Prof. Douglas Barraqui
Na política existe a versão
dos vencedores, daqueles que estão ou estiveram no poder; existe a versão daqueles
que são ou estiveram na oposição e existe a versão dos bastidores.
Não vou me ater às questões
econômicas, nem tenho formação para isso. Vou me preocupar com a história dita
oficial e os seus bastidores. Um livro muito bom, que busquei como referência, foi
“A Real História do Real” da jornalista Maria Clara Prado.
Em 1993 Fernando Henrique Cardoso
foi nomeado para o cargo de Ministro da Fazenda pelo então Presidente Itamar
Franco. Um dos Principais problemas econômicos do nosso país naquele momento
era a inflação. FHC não trabalhou
sozinho, contava com economistas renomados e experientes como Edmar Bacha, Pérsio
Árida e André Lara Resende que foram responsáveis pelo, que digamos ser o,
rascunho do plano real.
O real tornou-se a moeda
brasileira no dia 1º de julho 1994. O FHC foi Ministro da Fazenda até março
daquele ano, quando saiu para se candidatar a presidência pelo PSDB. Portanto,
como podemos ver, antes do real ter sido lançado FHC já havia descido do barco.
Quando FHC saiu do Ministério da Fazenda, é o próprio Itamar confirmou isso
publicamente em várias entrevistas, o plano Real não estava pronto. Quem assume
o ministério da fazenda foi Rubens Ricupero, o homem, que segundo Itamar,
disciplinou o plano real.
Maria Clara Prado destaca
que o Plano Real foi, na verdade, a aplicação do chamado Plano Larida, desenhado
por Pérsio Árida e André Lara Resende, que na verdade buscaram inspiração, eu
diria copiaram, um plano econômico monetário de Israel. Segundo Maria Clara
Prado havia três cabeças por trás do plano real: Edmar Bacha, Pérsio Árida e
André Lara Resende.
Antes mesmo das campanhas
eleitorais de 1994 o PSDB, com apoio da grande mídia, assume a maternidade do
plano real e coloca FHC como seu pai. Cá entre nós uma excelente propaganda
para um partido em plena corrida eleitoral.
Podemos dizer que ao governo
FHC pode-se atribuir o mérito de ter conseguido colocar em prática o que de
fato previa o plano real. E o erro de
Itamar, ele mesmo assumiu publicamente antes de morre em 2011, foi deixar FHC
assinar as notas.
REFERÊNCIAS:
PRADO, Maria Clara R. M. A Real História do Real. Grupo
editorial Record.
SAYAD, João. Observações sobre o Plano Real. Est.
Econ. São Paulo. Vol. 25, Nº Especial, págs. 7-24, 1995-6
Nenhum comentário:
Postar um comentário