segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ASPECTOS ECONÔMICOS DO BRASIL COLONIAL

Prof. Douglas Barraqui

A)   A ECONOMIA AÇUCAREIRA
Ø  Origem índia (portugueses trouxeram mudas de cana-de-açúcar das Índias e implantaram seu cultivo nas ilhas do Atlântico (arquipélago dos Açores e ilha da Madeira).
Ø  “Ouro doce” – elevado valor do produto na Europa.
Ø  Condições favoráveis para o plantio: solo e clima.
Ø  Regiões produtoras: São Vicente, Pernambuco e Bahia (foram às capitanias que conseguiram os melhores resultados no plantio da cana).
Ø  Modo de produção:
Plantation:
1)    Latifúndio
2)    Exportação
3)    Monocultura
4)    Mão-de-obra escrava

B)   O ENGENHO
ü  O engenho era o local onde o açúcar era produzido. Era dividido em:
·         Área de plantação de cana;
·         Casa da moenda;
·         Casa de purgar (além de outras dependências para transformar a planta); galpões e/ou depósitos; capela; casa-grande (como ficou conhecida a residência do senhor e de sua família);
·         Senzala (alojamento dos escravos);
·         Casa Grande (residência do senhor de Engenho);
Tipos de engenhos:
Ø  Engenho real - era movido por energia hidráulica e processava uma quantidade maior de cana
Ø  Trapiche – engenho movido por tração animal, como cavalos e bois.
Ø  Moenda manual - que era impulsionada por escravos.
Alguns engenhos, porém não possuíam a moenda ou a caldeira; por isso, vendiam sua produção para os chamados engenhos reais. O pagamento era feito com parte do açúcar produzido, que em alguns casos podia chegar à metade da safra.

C)   O PROCESSO DE PRODUÇÃO AÇUCAREIRA
1.    Inicialmente, derrubava-se a mata, e o terreno era limpo.
2.    Covas eram abertas para enterrar pedaços de cana.
3.    Cerca de 12 meses depois, a cana crescida era cortada e amarrada em feixes, que eram transportados em barcas ou carros de boi até as moendas.
4.    Grandes cilindros de madeira moíam a cana para extrair o caldo. Os engenhos que utilizavam força animal eram chamados trapiches e os acionados pela força da água eram denominados reais.
5.    Esse caldo era cozido durante horas sob a supervisão do mestre de açúcar, auxiliado por outros trabalhadores especializados.
6.    Quando atingia certo ponto, o melaço era purgado (purificado) em formas de barro.
7.    Após aproximadamente 15 dias, o açúcar mascavo (de cor mais escura) estava pronto.
8.    Para alcançar maior valor de venda, o açúcar passava pela etapa do branqueamento, que durava cerca de 30 dias.
9.    Depois desse período, o açúcar era retirado da forma. Como o processo de branqueamento não agia por igual nas formas, o açúcar era separado por tipo (claro, mascavo ou escuro) e ficava exposto ao sol por até 20 dias.
10.  Em seguida, o açúcar era pesado, empacotado e transportado até o porto, de onde seguia em navios para a Europa.

D)   OS TRABALHOS NO ENGENHO
Trabalho livre (geralmente assalariado, podendo ser ex-escravos ou mesmo escravos)
ü  Feitor – responsável por escolher as terras para o plantio, o tipo de cana e o momento adequado para a colheita.
ü  Feitor-mor - cabia zelar pelo ritmo da produção, substituindo os escravos sempre que necessário, controlando o transporte da cana para as moendas e garantindo a manutenção e o bom funcionamento dos equipamentos.
ü  Feitor da moenda - cuja função era receber a cana e fiscalizar a produção do caldo.
ü  Mestre de açúcar - cuja função era dar o ponto de cozimento adequado ao melaço, determinar sua retirada do fogo e encaminhá-lo para purgar. A qualidade do produto final dependia, em grande parte, do conhecimento e da experiência desse trabalhador.
ü  Purgador - trabalhava na purificação do açúcar e era responsável pelo processo de clareamento do produto.
ü  Caixeiro - coordenar o empacotamento do produto e retirar a parte dos impostos relativa à Coroa. Na cidade, outro caixeiro se incumbia da venda do produto aos comerciantes, que o levariam para o exterior.

Escravos
ü  Origem africana;

E)   ATIVIDADES ECONÔMICAS COMPLEMENTARES
A resistência de muitos senhores de engenho em cultivar alimentos para o consumo interno propiciou aos pequenos produtores livres a oportunidade do plantio de outros gêneros alimentícios:
ü  Mandioca
ü  Milho
ü  Feijão
Outras atividades voltadas ao abastecimento dos moradores da colônia e à exportação:
ü  Tabaco:
·         Área produtora - Recôncavo Baiano.
·         Propriedades que produziam o fumo ficavam próximas aos currais de gado, que forneciam o esterco para a adubação do solo.
·         Produção era destinada à exportação para a Europa, o tabaco mais  grosseiro, utilizados na África como moeda de troca para a aquisição de escravos.
ü  Algodão:
·         Área produtora - capitanias do Maranhão, da Bahia e do Rio de Janeiro
·         Usado na confecção de tecidos rústicos, a produção de redes de dormir e de roupas para os escravos e a população mais pobre.
·         Passou a ser exportado para a Europa regularmente a partir de 1760, com o início da industrialização na Inglaterra.
ü  Rebanho bovino:
·         Emprego: montaria, puxar carroças, carros de boi, transporte de cargas, tração no acionamento de moendas e moinhos.
·         Fornecimento de carne, leite, couro e sebo.
·         Criação do gado foi afastada dos canaviais e subiu o leito dos rios (O Rio São Francisco é conhecido como o “rio dos currais”).
·         Séc. XVII - a pecuária expandiu-se para o sertão nordestino.
·         Os vaqueiros cuidavam do gado e trabalhavam em regime de parceria, isto é, recebiam do proprietário uma rês (gado usado para o consumo humano) de cada grupo de quatro que nascessem. (Era raro o uso de escravos na pecuária, pela dificuldade de controlar as fugas em campo aberto. Por isso houve o predomínio de mão de obra branca, mestiça e indígena).
·         A pecuária contribuiu para a interiorização da colônia: formação de muitos centros urbanos no interior do Nordeste e a exploração de riquezas naturais.
ü  As drogas do sertão:
·         Extraídas do vale Amazônico
·         Ex.: como hortelã, coentro, manjericão, alecrim, arruda e poejo, eram conhecidas na Europa; na colônia, esses produtos substituíram muitos remédios, que só eram vendidos na metrópole. Daí a denominação “drogas”.
·         Os produtos da floresta, como castanha, coco, guaraná, corantes e resinas vegetais, davam muito lucro aos exportadores, pois, por serem até então exóticos para os europeus, eram muito requisitados na metrópole.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 7° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.

CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.

COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.

MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

Projeto Araribá: História – 7° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.

Uno: Sistema de Ensino – História – 7° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.


VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.

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