Prof. Douglas Barraqui
Após os últimos acontecimentos na
França eu pude notar como algumas pessoas pelas redes sociais, a mídia, e mesmo
alguns intelectuais, tendem a estereotipar o oriente e vê-lo resumido a tons de
cinza e vermelho sangue. Como se oriente fosse apenas um lugar de lindas e
sensuais dançarinas do ventre e perigosos homens barbudos e fundamentalistas que
explodem bombas no corpo.
É interessante como o ocidente
construiu esse discurso de que o oriente, em especial o muçulmano, seguidor do Islã,
quer seja ele da vertente xiita ou sunita, é predominantemente fundamentalista.
Mas, o mais pavoroso é a visão de alguns que acreditam verdadeiramente que
todos, absolutamente todos, os muçulmanos saem por ai cortando cabeças, jogando
aviões em torres e explodindo bombas no corpo.
Vou dizer categoricamente: existe
nesse discurso uma pitada de darwinismo social, aquele mesmo que via o negro
africano como inferior e o branco europeu como superior; mesmo discurso que
dará origem ao apartheid na África do
Sul e as Leis Jim Crow nos EUA. A maior
parte das notícias que são divulgadas, reproduzidas e propagadas pelo ocidente
é de um oriente atrasado, sem civilização, dominados pela barbárie.
Não vamos se hipócritas: mata-se
no oriente médio em nome da fé, como também se mata no ocidente em nome da fé. O
que muda é apenas o nome da religião.
São bárbaros fundamentalistas, porque
as mulheres são subjugadas, são avessos a democracia, em um reino de terror
onde as liberdades foram extirpadas. Ou seriamos nós, os ocidentais, os
fundamentalistas por querer colocar na cabeça de um muçulmano de que ele deve deixar
a sua mulher mostrar o rosto, de que a melhor forma de governo é a democracia,
e que as liberdades do homem é o ápice do desenvolvimento humano. Serei franco:
fundamentalismo nos olhos dos outros é refresco.
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