sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Rei de Château de Nepomuceno


By Douguera


“Je suis le soleil” (eu sou o sol), dizia o pomposo monarca francês Luís XIV, reclinado sobre uma das centenas de janelas de um dos símbolos maiores da Monarquia absolutista francesa, o Château de Versailles (Castelo de Versalhes).


Castelos, obras monumentais absurdamente onerosas, são construídos por dois motivos básicos: primeiro para evitar invasões e segundo para revelar o poder de seu ocupante. Há ainda gente maluca como Ludwig II, também concebido como Ludovico II, “o louco”, rei da Baviera, que ergueu o sinuoso Neuschwanstein ao sul da Alemanha no final do século XIX, simplesmente para satisfazer seu bel prazer romântico.


De gente maluca esse mundo sempre esteve cheio, todavia, um corregedor da Câmara, eleito recentemente para o cargo de segundo vice-presidente, erguer um castelo, isso a gente não descobre todo dia. Edmar Moreira (DEM-MG) seria louco, ou mais um de nossa horda de políticos absolutistas picaretas? O fato é que o homem ergueu uma majestosa construção, avaliada entre 20 e 25 milhões, em um fim de mundo chamado São João de Nepomuceno (MG), um lugar pacato e bucólico que mais lembra uma antiga vila medieval, e omitiu esse bem de sua declaração de bens entregue à justiça nas últimas eleições.


Sua desculpa, como bom político picareta, era a de explorar mais o potencial turístico da região e que o imóvel, o castelo que começou a ser construído na década de 80, foi passado em 1993 para o nome de seu filho, Leonardo Moreira. Declarou apenas que possuía na cidade um terreno avaliado em pouco mais de 17 mil.


O rei ainda é acusado, segundo a Folha de São Paulo, de possuir dívidas com o INSS no valor de um milhão, onde sua empresa de segurança, a “Guarda Real”, recolhia a contribuição previdenciária do funcionariado, porém não encaminhava ao INSS. O caso está em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Resta agora saber se a cabeça do rei do Château de Nepomuceno irá rolar como a de Carlos I da Inglaterra ou como a de Luís XVI, da França. Ou ainda se tudo não vai acabar em uma majestosa pizza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal, Douglas.

O fato nem bem foi divulgado pelas mídias deste país, e você, sempre antenado, já deu uma futucada no caso da "monarquia a la brasileira".

Parabenizo-o. E é isso mesmo. Professor pesquisador que se preze deve estar sempre atento e com um olhar bem crítico sobre o que o rodeia.

Abraço.

David - Prof. DVD