Por Douglas Barraqui
Centro Educacional InterAção |
“O amor, Pois que é a palavra essencial” disse o saudosíssimo poeta Carlos Drummond de Andrade. Logo amar a sua profissão é essencial para se fazer bem e de forma feliz o seu trabalho. Mas, como conciliar, de forma harmoniosa, amor e trabalho. Como pode ser feliz um educador em sua profissão de professor em meio a uma realidade tão atroz de baixos salários, falta de recursos e dificuldades de um país como o Brasil? Como ser um “educador” e simultaneamente um “professor”?
Não tenho uma formula secreta ou um manual para lidar com perspectivas tão distintas. Acredito até que ser um educador vem de dentro, como algo inato. E acabamos por descobrir que podemos conciliar esse nosso amor a uma profissão a que denominamos professor.
É o que nos aponta Rubem Alves em seu livro Conversas Com Quem Gosta de Ensinar: “Professor é profissão”. “Educador, ao contrário, não é profissão é vocação, e toda vocação nasce de um grande, amor, de uma grande esperança”. Então, se professor é uma profissão, um mero funcionário de uma instituição ou do Estado; e educador é por amor, paixão e esperança, atualmente em qual estamento poderíamos melhor nos enquadrar?
Em meu tempo de docência, de contato com outros profissionais da minha área, dentro ou fora da sala de professores posso lhe dizer que sim o amor é algo essencial para quem deseja ser um profissional feliz em sua profissão. E digo mais, posso dizer que encontrei todos os tipos: “Professores” meros funcionários, de instituições de ensino, estes fazem de seu dia a dia de trabalho um verdadeiro martírio, palco de lamentações e estresse. E “educadores” sonhadores por natureza, vivendo em um mundo segundo o qual as pessoas se definem pelos seus sonhos e esperanças. Apaixonado por essência pelo que fazem. São felizes e fazem seus alunos mais felizes ainda.
Posso dizer ainda de um terceiro e de um quarto tipo o “professor educador” aquele que precisa ser libertado e o “educador professor” aquele que consegue conciliar paixão e profissão. O primeiro precisa ser libertado. Ama o que faz, mas ainda não o sabe, ou ainda não o descobriu. Aponta para todos os lados tentando encontrar culpados para seu sofrimento. O último consegue conciliar amor e profissão como um regente rege sua orquestra divinamente. Geralmente trabalha em várias escolas, lamenta algumas coisas como baixo salário ou falta de materiais, mas, sempre está feliz e faz seus alunos felizes, ama sua profissão. Diferenciam-se dos educadores, pois eles sonham sim, mas com os pés no chão, são mais realistas.
Não sei precisar em números quantos seriam “professores”, “educadores”, “professores educadores” ou “educadores professores” careço de meios empíricos para tal. Mas, posso dizer com segurança que todos os tipos podem ser encontrados e que os “professores” são os que menos tempo resistem às salas de aula.
O fato é que a vida é difícil por essência, ou nos podemos fazê-la difícil. Temos escolhas. Passar um pouco mais de 1/3 da vida fazendo algo que não se gosta ou que te deixa infeliz é estupidez demasiada, não uma escolha. Por isso sempre recomendo aos meus alunos: estude e se dedique de corpo e alma para aquilo que você mais gosta, que te deixa feliz e que você ame.
REFERÊNCIA
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. Campinas: Papirus, 2000.
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