segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A História do Carnaval: "domesticaram Dionísio"

By Douguera

“Ah! Classe média! Nos anos cinqüenta ela foi se aproximando de mansinho, temerosa, espichando um olhar comprido para os ensaios dos crioulos. Nos anos sessenta, já mais desinibida, ensaiou seus primeiros passos: no princípio em torno das mesas, depois no meio da quadra (por esses tempos começou a chegar também o pessoal do wonderful, marcelous, fantastic). Nos anos setenta, ela (a classe média) está entrando de sola, consumando a invasão, dando palpites, criando suas alas. Possivelmente nos anos oitenta, se os crioulos não tomarem cuidado, domingo de carnaval vão ficar sentados nas arquibancadas enquanto a classe média faz suas evoluções pela Via Dutra. Sim, porque até lá a Avenida já ficou pequena.”

E realmente, sem nenhuma bola de cristal, Carlos Eduardo Novaes, em uma de suas crônicas do livro O Caos Nosso de Cada Dia, escrito ainda na década de setenta, acertou na mosca: O Carnaval brasileiro, a festa popular de rua mais famosa do mundo, ou melhor dizendo, a festa de rua mais pop do mundo, Em fim, foi tomada de assalto pela classe média e hoje se o crioulo, precursor do carnaval, quiser apreciar o festejo vai ficar espremido nas arquibancadas e pagar bem caro por isso.

Pois bem, meu objetivo aqui é falar um pouco a mercê da história do carnaval. Digo que fui influenciado pela “Revolução Carnavalesca da Classe Média”, descrita por Novais, na crônica, Gloria às Pastoras e à Bateria, do livro O Caos Nosso de Cada Dia. Pretendo narrar os fatos de forma mais descontraída e desinibida sem muitas amarras formais, e é claro sem romper meu relacionamento com a ciência, por isso me respaldo de outros autores, e se eles erraram em algum momento o problema é deles.

Errou feio quem achou que o Carnaval é genuinamente “made in brazil”. Embora não há como comprovar, empiricamente, o nascimento do Carnaval, sabemos que a 10.000 (antes de J.C.), homens, mulheres, crianças, (sogras, cachorros, gatos e papagaios) se reunião no verão de corpos pintados, caras mascaradas, pulando e cantando para espantar os demônios da má colheita. Poderia ser a origem do Carnaval? Quem sabe?!.

Outros ainda buscam o Carnaval nas áridas terras dos faraós. No Egito homens celebravam cultas a deusa Isis e ao Touro Apis, celebrações que alguns pesquisadores denominam de “cultos agrários” (e penso que não seria nada fácil arrastar um carro alegórico de três toneladas em um calor escaldante de quarenta graus no meio do deserto).

Os principais cultos agrários da história foram:

· No Egito, festa da deusa Ísis e do boi Apís;

· Na Pérsia, festas da deusa da Fecundidade Naita e de Mira, deus dos Pastores;

· Na Fenícia, Festa da deusa da Fecundidade Astarteia;

· Em Creta, festa da Grande Mãe, deusa protetora da terra e da fertilidade, representada por uma pomba;

· Na Babilônia, as Sáceas, festas que duravam cinco dias e eram marcadas pela licença sexual e pela inversão dos papéis entre servos e senhores, e pela eleição de um escravo rei que era sacrificado no final da celebração;

E quem sabe não tenha sido aqueles filósofos pederastas gregos os inventores do carnaval? O fato é que foi Pisistrato, governador e tirano de Atenas, (561 – 556 / 546 – 527 antes de J.C.) que teria sido responsável por tornar oficial o Culto a Dionísio, deus do Vinho da alegria (e algo mais). Incentivou o culto entre camponeses e lavradores (os mesmos adentrarem no mundo do alcoolismo, aqui surge, portanto os primeiros alcoólatras sendo estes adoradores de Dionísio). Procissões dionisíadas, pelo qual embarcações com rodas (os primeiros carros anfíbios da história), chamados de carrum navalis, levavam a imagem de Dionísio, simbolizando sua chegada em Atenas pelo mar. Os carros carregavam homens e mulheres nús em seu interior, e eram seguidos por uma multidão frenética de mascarados alegres, que por sua vez puxavam um touro que posteriormente seria sacrificado. O fim da procissão era no templo de Lenaion, onde se consumava a hierogamia: o casamento do deus com a Polis (e que festão).

Os louvores a Dionísio se arrastavam de dezembro a março,nas seguintes celebrações: as Lenias, as Dionísias urbanas também chamadas de grandes Dionísias, as Antestérias e as Dionísias Rurais (e só não se arrastava mais porque já estavam todos em coma alcoólico). O culto a Dionísio já existia a uns 3 ou 3,5 mil anos atrás, significava uma oportunidade às mulheres para escaparem da vigilância dos pais, dos irmãos e é claro do maridão (veja que o dom das mulheres em darem suas escapadelas já é bem antigo). Em bandos, com os rostos pintados de pó e com vestes transformadas e literalmente rasgadas, elas caiam na “folia” em meio a danças e gritos de júbilo em um estado de frenesia, eram chamadas de coribantes. Os homens (descontentes em terem que ficar em casa cuidando dos filhos) logo deram um jeito de aderir ao levante feminino, em uma bebedeira coletiva e a uma espécie de salve-se quem puder pansexualista.

Então, quando a hegemonia de Atenas começa a ser carcomida pelas constantes guerras civis, isso a partir do século IV (antes de J.C.), já se pode sentir, literalmente, a penetração do culto a Dionísio dentro de Roma, (os romanos, descendentes daqueles meninos que mamaram na teta da loba, achariam muito bacana toda aquela bagunça, e deram o nome de bacanais). Em terras romanas Dionísio era mais conhecido como Baco e suas sacerdotisas eram chamadas de Bacchantes.

Em meio a gritarias e escândalos uma multidão demasiadamente enlouquecida dançava, pulava, tomavam as ruas, causando uma verdadeira desordem ao ponto de o Senado Romano proibir os Bacanais em 186 (antes de J.C. e isso não foi nada bacana por parte do Senado). Estes festejos também eram teatralizações coletivas, uma maneira irreverente de criticar os governantes corruptos (aqui sim se explica o porquê de terem sido proibidos). Em uma inversão de papéis o miserável vestia-se de rei, o rico de pobretão e o libertino aparece como guia religioso. Os tidos como machos viris se vestiam de mulher e a rameira local pousava como a mais pura donzela (não mudou muito hoje: o carnaval está cheio de homens que se vestem de mulheres, mulheres vestindo-se de homens, uns acabam gostando tanto das fantasias que resolvem ficar o ano todo com elas e tem ainda aqueles que nem precisam se fantasiar).

Ainda fundamentada no ascetismo, lá dos tempos dos senhores feudais, a civilização judaica e os Católicos condenam e renegam o carnaval (se pudessem queimar todos os foliões na fogueira da Santa Inquisição, fariam de bom gosto e as escolas de samba não teriam um passista se quer), todavia, no século XV (depois de J.C.) o Papa Paulo II, permitiu a realização de bailes de máscaras em frente a seu palácio, na Via Lata. Como a Igreja não tolerava qualquer tipo de manifestações sexuais e bebedeiras, o Carnaval adquiriu nova forma: parecia um desfile de pessoas fantasiadas, tudo cercado por um ar de deboche e morbidez (os nobres esbanjando o luxo exacerbado de suas fantasias, realizavam bolões entre si para saberem quem é o nobre que está por de trás de cada máscara: seria o Duque de Sforza? Seria a Condessa de Barral? Ou Marques de Pombal?). O Carnaval se limitava, portanto, a celebrações ordeiras, de caráter artístico, com bailes e desfiles alegóricos.

Friedrich Nietzsche (1844 – 1900 depois de J.C.), filósofo alemão, na obra O Nascimento da Tragédia, fez um excelentíssimo estudo a respeito de Dionísio e Apolo. Segundo Nietzsche a arte se torna a única justificativa plausível para o sofrimento do homem, por isso ele combate a moral cristã que lhe parece fruto do ressentimento de frustrados (foi trágico para Nietzsche, que provavelmente foi visto pela igreja como um ateu de marca maior).

Jose Guilherme Merquior, filósofo, sociólogo e escritor (ele também escrevia), diz em sua obra, Saudades do Carnaval:

“É fácil calcular a intensidade dos inconvenientes dessa atitude anti-natural quando a civilização racionalizada da Idade Moderna suprimiu justamente os pulmões carnavalescos da cultura. O Cristianismo da sociedade industrial, a religiosidade do tempo de Nietzsche não só havia negado e sufocado toda válvula orgiástica - toda composição sistemática com erros e carisma - como virara franca ideologia da sublimação ressurgida das massas aburguesadas , era nesse contexto, que a moral da renúncia significa repressividade absoluta, e repressividade doentia, “indecorosa” para usar a expressão do anti-cristo. O ascetismo vitoriano, a serviço da massificação repressiva, da 'redução à mediocridade', de todas as dimensões morais do homem eis o que levou Nietzsche a um desmascaramento indignado do cristianismo”.

(Então você diz: “não entendi nada”. Eu digo: “eu também li três ou quatro vezes para entender ”, mas em fim,) Jose apenas está dizendo que a sociedade cristã, moderna e industrial censurou o Carnaval de forma repressiva, trocando em miúdos chega de bacanais e orgias. E foi o que fez Nietzsche ficar indignado com o cristianismo (provavelmente ele gostava muito de bacanais e orgias).

No Brasil o carnaval chega em 1723 (está atrasado como sempre, depois de J.C.), recebendo o nome de Entrudo, isso por influência dos lusitanos das Ilhas de Madeira, Açoures e Cabo Verde. Constituíam-se de destrambelhadas correrias, mela-mela de farinha, água com limão (isso parece limonada) que evoluiu depois para batalhas de confetes e serpentinas (não seria um aniversário de criança?).

O tal Entrudo, que vem do latim Intruitus, faz referência as solenidades litúrgicas da Quaresma. Um primogênito, herdeiro das bacantes e das dionísias, podia ser um intruso em terras tupiniquins, mas os colonos imediatamente aderiram ao festejo, como um momento imperdível e esta se tornou a festa mais popular do Brasil (Pode perguntar no exterior: you know Brasil? “Yes football, Carnival, Lula”. Não se pode negar o “presidente sem dedo” e muito conhecido lá fora).

Os primeiros blocos de carnaval e os famosos corsos só vão surgir no século XIX (depois de J.C.). Como “instituto educacional” – leia-se aqui escola de Samba – somente em 1928 (depois de J.C.), com a Deixa Eu Falar, no Bairro do Estácio. O jornal Mundo Esportivo promovia na Praça Onze, em 1930( depois de J.C.), o primeiro desfile de escolas de samba (que com a intervenção da polícia acabou em um desfile de pancadaria). "E a Deixa Eu Falar falou, mas não por muito tempo". No desfile de 1932 (depois de J.C.) a escola montou um enredo a fim de homenagear o movimento político que levara Getúlio ao poder, o enredo chamava-se Revolução de Outubro. E a polícia, novamente ela, especialista em história das revoluções, desconfiou que a que a história se referia a outra revolução, uma ocorrida em 1917 (depois de J.C.) em um país “onde o Rei Momo atendia pelo nome de Czar”, e bem disse Novaes: “e não deixaram mais a Deixa Eu Falar falar”. O Carnaval, afinal é fundamental que seja lembrado, teve seu próprio mártir, seu apelido Caqueira, compositor da Lira e Amor, morreu enforcado em cima do caminhão da escola em 1947 (depois de J.C. quase um Tiradentes).

O Carnaval cresceu, de forma tão vertiginosa, que acabou se tornando um produto de nossa cota de exportação, surgindo até os carnavais fora de época as famosas micaretas: em Fortaleza é chamado de Fortal; em Natal, o Carnatal (se papai Noel souber disso?!); em João Pessoa, a Micaroa; Campina Grande, Micarande; em Maceió, Carnaval Fest; em Caruaru, o Micarú, todos com a presença indispensável do trio elétrico, que na verdade é um só. “E ninguém ficará surpreso se amanhã, na relação das vinte maiores empresas brasileiras, aparecer o nome da Mangueira”.

E alguns dizem que com toda essa mudanças ao decorrer do tempo e intervenção de uns e outros, o Carnaval caiu na mesmice. Não há mais as safadices e irreverências de outrora: “domesticaram Dionísio!”.


Referências Bibliográficas

Coleção Arenas do Rio. RioArte e Relume-Dumará Editores, 2003.

MAGALHÃES, Rosa. Fazendo carnaval: the marking of carnival. São Paulo: Lacerda, 1997.

MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo sobre eventos: o que você precisa saber para criar, organizar e gerenciar eventos que promovem sua empresa e seus produtos. São Paulo: Editora STS, 1999.

MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.

NOVAES, Carlos Eduardo. O Caos Nosso de Cada Dia. 6º ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1978.

RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de

comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

VALENÇA, Rachel. Carnaval: para tudo se acabar na quarta-feira. Rio de Janeiro.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Maçonaria Sem Medo




O compasso e o esquadro são um dos símbolos mais famosos da Maçonaria. O compasso é o símbolo maior do espiritualismo maço, do pensamento em sua diversidade de formas, e também do relativo (círculo) dependendo do ponto inicial (absoluto). Quando traçados pelo compasso, os círculos representam as Lojas. O esquadro e a resultado da união entre as linhas vertical e horizontal, símbolo da retidão assim como da ação do homem sobre a matéria e sobre si próprio. O que significa que as condutas e as ações devem ser reguladas pela linha e pela régua maçônica.


Introdução

O que vem a ser, de fato, um segredo? E como se pode manter algo, por tanto tempo, sobre as sombras das dúvidas? Meu objetivo a seguir, mais como um espectador curioso de seu momento histórico do que propriamente dito um pesquisador, é o de conhecer um pouco mais da história da Maçonaria. Sem me deixar levar por lendas e mitos, busquei, para tanto, me resguardar utilizando de autores que então escreveram a mercê do assunto. Não me preocupei em aqui escrever um artigo cheio de curiosidades e sensacionalismo barato, mas sim algo que ilumine e esclareça, de algum modo, sua interpretação do que é e, como surgiu a Maçonaria.

De Fato

A história da Maçonaria está incrustada em meio à poeira da história da humanidade, tão coberta, que se confundem com fatos, acasos e “achismos” que em nada tem a ver com a verdade empírica, principalmente quando se trata em buscar suas origens. É algo de tamanha complexidade que, até mesmo os próprios maçons sabem muito pouco de sua origem, quem dirá então seus inimigos. Sem levar em conta que todo um ar de mistério, lendas e boatos tornam todo trabalho de pesquisa mais árduo para os que se interessam por essa “seita”, que rompendo séculos, direta e indiretamente estiveram presentes em momentos decisivos da história da humanidade.

Alguns pesquisadores como Hugo Simas, dividem a história da Maçonaria em três períodos:

· O antigo ou lendário;

· O medieval ou operativo;

· O moderno ou especulativo;

O antigo ou lendário

Não se tem muito a respeito, mas é consenso entre historiadores que suas origens alcancem à penumbra do século V ac, onde os trabalhadores de pedras, manobravam seus maços com tanta maestria que não se ouvia o relinchar dos martelos no esquartejamento das pedras que foram utilizadas na edificação do Templo de Salomão.

O medieval ou operativo

As “guildas”, ou corporações de ofício da Idade Média, descendentes dos “Collegias Fabrorum” do exaurido Império Romano, unia artífices de mesma profissão. Essas associações, após o árduo e demorado tempo de aprendizagem, tinha como escopo guardar manter o segredo das profissões, fazendo de modo a serem confiados a uns poucos. Esses maços são chamados de “maços operativos”, responsáveis pela construção de pontes, mausoléus, palácios, catedrais dentre outras.

O moderno ou especulativo

Quando as construções de catedrais entram em declínio, a partir do século XVII, as Guildas de trabalhadores de pedra tomaram outro direcionamento ao permitiram que letrados eruditos adentrassem no corpo da instituição. A maçonaria tomou um ar especulativo e como não eram da área de construção, foram rotulados de “maços aceitos”, é nada mais nada menos a maçonaria, tal como hoje conhecemos.

Um breve tracejo

É em 1717 que surge a primeira loja maçônica, na cidade de Londres na Inglaterra, que se unindo a mais quatro lojas erguidas no mesmo ano, formaram a primeira grande loja do mundo, que passou a credenciar outras lojas que eram erguidas em diversos outros países.

Os estudiosos maçons classificam a maçonaria como uma instituição milenar, remontando a idéia de que sua fecundação se perde nas curvas empoeiradas do passado longínquo. Mesmo que os primórdios dessa instituição estejam submetidos ao obscuro, bem como boa parte de sua história de atos e acasos, o fato é que, a grande maioria dos escritores maçônicos preocupa-se demasiadamente em basear a história da Maçonaria com seu simbolismo, quando deveriam escrever essa história com base em sua própria tradição.

Escrever a história da Maçonaria em meio a essas condições se torna um desafio tremendo, uma história confusa, embalada ao “achismo” e a completa ignorância das pessoas que falam daquilo que se quer sabem o que significa, submetendo essa história a uma fantasiosa ficção ligada ao ocultismo e ao fantasioso. Tudo se torna um empecilho: a ausência de documentação, a discordância quanto as suas origens, paixão relevante de seus fervorosos fiéis bem como o ódio de seus arque inimigos detratores da verdade, como o escritor J. Marques Riviere.

E se seguem algumas teorias como a do pastor e estudioso da Arte Real, George Oliver, em sua obra The Antiquities of Freemasonry, que é citado na obra História da Maçonaria, de Nicolas Aslan. Disse Oliver:

“as antigas tradições maçônicas dizem, e penso que elas têm razão, que nossa ciência existia já antes da criação de nosso globo, e estava espalhada entre os sistemas mais variados do espaço. A instituição maçônica era Coeva da criação do mundo, tal a semelhança de seus princípios com os da primitiva constituição que vigorava no paraíso.”

Anderson e Dasaguilies, bebendo dessa mesma fonte, buscaram a origem da maçonaria na Bíblia. Acabaram por dar asas a imaginação, considerando os maços homens de “vera importância” que a Bíblia em suas seculares páginas menciona aos tantos.

Em 1773, sob o nome de Enoch e com o título de “Lê Vrai Franc-Maçon”, é publicado um livro que afirma categoricamente que Deus e o Arcanjo São Miguel foram os primeiros Grão-Mestres da primeira loja maço erguida pelos filhos de Seth. Estudiosos como Adelino de Figueredo Lima e Nicola Aslan, dizem que a opinião de Oliver e tantos outros que se seguem, não passa de uma verdadeira trapalhada e que acabou atrapalhando muitos outros.

Jean Marque de Riviere, inimigo fulminante da maçonaria, em seu livro Histoire de La Franc-Maçonniere Francaise, publicado em 1941, põe o dedo na ferida.

“os autores do século XVIII tem contribuído a tomar obscuras, longínquas e inacessíveis a origem da Maçonaria isto empreende-se pertencendo a uma ordem desacreditada e exposta às zombarias dos ‘profanos’, esses autores maçons (grande maioria deles) procuravam obter as cartas de nobreza que impusessem aos incrédulos, e a antiguidade, mãe do respeito, com que aureolavam a Maçonaria ainda bem nova historicamente, refletia-se sobre eles.”

Maurice Colinom, bem escreveu no século XVIII, sintetizando muito bem em diversas teorias sobre a origem da maçonaria, assim.

“Os maçons, deste século, esforçam-se por descobrirem seus antepassados dos quais pudessem ter orgulho. Encheríamos uma vasta biblioteca se reuníssemos somente as obras que pretendem demonstrar a filiação legítima da Maçonaria com os Rosacruzes, o Hermeticismo, o Cabalismo, Alquimia, as Sociedades Iniciáticas Egípcias, Gregas, judias, tríade secreta da Antiga China, os Colegia Fabrorum Romanos, a Cavalaria das Cruzadas ou a Ordem destruída dos Templários (...)”

No livro Curso da Maçonaria Simbólica, Theobaldo Varoli Filho, considerado pela crítica como um autor lúcido e profundo em suas interpretações doutrinárias, bem escreve.

“a verdade final é que a Maçonaria é o resultado da civilização mais avançada é não um credo que nasceu entre antropólogos ou do bolor dos sarcófagos e suas respectivas múmias.”


O fato é que, em meio a tantas confusões, a Maçonaria moderna, isso para a grande maioria dos historiadores, e resultado do sincretismo de várias épocas, assim como da aglutinação de valores de varias instituições até mesmo da própria Igreja Católica Apostólica Romana, quando descende dos antigos construtores de igrejas e catedrais da Idade Média. A igreja teve, portanto grande participação e influência em sua formação, não se podem descartar, é claro, a tese de que outras agremiações auxiliaram em sua estruturação filosófica e simbólica, tais como: os Carbonários (sociedade secreta e revolucionária surgida na França, no ano de 1810, que teve ampla atuação em países como Itália, França, Espanha e Portugal, tinha sua ideologia fundamentada nos princípios da liberdade, com certo ar de anticlericalismo); Rosa Cruzes (ordem hermética inserida na tradição esotérica ocidental, conhecida pela primeira vez no século XVIII, também chamada de o “colégio dos invisíveis”, tinha como objetivo auxiliar a evolução espiritual da humanidade). E assim se vai, dentre muitas outras, as águas que a maçonaria bebeu.


Neste presente “século de energia atômica e viagens espaciais”


Neste “século de energia atômica e viagens espaciais”, onde você pode pagar para ser lançado ao vácuo, os maços se dividem em duas “tendências”, se é que assim pode ser chamados, os Místicos e os Autênticos. Na verdade sempre coexistiram, mas foram descobrir sua rivalidade em tempos de capitalismo.


Os místicos, como idealistas ou espiritualistas, aceitam as lendas do passado como divina inspiração filosófica e simbólica, bem como manifestação pretérita (do que passou) da humanidade em evolução constante. Os autênticos por sua vez, combatem incessantemente os místicos, devido suas constantes derivações introduzidas na Maçonaria. Condenam qualquer teoria que diz que a Instituição tenha sua origem no antigo Egito, na Mesopotâmia, ou dos Assênios (“doutrina do deserto”, seita judaica ascética surgida por volta de 150 a.c.).


È Definida


“Maçonaria, ordem universal em termos de abrangência, podendo ser interpretada por alguns como uma sociedade, é constituída por homens de todas as nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregados em Lojas, nas quais, auxiliados por símbolos e alegorias, estudam e trabalham para aperfeiçoamento da sociedade humana. É fundada no amor fraternal e na esperança de que, com o amor de Deus, à pátria, a família e ao próximo, com tolerância e sabedoria, com a constante e livre investigação da verdade, com a evolução do conhecimento humano pela filosofia, as ciências e as artes, sob a tríade da Liberdade Igualdade e fraternidade e dentro dos princípios da Moral, da razão e da justiça o mundo alcance a felicidade geral e a paz universal.”


Essa seria talvez a definição mais bem reproduzida, empiricamente falando, e que não se deixa mergulhar no viés da ignorância, traduzindo uma sociedade de caráter fraternal, que admite todo homem integro, livre e de bons costumes sem distinção de cor, credo, posição política ou social. Suas únicas exigências plausíveis, como toda instituição que delimita direito e deveres, é que o candidato possua um espírito filantrópico, o propósito do aperfeiçoamento e da perfeição, o respeito direto à constituição de seu país, por onde os princípios da maçonaria tendem a reforçar o cumprimento das obrigações públicas e privadas.


A fim de garantir a mais absoluta liberdade de consciência, em suas Lojas são terminantemente proibidos o proselitismo religioso e político. Permitindo desse modo a existência de uma visão progressista que permitiu a Maçonaria sobreviver às diversas doutrinas e sistemas surgidos ao longo da história da humanidade. Um fato comprovado e curioso, é que sempre onde escasseou a liberdade e imperou a ignorância, foi justamente nesse momento que a Maçonaria foi mais contundentemente perseguida, tendo sua doutrina associada a legítima expressão do mal ou a outras formas religiosas como ao judaísmo, no período de intenso anti-semitismo da Europa Ocidental.


Claro que essa visão de liberdade e proselitismo parece estar muito enfeitada e colorida para ser de fato um fato. A verdade é que esta é a visão da própria Maçonaria, que se resguarda, portanto utilizando-se de valores da estrutura mental dominante, em um discurso de defesa e legitimidade da própria instituição.


Legado


As cerimônias maçônicas são sempre ritualistas e alegóricas, fundamentadas em antigos costumes que remontam as Guildas construtoras de catedrais da Idade Média e até mesmo aos passos dos construtores do templo de Salomão. O que demonstra a sua observância quanto à preservação do passado moral, que considera o trabalho como uma ética espiritual.


A maçonaria tem como princípios básicos a serem preservados e estimulados: a gentileza, decência, honradez, afeto, compreensão, amabilidade, honestidade. Os três grandes princípios, em que se fundamentam a busca do progresso e da auto-realização são: o amor fraternal, havendo sempre compreensão, e respeito com profunda tolerância pela opinião dos demais; ajuda e consolo, a esse ponto estende-se a toda comunidade e relação entre humanos; verdade, considerado como norteador da moral do maçon; A organização, os maçons se reúnem em Lojas, que por sua vez se reúnem regularmente uma vez por semana.


As regras


A maçonaria mantem viva um conjunto de regularidades, um conjunto de deveres os quais podemos resumir em três aspectos principais: a legitimidade de origem, respeito às antigas regras e reconhecimento.


Legitimidade de origem

Uma grande Loja necessita, para ser regular e reconhecida na transmissão da tradição tem que ser reconhecida por outra grande loja. Preservando desse modo a regularidade de origem;


Respeito às antigas regras

A principal regra é seguir a constituição de Anderson, de 1723, elaborada por Anderson, Payner e Desaguilliers, para a recém-fundada Grande Loja de Londres. Levantam-se aqui cinco pontos fundamentais para as regras a serem respeitadas:

  1. Absoluto respeito aos antigos deveres;
  2. Só é possível aceitar homens livres, respeitáveis e de bons costumes que se comprometam a por em prática um ideal de liberdade, igualdade e fraternidade;
  3. Ter sempre como objetivo o aperfeiçoamento do homem, e como conseqüência, de toda a humanidade;
  4. Prática escrupulosa dos rituais, como modo de acesso à sabedoria;
  5. A Maçonaria impõe e exige aos seus membros o mais absoluto respeito às opiniões e crenças de cada um, proibindo categoricamente toda discussão, proselitismo ou controvérsia política, econômica, social ou religiosa.


Para que uma obediência seja regular, ela tem que ser reconhecida por outras, isso após um significativo tempo de observação, todavia o reconhecimento não é incondicional.


No Brasil, um breve tracejo


De fato, é em 1787, que a maçonaria começa suas atividades no Brasil com a loja cavaleiros da Luz, na povoação da Barra, em Salvador, Bahia. De 1800 a 1801 foi fundada no RJ, por maços portugueses, a loja União, posteriormente denominada Reunião. Que se uniu ao Grande Oriente Lusitano em 1800 e mais tarde ao Grande Oriente da França.


De 1809 a 1812 é Fundada, na freguesia de São Gonçalo, Niterói, a loja Distintiva. Tinha como emblema um Índio vendado e manietado de grilhões e um gênio em ação de desvendá-lo e desagrilhoar. Era republicana e revolucionária sendo dissolvida por isso.


Em 1822 a loja comércio das artes confere a D. Pedro o título de “Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil”. E em 20 de outubro de 1823, D. Pedro I proíbe as sociedades secretas no Brasil, sob pena de Morte ou exílio. Só em 1831, O Grande Oriente do Brasil restabelece suas atividades em 23 de novembro, encerradas em 1822. Jose Bonifácio é eleito grão-mestre.


E em 1832 houve a Co-existência de dois Grandes Orientes: o Grande Oriente do Brasil, presidido por José Bonifácio, e o Grande Oriente Nacional Brasileiro. Devido a uma cisão neste último, surge outra entidade, que elege marechal Duque de Caxias como grão-mestre. As rivalidades da época provocaram o fechamento do Grande Oriente de Caxias.


Por fim


A origem da maçonaria, portanto, se tornou um tema rodeado por uma conjuntura de controvérsias, de posicionamentos e discordâncias. O fato inegável, todavia, é que a Maçonaria, em certo sentido e até certo ponto, é resultado da aglutinação de diversos elementos de vários tempos e suas respectivas instituições, alegorias, seitas, em fim, como queiram chamar. Mas como historiador, digo que seria incorreto ver a Maçonaria como preexistente, uma vez que nenhuma delas se orientava pela marca registrada da Maçonaria moderna, o Libre Pensée (livre pensamento). É fato histórico e empiricamente comprovado que a Maçonaria como instituição, essa sim é uma palavra de forma datar seu existencialismo, surgiu com a criação da Grande Loja de Londres, em 1717.


Todavia, me fascina a concepção de “Maçonaira-Idéia” de Sérgio Luiz Alagemovits, uma Maçonaria que ultrapassa a riqueza dos rituais, das vestimentas ornamentadas ou das constantes estamentatização de títulos. Isso significa falar de uma força que faz mover a engrenagem da ordem, do fluxo de energia que tem como objetivo o aperfeiçoamento da matéria e o desenvolvimento da espiritualidade do homem. De uma maçonaria que nunca esteve escrita em lugar algum e que se torna imperceptível aos olhos dos ignorantes. Essa “Maçonaria-Idéia” sempre existiu, e talvez sempre existirá.


Referências Bibliográficas:


A Bíblia de Jerusalém. Ed. Paulinas 1981;


Apostila de História Maçônica do Seminário Geral de Mestres Maçons ­1992 – Grande Oriente do Brasil;


Apostila do Seminário de Mestres Maçons 1971 - Palestra do Ir.·. Nicola Aslan – Grande Oriente do Brasil;


Apostila do Seminário de Mestres Maçons - Título II - História - 3 Conferências proferidas pelo Ir.·.Álvaro Palmeira - 1978 – Grande Oriente do Brasil;


ASLAN, Nicola.Pequenas biografias de grandes maçons brasileiros. Editora Maçônica, Rio de Janeiro: 1973.


Cartilha do Aprendiz - Ir: José Castellani - Ed. Maçônica “A Trolha Ltda”- 1ª Edição -1992,


Curso de Maçonaria Simbólica - Aprendiz - Ir: Theobaldo Varoli - Ed. Gazeta Maçônica - 1974;


Jornal “Egrégora” - Órgão Oficial de Divulgação da Loja Maçônica Miguel Archanjo Tolosa n° 2.131 - Número 01 (Jun-Ago 1993) - Artigo do Ir.·.Sérgio Luiz Alegemovits “Enfoque Maçônico do Universo” .


Repensando – Ir.·. Vady Nozar de Mello - Florianópolis - Ed. Papa-­Livro, 1993, págs. 21 a 31;


COUTO, Sergio Pereira. Sociedades secretas, Maçonaria. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=PX41_XBZqAC&pg=PA18&lpg=PA18&dq=Maurice+Colinom&source=web&ots=3XyrxedmM2&sig=PHYhc4G5KAp1l70lL6d-rzlAFyg&hl=ptBR&sa=X&oi= book_result&resnum=5&ct=result#PPA4,M1. Acessado em 05/02/09.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"O Caos Nosso de Cada Dia", nos dai hoje...



By Douguera


Você toma em média quantos ônibus por dia para se locomover de sua casa até seu trabalho ou curso e vice versa? Quer dizer, você não o toma é ele quem te toma um mês de vida a cada viagem. São horas aguardando o infeliz do ônibus e quando ele passa, está tão cheio que faz a sardinha em lata parecer um peixe em um aquário de mil litros. Não cabe nem um fio de cabelo com graxa e você é obrigado a esperar o próximo, que com uma boa dose de fé, dará par ir em pé.


O diretor de planejamento da Ceturb-GV, o Sr. José Carlos Pereira Moreira, que provavelmente nunca pois sua bunda rechonchuda em um ônibus, tem ainda a cara de pau de dizer que o transporte público da grande vitória “é um exemplo para as demais capitais”. O meu maior medo é se todos seguirem esse exemplo.


Para o italiano Ennio Flaiano, roteirista, novelista, dramaturgo, jornalista e crítico, o automóvel não passa de quatro poltronas colocadas sobre um estrado de aço e conduzidas por um motor a explosão. Mas se ele visse um ônibus da Grande Vitória, iria perceber que não é só o motor que é a explosão e sim todo o coletivo. Seguindo o lema de que “sempre cabe mais um”, onde cabem 69 sentados e em pé, entram104, “noves fora”, e sobem dois a cada ponto até o terminal. O resultado dessa equação é uma confusão.


É a “hora do rush”. Rush significa rapidez, pressa, e é nessa hora que a pressa deixar de ser a inimiga da perfeição para se tornar a inimiga de sua paciência. Enquanto você aguarda um ônibus em um dos terminais da grande vitória irá concerteza presenciar uma gritaria misturada com falatório, criança chorando, um celular miserento tocando funk, tudo isso aliado a barulho de motores e businas com bip de alerta de ré, o que faz dos terminais de ônibus um verdadeiro teste para cardíaco.


Todavia, mesmo em meia a essa conjuntura de precariedade, a Ceturb-GV foi uma das empresas premiadas no ciclo 2008 de Prêmio Qualidade Espírito Santo (PQES), em uma solenidade no centro de convenções de vitória. Pergunto-me se algum dos organizadores da premiação por ventura não gostaria de entrar em um 507, em um 500 ou em tantos outros ônibus amarrotados e socados de pessoas? Porque se vissem as condições, perceberiam que já batemos todos os recordes de superlotação, e que isso é coisa para o Guiness Book.


Uma boa noticia, todavia, é que a Lei Federal 11126/05, agora assegura a permanência dos cães-guias no ônibus. Mas, qual foi à lei que garantiu a nossa permanência e segurança? pois já estamos sendo tratados como cães há anos, alias cães baldios.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O Caçador de Pipas: "há um jeito de ser bom de novo"


De todos os livros que já li, releve o fato de que me sufoco em minhas limitações e digo que devido a elas foi um número significativo, o que para alguns pode parecer irrisório, o livro O Caçador de Pipas, de Khaled Housseini, a meu ver foi uma das histórias, do gênero romance, que se demonstraram mais humana do seu início ao fim. Humana a ponto de despertar em mim sentimentos variados, ao passo que seu conteúdo de forma extraordinária, como bem disse Isabel Allende, conseguiu comprimir grandes temas da literatura como: “amor, honra, culpa, medo, redenção”.


Todo esse caráter humano, além é claro de uma narrativa excepcionalmente rica em detalhes, mostrando diferentes grupos étnicos e uma pátria que bestialmente foi marginalizada pelo ocidente, faz do livro um verdadeiro clássico da literatura mundial, não é a toa que a obra já vendeu mais de dois milhões de copias só nas terras do Tio Sam.


Por que O Caçador de Pipas?


Existem inúmeras teorias para a origem da pipa, que em terras Tupiniquim é chamada de papagaio. Uns dizem que sua origem é chinesa, há cerca de três mil anos, onde os generais empinavam pipas nos frontes de batalha a fim de enviar mensagens a seus homens. Outros afirmam que muito antes dos chineses os egípcios já eram conhecedores da arte de empinar pipas. E aprendi com esse livro que na Malásia eles utilizam a pipa para pescar.


A pipa, que Amir e Hassan empinam juntos, simboliza a fragilidade de um relacionamento chamado de amizade, cheio de altos e baixos, bons ventos e maus ventos. Uma linha tenua, entre dois jovens de origem étnica diferente que foram criados juntos e amamentados pela mesma ama-de-leite, que se partiu e a pipa saiu à deriva perdida na imensidão do “céu”, ora azul ora nublado, que por sinal é muito bem descrito no decorrer da narrativa. Mas, “há um jeito de ser bom de novo”, é ai que entrar O Caçador de Pipas, é a hora da redenção, a hora de Amir ir em busca da pipa, recuperar seu passado e seus valore humanos.


Khaled Hosseini, o autor:


Nasceu em Cabul, no Afeganistão, em 1965. É o primogênito de cinco irmãos. Em 1976, aos 11 anos de idade, sua família se mudou para Paris, onde seu pai assumiu um posto diplomático na embaixada afegã. Após o mandato de seu pai na França, Housseini voltou para o Afeganistão, que foi invadido pelos soviéticos em 27 de dezembro de 1979. Em 1980, após pedido de asilo político, sua família foi para San Jose, na Califórnia, e Hosseini se formou em medicina. Assistiu o grupo fundamentalista islâmico Taliban (milícia sunita) assumir o poder em 1996 e fazer uma verdadeira limpeza étnica em seu país. É casado e têm dois filhos, um menino e uma menina, Haris e Farah.


Em fim


Um best seller aclamado pela crítica mundial, um livro que talvez nos ajude a romper com as amarras formais e anacrônicas do preconceito com países e culturas diferentes. Um livro que nos mostra que, mesmo na guerra há esperança de paz, é que não há fronteiras quando nos referimos a seres humanos e seus respectivos sentimentos, medo, dor, amor, ódio, culpa e redenção. Eu li o livro, que fez em mim despertar inúmeros sentimentos, chorei e ri, recordei de erros do passado e aprendi que “há um jeito de ser bom de novo”, a todo momento.


Bibliografia:

HOSSEINI, Khaled. O caçador de pipas: romance. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Rei de Château de Nepomuceno


By Douguera


“Je suis le soleil” (eu sou o sol), dizia o pomposo monarca francês Luís XIV, reclinado sobre uma das centenas de janelas de um dos símbolos maiores da Monarquia absolutista francesa, o Château de Versailles (Castelo de Versalhes).


Castelos, obras monumentais absurdamente onerosas, são construídos por dois motivos básicos: primeiro para evitar invasões e segundo para revelar o poder de seu ocupante. Há ainda gente maluca como Ludwig II, também concebido como Ludovico II, “o louco”, rei da Baviera, que ergueu o sinuoso Neuschwanstein ao sul da Alemanha no final do século XIX, simplesmente para satisfazer seu bel prazer romântico.


De gente maluca esse mundo sempre esteve cheio, todavia, um corregedor da Câmara, eleito recentemente para o cargo de segundo vice-presidente, erguer um castelo, isso a gente não descobre todo dia. Edmar Moreira (DEM-MG) seria louco, ou mais um de nossa horda de políticos absolutistas picaretas? O fato é que o homem ergueu uma majestosa construção, avaliada entre 20 e 25 milhões, em um fim de mundo chamado São João de Nepomuceno (MG), um lugar pacato e bucólico que mais lembra uma antiga vila medieval, e omitiu esse bem de sua declaração de bens entregue à justiça nas últimas eleições.


Sua desculpa, como bom político picareta, era a de explorar mais o potencial turístico da região e que o imóvel, o castelo que começou a ser construído na década de 80, foi passado em 1993 para o nome de seu filho, Leonardo Moreira. Declarou apenas que possuía na cidade um terreno avaliado em pouco mais de 17 mil.


O rei ainda é acusado, segundo a Folha de São Paulo, de possuir dívidas com o INSS no valor de um milhão, onde sua empresa de segurança, a “Guarda Real”, recolhia a contribuição previdenciária do funcionariado, porém não encaminhava ao INSS. O caso está em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Resta agora saber se a cabeça do rei do Château de Nepomuceno irá rolar como a de Carlos I da Inglaterra ou como a de Luís XVI, da França. Ou ainda se tudo não vai acabar em uma majestosa pizza.