segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Entre mortos e feridos: fim do maior julgamento do STF


Por Douglas Barraqui

“Na melhor das hipóteses, Lula, o senhor é um idiota. Na melhor. Na pior, o senhor é um corrupto.” (Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado)

“O PT desconhece esse assunto, nunca ouvi falar sobre ele, portanto nós estamos repudiando esse tipo de acusação conta o PT.” (Presidente nacional do PT, José Genoino)

“Eu vi que o governo agiu para isolar o PTB. Vai ter que sangrar a cabeça de alguém na guilhotina, tem que haver carne e sangue aos chacais.”” (deputado Roberto Jefferson)

“Ele está tentando se fazer de vítima, mas é preciso lembrar que ele é reú. Ele é réu nesse caso.” (deputado José Dirceu sobre Roberto Jefferson)

“Zé Dirceu, se você não sair daí rápido, vai fazer réu um homem bom.” (deputado Roberto Jefferson, em depoimento ao Conselho de Ética)

“Nós dilapidamos o nosso capital moral perante a sociedade.” (Tarso Genro, presidente nacional do PT)

“Eu tenho medo, pânico, do José Dirceu. Ele é um homem sem coração.” (deputado Roberto Jefferson)

“Nós dilapidamos o nosso capital moral perante a sociedade.” (Tarso Genro, presidente nacional do PT)

“Não organizei, não sou chefe, jamais participaria da compra de votos de parlamentares.” (José Dirceu, deputado do PT e ex-ministro da Casa Civil)

“O que ela quer são cinco minutos de fama.” (Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em respostas às denúncias que a ex-mulher fez dizendo que ele usava indevidamente o dinheiro do partido)

“Se eu tivesse um buraco para me meter entraria nele para sempre.” (Marcos Valério, empresário e avalista do PT)

“O PT é um navio que foi atingido, está prestes a afundar e se recusa a jogar a carne podre fora para ficar mais leve.” (Jefferson Perez, senador do PDT-AM)

“O Zé [Dirceu] deu um soco na mesa: O Delúbio está errado. Eu falei para não fazer.” (deputado Roberto Jefferson, sobre a reação do então ministro da Casa Civil quando foi alertado do mensalão)

“Mentira, canalha, safado!” (Severino Cavalcanti, presidente da Câmara, ao desmentir o empresário que havia confessado tê-lo subornado)

“Respeito à ingenuidade. Não sei, no entanto, de onde imaginavam que o dinheiro viria - se do céu, num carro puxado por renas e conduzido por um senhor vestido de vermelho.” (Delúbio Soares)

“'A direita está fazendo com o PT o que a ditadura militar fez com João Goulart e o que fez no passado com Getúlio e JK.” (José Dirceu, deputado do PT e ex-ministro da Casa Civil)

“O que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente.”” (presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

Foram quatro meses de julgamento, 53 sessões, 37 réus, destes 25 foram condenados e apenas 11 cumpriram inicialmente o regime fechado. Entre mortos e feridos acabou o maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF).

Historicamente falando o que podemos aprender desse acontecimento atípico da história, marcada por corrupção, de nosso país? Talvez possamos passar à acreditar que há heróis em nosso país como o caso de Joaquim Barbosa, atual presidente do STF, o primeiro negro a sentar na cadeira do STF, nosso “homem da capa preta” – como rolou nas redes sociais – foi comparado ao justiceiro de Gotham City. Muitos querem Barbosa para presidente. Posso dizer que ele fez o seu trabalho, e nada mais; por sinal muito bem feito, como nunca tinha sido feito na história do Brasil.

O PT estava na linha de tiro. Lula, “o filho do Brasil”, quem para muitos representou a última esperança de um povo, sobreviveu. Mas cá entre nós, foi blindado, protegido, isolado e, muito provavelmente, terminará como herói de guerra.José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil; José Genoino, ex-presidente do PT; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT; José Roberto Salgado, José Borba, ex-deputado (ex-PMDB-PR); ex-diretor do Banco Rural; Deputado João Paulo Cunha (PT-SP); Marcos Valério, empresário e publicitário; Cristiano de Mello Paz, ex-sócio de Marcos Valério; Ramon Hollerbach, ex-sócio de Marcos Valério; Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil; Rogério Tolentino, advogado e ex-sócio de Marcos Valério; Simone Vasconcelos, ex-gerente da SMP&B; Vinícius Samarane, vice-presidente do Banco Rural; Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural; Deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP); Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL; Pedro Corrêa, deputado cassado (PP-PE); João Cláudio Genú, ex-assessor do PP na Câmara; Romeu Queiroz, ex-deputado (PTB-MG); Carlos Alberto Rodrigues, ex-deputado (PL-RJ); Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus-Banval; Breno Fischberg, ex-sócio da Bônus-Banval; Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB; Pedro Henry (PP-MT) e, finalmente, Roberto Jefferson, deputado cassado (PTB-RJ) aquele que jogou a merda no ventilador; e agora, após o Mensalão do PT, eu pergunto: como ficará o mensalão do PMDB que desviou 18 milhões da prefeitura do Rio; o mensalão do DEM, envolvendo o ex-governador José Roberto Arruda e outras 36 pessoas em um esquema de corrupção desarticulado pela Operação Caixa de Pandora; e o mensalão dos “tucanos” no escândalo de peculato e lavagem de dinheiro que ocorreu na campanha para a eleição de Eduardo Azeredo.

O Mensalão está e esteve enraizado como um câncer nas entranhas da história de nosso país. A maracutaia de compra de votos, desvios de dinheiro, caixa dois entre outros devaneios políticos vergonhosamente sangram a imagem do Brasil. Você dirá meu leitor que queria mais – penas mais rigorosas, prisões de todos os envolvidos – mas, quero dizer que um passo foi dado, e é sinal de que algo está mudando no anacronismo do nosso legado de corruptos. Só espero que passos mais largos e mais vigorosos sejam feitos para que isso tenha um fim. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Humanismo Cívico em Baron e em Skinner

Por Douglas Barraqui

“Liberdade, igualdade, fraternidade, individualismo, racionalismo”; Os alicerces da nossa sociedade foram construídos sobre os valores renascentistas, estes por sua vez buscaram entre gregos e romanos sua inspiração. Um desse legados é o “Humanismo Cívico”. Neste breve texto iremos abordar dois autores e o debate que eles fazem a cerca do “Humanismo Cívico” ou “Republicanismo Clássico”: Quentin Skinner, historiador Britânico, e Hans Baron historiador alemão que pesquisou o pensamento político e literatura no Renascimento italiano - sua principal contribuição para a historiografia do período foi a introdução, em 1928, o termo humanismo cívico.

E o que seria o “Humanismo Cívico” ou, como preferem alguns autores, “Republicanismo Clássico”? é a doutrina segundo a qual a verdadeira natureza do homem se realiza no engajamento da vida política. Ele tende a ver a vida moderna como uma degeneração da vida humana, porque está concentrada demais nas idéias de interesse particular e felicidade individual. Para o “civista”, a verdadeira república é vivida onde os homens se entendem como cidadãos antes que como indivíduos, onde se consideram livres quando participam da tomada de decisões, e não quando são menos coagidos por elas. Trata-se, portanto, “de uma nova filosofia de engajamento político e da vida ativa”; pautada pelo exercício da prática da vida cívica (vida pública) e da valorização da vida ativa. Assim, o “Humanismo Cívico” ou “Republicanismo Clássico” passou a ser um modelo de interpretação da história do pensamento político moderno.

Trata-se de uma tese de Hans Baron, importante historiador do século XX. Para Baron Florença, no contexto do Renascimento, será o centro difusor da Itália e para o mundo do que Baron chamou de “Humanismo Cívico”. Para Baron o “Humanismo Cívico” é uma característica singular da Florença renascentista e que de Florença se irradiou para outros lugares.
Hans Baron

Baron considera que o desenvolvimento do “Humanismo Cívico” tem relação direta com a luta por “liberdade cívica” que os florentinos foram forçados a travar, na primeira metade do século XV, contra Giangaleazzo Visconti, o duque de Milão, quando este declarou guerra a Florença. E quando Giangaleazzo morre em 1402 pela peste – o que salvou Florença da derrota, considerado por alguns como milagre – seu filho, o duque Filippo Maria Visconti de Milão assumira os objetivos do pai. A guerra durou até 1454 quando Cosme de Médici consegue negociar a paz.

Os acontecimentos acima relatados foram utilizados por Baron para pontuar o surgimento do “Humanismo Cívico”. Para isso irá se utilizar de uma série de autores que discutiram as questões políticas em Florença no início do quatrocentos. A “postura solidária” que Florença tomou frente aos déspotas que ameaçavam a sua soberania é interpretada por Baron como catalisadora de uma nova consciência e mais intensa da vida pública: um novo tipo de humanismo pautado pela devoção das liberdades coletivas e uma nova política de engajamento da vida ativa política.

Em Baron o “Humanismo Cívico” é uma resposta a crise de Florença. Em meio a ameaça a independência de Florença irá ocorrer uma maior valorização dos valores republicanos. Basicamente uma relação de causa e efeito: ameaça a Florença/surgimento do “Humanismo Cívico”.

Quentin Skinner, historiador Britânico, não contesta ou questiona o “Humanismo Cívico”. O que ele pondera é que os valores do “Humanismo Cívico” – engajamento da vida política, a vida ativa e a defesa dos valores republicanos – não é algo exclusivo de Florença.
Quentin Skinner

Para Skinner o “Humanismo Cívico” já era embrionário nos surgimentos das Cidades Estados italianas no confronto com o Sacro Império no século XII e no conflito com os papas no século XIV. Neste contexto, ainda na Idade Média,  vários autores já conclamavam a defesa dos valores republicanos como justificativa ideológica para legitimar o enfrentamento dos adversários de Florença que ameaçavam a sua liberdade. Dentre eles Marsílio de Pádua, que em seu texto, “o defensor da paz”, defendeu o republicanismo e a soberania popular.
Skinner pontua também o que há de original e exclusivo em Florença quanto à caracterização do “Humanismo Cívico”:

  • Defesa da República como melhor forma de governo: Baron diz que Salutati havia sido o primeiro a afirmar a República como melhor forma de governo. Skinner por sua vez diz que tanto Bartolommeo quanto Marcílio já haviam feito isso.
  • Noção de liberdade republicana: relacionada desde Aristóteles a Rousseau a idéia de autogoverno e independência.
  • Faccionismo ou partidarismo: a este ponto desta Skinner que não foi dado grande importância por autores florentinos pois ali não havia conflitos de facções.
  • Riqueza excessiva: a República atua como limitadora da riqueza excessiva.
  • Tropas mercenárias: não aparece na literatura medieval mas, Leonardo Bruni irá condenar pois estes mercenários não lutavam pelos valores da República e sim pelo butin e/ou pelos seus soldos.
Assim podemos perceber que Baron não percebeu a relação entre o “Humanismo Cívico” florentino e as tradições medievais. Baron exaltou Florença e seu exclusivismo no surgimento dos valores do “Humanismo Cívico”, porém, Skinner vai nos dizer que estes valores surgem bem antes, ainda na Idade Média. Skinner ainda destaca o elemento de continuidade para contestar as idéias de Baron.

Podemos dizer que do “Humanismo Cívico” será feita uma releitura no século XVIII na  Revolução Inglesa e na Revolução Francesa. E que essa teoria é um marco no entendimento do pensamento político moderno. 

Referências:

SKINNER, Quentin. A formação do pensamento político moderno. São Paulo, Companhia das Letras, 1996. 




quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Terra Papagalli - uma estória/história jocosa de um Brasil






Você é um leitor preguiçoso? Então, você vai adorar “Terra Papagalli”. Trata-se de uma narrativa, uma estória (fruto da infinita imaginação do homem),  com um pé na história (narrativa de fatos reais). Trata-se de uma narrativa única da “luxuriosa, irada, soberba, invejável, cobiçada, e gulosa história do primeiro rei de “Terra Papagalli”, que chamamos hoje de Brasil.

José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta narram, com uma mistura de fatos históricos e e uma deliciosa ficção, pela ótica de um dos degredados que em terras brasileiras, digo em “Terra Papagalli”,  foi deixado pelos idos de 1500.

Pouco há registrado sobre Cosme Fernandes, personagem central, que em terras tupiniquins foi deixado sob pena de degredo – sua proeza mais bem contada é que teria vendido, de uma só vez, 800 escravos índiso. Mas não há o que se preocupar pois a ficção toma conta do resto sem abandonas os caminhos da história. 

Escrita com um saboroso e talentoso linguajar do século XVI, com um tom jocoso, depravado, ironico e catabôlico, a obra concegue intercalar humor pastelão com fatos históricos. Ao mesmo tempo que está estruturado, inteligentemente, em forma de diário de navegação, dicionário e bestiários (trata-se de uma forma de texto descritivo de criaturas naturais e fantásticas, com interpretação moralizadora, que deriva directamente do Fisiólogo)

Pois, bem, não falarei mais. Apenas leiam!


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

AULA - SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: NOVAS TECNOLOGIAS




O Segredo das Coisas - Aço 

 

Motores a Combustão. Funcionamento

Obras Incríveis - Usina Hidrelétrica de Itaipu 

 

Utilização do Petróleo - Destilação Fracionada 

 

Para todos os visitantes, alunos, amigos e professores que queiram receber a aula acima encaminhem E-mail para doug_nahistoria@hotmail.com

AULA - FRANÇA: DO ABSOLUTISMO A REVOLUÇÃO



A Revolução Francesa 
 

Para todos os visitantes, alunos, amigos e professores que queiram receber a aula acima encaminhem E-mail para doug_nahistoria@hotmail.com

AULA - RENASCIMENTO CULTURAL



Leonardo Da Vinci


Michelangelo Buonarroti



CONSTRUINDO UM IMPÉRIO - O MUNDO DE DA VINCI



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AULA - TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO











Para todos os visitantes, alunos, amigos e professores que queiram receber a aula acima encaminhem E-mail para doug_nahistoria@hotmail.com.

domingo, 21 de outubro de 2012

O Brasil parou



O Brasil parou nesta última sexta feira, dia 18 de outubro, para assistir o último capítulo da tele novela da Rede Globo “Avenida Brasil”, obra de João Emanuel Carneiro:
  • O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) calculou que o consumo de energia no horário de "Avenida Brasil" aumentaria 5% e por isso teve que dispor de um plano operacional para solucionar qualquer emergência de possíveis quedas e apagões.
  • Em muitos locais de São Paulo e Rio de Janeiro, as ruas habitualmente cheias de automóveis e pessoas ficaram vazias, como se fosse uma final de Copa do Mundo, com direito a transmissão “ao vivo” pelo Globo-Cop registrando o fato.
  • Bares e restaurantes disputaram clientes com promoções anunciadas durante toda a semana que tinham como gancho principal a transmissão da novela da "Rede Globo" em telões montados especialmente para a ocasião.
  • Em um comício do PT, na cidade de Santo André, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que terminaria seu discurso antes da hora "para que os homens e as mulheres possam ir para casa ajudar o Tufão, que foi sequestrado".
  • E, em São Paulo, a propaganda eleitoral do candidato José Serra (PSDB), que disputará em 28 de outubro o segundo turno do pleito contra o petista Fernando Haddad, incluiu nesta sexta-feira a inserção de uma eleitora que perguntava "Quem matou a Max?", um dos enigmas do final da novela.

Mas, o que há em “Avenida Brasil” que parou o Brasil? Em minha opinião, olhando com as lentes da história, “Avenida Brasil” foi uma novela deturpadora de antigos paradigmas e que rompeu com preceitos e valores da nossa sociedade. O enredo da novela apresentou a vingança como tema principal e, em até certo ponto, positivo; inovou por romper com o maniqueísmo (vilã e mocinha) por vezes o telespectador se perguntava, Nina ou Carminha, quem é a vilã. A novela apresentou a bigamia, no caso do enredo da novela uma “trigamia”, como um fato positivo e engraçado e a traição como algo normal e descontraído. Seria essa a formula para parar o Brasil?

Corrupção, pessoas morrendo em leitos de hospitais, violência calamitosa, educação precária (professores mal remunerados), drogas (mal que atinge a juventude) e o que parou o Brasil foi uma telenovela. Isso poderia até servir de enredo para uma telenovela, mas provavelmente não daria audiência.

Alguns doutores e especialistas em dramaturgia podem até defender “Avenida Brasil”: “A novela acertou em cheio ao trazer como pano de fundo os novos contextos sociais do Brasil. Ao ambientar seus personagens no subúrbio carioca com uma visão positivista do cotidiano, o autor acionou mecanismos psicossociais adormecidos, inclusive, em classes mais altas”, analisa o doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP, Mauro Alencar. “A isso podemos somar uma trama perfeitamente bem urdida, que flertou com outros gêneros como o cinema e o seriado; com personagens densos, humanos a ponto de tornarem-se adjetivos (caso do ‘Tufão’)”. “A direção cinematográfica, em tomadas e na fotografia, e a quebra de paradigma do folhetim tradicional: Avenida Brasil não tem como tema central uma história romântica, mas uma história de vingança, onde não existe o mocinho e o vilão, os personagens centrais não são maniqueistas como no folhetim tradicional” diz o escritor Nilson Xavier, autor do Almanaque da Telenovela Brasileira. E o Doutor em teledramaturgia pela USP, com tese recém-defendida sobre a construção do vilão nas telenovelas brasileiras, Claudino Mayer destaca: “O sucesso dessa novela se deve ao bairro do Divino, ele funciona independente da classe social, qualquer nível está representado ali”, aponta. “Cada um daqueles personagens trouxe um tipo que é uma representação dessa classe C que vem crescendo, são elementos de representação do povo brasileiro. O João Emanuel Carneiro conseguiu. Ele estava no momento certo, na hora certa. E olhe que é de elite, como é que consegue escrever assim sobre esta nova classe C?! Além do que, ele vem construindo a novela num ritmo que se aproxima do seriado”.

A meu ver a história do Brasil se não era uma novela acabou de se transformar. Como algo tão fútil como uma telenovela pode parar um país inteiro, e problemáticas sociais tão importantes podem ser facilmente esquecidas da noite para o dia. Em Roma, um dos maiores impérios da humanidade, o humorista e poeta romano Juvenal chamava o modelo de alienação e controle das massas de política do “Pão e Circo”. No Brasil só basta o circo. Está é a verdadeira avenida Brasil, o país que parou.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O USO DE JORNAIS NAS AULAS DE HISTÓRIA




Introdução
Há partir de minhas esperiências em sala de aula e após uma boa garimpagem de livros e textos abordando o uso de jornais na sala de aula dedico esse artigo em especial para abordar como os jornais podem ser ferramentas úteis para o professor de história na sua prática de ensino. Fazendo da sua aula algo mais lúdico e apreciado pelos alunos.
Foi a partir da Escola dos Annales, no início do século XX, que os historiadores contemporâneos passaram a se mostrar acessíveis as novas fontes para se fazer história. [1] Essa abertura significativa permitiu que novas fontes e linguagens viessem também a agregar e enriquecer o ensino de história, tornando-o mais dinâmico e, por vezes, menos sistematizado em datas, eventos, heróis ou personagens.
Dentre essas novas linguagens e possibilidades podemos elencar a televisão, a internet, as revistas, os jornais e as fotografias. Alguns desses elementos só foram surgir a partir do século XX e, em um curto espaço de tempo, causaram impacto no modo e na velocidade de se produzir e reproduzir conhecimento e informação.
Este artigo dará atenção especial ao jornal, especificamente em como ele pode ser usado nas aulas de história. Trata-se de um artigo destinado à uma primeira análise, o intuito é colocar a aplicabilidade do jornal na sala de aula para o ensino de história: Se é realmente possível aprender história a partir de uma ferramenta que é fruto do presente, que carrega tendências e construções, pontos de vista, opiniões e visões de mundo diferentes em muitos dos casos. Por fim faremos uma proposta de trabalho, um plano de aula, com o uso de jornais em sala de aula na disciplina de história.
O JORNAL NAS MÃOS DO EDUCADOR: UMA METODOLOGIA
O jornal é um meio de comunicação e divulgação dos fatos. Através de suas noticias, charges, artigos, anúncios, imagens, entre outros, podemos ter um ponto de partida para uma visão não só do presente, mas, também do passado. Jornais carregam em seu conteúdo informações do presente, que tão logo serão acontecimentos e fatos do passado. Ao narrar um fato, os jornalistas fazem uma singular contribuição para os historiadores, pois seu trabalho, quando convertido em documentos, se torna uma fonte histórica única para a compreensão do passado histórico.
O professor também pode usar os jornais em suas aulas? Sim, mas, deve saber usar essa ferramenta, de modo que seu trabalho não seja diminuído em mera leitura e narrativa de um fato segundo a visão de um outro profissional. Para tanto destacamos alguns pontos que podem ajudar a orientar metodologicamente o educador que queira trabalhar com jornais em suas aulas.
O primeiro passo é escolher um eixo temático, de tal modo, que permita a relação entre diferentes processos envolvidos nas mudanças históricas. O professor deve estar ciente que ao fazer isso, também deve adequar sua escolha ao Projeto Político Pedagógico da escola e, bem como, que esse eixo temático esteja dentro do conteúdo programático da disciplina de história para o nível ou série em que pretende trabalhar. Um segundo ponto é saber o conteúdo a ser trabalhado. Os jornais trazem em suas páginas valores e conteúdos bem diversificados, o que inclui formas e diferentes maneiras de interpretar um mesmo fato. Logo, o professor tem que estar ciente de que os textos jornalísticos podem ser, além de ferramentas de ensino, mediadores entre a escola e o mundo externo ajudando os alunos a relacionar seus conhecimentos e experiências pessoais com as notícias. Um terceiro ponto, tão importante quanto o primeiro e o segundo, é explicar ao aluno alguns elementos básicos que compõem os jornais, como as diferenças entre tipos de textos – reportagens, artigos, comentários, crônicas, entre outros. O aluno terá,
também, que saber analisar anúncios, legendas, tiras, quadrinhos, gráficos, mapas e fotografias. Sem esse conhecimento prévio a atividade pode perder muitas abordagens e possibilidades. Eis então, muito além da possibilidade, a necessidade de um trabalho em parceria com a disciplina de português, matemática, geografia, entre outros, podendo tornar o trabalho interdisciplinar.
Os jornais, portanto, podem levar o aluno a formar um novo conhecimento a ampliar seu pensamento crítico e, consequentemente, sua visão de mundo. E algo que vai além, as páginas de um jornal podem formar um cidadão capaz para compreender a sociedade de forma mais crítica. Esse acúmulo de conhecimento pode partir do eixo temático que é observado, e dentro deste, do conteúdo que é lido.
O JORNAL NAS MÃOS DO ALUNO: COMO SE LÊ
O jornal carrega em suas páginas história, mas esta está truncada de tal maneira que o professor terá que ser capaz de ensinar o aluno a ordenar e compreender aquele conteúdo; ensinar a relacionar o passado com o presente, buscando as origens dos fatos, e a refletir sobre as consequências para o presente e futuro. Assim, a utilização dos jornais, particularmente os antigos, para o ensino de história, precisa levar em consideração: contextos sociais, conjunturas políticas e econômicas em que foram produzidas.
Um primeiro passo é não aceitar o texto jornalístico como uma verdade inalienável, mas sim olhar para o texto como um testemunho histórico. Testemunho este que carrega em seu conteúdo subjetividade, interpretação, ideologia e visões de mundo. A partir de então, comparar diversos jornais para ajudar os alunos a perceberem estas coisas, é um passo impar para o professor que deseja um trabalho de qualidade. Por exemplo: ao pesquisar uma greve no início do século XX – veja que o eixo temático deste exemplo são as greves do início do século XX - em diferentes jornais, podemos encontrar um que seja de orientação comunista ou anarquista – quanto a orientação do jornal, comunista ou anarquista, está relacionado com o conteúdo do que será lido. Em seu conteúdo podemos encontrar um texto carregado de ideologia, reivindicações, e com uma imagem negativa dos empresários. Já em um jornal aliado aos interesses patronais – outro exemplo de conteúdo – podemos verificar uma visão diferente; rotulando grevistas como arruaceiros, que deveriam ser punidos com o rigor da lei. Este exemplo mostra que os jornais trazem visões maniqueístas a respeito dos fatos históricos.
Assim ao utilizar os jornais como fontes de pesquisa em sala de aula, o professor terá uma responsabilidade a mais, que muito além de situar a produção jornalística em seu tempo e espaço, é ensinar o aluno ler esse jornal.

SUGESTÃO PARA OS PROFESSORES
A partir do que já foi explanado podemos lançar algumas sugestões. Estas são flexíveis e possíveis de serem adequadas, da melhor maneira possível, as necessidades e dificuldades que o professor terá em sala de aula.
Sugestão 01
Eixo temático: a transição do trabalho escravo para o assalariado, início século XX
Essa temática é um ponto chave para auxiliar o aluno a ter uma compreensão ampla das alterações econômicas e sociais do Brasil no início do século XX. De fato, a transição do trabalho escravo para o assalariado não foi um processo simples. Muitos dos recém libertos não queriam mais o trabalho árduo das fazendas e buscavam melhores opções de sobrevivência e moradia na cidades. Essa mudança culminou em problemas sociais e urbanos imediatos: insuficiência de moradias, inchaço de cortiços e, posteriormente, a opulência das favelas. O espaço no campo deixado pelos recém libertos foi ocupado pelos imigrantes. Claro que esse processo não foi algo uniforme para todas as regiões. Cada região teve sua característica distinta, suas contradições e tensões particulares, e isso foi registrado pelos jornais
da época. Sugerimos que sejam trabalhados os jornais entre 1888 e 1910, pelo fato de que 1888 é o ano da abolição da escravatura e a década seguinte ter sido a que concentrou a maior parte dos impactos desta transição.
O nível de escolaridade em que esse trabalho é recomendado é o atual sétimo ano (antiga 6ª série). Pois, além de fazer parte do conteúdo programático deste nível, nesta faixa etária, eles são capazes de compreender os impactos das mudanças no cotidiano e de se familiarizar com a leitura e pesquisa em jornais. Se preferir o professor também pode trabalhar com essa sugestão no 9º ano (antiga 8ª série), pois, a transição do trabalho escravo para assalariado, com ênfase na chegada dos imigrantes, faz parte do conteúdo programático do primeiro bimestre.
Materiais e ferramentas úteis:
Jornais atuais, jornais de época (fim do século XIX e início do século XX) [2], cartolinas e/ou papel cenário, canetas hidrográficas, cola, tesoura sem ponta, réguas entre outros materiais que podem se tornar úteis ao longo da confecção do trabalho.
Como os jornais de época podem ser adquiridos através de microfilmagens e/ou copias sugiro que os microfilmados sejam apresentados à leitura com todos os alunos com base em apresentação de slides em data show. Caso seja copias sugiro que cada grupo de alunos possa ter uma ou mais copias as sua disposição.
Duração da atividade:
A duração da atividade é muito relativa, podendo variar conforme a turma e as condições específicas de cada escola, isso inclui as necessidades de cada calendário escolar. A sugestão, com base na experiência como docente, que esta
atividade não exceda o número de dez aulas. Aulas de 50 minutos intercaladas por algumas semanas.
Primeira parte da atividade:
É fundamental que o professor saiba que este tipo de atividade está fadado a um trabalho extraclasse, pois, antes mesmo do início da atividade, ele precisará ir a campo para descobrir quais jornais e em que locais eles estão disponíveis. Igualmente é necessário que os estudantes já tenham entrado em contato, em sala de aula, com o conteúdo que será pesquisado. Recomendo uma aula prévia para a introdução do conteúdo.
Uma segunda aula poderá ser usada para explanação dos objetivos e direcionamento das atividades para os alunos: o cronograma de atividades, divisão da sala em grupos de estudo e especificar os jornais a serem pesquisados bem como o período e o local – se possível em sua cidade coordenar junto ao local onde estes jornais estão disponibilizados (arquivos, bibliotecas ou acervos dos próprios jornais) uma visitação dos alunos.
Quanto a divisão dos grupos de estudo isso depende da quantidade de alunos da sala e mais ainda do período a ser estudado. Por exemplo, o professor pode dividir a sala em seis grupos, cada grupo ficando responsável por publicações de dois anos, cumprindo o período de 1888 a 1910.
É necessário junto aos alunos estabelecer uma estratégia que facilitará e dinamizará a pesquisa. Por exemplo: definir duas publicações por semestre ou trimestre, que fique a cargo e escolha dos alunos e professor. Outra estratégia é delimitar, ainda que de forma aleatória, um dia da semana a ser pesquisado – recomendo as segundas feiras, pois costuma trazer nas publicações os fatos marcantes do fim de semana; ou ainda dos domingos que muitos jornais trazem um resumo da semana.
Este trabalho, que fique a cargo do professor e dos alunos, pode resultar na confecção de um painel, infográficos, trabalhos escritos, redações, resumos entre outras modalidades. Tudo que foi proposto acima vai necessitar de um tempo médio de duas aulas.
Segunda parte da atividade:
Está relacionada com a pesquisa dos jornais, ou seja, a ida a campo se for o caso. Ali serão feitas a seleção dos jornais e os alunos serão colocados em contato direto com fontes históricas e em até certo ponto com o trabalho do historiador no levantamento das fontes. Tempo estipulado de uma a duas aulas.
Terceira parte:
Em sala de aula, com o auxílio do professor, os grupos deverão organizar os jornais interpretar os conteúdos a partir da leitura das reportagens que estão direta ou indiretamente relacionadas com a transição do trabalho escravo para o assalariado nos diferentes jornais. Tempo estipulado duas aulas.
Quarta parte:
Cada grupo deverá apresentar suas conclusões, comparando-as com as conclusões de seus colegas. Para isso usaram a apresentação das reportagens. Tempo estipulado uma aula.
Quinta parte:
Cada grupo devera confeccionar painéis, cartazes, textos informativos, infogramas entre outras possibilidades, fica aqui a cargo do professor e do aluno escolherem em conjunto qual melhor meio de produzir o conhecimento produzido no trabalho. Recomendo que a produção de cada grupo seja ordenado em ordem cronológica para facilitar um maior entendimento e visualização dos acontecimentos. Tempo estipulado uma a duas aulas.
Objetivos da atividade:
Os objetivos do trabalho tem por caráter simples e direto, porém de uma riqueza de conteúdo e de compreensão impar:
  • Compreender que o processo de substituição do trabalho escravo pelo assalariado não foi uniforme e tranquilo.
  • Mostrar que essa transição provocou impactos sociais, culturais e econômicos, incluindo a expansão urbana e, depois, industrial.
  • Ensinar o aluno a pesquisar informações históricas em jornais, produtos culturais da época, documentos históricos que podem fornecer dados fundamentais para a compreensão das transformações do passado.
  • Relacionar, junto com os alunos, como e quais foram os impactos das forças e dos acontecimentos do passado histórico do Brasil para o presente e o cotidiano desses mesmos alunos.
Sugestão 02
Eixo temático: Cidades: antigos, novos e remanescentes problemas
A cidade é uma realização muito antiga. Da Ur dos zigurates à Tebas, de Roma a Dubai, as cidades deixaram a sua marca histórica sobre a forma de tijolos, pedras, ferro e concreto erguidos pelas civilizações. Como aponta Sandra Passavento, na obra O Imaginário da Cidade: as cidades possuem e possuíram processos econômicos, sociais, culturais e políticos muito claros que se delineiam, transformando as condições de existência, características populacionais, transformações do espaço, configuração e crescimento.
Assim quando olhamos para as cidades do passado e do presente encontramos antigos, novos e remanescentes marcas de sua existência, por isso a proposta desse eixo temático: fazer com que os alunos percebam que a cidade onde eles vivem pode ter antigos e novos problemas, pode ter inovado e ou superado.
Sugerimos que os alunos façam leituras dos jornais atuais e de sua cidade. Os conteúdos devem estar relacionados com os acontecimentos presentes do lugar onde eles vivem.
O nível de escolaridade em que esse trabalho é recomendado é o atual sétimo ano (antiga 6ª série). Pois, além de fazer parte do conteúdo programático deste nível – no segundo bimestre se estuda o renascimento urbano na Europa, que faz parte do processo de crise do feudalismo, assim, como um exercício prático, as cidades medievais podem ser comparadas com as cidades atuais –, nesta faixa etária, eles são capazes de compreender os impactos das mudanças no cotidiano e de se familiarizar com a leitura e pesquisa em jornais. Se preferir o professor também pode trabalhar com essa sugestão no 8º ano (antiga 7ª série), pois, dentro do conteúdo programático de Revolução Industrial, podem igualmente ser estudado e comparado os processos de urbanização, bem como as características das cidades da Idade Moderna com as cidades de hoje.
Materiais e ferramentas úteis:
Jornais atuais, da cidade em que vivem os alunos [4], cartolinas e/ou papel cenário, canetas hidrográficas, cola, tesoura sem ponta, réguas entre outros materiais que podem se tornar úteis ao longo da confecção do trabalho.
Como texto complementar, a fim de comparação, o professor pode providenciar relatos de cidades antigas dispostos em livros como o Ocidente Renasce, de Peter Clark. O autor, a partir de fontes históricas, faz uma detalhada descrição das cidades medievais (ver anexo).
Duração da atividade:
A duração da atividade é muito relativa, podendo variar conforme a turma e as condições específicas de cada escola, isso inclui as necessidades de cada calendário escolar. Sufgerimos, com base na experiência como docente, que esta atividade não exceda o número de oito aulas. Aulas de 50 minutos intercaladas por algumas semanas.
Primeira parte da atividade:
É necessário que os alunos já tenham entrado em contato, em sala de aula, com o conteúdo que será pesquisado. Recomendo uma aula prévia para a introdução do conteúdo.
Uma segunda aula poderá ser usada para explanação dos objetivos e direcionamento das atividades para os alunos: o cronograma de atividades, divisão da sala em grupos de estudo e especificar os jornais a serem pesquisados bem como o período e o local – Para o caso da Grande Vitória, há três jornais de grande circulação: A Gazeta, A Tribuna e Notícia Agora.
Nossa sugestão é que a sala seja dividida em três grandes grupos e que cada grupo fique a cargo de um jornal. Entre os integrantes do grupo serão divididos os conteúdos a serem lidos dentro das páginas dos jornais.
Para apresentação da proposta de trabalho e introdução do conteúdo sobre cidades. Espera-se que duas aulas sejam suficientes. É necessário salientar que a leitura dos jornais, bem como a sua coleta, será de responsabilidade do aluno como uma atividade extra classe.
Segunda parte da atividade:
Após a divisão dos grupos, um ou mais integrantes do grupo ficará a cargo de um caderno específico do jornal. Os jornais, como veículos de comunicação, são divididos em cadernos que vão desde esportes, passando por política, cultura, policial, economia, meio ambiente entre outros; alguns desses cadernos trazem em seu texto importantes contribuições no que se referem às características, problemas, soluções, e avanços da cidade em que o aluno vive.
Para essa segunda parte da atividade serão necessários mais duas aulas.
Terceira parte da atividade:
Após coletar as informações dos jornais o aluno deverá ser capaz de confrontar, comparar e estabelecer relações com a cidade medieval descrita no texto de Peter Clark (ver anexo).
Para essa atividade espera-se que em forma de debate, em sala de aula com o auxílio do professor, gaste-se uma aula.
Quarta parte atividade:
Nesta parte os alunos farão levantamentos de imagens e reportagens a cerca de suas cidades montando murais e/ou cartazes fruto do conhecimento adquirido após confrontar as reportagens com o texto de Peter Clark.
Para essa atividade espera-se que sejam necessárias umas três aulas.
Objetivos da atividade:
Este trabalho possui um objetivo singular no que expressa a compreensão do passado e do presente do mundo das cidades. Espera-se que o aluno a partir do conhecimento antigos, novos e remanescentes problemas das cidades seja capaz de:
  • Compreender que o processo evolutivo das cidades carregam novos e antigos problemas.
  • Mostrar que as cidades, ainda nos dias de hoje, possuem uma gama de problemáticas sociais, culturais, políticas, estruturais, ecológicas e econômicos.
  • Ensinar ao aluno que a pesquisar informações históricas em jornais, produtos culturais da época, documentos históricos que podem fornecer dados fundamentais para a compreensão das transformações do passado e do presente.
CONCLUSÃO
A partir do que foi exposto e apresentado como proposta de ensino com uso de jornais na aula de história podemos perceber que os jornais são ferramentas fundamentais e indispensáveis para a produção e reprodução do conhecimento histórico.
Jornais antigos ou jornais de hoje de manha, suas notícias são reflexo de seu tempo, seu texto são fruto dos acontecimentos de um momento histórico e que muito pode nos ajudar a compreender o passado e o presente.
ANEXO:
"As cidades medievais eram superlotadas, barulhentas, escuras e tinham cheiro de estábulo. Só as ruas mais largas eram pavimentadas; as outras eram sujas, com esterco e lama. Na maioria are apenas vielas estreitas onde não se podia passar com duas mulas sem derrubar os quiosques dos vendeiros ou os toldos e tabuletas dos que anunciavam seus serviços.

De dia, as ruas ficavam apinhadas de gente: ferreiros, sapateiros, vendedores de tecido, açougueiros, dentistas... Bastava o comerciante abrir as venezianas de sua casa para transformá-la numa banca de mercadoria. Ficavam também cheias de animais: cães, mulas, porcos, cavalos, galinhas... À noite, eram silenciosas e muito escuras: não havia iluminação pública. Era comum toque de recolher decretado pelas municipalidades, como prevenção contra assaltos e assassinatos. Nas cidades medievais ocorriam castrações, enforcamentos e amputações, e a população aglomerava para assistir aos espetáculos de castigo. Muitas vezes os criminosos eram arrastados pelas ruas numa carroça e torturados antes da execução pública, sob o burburinho e os gritos das multidões.
Eram frequentes, também, os incêndios. As casa, de três ou quatro andares, eram construídas de materiais inflamáveis: paredes de madeira e galhos e tetos de palha ou junco, que ardiam em poucos minutos. Se por um lado os incêndios geravam prejuízos para os moradores, por outro era benéfico, pois amenizava as condições de sujeira que provocavam as doenças.
Apesar de existirem hábitos de higiene pessoal, como o costume de freqüentar os banhos públicos, preservados desde a época de Roma, só os ricos tinham as suas próprias latrinas e fossas. A maioria da população jogava seus excrementos em esgotos ou em pilhas de detritos a céu aberto, tornando as vielas imundas, o mau cheiro insuportável e as águas de abastecimento da cidade poluídas. A canalização da água não era recomendada pelas oficialidades, que temiam a desvantagem de tornar as cidades vulneráveis a sabotagens de exércitos inimigos.
Só em 1236, Londres começou a trazer água para a cidade em aquedutos. Uma das soluções adotadas para reduzir a sujeira foi a pavimentação das ruas. Paris, em 1185, foi à primeira cidade a ter suas ruas calçadas com pedras. Mais ainda do que os excrementos humanos e a água suja, a maior maldição das cidades medievais era a pulga, o parasita do rato negro. As epidemias eram frequentes e, de 1348 a 1349, as pulgas espalharam a peste bubônica, conhecida como a peste negra, provocando milhões de mortes.” [5]
NOTAS:
1.    EVEL, Jaques. A Invenção da Sociedade. Lisboa. Difel, 1990. p. 16-17.
2.    Esses jornais podem ser conseguidos, para o caso do Espírito Santo, junto ao Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, que possui um acervo microfilmados de 1534 a 1822, documentos originais 1768 a 2006.
3.    Essa sugestão partiu de minha experiência, atuando como docente em escolas de ensino fundamental da rede particular de ensino, compartilhada e enriquecida com idéias e sugestões de outros colegas de trabalho.
4.    Para o caso da Grande Vitória como um todo temos três jornais de grande circulação. A Gazeta, A Tribuna e Notícia Agora.
5.    CLARK, Peter. O Ocidente renasce. In: Evolução das cidades. Rio de Janeiro, Abril Livros/ Editora de Time-Life, 1993, p.98-102.
REFERÊNCIAS
ABUD, K. M.; SILVA, A. C. M.; ALVES, R. C. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010 (Coleção Ideias em ação).
EVEL, Jaques. A Invenção da Sociedade. Lisboa. Difel, 1990
ABUD, K. M.; SILVA, A. C. M.; ALVES, R. C. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010 (Coleção Ideias em ação).
PESAVENTO, Sandra J. O imaginário da cidade. Visões literárias do urbano. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. 400p.
CLARK, Peter. O Ocidente renasce. In: Evolução das cidades. Rio de Janeiro, Abril Livros/ Editora de Time-Life, 1993.