Prof. Douglas
Barraqui
O assassino, sr. João Duarte
Dantas, confessou que matou o presidente da Paraíba, João Pessoa, por uma “questão
de honra pessoal”. Um triângulo amoroso teria, nada comprovado
historicamente, sido o pivô da tragédia.
No dia 26 de julho de 1930, João
Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como de rotina se encontrava na Confeitaria A
Glória, no centro do Recife, na Rua Nova. Por volta de 17h e 30 min João Duarte
Dantas entrou na cafeteria. João Dantas e João Pessoa eram rivais na política. Os
desafetos baterão boca no salão da cafeteria, os ânimos se exaltaram. Dantas
sacou a sua arma e atirou duas vezes (o jornal Folha da Manha noticiou cinco
disparos) contra João Pessoa que caiu mortalmente ferido.
Após o crime João Dantas
tentou fugir, mas, ainda na calçada da cafeteria, foi alvejado por Antonio
Pontes de Oliveira, o chofer de João Pessoa. Nas palavras do Jornal Folha da
Manha do dia 27 de Julho de 1930: “Sua atitude
despertou entusiasmo sobretudo pela serenidade com que agiu, atirando contra o
sr. Duarte Dantas, calmamente, sem se apressar, visando-o na cabeça.”
João Dantas era adversário
político de João Pessoa. Conflitavam pela política, e dizem, pelo coração de Anaíde
Beiriz, uma mulher bela, vencedora do concurso de beleza promovido pelo Correio
da Manhã em 1925. Professora e poetisa Anaíde Beiriz mantinha um relacionamento
amoroso com João Dantas, escrevendo para ele diversas cartas. Interessado em
ter uma arma contra o rival, no dia 10 de julho de 1930, João Pessoa deu ordem
para a Polícia da Paraíba, invadir o escritório de Dantas, à Rua Duque de
Caxias, a fim de encontrar alguma coisa para usar contra o rival. A polícia
encontrou no cofre cartas íntimas, de amor, entre João Dantas e a professora
Anaíde Beiriz. Nos dias seguintes, o jornal governista A União, e outros órgãos
de imprensa estadual ligados à situação, publicaram o conteúdo das cartas. O
objetivo de João Pessoa era claro, visava atingir a honra de João Dantas.
João Dantas sobreviveu ao
ferimento e em depoimento para polícia confessou que matou o presidente João
Pessoa “por uma questão de honra pessoal”.
Declarou “que há dias, mais ou menos, o
presidente mandou depredar sua residência, em Teixeira, além de estar movendo
campanha de difamação á sua honra pessoal”. Acrescentou que “não estava arrependido, pelo contrario,
está tranquillo e aguardando a ação da justiça”.
Criticada publicamente por
razões morais e políticas, Anaíde Beiriz sentiu-se acuada após o assassinato de
João Pessoa, que causou comoção popular. Anaíde Beiriz abandonou a sua
residência na Paraíba e foi morar em um abrigo no Recife, onde passou a visitar
João Dantas, que ficou preso na Casa de Detenção daquela cidade. Em 3 de
outubro, no início da Revolução de 1930, João Dantas foi encontrado morto em sua cela, degolado.
Embora tenha sido declarado o suicídio como causa mortis na época, as
circunstâncias ainda permanecem obscuras. Anaíde Beiriz, aos 25 anos de idade, no
dia 22 de outubro, cometeu suicídio por auto envenenamento.
O assassinato de João Pessoa
tem uma grande simbologia na história política brasileira, porque acelerou o
processo no qual as novas elites urbanas derrubaram as aristocracias que
dominavam o poder desde o início da República, era a Revolução de 30.
REFERÊNCIA:
FOI ASSASSINADO, EM RECIFE,
O SR. JOÃO PESSOA. Banco de Dados Folha da Manha, domingo, 27 de julho de 1930.
Disponível em http://almanaque.folha.uol.com.br/dossietexto2.htm.
Acesso em 01 de maio de 2016.
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