas pelo Mediterrâneo.
O enriquecimento da
cidade
A
colonização de novas terras possibilitou:
ü Que o comércio entre as cidades
crescesse e a riqueza fosse distribuída para indivíduos fora das elites.
ü Os proprietários tornavam-se cada vez
mais ricos, assim como os comerciantes. Estes começaram a exigir participação
política, uma vez que tinham cada vez mais dinheiro e contribuíam para o
crescimento da cidade. No entanto, isso era impensável, uma vez que, para os
atenienses, um estrangeiro nunca poderia ser cidadão e participar da política.
ü Com o enriquecimento da cidade também
crescia o número de escravos, insatisfeitos com sua condição de vida.
Isso
contribuiu para aumentar as tensões sociais e econômicas em Atenas.
Constituição da
democracia ateniense
A
partir do final do século VII, legisladores e tiranos procuraram resolver as
tensões entre os cidadãos e os não cidadãos:
Drácon – 620 a.C.
ü Elaborou um código de leis escrito. (A
legislação previa penas extremamente rigorosas para quem as violasse. Drácon
apenas registrou os costumes tradicionais. Assim, as tensões permaneceram).
Sólon – 594 a.C.
ü Aboliu a escravidão por dívidas, que
afetava muitos camponeses pobres,
ü substituiu o critério de nascimento
pelo de riqueza para o acesso a cargos públicos, dando assim maior poder para a
aristocracia, dividiu os cidadãos em quatro classes de proprietários, conforme
o padrão de renda.
ü Estabeleceu também que indivíduos mais
pobres pudessem votar na assembleia popular – a ekklésia –, que escolhia os magistrados.
ü Criou ainda a boulé, conselho composto de 400 membros escolhidos pela ekklésia (Esse
conselho elaborava as leis a serem votadas pela ekklésia).
As
reformas de Sólon não satisfizeram a todos, permitindo a ascensão de tiranos.
Pisístrato – 560 a.C.
ü Limitou os poderes da aristocracia.
ü Instituiu também o crédito para o
pequeno camponês.
Pisístrato
foi sucedido por seus filhos.
Hípias e Hiparco
Não
deram prosseguimento às reformas do pai, gerando insatisfação popular.
Clístenes – 510 a.C.
ü Estabeleceu o regime democrático
baseado na isonomia, ou seja, na
igualdade dos cidadãos perante a lei.
ü Dividiu os cidadãos atenienses em dez
grupos, misturando pessoas de condições diferentes. Formavam-se assim os demos,
as unidades administrativas que cuidavam da cidade, e serviram principalmente
para quebrar o poder da aristocracia.
ü Aumentou o número de participantes da
boulé para 500 membros, o que tornou a participação política mais abrangente e
possibilitou que os cidadãos mais pobres também fossem parte ativa da vida
política. Desse modo, qualquer indivíduo, rico ou pobre, podia ser magistrado.
Daí o nome desse tipo de governo: democracia (demos, o povo; kratos, poder).
No
entanto, essa democracia não era um sistema político que admitia a participação
de todos os habitantes. Os cidadãos que gozavam de completa liberdade e
participavam das decisões políticas eram atenienses ricos e pobres (que eram
incentivados a participar da política), nunca estrangeiros, mulheres ou
escravos. O governo de Clístenes, porém, trouxe para os cidadãos estabilidade
social e expansão econômica.
Péricles – 446 a.C.
O
regime democrático em Atenas atingiu seu auge sob a liderança de Péricles por
volta do ano 446 a.C.
ü Instituiu um pagamento para aqueles
que exerciam funções públicas, os membros da boulé, e para os juízes. As
pessoas mais pobres podiam servir à pólis sem que se prejudicassem
financeiramente.
ü Consolidou a hegemonia de Atenas e
incentivou a expansão das colônias gregas pelo mar Egeu. Intensificou também a
construção naval. Seu governo imprimiu tanto desenvolvimento político,
econômico e cultural a Atenas que o período ficou conhecido como “o século de Péricles”.
Instituições políticas
de Atenas:
Eklesia
ü
Assembléia
de todos os cidadãos que escolhia os magistrados;
ü
Responsáveis
pela aprovação de leis que eram criadas pela Boulé;
Boulé
ü
Conselho
composto por 500 membros escolhidos pela Eklesia;
ü
Responsáveis
por criar as leis que eram votadas pelas Eklesia.
Helieia
ü
Instituição
composta por 6000 juízes;
ü
Funcionava
como um tribunal supremo de Atenas;
ü
Responsáveis
por julgar os crimes;
ü
Tribunal
era composto de 6.000 membros, escolhidos localmente por sorteio entre todos os
cidadãos com mais de 30 anos de idade
Magistrados:
Estrategos
ü Chefes militares e políticos.
Arcontes
ü Exerciam função religiosa e também
judicial.
Areópago
ü Composto por antigos arcontes.
ü Julgava crimes graves.
Helieu
ü Composto por 6000 membros.
ü Responsáveis por julgar os crimes mais
vulgares.
Os conflitos da época
clássica
O
século V a.C. – da democracia ateniense, das artes e das ciências que se
desenvolveram e do comércio entre as cidades-Estado – é considerado o período
clássico da história grega. Mas esse século também foi marcado por muitos
conflitos. No início do século V a.C., os persas, que dominavam um vasto
império no Oriente Médio, ameaçaram a independência das cidades-Estado gregas.
Estas se aliaram para conter o avanço inimigo. O objetivo dos persas era
conquistar as terras gregas com saída para o mar, de forma a dominar o comércio
no mar Egeu. Expandindo-se em direção à Europa, eles conquistaram Mileto,
Éfeso, Samos e outras colônias gregas da Ásia Menor. O conflito com os persas
resultou em guerras que se prolongaram por mais de quatro décadas e ficaram
conhecidas como Guerras Médicas (de
490 a.C. a 448 a.C.). Os persas foram expulsos de todos os territórios gregos
em 448 a.C. foi a vitória da pólis grega, das cidades-Estado independentes,
sobre o império bárbaro.
A vitória grega e a
hegemonia de Atenas
Durante
as Guerras Médicas, Atenas, uma das cidades que mais contribuíram para a
derrota e expulsão dos persas, formou sob seu comando uma liga defensiva com as
cidades do mar Egeu e da Ásia Menor: a
Liga de Delos. As cidades membro dessa liga deviam fornecer navios,
soldados e dinheiro (guardado no templo da ilha de Delos) para se defender dos
ataques estrangeiros. No entanto, Atenas passou a usar o tesouro da liga em
benefício próprio. Com os fundos arrecadados, Atenas construiu uma grande frota
que lhe permitiu controlar todo o mar Egeu. Também com o dinheiro dos fundos,
Péricles mandou reconstruir o Parthenon na acrópole para substituir o antigo
templo, destruído pelos persas. Esse templo serviu também para guardar as
moedas e os metais preciosos que vinham da ilha de Delos. Péricles reuniu
arquitetos, escultores, pintores, carpinteiros, operários e outros
profissionais para reconstruir a cidade. Além de embelezar a pólis, fortificou
Atenas e o porto de Pireu com muralhas. As contribuições das outras cidades
acabaram se transformando em uma obrigação, ou seja, em impostos. Atenas
tornou-se próspera e poderosa, impondo sua hegemonia ao mundo grego, o que
aumentou a rivalidade entre espartanos e atenienses. Essa tensão desencadeou a Guerra do Peloponeso, que durou vários
anos e envolveu quase todo o mundo grego.
A Guerra do Peloponeso
(de 431 a.C. a 404 a.C.)
A
ação imperialista de Atenas provocou a reação das cidades aliadas. Entre 431
a.C. e 430 a.C., no tempo das colheitas, Atenas foi atacada quatro vezes por
Esparta, apoiada pela maior parte das cidades-Estado gregas. Com isso, eles
pretendiam desabastecer os atenienses, forçando-os a abandonar a segurança das
muralhas da pólis. Mesmo assim, as frotas atenienses conseguiram evitar a
tomada da cidade. As lutas prosseguiram até 421 a.C., quando foi assinado um
tratado de paz entre Atenas e Esparta conhecido como a Paz de Nícias. Entre 415 a.C. e 413 a.C., Esparta voltou a
enfrentar os atenienses, que tiveram seu exército e sua frota destruídos. A
cidade resistiu por mais algum tempo. Finalmente, entre 406 a.C. e 404 a.C., as
muralhas atenienses vieram abaixo, e a cidade foi obrigada a aceitar os termos
de paz impostos por Esparta. Terminava, assim, a hegemonia de Atenas no mundo
grego, dando lugar ao predomínio de Esparta.
Hegemonias: Esparta e
Tebas
Terminada
a Guerra do Peloponeso, Esparta submeteu algumas das cidades Estado gregas,
antes aliadas de Atenas, aliando-se com os persas nesses confrontos. Em 371
a.C., a pólis de Tebas, cidade do golfo de Corinto localizada a 60 quilômetros
de Atenas, venceu a batalha de Leuctras contra Esparta, dando fim ao domínio
espartano. Foi o começo da hegemonia tebana, que durou de 371 a.C. a 363 a.C.
Porém, Esparta e Atenas, descontentes, aliaram-se e atacaram os tebanos em 362
a.C., na batalha de Mantineia. Apesar da vitória de Tebas, foi assinado um
acordo de paz pelo qual nenhuma cidade-estado tentaria impor seu domínio sobre
as outras. Encerrou-se assim a hegemonia de Tebas. No entanto, todas essas
lutas e hegemonias causaram a morte de milhares de pessoas, provocando o
enfraquecimento econômico e político das cidades-Estado gregas. O comércio com
o exterior estava paralisado, assim como a produção artesanal e a agricultura.
Muitos escravos aproveitaram essa desorganização para fugir. Isso proporcionou
a um povo que vivia ao norte da Grécia, os macedô-nios, a conquista do mundo
grego, acabando com a independência das pólis.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Gislane Campos;
SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris:
história 6° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
CAPELLARI, Marcos
Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista -
Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.
COTRIM, Gilberto. História
Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo:
Saraiva 2005.
MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
PILETTI, Nelson & PILETTI,
Claudico. História & Vida Integrada.
São Paulo: Ed. Ática, 2002.
Projeto Araribá: História – 6° ano. /Obra
coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel
Apolinário Melani.
Uno: Sistema de Ensino –
História – 6° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável:
Angélica Pizzutto Pozzani.
VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental.
São Paulo: Ed. Scipione, 2002.
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