Prof. Douglas Barraqui
I. CAMINHOS DA ABERTURA POLÍTICA
Contexto
Externo:
1973
- Crise Mundial do Petróleo
A Guerra do Yom Kippur - conflito travado entre Israel e uma
aliança de países árabes liderados por Egito e Síria. Como boicote aos
países que apoiavam Israel, a exemplo dos EUA, as nações árabes, membros da
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), reduziram a oferta do
petróleo no mercado internacional, para forçar o aumento do preço do produto. O
resultado, em curto prazo, foi uma crise de abastecimento em escala mundial.
Isso afetou duramente a economia dos países importadores, principalmente das
nações em desenvolvimento, como o Brasil.
Contexto
interno:
Fim do milagre econômico
I.II.
ERNESTO GEISEL: INÍCIO DA ABERTURA POLÍTICA
“Lenta, gradual e segura” (nas palavras do
próprio general)
ü O avanço da oposição:
1974 - MDB
venceu nas principais cidades do país. Dobrou sua presença na Câmara, com 165
cadeiras. Já a Arena, partido de base do regime militar, perdeu espaço: passou
de 223 para 199 deputados eleitos. No Senado Federal, o MDB passou de 7 para 20
senadores; a bancada da Arena diminuiu: de 59 para 46 senadores.
ü Fechamento do
congresso:
Inseguro com o avanço da oposição, Geisel fechou o
Congresso e passou a governar por decreto.
ü Senadores biônicos:
No Senado, um terço das cadeiras foi concedido aos “senadores
biônicos”, eleitos por voto indireto nas assembleias estaduais.
ü Estudantes saem nas
ruas:
1975 - Os estudantes passaram a sair às ruas em
protesto - organizaram greves em diversas cidades e encontros nacionais para
reorganizar a UNE. Também nesse ano foi criado o Movimento Feminino pela
Anistia, comandado por mães e familiares de “desaparecidos”, presos políticos e
exilados.
ü A luta pela anistia:
1978 - com o apoio da Igreja católica, da OAB e da
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foi criado o Comitê Brasileiro pela
Anistia (CBA). Não demoraria muito para que todos os movimentos sociais
passassem a reivindicar a “anistia
ampla, geral e irrestrita”.
ü Movimento operário:
Nas fábricas, operários insatisfeitos também
começaram a se organizar, sob a liderança de trabalhadores como Luiz Inácio
da Silva, o Lula.
I.III.
JOÃO BAPTISTA FIGUEIREDO: O FIM DO REGIME
ü 1979 - a Lei da Anistia:
Abria muitas exceções à absolvição de civis,
mas anistiava automaticamente os torturadores. A proposta foi rejeitada por
todas as correntes políticas que lutavam pela anistia irrestrita. Aos poucos,
porém, o alcance da lei aumentou, e muitos políticos que haviam sido cassados
durante a ditadura puderam concorrer às eleições de 1982.
ü O retorno ao pluripartidarismo
A reforma política
permitiu o retorno do Brasil ao sistema
pluripartidário. Com isso, muitas siglas entraram em cena na política
nacional.
Ø A Arena se
transformou no Partido Democrático Social (PDS),
Ø MDB passou a se denominar
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Surgiram:
Ø Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB),
Ø Partido Democrático
Trabalhista (PDT),
Ø Partido dos
Trabalhadores (PT)
Ø Partido Popular (PP),
que se fundiu com o PMDB.
ü
A “linha-dura” age: Atentado
ao Rio Centro:
30 de abril de 1981 -
Na véspera do Dia do Trabalhador, cerca de 20 mil pessoas assistiam a um show
musical quando uma bomba explodiu dentro de um carro no estacionamento. A
explosão matou um sargento e feriu gravemente um capitão.
O exército abriu um
inquérito para descobrir quem havia promovido o atentado. Após três meses de
investigação, os responsáveis pelo caso declararam que os dois militares haviam
sido vítimas de uma armação planejada
pelos grupos de esquerda. A explicação não convenceu ninguém, pois se sabia
que a “linha-dura” do exército estava em guerra contra a redemocratização do
país.
ü
Diretas Já 1983-1984:
1983 - grupos de oposição ao regime militar lançaram
a campanha Diretas Já. Projeto de
lei do deputado federal Dante de
Oliveira.
Ø Objetivo: realização, em 1985, de eleições diretas e
livres para a Presidência da República.
Ø Comícios mobilizaram
a sociedade em todo o país, e as ruas tingiram-se de amarelo – a cor escolhida
como símbolo da campanha. Artistas, jornalistas, intelectuais e políticos de
centro e de esquerda aderiram ao movimento. Apesar das manifestações, a emenda
não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
ü
Eleições de 1985: Paulo
Maluf Vs Tancredo Neves
Paulo Maluf e Tancredo Neves |
Eleições foram indiretas; Tancredo Neves é eleito por um Colégio eleitoral (Membros do Congresso Nacional e representantes da
Assembléia Legislativa) e José Sarney como vice. No dia 14 de março de 1985,
véspera da posse, o presidente eleito, Tancredo Neves, adoeceu. Agenda de
campanha bastante extenuante. Dores abdominais levaram Tancredo Neves a
passar por 7 operações; Em 21 de abril,
após três semanas de internação, Tancredo morreu, por causa das complicações de
uma inflamação no intestino.
"Façam de mim o que quiserem - depois da
posse"!
O vice-presidente, José Sarney, assumiu como
presidente interino.
ü Tancredo como herói
da democracia
Tancredo Neves morreu no feriado nacional que
recorda a execução de Tira-dentes, um dos mártires da Independência. A
coincidência reforçou a imagem de Tancredo como herói da democracia. Na época,
muitos acreditaram que a morte dele havia sido premeditada pelos militares.
II.
O GOVERNO JOSÉ SARNEY (1985-1990) E A “CONSTITUIÇÃO
CIDADÔ
José Sarney |
Desafios eram: controlar a inflação estava na casa
dos 200% ao ano e consolidar a redemocratização do país.
II.I.
Economia: Década de 80 – “Década Perdida”
Cruzeiro – Cruzado – Cruzado II – Bresser
– Verão
ü Do cruzeiro para o
Cruzado:
1º- de março de 1986 - A moeda nacional, que se
chamava cruzeiro, perdeu três zeros e foi substituída pelo cruzado.
ü Congelamento dos
preços e as “fiscais de Sarney”:
Os preços foram congelados. O Plano Cruzado teve o
efeito imediato de conter a inflação e aumentar o poder de compra dos brasileiros.
O consumo cresceu. As pessoas passaram a vigiar os preços no comércio e
denunciar as remarcações de preço: eram os fiscais do Sarney. Donas de
casa percorriam as prateleiras dos supermercados à procura de preços
ilegalmente alterados. Proprietários e gerentes de estabelecimentos comerciais
foram presos por infringir a lei.
ü Plano Cruzado II
1986 - A principal medida foi a liberação dos preços
de serviços e produtos. Aumentaram os impostos sobre combustíveis, telefonia,
energia elétrica, bebidas, automóveis e cigarros.
Essas medidas contribuíram para o declínio das
exportações e o aumento das importações. Em janeiro de 1987, o Brasil decretou
moratória (ou seja, anunciou que suspenderia o pagamento da dívida externa). A
inflação disparou, e a popula-ção perdeu a confiança no governo. Desgastado, o
ministro Funaro foi substituído por Luiz Carlos Bresser Pereira.
ü O Plano Bresser
1987 - O novo pacote econômico congelou os preços
por dois meses, aumentou as tarifas públicas e os impostos, e extinguiu o abono
salarial. Diante do congelamento, muitos empresários impediam a circulação dos
produtos para forçar o aumento dos preços. Sem abastecimento, muitas
prateleiras de supermercados ficaram vazias.
ü O Plano Verão
O cruzado perdeu três zeros, dando origem ao cruzado
novo. As propostas eram:
- Acabar com a correção monetária;
- Privatizar diversas empresas estatais;
- Cortar gastos públicos;
- Exonerar (demitir) funcionários contratados naqueles últimos cinco
anos.
Mas os cortes não ocorreram e a inflação disparou:
em dezembro de 1989, os preços subiram 53,55%.
II.II.
1988: A Constituição Cidadã
Ø Sistema Político:
·
Republica Presidencialista Representativa;
·
Sistema Federalista;
·
Divisão dos 3 poderes;
Ø Sistema Eleitoral:
·
Eleições Diretas;
·
Voto Obrigatório (direito de voto aos analfabetos e
aos adolescentes entre 16 e 18 anos).
Ø Sistema Social:
·
“Todos são iguais perante a
lei”
·
Direitos Sociais (“Direito do Povo, Dever do
Estado”) – saúde, educação, alimentação, segurança, transporte, laser, etc. (O
cidadão poderia recorrer ao Poder Judiciário para garantir direitos
constitucionais não previstos na lei).
·
Incluía as conquistas trabalhistas desde a CLT
(Consolidação das Leis de Trabalho)
·
Benefícios da Previdência Social estenderam-se aos
trabalhadores do campo;
·
Foram criadas medidas de proteção ao meio ambiente e
aos grupos indígenas;
·
Foi reconhecido o direito das comunidades
remanescentes de quilombos de viver nas terras ocupadas por seus antepassados.
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 9° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História:
ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume
Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.
MOZER,
Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a
História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
PILETTI,
Nelson & PILETTI, Claudico. História
& Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
Projeto Araribá: História – 9° ano.
/Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria
Raquel Apolinário Melani.
Uno: Sistema de Ensino – História –
9° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica
Pizzutto Pozzani.
VICENTINO,
Cláudio. Viver a História: Ensino
Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.
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