Por Douglas Barraqui
O que é melhor: “boas leis ou
boas armas?” Formar cidadão ou qualificar mão-de-obra para o mercado de
trabalho? Um aluno virtuoso ética, política e socialmente ou um aluno de
raciocínio afiado e de conhecimento sólidos? Eis o “to be, or not to be” da educação brasileira. Uma instituição mal
equipada, mal estruturada e com seus profissionais recebendo salários
miseráveis, é responsabilizada com o pesado fardo de salvar a pátria formando
ao mesmo tempo o homem virtuoso e a mão-de-obra qualificado para o mercado de
trabalho. Nossas escolas conseguem dar conta do recado?
Uma instituição que mal consegue
ensinar o básico “Be à Ba”, irá conseguir resolver todos os problemas sociais,
éticos, políticos, culturais e dentre outros do país? Historicamente a escola
foi responsabilizada e foi cobrada. Uma demanda por eficiência em que nossos
gurus da educação acreditam que para todos os problemas educacionais basta
criar uma lei aqui outra ali. E em meio a esse confronto entre “boas” intenções
e uma realidade atroz, a última sempre vence.
Criaram um sistema com um
currículo ciclópico; aplicaram um sistema de cotas raciais e sociais; forçaram
as escolas a não reprovar, depois, a receber todos os alunos, inclusive os
portadores de necessidades especiais. Passamos décadas copiando modelos
educativos europeus e americanos como se fossem receitas perfeitas para o bolo.
E quando nada dava certo: era culpa do professor. O professor colocava a culpa
nos pais. Os pais culpavam o filho. Afinal de contas, de quem é a culpa no
cartório?
Eu acredito que precisamos parar,
repensar e começar tudo de novo a partir da seguinte problemática: que tipo de
instituição escola precisamos? Aquela que ensina a boa e velha matemática, o
rígido português e a racional ciência, ou aquela que ensina tudo isso e ainda filosofia, música, ensino religioso, dança e
outras alegorias? Ensinar a tabuada ou fazer um rap? De certo que as
engrenagens do capitalismo precisam de “equispertis” em
matemática, porque música e filosofia não dão dinheiro, pelo menos aos moldes
do mercado. Pois, então, deixe eu mudar a minha pergunta: que tipo de homem
nossa sociedade precisa?
Corrigir mais de 500 anos de
desigualdades e injustiças sociais é um fardo pesado demais para nossas escolas
e professores, mas, não impossível. Então o que é necessário? Essa é a pergunta
mais fácil de todas que já fiz até aqui: investimento maciço na educação da
base ao seu topo. Escolas aparelhadas, estruturadas para receber, não os
alunos, mas a diversidade de crianças, jovens e adultos todos com suas
necessidades especiais ou não. Profissionais valorizados, qualificados e bem
remunerados. Uma política educacional que integre todos os valores, todos os
personagens: pais e alunos, escola e comunidade. Utopia? Não, é um sonho.
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