QUESTÃO 01
Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes, fome,
guerras sanguinárias, superstições, crueldade. Para outros, uma época de bons
cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios, grandes ideais.
Ou seja, uma Idade Média “má” e uma Idade Média “boa”. Tal disparidade de
apreciações com relação a esse período da História se deve
a)
ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação
documental do passado, formando acervos documentais que mostram tanto a
realidade “boa” quanto a “má”.
b)
à tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto a
seus valores racionalistas, e ao Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas”
origens das nações.
c)
à indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de
inspiração nessa mistura de fantasia e realidade, construindo uma visão
falseada do real.
d)
ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade
Média, e ao marxismo, que denunciou o lado negativo do modo de produção feudal.
e)
à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo
alimentou tais interpretações sobre a Idade Média.
QUESTÃO 02
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de
cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade,
permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. (MAQUIAVEL, N. O
Príncipe)
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a
Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse
autor, baseava-se na
a)
inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b)
bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c)
compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d)
neutralidade diante da condenação dos servos.
e)
conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
QUESTÃO 03
Não é necessário a um príncipe ter todas as qualidades
mencionadas, mas é indispensável que pareça tê-las. Direi, até, que, se as
possuir, o uso constante deles resultará em detrimento seu, e que ao contrário,
se não as possuir, mas afetar possuí-las, colherá benefícios. Daí a
conveniência de parecer clemente, leal, humano, religioso, íntegro e, ainda de
ser tudo isso, contanto que, em caso de necessidade, saiba tornar-se o inverso…
Por isso, é mister que ele tenha um espírito pronto a se adaptar às variações
das circunstâncias e da fortuna e, como disse antes, a manter-se tanto quanto
possível no caminho do bem, mas pronto igualmente a enveredar pelo do mal,
quando for necessário.
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe)
No trecho acima, escrito no século XVI, o autor refere-se à
atitude que um príncipe deve tomar em relação à escolha entre o bem e o mal. O
texto
a)
defende a separação entre
a moral política e a moral religiosa.
b)
evidencia que os príncipes devem apenas pensar em aumentar sua
riqueza.
c)
afirma que é necessário que o príncipe sempre seja clemente, leal,
humano, religioso e íntegro.
d)
indica a importância de agir religiosamente, ainda que as
circunstâncias tornem esse caminho difícil.
e)
demonstra a necessidade da educação moral na formação do governante.
QUESTÃO 04
O Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I, considerava os
jesuítas como inimigos, também porque, no Brasil, eles catequizavam os índios
em aldeamentos autônomos, empregando a assim chamada língua geral. Em 1755, Dom
José I aboliu a escravidão do índio no Brasil, o que modificou os aldeamentos e
enfraqueceu os jesuítas.
Em 1863, Abraham Lincoln, o presidente dos Estados Unidos,
aboliu a escravidão em todas as regiões do Sul daquele país que ainda estavam
militarmente rebeladas contra a União em decorrência da Guerra de Secessão. Com
esse ato, ele enfraqueceu a causa do Sul, de base agrária, favorável à
manutenção da escravidão. A abolição final da escravatura ocorreu em 1865, nos
Estados Unidos, e em 1888 no Brasil.
Nos dois casos de abolição de escravatura, observam-se
motivações semelhantes, tais como
a)
razões estratégicas de chefes de Estado interessados em
prejudicar adversários, para afirmar sua atuação política.
b)
fatores culturais comuns aos jesuítas e aos rebeldes do Sul,
contrários ao estabelecimento de um governo central.
c)
cumprimento de promessas humanitárias de liberdade e igualdade
feitas pelos citados chefes de Estado.
d)
eliminação do uso de línguas diferentes do idioma oficial
reconhecido pelo Estado.
e)
resistência à influência da religião católica, comum aos
jesuítas e aos rebeldes do sul.
QUESTÃO 05
Ato Institucional no. 5 de 13 de dezembro de 1968
Art. 10 – Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos
de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e
a economia popular.
Art. 11 – Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os
atos praticados de acordo com este Ato Institucional e seus Atos
Complementares, bem como os respectivos efeitos.
O Ato Institucional no. 5 é considerado por muitos autores como
um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos do AI-5 selecionados, o governo militar
procurou limitar a atuação do Poder Judiciário, porque isso significava
a)
a substituição da Constituição de 1967.
b)
o início do processo de distensão política.
c)
a garantia legal para o autoritarismo dos juízes.
d)
a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo.
e)
a revogação dos instrumentos jurídicos implantados durante o
golpe de 1964.
QUESTÃO 06
Judiciário contribuiu com ditadura no Chile, diz Juiz Guzmán
Tapia
As cortes de apelação rejeitaram mais de 10 mil habeas corpus
nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais militares, todas as causas
foram concluídas com suspensões temporárias ou definitivas, e os
desaparecimentos políticos tiveram apenas trâmite formal na Justiça. Assim, o
Poder Judiciário contribuiu para que os agentes estatais ficassem impunes. (Disponível
em: http://www.cartamaior.com.br.Acesso em: 20 jul. 2010)
Segundo o texto, durante a ditadura chilena na década de1970, a
relação entre os poderes Executivo e Judiciário caracterizava-se pela
a)
preservação da autonomia institucional entre os poderes.
b)
valorização da atuação independente de alguns juízes.
c)
manutenção da interferência jurídica nos atos executivos.
d)
transferência das funções dos juízes para o chefe de Estado.
e)
subordinação do poder judiciário aos interesses políticos
dominantes.
QUESTÃO 07
Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente
a constituir os Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e
justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas
para a época, afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos
inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam
que o poder dos governantes, aos quais cabia
a defesa daqueles direitos, derivava dos governados.
a defesa daqueles direitos, derivava dos governados.
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram
retomados com maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na
França. (Emília Viotti da Costa)
Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da
Revolução Francesa, assinale a opção correta.
a)
A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o
mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos.
b)
O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento
de independência norte-americana no apoio ao absolutismo esclarecido.
c)
Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam
a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade
humana.
d)
Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte
influência no desencadeamento da independência norteamericana.
e)
Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho
para as independências das colônias ibéricas situadas na América.
QUESTÃO 08
Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes
linhas a respeito da moralidade nos EUA:
“A opinião pública
norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a
atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão
essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é
uma questão de honra”. (TOCQUEVILLE, A. Democracy in America)
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norteamericanos
do seu tempo
a)
buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas.
b)
tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido.
c)
valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento
ético.
d)
relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso
econômico.
e)
acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia
doméstica.
QUESTÃO 09
Na democracia estadounidense, os cidadãos são incluídos na
sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral
de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não
seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena
propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente
os cidadãos é
a)
submeter o indivíduo à proteção do governo.
b)
hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
c)
estimular a formação de propriedades comunais.
d)
vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
e)
defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham
propriedades.
QUESTÃO 10
Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo
povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.” (JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D.
Dicionário Básico de Filosofia)
Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto
democrático, tem por objetivo
a)
impedir a contratação de familiares para o serviço público.
b)
reduzir a ação das instituições constitucionais.
c)
combater a distribuição equilibrada de poder.
d)
evitar a escolha de governantes autoritários.
e)
restringir a atuação do Parlamento.
QUESTÃO 11
Este é o maior perigo que hoje ameaça a civilização: a
estatificação da vida, o intervencionismo do Estado, a absorção de toda
espontaneidade social pelo Estado; isto é, a anulação da espontaneidade
histórica, que definitivamente sustenta, nutre e empurra os destinos humanos. (ORTEGA
Y GASSET, José. A Rebelião das Massas)
Em A Rebelião das Massas, o filósofo espanhol Ortega y Gasset
apresenta uma crítica da cultura social e política do século XX. A partir do
trecho selecionado, é possível afirmar que Ortega y Gasset
a)
defende que a anulação da espontaneidade histórica é a solução
para o maior perigo que hoje ameaça a civilização.
b)
critica a espontaneidade histórica, que pretende
injustificadamente sustentar, nutrir e empurrar os destinos humanos.
c)
propõe que o maior perigo à civilização é o abandono dos
esforços de estatificação da vida, do intervencionismo do Estado e da absorção
de toda espontaneidade social pelo Estado.
d)
defende uma concepção socialista de sociedade.
e)
defende uma concepção liberal de sociedade.
QUESTÃO 12
A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e
processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história
humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos
conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão
a)
a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do
totalitarismo.
b)
o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a
corrida nuclear.
c)
o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a
Revolução Cubana.
d)
a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo
soviético.
e)
a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da
Alemanha.
QUESTÃO 13
Os regimes totalitários da primeira metade do século XX
apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias
grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender
que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais
movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do
nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se
a)
pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam
os opositores ao regime.
b)
pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus
direitos como cidadãos.
c)
pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os
jovens como exemplos a seguir.
d)
pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas
e velhas lideranças conservadoras.
e)
pelos métodos políticos populistas e pela organização de
comícios multitudinários.
QUESTÃO 14
Ocorreu-me (…) de falar de “utopia invertida”, após ter
constatado que uma grandiosa utopia igualitária, a comunista, acalentada por
séculos, traduziu-se em seu contrário na primeira tentativa histórica de
realizá-la. Nenhuma das cidades ideais descritas pelos filósofos foi proposta
como modelo a ser colocado em prática. Platão sabia que a república ideal, da
qual havia falado com seus amigos e discípulos, não estava destinada a existir
em algum lugar, mas apenas era verdadeira, como Glauco diz a Sócrates, “em
nossos discursos”. No entanto, na primeira vez em que uma utopia igualitária
entrou na história, passando do reino dos “discursos” para o reino das coisas,
acabou por se transformar em seu contrário. (BOBBIO, Norberto. Direita e
esquerda)
“Utopia” significa, em grego, “não-lugar”, “lugar inexistente”.
Ao discorrer sobre a utopia, Norberto Bobbio enfatiza
a)
a contradição entre a utopia igualitária e o regime político
comunista soviético.
b)
o regime político soviético como modelo para as utopias igualitaristas
da história antiga.
c)
a oposição entre a utopia igualitária e a República de Platão.
d)
o socialismo utópico realizado na Antiguidade por Platão.
e)
a perfeita realização da utopia igualitária na história por meio
do regime comunista soviético.
QUESTÃO 15
“Nossa discussão será adequada se tiver tanta clareza quanto
comporta o assunto, pois não se deve exigir a precisão em todos os raciocínios
por igual, assim como não se deve buscá-la nos produtos de todas as artes
mecânicas. Ora, as ações belas e justas, que a ciência política investiga,
admitem grande variedade e flutuações de opinião, de forma que se pode
considerá-las como existindo por convenção apenas, e não por natureza. E em
torno dos bens há uma flutuação semelhante, pelo fato de serem prejudiciais a
muitos: houve, por exemplo, quem perecesse devido à sua riqueza, e outros por
causa da sua coragem. Ao tratar, pois, de tais assuntos, e partindo de tais
premissas, devemos contentar-nos em indicar a verdade aproximadamente e em
linhas gerais; e ao falar de coisas que são verdadeiras apenas em sua maior
parte e com base em premissas da mesma espécie, só poderemos tirar conclusões
da mesma natureza. E é dentro do mesmo espírito que cada proposição deverá ser
recebida, pois é próprio do homem culto buscar a precisão, em cada gênero de
coisas, apenas na medida em que o admita a natureza do assunto.”
(Aristóteles. Ética a Nicômaco)
No texto acima, o filósofo Aristóteles explica que
a)
o método da ciência política é dialético, isto é, parte de
opiniões comuns aceitas pela maioria ou pelos sábios.
b)
não há resposta objetiva em questões morais.
c)
a finalidade da ética e da ciência política é a ação, não a
verdade.
d)
é necessário buscar a verdade absoluta ao resolver problemas
morais.
e)
a teoria política possui um método tão exato quanto o da
matemática.
GABARITO:
01. B
02. E
03. A
04. A
05. D
06. E
07. C
08. D
09. D
10. D
11. E
12. A
13. A
14. A
15. B
Fonte: www.oficinadefilosofia.com
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