Hoje ao corrigir uma prova de
recuperação fui surpreendido com uma obra de arte:
Meu aluno foi capaz de transportar
para uma pintura de Carlos Julião (1770 - retrata a mineração de diamantes no
período colonial da história do Brasil) robôs, naves espaciais, caos,
violência, guerra e fogo. Uma intervenção um tanto quanto inusitada. Excelente
noção de perspectiva e, eu diria, em 3D. A questão que avaliaria seu
aprendizado foi deixada em branco.
Tirando as habilidades artísticas
do meu aluno, fiquei por alguns minutos a me perguntar. O porquê daquele
desenho? O porquê de robôs transportados para um mundo de exploração, violência
e escravidão?
MINHA CONCLUSÃO APÓS ALGUNS
MINUTOS ANALISANDO A OBRA:
Este na verdade não é o mundo do
século XVIII - o mundo do pacto colonial, da sociedade escravista, da
exploração da metrópole sobre a colônia. É o retrato do mundo do meu aluno. O
mundo do meu aluno é um mundo de guerras, caos, violência e, por que não,
escravidão. Hoje vivemos um novo tipo de escravidão, somos escravos das
máquinas.
Quando saímos de casa sem o
celular é como se faltasse uma parte do nosso corpo. Um dia sem jogar videogame
é motivo de discórdia e mesmo violência entre do filho contra a mãe. Uma semana
sem internet, redes sociais, e sem compartilhar e curtir; a criança terá febre,
vômitos, convulsões. Sintomas muito parecidos de um dependente químico.
O meu mundo, o mundo da bolinha
de gude, do pião, da amarelinha, do pique-pega, pique-bandeira, foi substituído
pelo mundo em 3D. Com direito a robôs e naves espaciais. Não estou dizendo que
é um mundo melhor ou pior. É apenas o mundo do meu aluno. Meu aluno apenas desenhou o mundo dele.
Referência:
JULIÃO, Carlos. Brazil, Da Mineração, De Diamantes, Arte Brasileira, Imagem Da, Mineração De, 1770 Carlos, Desenhos Em História do Brasil.
3 comentários:
Seu aluno sabe ou intui que a mineração foi o início de toda a cisma que hoje nos mantém no mar da ignorância. Nibiruanos guerreavam por mineração por aqui. Que nos diga Enki e Enil... Filhos de Anu!
Ola meu caro Diógenes,
Deixo Anu, os Nibiruanos da “força-estelar/planeta” pleiadiana Nibiru para quem entende. Minha maior preocupação aqui é com a história do homem no tempo neste planeta. E mesmo isso meus alunos não estão dando conta. Agradeço por passar e deixar um comentário, tudo é enriquecedor.
Posso estar "viajando" mais do que o seu aluno, mas me parece um tanto complicado separar a motivação que leva ao retratado na pintura original (mineração no período colonial com mão de obra escrava) com a intervenção gráfica do seu aluno (guerra futurista).
Ambos foram concebidos com base na ideia de que o Forte subjulga o Fraco, o Rei (seja da Corte lusitana, seja de uma sociedade galática distante) consegue o que quer subjulgando o escravo/rebelde do futuro.
Sim, é evidente que eu preciso dar um tempo nas leituras da Faculdade e sanar de vez minha abstinencia por Star Wars, mas isso eu vejo depois.
Postar um comentário