Por Douglas Barraqui
A
guerra evoluiu tornando-se mais abrangente e violenta. E em julho de 1644, na
batalha de Marston Moor o exército parlamentar tem uma importante vitória sobre
o exército do rei. Oliver Cromwell se destaca como líder militar. No segundo
semestre desse mesmo ano, porém, o exército do parlamento acumulou derrotas, e
o próprio Cromwell culpa as derrotas seguidas ao mau comando das tropas – de
fato o comando dos exércitos de ambos os lados era feito por nobres; e que para
alguns especialistas o exército de Carlos I tinha um pouco mais de experiência
e traquejo militar do que as tropas parlamentares.
Assim
uma reforma era indispensável para que o parlamento conseguisse mudar o cenário
do conflito. Em novembro o parlamento começa fomentar, uma reformulação dos comandos, oficialatos, sistema de escolhas e
captação de recursos. Em março de 1645
através do “ato de abnegação” surge o “exército
de novo tipo”: Para Christopher Hill tratava-se de uma manobra de Cromwell
para retirar a nobreza do alto comando do exército e que, embora, ele mesmo
fosse um nobre e que os novos comandantes não deveriam ter funções
parlamentares, Cromwell manteve seu posto, fato que em grande medida foi pela
sua habilidade militar.
Esse
novo exército possuía uma moral militar inteiramente nova por possuir soldados
de extratos mais baixos, como da gentry e homens de condição média, e pelo fato
de que as promoções militares seguiam critérios de meritocracia.
Em
1646 após a derrota na batalha de Naseby, Carlos I se rende aos súditos
escoceses que acabam o entregando ao parlamento. Para Christopher Hill, “as
lutas do parlamento foram ganhas devido à disciplina, unidade e elevada
consciência política das massas organizadas no exército de novo tipo”.
O
parlamento passa a negociar com Carlos I – não era, nesse momento, perspectiva
do parlamento fazer a cabeça de Carlos rolar. O rei acaba acatando e aceitando
o presbiterianismo como religião oficial por três anos e o controle das
milícias por dez anos. A partir de então o parlamento passa a desmobilizar o
exército, porém não efetua o pagamento do soldo e ameaça o oficialato de
prisões por abusos cometidos durante a guerra. Dentro do exército as lideranças
de baixa patente vão protestar e enfrentar o parlamento; esses “agitadores”,
como foram chamados, ficariam conhecidos como levellers (niveladores), tratava-se de um movimento civil de base
popular no seio de exército. Dentre os seus líderes estava Joh Lilburn.
Em
meio a esses acontecimentos o parlamento passou por transformações com a saída
dos partidários do rei e a formação de dois partidos: os presbiterianos e os
independentes.
Os
presbiterianos defendiam uma igreja presbiteriana, uma “paz negociável e de uma
guerra defensiva”. Os independentes, puritanos, defendiam uma igreja anglicana,
porém, sem a influência do papismo e da hierarquização do catolicismo.
Uma
assembléia composta majoritariamente de presbiterianos foi criada pelo
parlamento para definir a religião inglesa. Foi definido que a Inglaterra teria
como religião oficial o presbiterianismo, purificado de seus elementos
católicos e semelhante à igreja escocesa.
Henry
Ireton, genro de Cromwell e uma das
lideranças dos independentes, elabora um documento destacando itens a serem
negociados com Carlos I, dentre esses itens: deveria haver uma tolerância religiosa e que o governo da
Inglaterra deveria ser composto pela Gentry e a nobreza.
O
documento chocou o interesse dos niveladores ao passo que estes pretendiam uma
ampliação da democracia no direito de votar, a chamada ampliação da
“franchise”. Os niveladores então produzem um documento intitulado de “acordo
do povo” definindo que todos são livres pelo nascimento e defendendo o direito
ao voto.
O
cenário político-religioso nesse momento era o seguinte: Carlos I defendia uma
igreja episcopal; os presbiterianos clamavam por uma igreja uniforme, nacional
aos moldes da igreja escocesa; os independentes, puritanos, defendiam uma
igreja descentralizada, anglicana, aos moldes da igreja calvinista sem a
influência do papismo e da hierarquização do catolicismo; e ainda existia a
tendência de sectários variavam seu posicionamento teológico, eram seitas que
haviam proliferado durante a guerra civil.
O
outro pólo de poder era o exército, composto de milícias após ser remodelado em
1645. Quando em 1647 houve a tentativa de desmobilizar as tropas o mesmo vai
entrar em ebulição e se dividir em dois grupos: os “Grandges” que eram homens
de alta patente e os “agitadores”, lideranças de baixa patente composto
principalmente da gentry e de homens de condições média, são os niveladores.
No
fim das contas os independentes não conseguem um acordo com Carlos I. Final de
1647 Carlos I foge da custódia do exército e em 1648 a Guerra Civil é
retomada. As forças de Carlos I não conseguem vencer as tropas parlamentares.
Na batalha de Prestor, novamente, brilhou a liderança de Oliver Cromwell.
Carlos I novamente é feito prisioneiro. E em novembro de 1648 os independentes,
mais radicais que já falavam em República, passam a levantar essa bandeira com
mais fervor. Em dezembro de 1648 os presbiterianos são expurgados do parlamento
e em janeiro de 1649, após ser julgado e condenado Carlos I é executado por
crimes contra o povo.
Sem
o rei pela primeira vez em sua história a Inglaterra passa por um interregno
republicano, a chamada “Comowellf Republic”. O movimento dos niveladores teve
suas principais lideranças cooptadas e acabou sendo desarticulado; os bispos
perderam sua influência política e a câmara dos lords foi desarticulada.
Tratava-se, portanto, de uma mudança profunda na política inglesa, em certo
grau radical.
Havia
ainda um problema a ser enfrentado pelo novo regime: os inimigos escoceses e a
Rebelião Irlandesa. Agosto de 1649 as tropas de Cromwell desembarcam na Irlanda.
Uma forte repressão foi feita sobre os católicos irlandeses, confiscou terras e
as entregou aos protestantes – o que vai ocasionar problemas que repercutem nos
dias de hoje com a querela entre Irlanda do Norte e Irlanda do Sul. No ano
seguinte a Irlanda estava pacificada e dominada pela Inglaterra. Na
Escócia não foi diferente, Cromwell enfrenta uma nova rebelião: príncipe
Carlos, filho de Carlos I, foi proclamado rei, porem, acabou sendo vencido.
Do
ponto de vista político de 1649 à 1653 o exército passou a ser o centro do
poder e o parlamento subordinado ao mesmo. Em 1653 um novo parlamento é eleito,
mais radical, acabou dissolvido por Cromwell. No ano de 1658 Cromwell morre,
seu filho Richard Cromwell ocupa seu lugar.
REFERÊNCIA
HILL,
Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. IN: Fundo político da revolução
inglesa. Lisboa: Ed. Presença, 1985. p. 49-77
Um comentário:
Esse texto é muito difícil!!! Obrigada por tentarem ajudar a gente a pelo menos saber do que se trata!
Postar um comentário