sábado, 6 de fevereiro de 2016

A MAÇONARIA

(...) A maçonaria tem origem em corporações de ofício medievais, compostas por trabalhadores especializados na arte da construção. Devido à natureza itinerante de sua atividade, eles não se prendiam a nenhum feudo, tendo o privilégio da livre circulação. Com isso, surge a expressão “pedreiros- -livres”, ou “francos-maçons”. Só a partir do século XVI a maçonaria passa a admitir membros de outras classes de trabalhadores.

Os setores mais conservadores da Igreja eram contrários às ideias liberais difundidas pela maçonaria. Insistindo na defesa de valores tradicionais absolutistas, o conservadorismo católico rejeitava a liberdade de pensamento e de culto, a igualdade de direitos, o individualismo e o racionalismo.

A ordem maçônica se desenvolveu em harmonia com os novos espaços e valores modernos, nos quais os indivíduos tinham liberdade para expor suas ideias e debatê-las dentro das novas regras constitucionais. O caráter fechado dessas sociedades, que cultivavam em estrito sigilo as práticas e os rituais realizados dentro dos templos, fez da maçonaria um dos primeiros espaços privados sobre os quais a jurisdição da Igreja católica não podia atuar, o que certamente representava uma afronta ao poder do papa. A Igreja católica via na ordem maçônica uma ameaça à salvação das almas daqueles que conviviam com a promiscuidade das seitas pagãs e um perigo para os Estados monarquistas absolutistas. (...)

A partir da segunda metade do século XIX, os planos conservadores também ganharam força no clero brasileiro, quando se inicia um processo de reorganização interna da Igreja no Brasil conhecido por “romanização”. Este procedimento buscava excluir da Igreja os elementos influenciados pelas ideias modernas e defendia a supremacia do poder do papa. Além disso, os planos conservadores visavam proteger a estrutura familiar patriarcal, a cidadania associada ao catolicismo, e combater tentativas de implantação de uma educação laica.


Fonte: 

SOUZA, Françoise Jean de Oliveira. Segredos e mentiras. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, ano I, n. 15, dez. 2006. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: ago. 2013.

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