(...) A maçonaria tem origem em
corporações de ofício medievais, compostas por trabalhadores especializados na
arte da construção. Devido à natureza itinerante de sua atividade, eles não se
prendiam a nenhum feudo, tendo o privilégio da livre circulação. Com isso,
surge a expressão “pedreiros- -livres”, ou “francos-maçons”. Só a partir do
século XVI a maçonaria passa a admitir membros de outras classes de
trabalhadores.
Os setores mais conservadores da
Igreja eram contrários às ideias liberais difundidas pela maçonaria. Insistindo
na defesa de valores tradicionais absolutistas, o conservadorismo católico
rejeitava a liberdade de pensamento e de culto, a igualdade de direitos, o
individualismo e o racionalismo.
A ordem maçônica se desenvolveu
em harmonia com os novos espaços e valores modernos, nos quais os indivíduos
tinham liberdade para expor suas ideias e debatê-las dentro das novas regras
constitucionais. O caráter fechado dessas sociedades, que cultivavam em estrito
sigilo as práticas e os rituais realizados dentro dos templos, fez da maçonaria
um dos primeiros espaços privados sobre os quais a jurisdição da Igreja
católica não podia atuar, o que certamente representava uma afronta ao poder do
papa. A Igreja católica via na ordem maçônica uma ameaça à salvação das almas
daqueles que conviviam com a promiscuidade das seitas pagãs e um perigo para os
Estados monarquistas absolutistas. (...)
A partir da segunda metade do
século XIX, os planos conservadores também ganharam força no clero brasileiro,
quando se inicia um processo de reorganização interna da Igreja no Brasil
conhecido por “romanização”. Este procedimento buscava excluir da Igreja os
elementos influenciados pelas ideias modernas e defendia a supremacia do poder
do papa. Além disso, os planos conservadores visavam proteger a estrutura
familiar patriarcal, a cidadania associada ao catolicismo, e combater
tentativas de implantação de uma educação laica.
Fonte:
SOUZA, Françoise Jean de
Oliveira. Segredos e mentiras.
Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, ano I, n. 15, dez.
2006. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: ago. 2013.
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