segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O “ciberativismo” e a nova era das revoluções

Por Douglas Barraqui

Seria muita ousadia minha dizer que as redes sociais, como o Facebook e Twitter, possam ser os novos veículos motores, condutores, interlocutores de massas para às revoluções? Como os panfletos liberais da Revolução Francesa ou como os jornais de esquerda no período do nosso Regime Militar as redes sociais se demonstram como veículos de comunicação capazes de unir massas, propagar informações, opiniões e ideologias. O mundo da velocidade de informação via telemática agora colabora para a derrubada de um regime que há 30 anos estava no poder no Egito.

A terra das múmias e das pirâmides, enfrentou uma das maiores revoltas populares por alterações políticas que culminaram na renuncia do presidente Hosni Mubarak que há 30 anos se colocava no poder como um verdadeiro déspota faraônico.

Mubarak enfrentou a crise em três frentes: de um lado a Irmandade Mulçumana, principal força de oposição. Sua bandeira é a luta contra a influência ocidental e instalação da xariá, lei islâmica. Do outro lado os Democratas, pró-ocidente tendo como porta-voz o prêmio Nobel da paz Mohamed El-Baradei ex diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). E em uma ponta mais ocidental Mubarak enfrentava a oposição internacional Barack Obama, que tem no Egito o principal aliado no mundo islâmico, também pressionou pela renuncia de Mubarak e é claro se pondo do lado dos pró-ocidente.

Mas, o combustível da máquina da revolução foi o povo ligados direta ou indiretamente a algumas das ideologias mencionadas. E as redes sociais, resultado dos avanços tecnológicos dos últimos anos, foram utilizadas como instrumento de revolução.

Há cerca de três anos Khaled Said, um ativista egípcio, iniciou uma página do Movimento 6 de abril no site para apoiar os trabalhadores em greve no país. Desde então, a página conseguiu reunir mais de 60 mil membros preocupados com problemas como liberdade de expressão, economia e frustração com o governo. O blogueiro acabou espancado até a morte por policiais egípcios no ano passado. Outro jovem, Wael Ghonim, também por intermédio das redes sociais liderou milhares de manifestantes em defesa da democracia no Egito.

O regime de Hosni Mubarak até que tentou conter a revolução tentando bloquear o Facebook e o Twitter, e interrompendo o sinal de algumas operadoras de telefonia celular. Mas as redes sociais se comportavam como verdadeiros catalisadores do processo revolucionário independentes dos meios de comunicação de massa convencionais controlados pelo governo de Mubarak. É neste cenário que surge o “ciberativista”, como uma forma de ativismo, por intermédio dos meios de comunicação eletrônicos. Uma alternativa, que não nos parece convencional, ou que talvez não eram esperadas pelos criadores das redes sociais, para driblar os meios de comunicação de massa tradicionais geralmente monopolizados ou controlados por governos ou sistemas.

Acabou que o Facebook virou até nome de gente. Segundo jornal egípcio Al-Ahram um pai teria batizado sua filha como Facebook Jamal Ibrahim. Segundo o pai, Gamal Ibrahim, foi uma forma de homenagear a rede social uma das ferramentas online usadas pelos “ciberativistas” para organizar a revolução e reunir multidões em torno da praça Tahrir, centro da resistência contra o regime de Mubarak.

Hosni Mubarak sucumbiu à revolução; as redes sociais foram utilizadas como instrumentos de luta pelos “ciberativistas”; e Facebook virou nome de gente. A terra das múmias, faraós e pirâmides entra novamente para a história das revoluções.

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