Prof. Douglas Barraqui
As reflexões sobre a “história”
ecoaram durante milênios e continuam até hoje a soar como sons enigmáticos:
“quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será nosso destino? como
obter a salvação? Onde encontrar todas as respostas para todas as perguntas?
“Ó homem, conhece-te a
ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. (Inscrição no oráculo de Delfos)
Em tempos remotos o homem buscou as
respostas para suas aflições em meio a rituais místicos, solicitou respostas a
oráculos, a videntes e a profetas. Era o homem, que sofrendo com a própria
ausência, tentava criar uma imagem global, reconhecível e aceitável, de si
mesmo. O homem buscou isso quase todo o tempo e continua por tentar.
Para os gregos a história se repete,
o futuro teria os mesmos eventos do passado, e os homens teriam sempre as
mesmas pulsações e necessidades. Portanto, os gregos tinham uma visão cíclica
da história, repetitiva: nasce, cresce, dá frutos, envelhece e morre.
Os helênicos não se preocupavam com
o passado. Acreditavam que o futuro individual já estava traçado podendo até
ser antevisto: perguntar o que fazer? e/ou, o que será? Questões que apontam
necessariamente para o papel dos oráculos. Entre os teóricos da historiografia
é sabido que entre os gregos não há idéia de história universal, não havia
ainda sido formulada, sendo esta desenvolvida pelos romanos cristãos.
Na concepção dos romanos, filhos
daqueles que mamaram na teta da loba, o futuro passou a ser o centro da
história e o fim da história seria a romanização do mundo. É aqui que surge o
conceito de história universal aplacada, em amplitude, pelo o que seria a
dominação romana sobre o mundo pagão.
Os judeus por sua vez desenvolveram
a idéia de história como um caminho linear para a salvação humana. Os romanos
cristãos encaravam o futuro como a vitória incontestável de Cristo, e
consequentimente de Roma, por fim, o fim do calvário do homem.
O homem renascentista buscava o
êxito econômico com a riqueza, o êxito político com o poder, o êxito social com
o estatus, a estética com a vaidade e o intelectual com a razão. O mundo
medieval abria espaço para um mundo em que o homem estava no centro das coisas,
o antropocentrismo.
O ambiente na pós-modernidade é
caracterizado pelo individualismo, pelas mudanças aceleradas na ciência e
tecnologia que caminham de mãos dadas a fim de dar a respostas e acabar com o
sofrimento do homem. Tudo é em tempo real e imediato, demos o nome a isso de
globalização. As questões locais tomam relevância e as generalizações tornam-se
um perigo eminente a exemplo do etnocentrismo, do imperialismo, do racismo, do xenofobismo
e do nacionalismo. As resistências passam a ser concebidas como intolerância,
fanatismo e irracionalidade. Surgem novos atores Hitler, Saddam, Bush, Obama,
Lula e Dilma. O mundo não pode mais ser visto em uma estrutura maniqueísta de
preto e branco, heróis e vilões, vitoriosos e derrotados; aparecem outras cores,
vários atores.
Tudo é prazer imediato, não é mais o
que você é, mas sim o que você tem. Não é mais o que você planta, mas sim o que
você pode destruir e construir a partir da destruição. E as respostas para as
aflições humanas? Talvez esta seja a resposta: a constante busca por respostas.
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