domingo, 26 de julho de 2015

FILOSOFIA - AULA - 05 - ARTE

Prof. Douglas Barraqui

Arte serve para quê?

Existe alguma coisa em comum entre o filme “E o Vento Levou”, dirigido por Victor Fleming; “Dom Quixote de La Manch”, escrito por Miguel de Cervantes; a peça teatral “Romeu e Julieta”, de William Shakespear; a música “será” da Legião Urbana e a escultura “Davi” de Michelangelo? É que todas essas coisas são formas de arte, MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS.

A ARTE tem um poder de estimulante sobre nos seres humanos: um livro pode nos fazer chorar, um filme pode nos deixar triste, uma música pode nos deixar felizes, ou tocar nossa paixão por alguém. A arte consegue tocar nossos sentidos, emoções e pensamentos.

A arte, igualmente, pode transmitir todas essas emoções. Veja o exemplo abaixo da obra Davi” de Michelangelo:

Michelangelo retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante. Trata-se de uma estátua em mármore branco e bruto que mede 5,17 m de altura. Michelangelo levou três anos de trabalho para concluir a escultura.

Michelangelo retrata o personagem bíblico Davi, não após a batalha contra Golias (como Donatello e Verrochio antes dele fizeram), mas no momento imediatamente anterior a ela, quando David está apenas se preparando para enfrentar uma força que todos julgavam ser impossível de derrotar. Isso é notado na confusão de sentimentos que o semblante do rosto de Davi passa ao espectador. Olhando atentamente o semblante da estátua consegue nos passar sentimentos como medo, angustia, raiva, o olhar para cima remete ao gigante que se aproxima. Observe ainda que Davi é descrito na bíblia como franzino e pequeno, porém Michelangelo esculpiu um Davi grandioso. Simbolizando a visão antropocêntrica da época, que colocava o homem no centro das atenções. O homem se torna importante para a arte daquele momento histórico.

A ARTE pode ser inúmeras coisas. E uma das coisas mais importantes, a saber, sobre a arte é que ela “recria o mundo em que vivemos”. Seja no cinema, na dança, na música, na literatura ou no teatro, o artista cria um mundo novo feito de palavras, sons, traços, cores, movimentos, gestos, melodia, símbolos, formas, massas e volumes. Esse mundo, dependendo de quem observa, pode ser mais belo ou mais feio; mais ou menos significativo. Porém, de alguma forma, esse mundo novo revela alguma coisa diferente sobre essa mesma realidade. Ao mesmo tempo um livro, uma música, uma escultura, uma dança, uma pintura pode nos ensinar algo que não sabíamos. Nesse sentido a arte pode ser EDUCATIVA.

Arte nem sempre é algo belo e maravilhoso. Pode ser feia, de causar espanto e ojeriza, mas não deixa de ser arte por isso, desde que consiga tocar nossas emoções arte é arte. Embora a beleza esteja indissociavelmente ligada à arte, esta não é necessariamente, e nem tem que ser, bela. Durante muito tempo os artistas se preocuparam em não ferir a sensibilidade do espectador. Mesmo quando falava de eventos terríveis, como o caso das tragédias, este era maquiado de belo usando palavras elevadas. No entanto, ao longo dos séculos, o homem evoluiu e com ele a arte que mudou bastante, passando a registrar os eventos traumáticos e eventos que não caberiam mais dentro da idéia de belo. Surgiram então novas modalidades de arte como, por exemplo, os contos de terror, os romances góticos, filmes trágicos e as representações pictóricas do século XX que mostram o feio e o traumático como uma realidade inerente ao homem e suas manifestações artísticas.
Mas, a ARTE serve para quê?

A arte serve para refinar o ser humano. Serva para construir um homem melhor. A arte serve para libertar o homem da realidade em que vive. A arte serve para traduzir emoções, das mais variadas. A arte serve para dar significado a vida. A arte é uma maneira do homem se tornar mais rico internamente. A arte serve como um consolo para o difícil fardo de viver. Para um artista a arte pode servir para colocar para fora o que o atormenta. A arte nos faz pensar e repensar o mundo. Arte é a maior expressão da vida humana neste planeta. Em meio a tantas espécies de animais se o ser humano for extinto, o que ficará de nós será a arte expressa em nossas construções, esculturas, pinturas e arquitetura.

A arte é uma criação do homem e quando nos admiramos alguém talentoso, dizemos que é um ARTISTA. Veja Pelé, muitos dizem que com a bola nos pés ele era um artista. Mas Pelé era um esportista, é possível um esportista ser um artista? Futebol também é arte? Bem, futebol é sim um esporte, mas quando ele é jogado muito bem, de uma forma talentosa, a gente identifica algo artístico nele. É algo que tem a ver com a criatividade do jogador, a exemplo de Pelé. O mesmo se pode dizer sobre um cozinheiro, quando seus pratos são tão saborosos, espetaculares e CRIATIVOS, as pessoas dizem que o cozinheiro é um artista na cozinha. Arte, então, tem a ver com criar um mundo novo, um jeito novo de fazer as coisas como jogar futebol ou mesmo cozinhar.

Mas de onde vem nossa CRIATIVIDADE?

Durante muito tempo o artista foi visto de um jeito especial, dotado de um TALENTO especial ou de uma INSPIRAÇÃO. O que inspira o talento do artista e o leva a criar sua arte é a sua experiência de vida, das idéias que ele forma em sua cabeça sobre o mundo em que vive, de sua cultura, de sua forma de ver o mundo. O talento é fundamental, é claro, mas sem inspiração não existe arte.

Arte, portanto tem a ver com criação. O artista, dotado de talento e inspiração, cria um mundo novo com formas, cores, gestos e sons variados. Esse mundo novo tem o poder de mexer com os nossos sentidos sendo capaz de nos emocionar, tocar e mesmo ensinar. A arte tem o poder de nos fazer sentir coisas novas e diferentes, nos renova e nos faz pensar e indagar sobre o mundo em que vivemos. A arte é o motor dos nossos questionamentos filosóficos. A arte nos faz pensar e repensar o mundo.

REFERÊNCIAS:

BLACKBURN, Simon. Pense: uma introdução à filosofia. Lisboa: Gradiva, 200.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. 2. reimp. São Paulo: Ática, 2000.

COLCHETE, Eliane e MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. A formação da filosofia contemporânea. Rio de Janeiro: Litteris, 2014.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a Filosofia? Trad. Bento Prado Jr. E Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro, 34, 1992.



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