terça-feira, 12 de dezembro de 2017

PLATÃO: A BUSCA PELA VERDADE

Prof. Douglas Barraqui

1. PLATÃO: A CRIAÇÃO DA METAFÍSICA


A)   CONTEXTO HISTÓRICO
Ø  427 a.C – Arístocles nasceu em Atenas. Filho de família rica era um aristocrata. 
Ø  Discípulo de Sócrates (mais importante seguidor – Platão = aquele das costas largas).
Ø  Teve contato com Pitágoras e foi mestre de Aristóteles. Assistiu a morte de Sócrates.
Ø  Platão viveu o contexto histórico da morte de Péricles (Fim do século de Péricles).
Ø  Assistiu o declínio de Atenas frente à Esparta na Guerra do Peloponeso (431 e 404 a.C)
Ø  Declínio da democracia em Atenas e a invasão dos macedônios.

B) FUDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA

Ø  Para Platão os seres são formados por dois mundos diferentes e separados: 



1)    FÍSICO (o mundo SENSÍVEL) : coisas materiais, sensíveis e portanto, MUTÁVEIS.

2)    ESSÊNCIA (mundo das IDÉIAS ou mundo INTELIGÍVEL): IMUTÁVEL que só pode ser compreendido pela racionalidade humana.

O estudo da metafísica busca conhecer a essência do ser que está além da matéria, do que é perceptível aos sentidos.
Ø  Tudo que existe, material ou imaterial, se origina da ideia.
Ø  O sentidos não nos permite conhecer a verdade como ela é (pois nosso sentidos podem nos enganar) é preciso buscar a essência.

O MUNDO SENSÍVEL É UMA COPIA DO MUNDO INTELIGIVEL. A VERDADE PARA PLATÃO ESTÁ NO MUNDO SENSÍVEL.

Platão fala de “DEMIURGO” (“deus artífice”) que tomou como modelo as ideias inteligíveis, ou formas perfeitas, eternas e imutáveis, e deu forma à matéria.



C) EPISTEMOLOGIA DE PLATÃO
 I – Conceito: grego (episteme=conhecimento) (logia=estudo) “estudo do conhecimento” – epistemologia estuda o método de como se chega a verdade.
Platão, inspirado em Parmênides e Heráclito:
v  Parmênides: a DIMENSÃO INTELIGÍVEL, só existe a ESSÊNCIA.
v  Heráclito: dimensão do mundo MATERIAL e SENSÍVEL.

Como atingir o conhecimento? Saindo do sensível em direção ao inteligível “em si e por si” (Afirmar que as Idéias existem “em si e por si” – elas se impõem ao homem de modo absoluto. No pensamento platônico existe o belo por si mesmo, o bem em si mesmo, o justo em si mesmo (IDEALIZAÇÕES).
Ø  Como sair do MUNDO MATERIAL para o MUNDO INTELIGÍVEL? Através da DIALÉTICA.
Ø  O CONHECIMENTO DAS IDEIAS se da por meio da DIALÉTICA
Ø  A passagem da doxa (OPINIÃO) para episteme (CONHECIMENTO) se dá pela DIALÉTICA.

ETAPAS:

1°) EIKASIA (IMAGENS / ILUSÃO) = Primeira impressão, imagem que temos das coisas, captadas pelos nossos sentidos.

2°) PÍSTIS (CRENÇAS) = Cada indivíduo percebe as coisas de modo diferente. Temos impressões diferentes sobre as coisas.

3°) DIANÓIA (RACIOCÍNIO) = Começamos a raciocinar sobre o mundo que nos cerca (ex. conhecimento matemático).

4°) NOESIS (INTUIÇÃO / SABEDORIA / FILOSOFIA) = Por meio da razão o indivíduo atinge o conhecimento verdadeiro.

MITO DA CAVERNA (“ALEGORIA DA CAVERNA”)

DIÁLOGO / DIALÉTICA entre Sócrates e Glauco
É um ato de libertação do homem frente ao mundo da escuridão e da ignorância. A iluminação da alma rumo a verdade. Tentativa de tirar o homem do dogmatismo e do senso comum.





E) REMINISCÊNCIA DA ALMA: “CONHECER É RELEMBRAR”
 “Mito da reminiscência” (lembrar; recordar)
Ø  O homem é composto de uma dualidade: CORPO e ALMA
Ø  O conhecimento sensível é imperfeito e passageiro / o conhecimento inteligível é perfeito e verdadeiro.
Ø  Para alcançar o mundo inteligível o homem precisa: ter CONHECIMENTO sobre a VERDADE; CONTEMPLAR o que é BELO e DISCERNIR o BEM do MAL. Precisa deixar o corpo.
Ø  Uma vez no mundo inteligível a alma atinge o conhecimento (já estava com a alma).
Ø  A alma pode retornar ao mundo sensível em um corpo, mas para voltar o homem precisa passar por um processo de esquecimento do conhecimento.
Ø  Teoria da reminiscência explica essas lembranças (recordações) do mundo inteligível.
Ø  Através da filosofia (dialéitica) o homem pode se lembrar do conhecimento que um dia já foi adquirido antes do corpo. O conhecimento já está no ser humano e ele precisa se lembrar (uso da dialética).



F) A TEORIA DA TRIPARTIÇÃO DA ALMA:
Platão diz que a alma é dividida em três partes:

1ª parte) RACIONAL: conduz a inteligência e a virtude da alma (ligada a mente, a cabeça – Representa pelo cocheiro).

2ª parte) IRASCÍVEL: a parte do animo, da coragem e do vigor (ligada ao torax, peito, o coração – Representado pelo cavalo bom e fiel).

3ª parte) APETITIVA: paixões, comer beber, sexo, busca as coisas materiais (abaixo do ventre - Representado pelo cavalo mau).

“Mito do cocheiro”
O corpo humano é a carruagem. O homem que conduz o pensamente e controla as rédeas é o cocheiro e os sentimentos são os cavalos. O homem (cocheiro) com ajuda do cavalo bom deve dominar o cavalo mau. A alma racional, com ajuda da alma irascível domine a alma apetitiva.



G) O AMOR PLATÔNICO:
Ø  O amor em Platão não é um sentimento, mas sim uma força (que impulsiona as pessoas a chegarem a algum lugar).
Ø  O amor em Platão não é belo nem bom, é a força que leva o homem a buscar o belo e o bom.
Ø  O “eros”, o amor, é a força mediadora que leva o homem superar o sensível e buscar o inteligível.

H) A CONCEPÇÃO POLÍTICA DE PLATÃO: “A REPÚBLICA”
Ø  Platão tratou a política em sua obra “A República”. (Objetivo era apontar os caminhos para que a pólis pudesse ser bem governada. O bom cidadão era um bom político. A felicidade dos cidadãos se faz no cumprimento da justiça. Finalidade da política: justiça para o bem comum. Moral privada é inferior a moral pública. Interesses coletivos devem estar acima dos interesses pessoais.
Ø  Platão defendia a “sofocracia’ (sophos: sábios / Kratia = poder). Governo dos mais sábios e inteligentes. (Platão era contrário a democracia e a monarquia).

Pólis era dividida em três partes:

1)    Magistrados (filósofos)

2)    Guerreiros (soldados)

3)    Povo (agricultores, comerciantes e artesãos)



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REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução á Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis; ed. Vozes, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo,10ª. Ed.,Ática,1998.

CONTIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia -História e Grandes Temas. São Paulo;Editora Saraiva, 2000.

 GAARDEr, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo; Cia. Das Letras, 1995.

GILES, Thomas Ransom. Introdução á Filosofia. São Paulo; Epu, 1979.

LICKESI, C. Carlos. Introdução á Filosofia - Aprendendo a Pensar.2ª. Ed. São Paulo.

Cortez,1996. MONDIM, Battista. Curso de Filosofia. 8ªEd. São Paulo; Paulus,1981 - Volume I, II e III.

 MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. São Paulo; Mestre Jou,1980.

POLITZER, G. Princípios. Fundamentais de Filosofia. São Paulo; Hemus, 1995.


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