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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

SOCIOLOGIA – AULA 01 – O QUE É SOCIOLOGIA?

Prof. Douglas Barraqui

O que torna possível a vida em sociedade?

Vamos fazer um exercício:

Olhe pela janela do seu quarto em sua casa ou apartamento. Observe os transeuntes que se cruzam na rua, se dão bom dia ou não, apenas se ignoram. Entre essas pessoas há um padeiro, mecânico, marceneiro, eletricista, professor, advogado, gari, dona de casa e por ai vai. Todos próximos vivendo em uma mesma rua, de um mesmo bairro, de uma mesma cidade em um mesmo Estado e país, VIVENDO EM SOCIEDADE.

Para a vida em sociedade dar certo em uma cidade é necessário organização. E essa organização depende das pessoas que moram nessa cidade.

Há tantas pessoas em uma cidade que a gente se pergunta: como ela se organiza? Como ela funciona? Como ela se estrutura? Para responder essas perguntas é que surgiu a SOCIOLOGIA.

SOCIOLOGIA é a parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em sociedade e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos do sociólogo.

Mas, o que é VIVER EM SOCIEDADE? Em sociologia, uma SOCIEDADE (do latim: societas, que significa "associação amistosa com outros") é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade. Para uma vida em sociedade além da cooperação dos indivíduos, também é necessário a atuação das autoridades públicas. Afinal de contas estamos, como diz o velho jargão, “todos no mesmo barco”.

Os estudos sociológicos:

O que a sociologia e os seus estudos estudam e se preocupa, por exemplo com
a)      as ações sociais;
b)      as interações sociais;
c)       as mudanças sociais;
d)      as instituições e práticas sociais;
e)      as relações entre as pessoas;
f)       os papeis sociais assumidos por cada indivíduo;

As bases da sociologia foram construídas por:

a)      DAVID ÉMILE DURKHEIM - Sociólogo, psicólogo social e filósofo francês. Comumente citado como o principal arquiteto da ciência social moderna e “PAI DA SOCIOLOGIA”, primeiro sociólogo moderno. Em sua obra “Da Divisão do Trabalho Social” e “As Regras do Método Sociológico”, ele argumenta que o comportamento humano é moldado pelo que ele chamou de “fatos sociais” ou pelo “contexto social” das pessoas.

b)      KARL MARX – Filósofo, economista, sociólogo nascido na Prússia. Em sua obra “O Capital” ele coloca como cerne de seu pensamento é a chamada “LUTA DE CLASSES”. Nesta obra Marx faz duras críticas ao modelo de sociedade capitalista. Para Marx o conflito entre as classes sociais é o MOTOR DA HISTÓRIA. Deve-se ao chamado marxismo a formação e o desenvolvimento de um pensamento sociológico mais crítico e radical.

c)       KARL EMIL MAXIMILIAN WEBER - intelectual, jurista e economista alemão visto como um dos fundadores da Sociologia. Weber desenvolveu estudo comparado da história, da economia e da história das doutrinas religiosas. São muito conhecidas as suas teses sobre a relação do protestantismo com o capitalismo. Tem como principais obras “A Ética protestante e o “Espírito Capitalista” e “Economia e Sociedade”.

Um padeiro, mecânico, marceneiro, eletricista, professor, advogado, gari, dona de casa, exemplos Citados no começo desse artigo, são exemplos da divisão do trabalho em uma sociedade. Cada um fazendo a sua parte para que um todo funcione. Em um olhar mais específico podemos dizer inclusive que todas as “CLASSES SOCIAIS” aparecem em uma cidade. Assim como todas as diversidades de religião, cultura gênero. Uma cidade, portanto é reflexo de como nós, vivendo em sociedade, conseguimos nos organizar.

A sociologia e a sociedade

E o que os estudos relacionados a sociologia tem a nos dizer sobre a sociedade:

Para a maior parte das pessoas é muito mais fácil compreender as relações entre conhecidos, amigos e mesmo parentes. Porém, entender como que socialmente os problemas aparecem em uma sociedade é mais complexo. Torna-se mais fácil compreender o porquê do filho do vizinho ter se tornado um delinqüente. Ao mesmo tempo é difícil entender a delinquência como um problema de caráter social. Quais as condições da sociedade que fizeram com que, em um determinado momento, o filho do vizinho partisse para a criminalidade. Aqui entra a sociologia como uma ciência que se propõe a compreender as naturezas dos problemas sociais, as suas explicações, os desdobramentos e mesmo propor a superação desse problema.

Veja o caso do problema do desemprego:

Quais seriam as condições sociais para que em uma sociedade existam pessoas desempregadas? Por que existe desemprego nessa sociedade? Quais as causas do desemprego? Há ausência de políticas públicas contra o desemprego? Há alguma razão histórica, cultura, conjuntural ou estrutural para o desemprego? Essas perguntas, bem como outros problemas da nossa sociedade são estudas por um sociólogo.

No Brasil temos importantes sociólogos que contribuem para análise da sociedade brasileira. Dois deles se destacaram para o desenvolvimento sociológico e da sociologia no Brasil:

   a)      GILBERTO DE MELLO FREYRE - Ensaística da interpretação do Brasil sob ângulos da sociologia, antropologia e da história. Recebeu da Rainha Elizabeth II o título de Sir, sendo um dos poucos brasileiros detentores desta alta honraria da coroa britânica. Gilberto Freyre fez estudos das características e da formação da sociedade brasileira a partir de investigação das raízes agrárias e escravocratas em nosso país. Elencou o papel do índio, do colonizador, do português e do escravo negro na formação da família brasileira. Suas analises sobre a miscigenação, base da formação social brasileira, levaram ao desenvolvimento do conceito de “DEMOCRACIA RACIAL” para explicar que no Brasil se tem uma democracia social através de uma mistura de raças. Casa-Grande & Senzala talvez seja sua mais importante obra.


    


    
    b)      FLORESTAN FERNANDES - Sociólogo e político brasileiro, sendo inclusive eleito deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores. Além de importantes obras sobre a sociedade brasileira Florestan Fernandes estruturou o ensino e a pesquisa da sociologia no meio universitário. Se dedicou ao estudo dos problemas relacionados a modernização e a democratização da sociedade brasileira. Investigou temas como os latifúndios e as oligarquias, autocracia e a ditadura, a exclusão social e a dependência econômica.





Conclusão:

Desde os primórdios da humanidade a diversidade dos tipos humanos e das culturas fascinou e, ao mesmo tempo, intrigou os pensadores, que tentavam entender o que provocava a diversidade. No princípio, as explicações tinham bases divinas e míticas. A elas se misturaram os preconceitos que pareciam autorizar os povos mais fortes a qualificarem os outros como inferiores. Só com o passar do tempo é que foi possível perceber que o gênero humano é único e é a história de cada um que explica o que são e por que diferem de nós. Após isso, foi possível à sociologia empreender a tarefa de compreender as ações humanas, compreender o homem em sociedade.

REFERÊNCIAS:

COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: nascimento da sociologia. Livro do Professor. Uno Internacional,  2013.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Reimpreso em 1997, Editorial Fundo de Cultura Econômica.

PIERUCCI, Antônio Flávio de Oliveira. O desencantamento do mundo: todos os passos do conceito em Max Weber. São Paulo: Editora 34/ Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, 2003.

SINGER, Paul. Marx – Economia in: Coleção Grandes Cientistas Sociais; Vol 31.


domingo, 8 de dezembro de 2013

Contra a iniciativa privada dos ricos que é contra a propriedade privada dos pobres

Por Diogo Costa

Por boa parte do tempo em que morei em Washington, da janela do meu apartamento eu via a imagem ao lado.

Uma casa de dois andares pressionada por dois gorilas de prédios. A construtora dos prédios havia tomado todo o quarteirão, menos aquela casa, que ali permanecia excêntrica e anacrônica. Fiquei curioso. Por que só aquela construção não havia sido demolida para dar espaço a novos projetos milionários? O dono de uma loja de conveniência do outro lado da rua me deu a resposta: por causa do direito à propriedade privada. A construtora que comprou todos os imóveis do quarteirão não conseguiu convencer um proprietário específico a se desfazer do seu. Nem os US$2 milhões que ela supostamente ofereceu conseguiram derrubar o direito do dono.

Difícil imaginar o motivo da recusa. Aquele era um trecho antes habitado quase que exclusivamente por pessoas de baixa renda. Não deve ter sido difícil fazer uma proposta que parecesse irrecusável a cada morador. Por que apenas um sujeito resistiu? Queria dizer que era por um passado romântico como o do velhinho do UP. Mas a coisa foi mais ordinária. Uns me disseram que ele pretendia abrir um negócio. Outros, que estava apostando na valorização futura do seu imóvel. 

O bonito da história é que não importa o motivo. Ele não teve que se justificar perante um tribunal ou um conselho comunitário. Não teve que demonstrar como a preservação da sua casa geraria externalidades positivas para o resto da cidade. Bastou dizer "não, obrigado". A propriedade privada lhe serviu de escudo. Nem todo o poder econômico foi capaz de retirar a casa do seu dono. E lá a casa se mantém: feia, desperdiçada, debochada, mas de pé como um dedo do meio aos que quiseram destruí-la.

Iniciativa privada não é a mesma coisa que propriedade privada. A sua propriedade serve de barreira às ambições invasivas da minha iniciativa. O escritor G.K. Chesterton sabia disso. Ele escreveu em The Outline of Sanity de 1927 que "um batedor de carteiras é obviamente um fomentador da iniciativa privada. Mas seria talvez um exagero dizer que um batedor de carteiras é um fomentador da propriedade privada."

De batedores de carteira em 1927 para Eike Batista em 2012. No ano passado, o município de São João da Barra, RJ começou a desapropriação de 401 propriedades (número oficial) numa área de 70 milhões de metros quadrados. Famílias e fazendas deveriam ser removidas para que o terreno fosse ocupado pelos empreendimentos do grupo EBX. Peço que vejam esse vídeo (4:19) mostrando o processo de remoção:


No otimismo de um ano atrás, o sujeito responsável pelo processo de desapropriação afirmava que a instalação da EBX traria benefícios para os agricultores e para seus filhos — o conhecido argumento de que para se fritar uma omelete é preciso antes quebrar alguns ovos. E agora, tantos ovos quebrados e nem vai haver óleo para fritar a omelete.

A apresentadora do telejornal do vídeo ainda apresenta o problema como um dilema entre "produtores rurais que vivem ali" e o "desenvolvimento batendo à porta". Um verbo mais apropriado seria "arrombando". Bater à porta é o costume de uma civilização que entende os limites da propriedade privada, de visitantes que esperam pelo convite do dono da casa para poderem entrar. Onde se bate à porta, empresas têm de negociar com os proprietários, não com o governo do estado. Onde se bate à porta, a polícia age em proteção à nossa propriedade, não a serviço de quem paga mais. Onde se bate à porta, uma única casa pode ser a exceção aos mais magníficos projetos de construção civil. Onde se bate à porta não se batem carteiras.

Políticos prometem cestas e bolsas para os pobres; prometeram "auxílio-produção" aos desapropriados. Mas negam aos pobres exatamente aquilo que pode fazer com que eles não dependam mais de cestas nem de bolsas: o direito de serem donos das suas coisas. Em vez disso, os pobres permanecem dependentes de favores na época de eleições, de decisões políticas tomadas em gabinetes fechados, da boa vontade do judiciário e de deliberações intermináveis travadas em conselhos comunitários.

No vídeo, o Sr. Manoel Toledo faz (2m30) um comovente depoimento de dignidade através da produção: "a única coisa que eu não vou aceitar é sacolão de comida, que eu nunca precisei de sacolão de comida de ninguém".  Dar ao pobre o direito de ser dono de suas coisas é lhe conferir o direito de não ser dominado, chantageado. "Os direitos de propriedade podem munir uma pessoa com segurança pessoal, escreve John Tomasi em Free Market Fairness, "cidadãos com esses direitos sabem que eles podem se agarrar a alguma coisa que não pode ser tirada deles."

Ao investigar as consequências econômicas da falta de direito de propriedade entre as populações mais pobres do continente, Hernando de Soto se projetou como o mais influente economista sul-americano da sua geração. Só nas terras que os latino-americanos possuem de fato, mas não de direito, De Soto descobriu que os pobres da América Latina estavam sentados em cima de quase 10 bilhões de dólares. Sem título de propriedade, não podiam capitalizar em cima desse valor.

Se o governo do estado do Rio realmente quiser avançar o bem-estar das famílias pobres, deve sair da contramão. Em vez de desapropriar terras em favor das empresas mais ricas do país, deveria expandir projetos de concessão de títulos de propriedade a moradores das áreas mais pobres do estado. É o que o Projeto Cantagalo está fazendo em Copacabana. E é o que deveria ser feito por todo o Brasil.

O problema da forma que se conduz o capitalismo, dizia Chesterton, "é que se tem pregado a expansão dos negócios em vez da preservação dos pertences. O melhor que conseguem fazer é disfarçar o batedor de carteiras com as virtudes do pirata."

No Brasil de Eike e na Inglaterra de Chesterton, o mesmo problema esvazia os bolsos e a dignidade dos pobres: o capitalismo é privilégio dos ricos e o socialismo é a promessa dos pobres. Chesterton sabia que a solução não era socialismo para todos. Lembrava que "o comunismo apenas resolve o problema de se bater carteiras proibindo as carteiras." A solução era, e ainda é, capitalismo para os pobres. E capitalismo começa com propriedade privada.


Diogo Costa é presidente do Instituto Ordem Livre e professor do curso de Relações Internacionais do Ibmec-MG. Trabalhou com pesquisa em políticas públicas para o Cato Institute e para a Atlas Economic Research Foundation em Washington DC. Seus artigos já apareceram em publicações diversas, como O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Diogo é Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis e Mestre em Ciência Política pela Columbia University de Nova York.  Seu blog: http://www.capitalismoparaospobres.com

domingo, 23 de novembro de 2008

Um Monarca em Apuros


by Douguera


O movimento republicano


O ideal de república não era novo no país e se divide em duas fases: durante o Período colonial, significou a revolta contra a metrópole, é o que a autora Emila Viotti Costa chama de republicanismo utópico e após independência:, que significou uma oposição ao governo.


O partido republicano surge em 1870, sua origem está no partido liberal, que em 1868 cindiu-se em duas alas: radicais e moderados. Dentro da ala dos radicais que vai evoluir o ideário republicanismo.


De 1870 até 1889 o partido republicano ampliou sua influência. Foram criados vários clubes e jornais, e essa ampliação do ideário de república se dá graças a propaganda feita por esses órgãos, que se concentraram preferencialmente no sul, segundo o qual 73% dos jornais e 89% dos clubes, localizavam-se nessas províncias. Portanto, o sul do país demosntrava que era o grande emissor da propaganda republicana.


Grande parte do corpo militante do movimento republicano era composto por fazendeiros, rompendo com a idéia de que as zonas rurais eram predominantemente conservadoras. Os dirigentes do movimento deixavam bem claro em não ter nada a ver com a questão abolicionista (o que não significava que alguns de seus membros fossem simpáticos ao fim do escravismo) a fim de conservarem a simpatia com os fazendeiro. Quando a participação no movimento era preponderante a presença de elementos do oeste paulista em detrimento do Vale do Paraíba. Emília diz que o Oeste Paulista configurava-se em uma zona pioneira e que destacava-se pelo espírito progressista: pioneiros na substituição da mão de obra escrava pela de imigrantes, ampliação de ferrovias e organismos de credito, a própria população era mais diversificada profissionalmente, formação de uma mentalidade mais urbana do que rural devido que os fazendeiros viviam boa parte do ano nas cidades. Portanto em São Paulo os fazendeiros formavam o núcleo mais importante do partido republicano, já no Rio de Janeiro e demais províncias era constituída por representantes da camada urbana.


O partido republicano se dividia em duas tendências: A revolucionária, idealizava a revolução popular, o povo deveria fazer a revolução e a evolucionista, acreditavam que se chegaria a republicanismo pelo modo pacífico, através da via eleitoral. Essa ala evolucionista é a vencedora no congresso realizado em são Paulo em 1889, e Quintino Bocaiúva é indicado para a chefia do partido.


A solução militarista


É em 1887 que a chefia do partido começa a cogitar na possibilidade de recorrer ao exército a fim de derrubar a monarquia e instaurar a república. A questão militar era explorada pelos republicanos a fim de colocar os militares contra a monarquia, e assegurava-lhes incondicional apoio. A autora explica que não havia uma questão militar e sim várias: a primeira data do fim da Guerra do Paraguai; difusão do positivismo de conte nas escolas militares, principalmente com a ação de Benjamin Constant; entre os militares havia a difusão da convicção de que os homens de farda eram “puros” e “patriotas”, e estavam ansiosos para corrigir os vícios da organização política do país, ao contrário dos civis corruptos e sem nenhum sentimento patriótico. Dentro do corpo militar havia certamente profundas divergências, mas a adesão de uma facção, mais ou menos importante, à idéia de república foi decisiva para a proclamação da mesma. Emília argumenta que: "A república nasce sobre o signo do exército".


Tentativas de frear o movimento



O movimento abolicionista e a propaganda republicana faziam generalizar a impressão de que a monarquia estava com seus dias contados. Foram então deixadas algumas palavras proféticas pelo Barão de Cotegipe, disse ele:


“não se apresse a correr para ela que ela está correndo para nós. O meu ministério caiu por uma conspiração do palácio, o meu sucessor sairá na ponta das baionetas e talvez com ele a Monarquia.”


Ouro Preto, quem assumira o ministério em 1889, tinha a plena convicção dos riscos que estava por enfrentar. E deste modo era necessário neutralizá-la, não por meio da violência ou repressão, mas sim demonstrando a elasticidade do regime monárquico, por intermédio de reformas políticas, sociais e econômicas, inspiradas na escola democrática. Inicia-se então o programa de reformas: ampliação da representação; plena autonomia das províncias; liberdade de culto religioso; temporariedade do senado; liberdade de ensino; lei de terras que facilitasse sua aquisição; estabelecimento de créditos; elaborar um código civil; reformas no conselho de Estado dentre outras reformas de nítido carater liberal.


Pedro Luiz Soares de Souza, deputado do Rio de Janeiro, pergunta a Ouro preto: “é o começo da República?”, ao que lhe respondeu Ouro Preto: “não, é a inutilizarão da República.” A câmara recuou diante das medidas, que pareciam demasiadamente radicais. O que testemunhando, portanto, a incapacidade dos grupos dominantes em aceitar as reformas necessárias para inutilizar o movimento republicano sem a repressão. O fato é que seria impossível realizar tais reformas dentro dos quadros da monarquia.


O golpe de 15 de novembro



Com a dissolução da câmara a situação se agravou. Ouro preto tomou algumas medidas que desagradaram os militares e foram amplamente utilizadas pelos republicanos, que se aproveitando do momento de inquietação, passaram a insistir com os militares para que se colocassem à frente do movimento republicano. Em 11 de novembro, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Bocaiúva, Glicério e o coronel Sólon reuniram-se na casa de Deodoro a fim de convencê-lo a tomar partido. Assim em 15 de novembro era proclamada a República, por um golpe militar, conjugando três forças: O exército, fazendeiros do Oeste Paulista e Representantes da classe média urbana.



O ano de 1889, todavia, não significou uma ruptura do quadro histórico do Brasil: As condições de vida do trabalhador rural continuaram as mesmas; Permaneceu o sistema de produção e o caráter colonial da economia e persistia a dependência em relação ao mercado externo e ao capital estrangeiro.


Bibliografia:


COSTA, Emilia Viotti da. Da Monarquia a Republica: momentos decisivos. 5. ed. - São Paulo: Brasiliense, [1989?]. 361p. ISBN 8511130462 (broch.).

BEAUGESTE, Leon. Fatos do Brasil Império. Disponível em: http://fatosdobrasilimperio.blogspot.com. Acessado em 23/11/2008.