quinta-feira, 14 de abril de 2016

GUERRA DE CANUDOS (1896 - 1897)

Prof. Douglas Barrqui

a)    LOCAL: Sertão da Bahia.
Movimento popular de fundo sócio-religioso (messiânico).


b)   CAUSAS:
I.              Miséria e abandono do nordeste:
ü  O nordestino estava esquecido pelo governo republicano. O nordeste e a caatinga não despertavam o interesse dos latifundiários.
II.            Situação fundiária:
ü  2/3 das terras pertenciam a 5% dos proprietários rurais.
ü  Os poucos recursos hídricos (diques e açudes) eram explorados e monopolizados pelos grandes fazendeiros.
III.           Seca e a fome:
ü  A região do agreste ficava muitos meses e até anos sem receber chuvas. Este fator dificultava a agricultura e matava o gado. A fome era um drama corrente.
IV.          Messianismo:
ü  Em meio a situação de seca, miséria e fome restava ao nordestino três saídas: migrar, banditismo (a esse fenômeno chamamos cangaço) ou o apelo religioso.
ü  Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro),
Ø  Nascido em Quixeramobim (CE) em 13 de março de 1830.
Ø  Após a morte do pai, um comerciante, Antônio Conselheiro abandonou os estudos no seminário e assumiu o comércio da família. O negócio acabou falindo.
Ø  Casou-se com Brasilina Laurentina.
Ø  Foi professor dos filhos dos coronéis da região.
Ø  Advogou defendendo pobres e desvalidos nos sertões de Ipu e Sobral.
Ø  Flagrou sou esposa em sua própria cama com um sargento do exército.
Ø  Passou a viver como andarilho.
Ø  Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que a República, recém-implantada no país, era a materialização do reino do Anti-Cristo na Terra.
Ø  Canudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o século XVIII nos arredores da Fazenda Canudos, às margens do rio Vaza-Barris.
O arraial de Canudos visto da estrada do Rosário, litografia de D. Urpia, de 1897.

c)    OPOSIÇÃO:
ü  Construiu-se uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso monarquista" a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país a forma de governo monárquica.
ü  Difundida através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra os habitantes do arraial de Canudos.
ü  Observação: Antônio Conselheiro nunca foi um monarquista:
·         Apenas lembrava em seu discurso de como era bom o tempo em que o Estado estava atrelado a Igreja.
·         Criticava a instituição republicana e os seus altos impostos.
·         Condenava o casamento no civil.
·         Dizia que o fim do mundo estava próximo.
Igreja de Santo Antônio, em ruínas, e o púlpito onde pregava Conselheiro,
após o massacre do Arraial, fotografia de Flávio de Barros, de 1897.

d)   CONFLITO:
ü  Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro havia encomendado uma remessa de madeira, vinda de Juazeiro, para a construção da igreja nova, mas a madeira não foi entregue, apesar de ter sido paga. Surgem então rumores de que os conselheiristas viriam buscar a madeira à força.
1ª expedição:
Ø  Destacamento policial de 100 praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.
Ø  A tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos seguidores de Antônio Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeú e João Abade.
Ø  O próprio Tenente Pires Ferreira descreve o ataque destacando a "incrível ferocidade" dos conselheiristas.
Ø  Passadas várias horas de combate, os canudenses, comandados por João Abade, resolveram se retirar, deixando para trás um quadro desolador. Apesar da aparente vitória, a expedição estava derrotada, pois não tinha mais forças nem coragem para atacar Canudos.

                     2ª expedição:
Ø  Janeiro de 1897 - Os jagunços fortificavam os acessos ao arraial.
Ø  Comandada pelo major Febrônio de Brito, depois de atravessar a serra do Cambaio, uma segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos conselheiristas, que se abasteciam com as armas abandonadas ou tomadas à tropa. ]
                      3ª expedição:
Ø  Março de 1897 - Na capital do país, diante das perdas e a pressão de políticos florianistas que viam em Canudos um perigoso foco monarquista.
Ø  O governo federal assumiu a repressão, preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira César (popularmente conhecido como "corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem pessoas a sangue frio na repressão à Revolução Federalista em Santa Catarina).
Ø  Depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas na travessia das serras, a força, que inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o arraial. Moreira César foi morto em combate, tendo o comando sido passado para o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo, que também tombou no mesmo dia. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder.

4ª expedição:
Ø  Abril de 1897 – A repercussão da derrota foi enorme no Rio de Janeiro, principalmente porque se atribuía ao Conselheiro a intenção de restaurar a monarquia.
Ø  Junho até outubro de 1897 - Após várias batalhas, a tropa conseguiu fechar o cerco sobre o arraial. Antônio Conselheiro morreu em 22 de setembro, de uma disenteria.
Ø  Após receber promessas de que a República lhes garantiria a vida, uma parte da população sobrevivente se rendeu com bandeira branca (Apesar das promessas, todos os homens presos, e também grupos de mulheres e crianças acabaram sendo degolados - uma execução sumária que se apelidou de "gravata vermelha").
Ø  O um último reduto resistiu na praça central do povoado até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro derradeiros defensores. O cadáver de Antônio Conselheiro foi exumado e sua cabeça decepada a faca. No dia 6, quando o arraial foi arrasado e incendiado, o Exército registrou ter contado 5.200 casebres.

e)    RESULTADO DO CONFLITO:
Ø  Estima-se que morreram ao todo por volta de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da povoação.

f)     CONCLUSÃO:
Ø  A guerra de canudos é o retrato de como o governo republicano, a oligarquia cafeeira, tratava as questões sociais.
Ø  A grande quantidade de vidas perdidas, de ambos os lados, apontam para um dos capítulos mais trágicos da nossa república.

REFERÊNCIAS:
BENÍCIO, Manoel. O Rei dos Jagunços: crônica histórica e de costumes sertanejos sobre os acontecimentos de Canudos.  2 ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997.
BOMBINHO, Manuel Pedro das Dores. Canudos, história em versos. 2 ed. São Paulo: Hedra, Imprensa Oficial do Estado e Editora da Universidade Federal de São Carlos, 2002. p. 340. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=WHRfAAAAMAAJ. Acesso em 14 de abril de 2016.
GALVÃO, Walnice Nogueira. No Calor da Hora - a guerra de Canudos nos jornais (São Paulo: Ática. 1977).

SILVA, José Calasans Brandão da.  No Tempo de Antônio. Salvador: Aguiar & Souza, 1959. p. 121. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=3dFmAAAAMAAJ. Acesso em 14 de abril de 2016. 

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