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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

99% POBRE DE MARRÉ DECI, MAS AQUELE 1% É MILIONÁRIO E VAGABUNDO

Prof. Douglas Barraqui

“Eu sou pobre, pobre, pobre
de marré, marré, marré
eu sou pobre, pobre, pobre
de marré deci”.

Uma cantiga clássica de brincar. Tem sua origem na Europa nórdica. Após algumas pesquisas pude constatar que "marré" provém, devido a inúmeras corrupções, do diminutivo do nome Maria, “Marie” em francês. Já "deci", foi extraído do verso "dans ce jeu d'ici", que significa “neste jogo daqui”, trata-se da variante belga da canção.

A canção de brincar não é meu foco aqui. Meu foco é um fenômeno, um tanto quanto curioso, quem sabe até trágico, que percebo na sociedade brasileira:

No Brasil atual, dados da revista Exame, existem 0,1% da população que são milionárias. Estou falando de nomes como o empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da AB Inbev (dona da Ambev no Brasil). Os sócios de Lemann, Marcel Herrmann Telles e Beto Sicupira. E é claro, não poderia faltar, Marcelo Odebrecht, preso em 19 de junho, junto com outros dez executivos da Odebrecht na operação Lava Jato da Polícia Federal. Esse 0,1%, milionários, exatas 43 pessoas, vivem como tal, pois assim podem, são milionários. Muito luxo e ostentação. Também, o que não é uma regra que se aplica a todos, muita sonegação, maracutaias, leia-se aqui corrupção.

Continuando com os dados da revista Exame: 1,8 % da população tem entre 100 mil e 1 milhão de dólares na conta. São, pois, ricos. Vivem como tal, pois assim podem, eles tem muito dinheiro. Muito luxo e ostentação. Também, o que não é uma regra que se aplica a todos, muita sonegação, maracutaias, leia-se aqui corrupção.

Continuando com os dados da revista Exame: 22,2 % da população brasileira possuem entre 10 a 100 mil dólares na conta. Continuam sendo ricos. Ricos “descendendo” para já uma classe média alta do nosso país. Muito luxo e ostentação. Também, o que não é uma regra que se aplica a todos, muita sonegação, maracutaias, leia-se aqui corrupção.

Ainda com os dados da revista Exame: 75,9% da população possuem menos de 10 mil dólares na conta. Muitos aqui nessa parcela não são ricos e poucos são pobres. Muito luxo e ostentação. Também, o que não é uma regra que se aplica a todos, muita sonegação, maracutaias, leia-se aqui corrupção.

O que eu quero dizer é que no Brasil o milionário e o rico vivem como tal, pois podem. Muito luxo e ostentação. A classe média quer viver como rico, não podem, mas ostentam assim mesmo. O pobre quer ser rico, se não labutar de sol a sol como escravo morre de fome, mas ostenta do mesmo jeito em suaves prestações a perder de vista.  

Fenômeno, no mínimo, curioso. Praticamente todos se dizem ou querem ser ricos. Não medem esforços para agaranhar ou pelo menos aparentar riqueza. Mesmo que esse esforço signifique em sonegar, pagar propina, se dar bem à custa de outrem. O cenário mais trágico disso tudo, a ponta do iceberg, é a política. Para fechar, ostentação rima com...

REFERÊNCIA:

Quantas são e quanto têm as pessoas mais ricas do Brasil. http://exame.abril.com.br/economia/noticias/quantos-sao-e-quanto-ganham-as-pessoas-mais-ricas-do-brasil. Acesso em 15 de janeiro de 2016. 

domingo, 25 de abril de 2010

O quadro social e a representação religiosa no Brasil Colonial



Por Douglas Barraqui

Em Portugal a igreja estava atrelada ao Estado por intermédio do padroado, que fazia do rei o Grão-mestre da Ordem de Cristo, dando a este o direito de nomear capelães, vigários e bispos. Quanto a participação dos clérigos na colônia, é fundamental destacar que se fez presente desde a expedição de Cabral, embora que em muitas das vezes desarticulada, atendendo a interesses pessoais e/ou de terceiros, e não preocupados com ações pastorais. É necessário lembrar ainda que, em meados do século XVI, vivia-se na Europa, bem como no Brasil, o agitado clima dos conflitos religiosos.

A radicalização dos embates religiosos em vários países europeus teve reflexos na América. Protestantes, judeus e ciganos eram hostilizados abertamente; os índios deveriam ser convertidos. Para os primeiros a repressão oficial; para os últimos, a propaganda da fé e as conversões que ficava a cargo da Companhia de Jesus.

A Companhia de Jesus adentrou o interior da colônia, convertendo os indígenas e estudando suas línguas. Na defesa de suas posições os jesuítas conflitaram constantemente com os colonos. Portanto, seria um erro apresentá-los como um mero braço religioso do Estado lusitano, ao passo que tinham seus próprios interesses.

Dentro da ótica das contra-reformas não podemos deixar de fazer referência à inquisição. Estabelecida em Portugal por D. João III, a inquisição nunca teve um tribunal permanente no Brasil, o que de fato acontecia era a formalização de processos que eram enviados para o tribunal em Portugal. Os representantes do Santo Ofício não tinha autoridade para instaurar processos sem a ordem de Lisboa, podendo apenas realizar sindicâncias e enviar o relatório para Portugal, só assim poderia ser decretada a prisão do acusado.

Os principais crimes, confessados ou denunciados eram as faltas religiosas quanto ao dogma ou à liturgia, critica à hierarquia religiosa e à inquisição, prática de luteranismo, judaísmo, maometanismo, feitiçaria, superstições, pactos demoníacos, sodomia, bigamia e suborno. Até mesmo os padres poderiam ser admoestados por erros ou abusos teológicos.

Bibliografia:

WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil colonial. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

sábado, 4 de julho de 2009

"Vacas gordas" acabam no brejo


By Douguera

Períodos de vacas gordas são bem perceptíveis na história das sociedades, o de vacas magras então, nem se fala. A sociedade capitalista em si (aqui me refiro restritamente a países desenvolvidos) passou por trinta maravilhosos anos de graúdas vacas, que alguns gurus da economia gostam de chamar de “anos dourados”. Esse momento de pujança econômica pertenceu essencialmente aos países capitalistas desenvolvidos, aos subdesenvolvidos restaram as pastagens.

A reforma da fachada do capitalismo, no pós-guerra, “ao ponto de ficar irreconhecível” para os cegos e o avanço da internacionalização (leia-se aqui globalização) da economia, foram de fundamental importância para a engorda. Significou basicamente uma noite de núpcias, resultado do casamento entre a democracia social e o liberalismo econômico. Cerimônia presidida por governos conservadores moderados, não eram mais aqueles brucutus de outrora.

Uma revolução tecnológica, fruto da Segunda Grande Guerra, parecia alimentar o surto econômico. A consciência do consumidor foi moldada de tal maneira que as novidades tecnológicas se tornariam o principal recurso de vendas, e o que não era novidade dar-se-ia um jeito.

A conseqüência disso foi dias de vacas gordas: aumentou os financiamentos externos e de forma opulente o fluxo de comércio mercadológico; houve uma efervescência das empresas transnacionais. Malthus deve ter se remoído na sepultura quando descobriu a escalada significativa da produção de alimentos em todo o mundo e subiu também a produção de manufaturados. A classe média pode agora usufruir de muitos confortos antes restritos aos ricos.

Bem, claro que algo teria de servir de ração concentrada à crescente engorda, assim a ação antrópica foi notória. A poluição teve como responsáveis diretos e indiretos os países desenvolvidos com um forte impacto sobre as áreas urbano industrial. A concentração de dióxido de carbono, que aquecem a atmosfera, praticamente triplicou entre 1950 e 1973 (World Resources, 1986, tabela 11.1, p. 318; 11.4, p. 319; Smil, 1990 p. a, fig. 2). Foram despejados na atmosfera até 1974 uma média de 400 mil toneladas de clorofluorcarbonos, produto químico nocivo à camada de ozônio (World Resources, 1986, tabela 11.2, p. 319). Um ruminante tem que defecar.

A Europa só foi tomar sua prosperidade como coisa certa na década de 1960 e ao mesmo tempo via-se a distância, em caráter econômico, entre o capitalismo e o comunismo. E os sábios gurus da economia só foram se dar conta que o mundo, em particular capitalista desenvolvido, passava por uma fase excepcional no final da década de 1970.

A era de ouro, a vaca gorda da sociedade capitalista ocidental, necessitava cada vez mais de investimentos, cada vez menos de seres humanos a não ser consumidores. Dependia do esmagador domínio político econômico dos Estados Unidos que, muita das vezes sem pretender, atuavam como asseguradores da economia mundial.

Como nos “booms” anteriores os anos dourados acabariam em bancarrota de imóveis e bancos. A década a partir de 1973 seriam novamente períodos de vacas magras, porque a gorda foi pro brejo.

Referências Bibliográficas:

World Resources. Disponível em: http://www.wri.org/. Acessado em 04/07/2009.

HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve século XX : 1914-1991. 2. ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 598 p.