segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Caos Nosso de Cada Dia: um livor de Novaes

Pegue
1.800 ônibus cheios e fumegantes;
70 mil carros particulares;
30 mil vagas;
centenas de caminhões;
17 mil táxis,
1 milhão de pedestres
e misture bem(não precisa bater).
Adicione 1.489 buracos,
500 sinais sem sincronia,
250 guardas sem iniciativa.

Leve tudo ao forno do centro da cidade.
E em menos de cinco minutos estará
Justificarpronto o maior bolo do mundo,
chamado trânsito carioca.

Quem nos dá a receita é Carlos Eduardo Novaes. O Caos Nosso de Cada Dia era para ser uma obra crítica de um observador com excelente senso de oportunidade, e é. Só que ela vai muito mais além, adentrando profundamente em um doce lado ridículo de nossas vidas caóticas, o livro nos mostra onde está a graça de viver.


“Com o modo unissex, as mulheres querem formar frente única com os homens: para derrotar os outros sexos.”(...)”Se Freud fosse vivo, diria que o movimento de libertação da mulher é pendular. E provavelmente o chamaria de Woman’s Libido.”

Mordaz, sagaz, irônico? Ou tudo de uma só vez? Novaes, batizado como Carlos Eduardo de Agostini Novaes, é carioca, tendo nascido em 13 de agosto de 1940 (logo num 13). Foi parar na Bahia para fazer direito pela Universidade Federal da Bahia (não que tenha feito algo de errado). Para viver, foi ele de tudo um pouco, trabalhou como agente rodoviário, sócio de uma fabrica de sorvetes e, até chegou a ser burguês como, dono de uma dedetizadora. Mas, seria como cronista do Jornal Última Hora, já no Rio de Janeiro, que o mundo começa a assisti-lo como um homem que não seria de meias palavras. Em 1972 acabou por aportar, com prognósticos bem-humorados, no Jornal do Brasil. Novaes também é romancista, dramaturgo, contista e por ai vai.


“... a indústria automobilística está por trás dessa redução. Diminuído as calçadas, os pedestres não tem onde andar. E, não tendo onde andar, são forçados a comprar carro.”(...) “Hoje em dia só há uma maneira realmente segura de não ser atropelado. É atravessando por cima dos carros.”

O Caos Nosso de Cada Dia, confesso, comprei em um sebo. Trata-se de uma compilação de crônicas, escritas para o Jornal do Brasil, publicada em 1974, ficou 32 semanas na lista dos mais vendidos de Veja. E, se é para rir do caos, do nosso caos, é melhor rir com Novaes. Pois ele faz do caos nosso de cada dia uma arte de viver com alegria.


“A verdade é que nossa população cresce em progressão geométrica, enquanto nossas praias crescem apenas em poluição aritmética, deixando em todas as certezas de que, quando se confirmar a teoria de Malthus sobre o desequilíbrio demográfico, a explosão se dará na praia.”

5 comentários:

Unknown disse...

Douglas adoro o Carlos Eduardo Novaes, acertaste cem cheio nesta postagem. Já mandei endereço pelo E-Mail desde Sabado. Acuse se nâo o recebeu.

Abraços

Carlucha disse...

Só mesmo uma visão (ou seria versão?)bem humorada da vida caótica a que estamos submetidos para minimizar as dores e os dissabores de quem enfrenta isso diariamente...
Homens, trânsito, poluição, gripe suína... só mesmo nós mulheres, para darmos conta. E de salto... :)))

Anônimo disse...

deixei um selo pra você no meu blog (nao sei se vc ja tem). Pegue-o,por favor, Você merece!
rs

Um, beijo

Anônimo disse...

Douglas, voce so copia o a imagem e salva em algum lugar e depois cola ai ao lado como eu fiz.
Legal tambem seria vc indicar o selo para mais 4 pessoas ( se achar que deve é claro)

Paulo Veras disse...

O triste é que esse bolo hoje, esta sendo fatiado por praticamente quase todas as metrópoles. Aqui que o diga.
Abraços e bom fds