Por Douglas Barraqui
Crise econômica da Europa, não se fala mais em outra coisa. Mas, olhe para esse momento histórico com um olho no presente e outro no passado. Você conseguirá, assim como eu, enxergar que o próprio conceito de crise econômica não mais consegue aplacar e nos dar a verdadeira proporção do que de fato está ocorrendo não só na Europa, mas em todo mundo.
O que de fato esta acontecendo é uma verdadeira alteração na relação entre poder e sociedade. O Estado em sua forma mais conhecida, ou como assistimos, está em crise. A crise econômica, que aos olhos nus de diversos economistas parece fácil de resolver, sufoca os Estados para uma crise política há muito conhecida historicamente; retomamos aqui a França pré-revolução.
A juventude, a opinião pública no geral está hoje muito mais informada e concientizada fazendo uma progressiva e constante desconfiança em relação ao poder. O face book e outros redes sociais estão derrubando tiranias no norte da África, movimentando protestos contra corruptos e organizando a massa frente ao caos na Grécia. Olhando com esses olhos as questões econômicas se tornam um plano de fundo para um processo muito mais amplo e complexo no âmbito da política e no conceito de poder estatal.
A crise atual não é a crise de 2008, é muito diferente. Em 2008 eram as instituições econômicas que estavam afundando, agora é muito mais grave são os Estados. Com aquela crise criou-se entre os bancos e grandes sistemas financeiros a crença de que quanto maior a crise econômica, maior seria a necessidade de o Estado intervir injetando mais e mais dinheiro nessas instituições. Contraditoriamente era a dívida dando lucro. Nuances e contradições do capitalismo.
Infelizmente não se aprendeu nada com o passado de meros 3 anos e menos ainda com a história. Continua se achando que o sistema capitalista e o mercado financeiro possuem vida própria, aos moldes do "laissez faire, laissez aller, laissez passer". Todavia esse mundo financeiro capitalista se configura como uma grande aldeia global cada vez mais conectado aos meios de comunicação, mais informados. Pessoas, as dezenas de milhares, com medo de perderem seus empregos, ficarem sem aposentadorias e cheias de remorso contra o Estado, a quem eles confiaram sua vida, e agora se vêem em apuros.
A crise política de fundo econômico, portanto tem um lado humano frágil, falível e corruptível. Talvez estejamos de frente a uma nova, grande e dramática revolução nunca antes vista na história da humanidade. Movida pelas massas e com uma nova arma, a informação.
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