terça-feira, 17 de novembro de 2015

FUNDAMENTALISMO NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO

Prof. Douglas Barraqui


Após os últimos acontecimentos na França eu pude notar como algumas pessoas pelas redes sociais, a mídia, e mesmo alguns intelectuais, tendem a estereotipar o oriente e vê-lo resumido a tons de cinza e vermelho sangue. Como se oriente fosse apenas um lugar de lindas e sensuais dançarinas do ventre e perigosos homens barbudos e fundamentalistas que explodem bombas no corpo.



É interessante como o ocidente construiu esse discurso de que o oriente, em especial o muçulmano, seguidor do Islã, quer seja ele da vertente xiita ou sunita, é predominantemente fundamentalista. Mas, o mais pavoroso é a visão de alguns que acreditam verdadeiramente que todos, absolutamente todos, os muçulmanos saem por ai cortando cabeças, jogando aviões em torres e explodindo bombas no corpo.

  

Vou dizer categoricamente: existe nesse discurso uma pitada de darwinismo social, aquele mesmo que via o negro africano como inferior e o branco europeu como superior; mesmo discurso que dará origem  ao apartheid na África do Sul e as Leis Jim Crow nos EUA.  A maior parte das notícias que são divulgadas, reproduzidas e propagadas pelo ocidente é de um oriente atrasado, sem civilização, dominados pela barbárie.



Não vamos se hipócritas: mata-se no oriente médio em nome da fé, como também se mata no ocidente em nome da fé. O que muda é apenas o nome da religião.



São bárbaros fundamentalistas, porque as mulheres são subjugadas, são avessos a democracia, em um reino de terror onde as liberdades foram extirpadas. Ou seriamos nós, os ocidentais, os fundamentalistas por querer colocar na cabeça de um muçulmano de que ele deve deixar a sua mulher mostrar o rosto, de que a melhor forma de governo é a democracia, e que as liberdades do homem é o ápice do desenvolvimento humano. Serei franco: fundamentalismo nos olhos dos outros é refresco. 

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