sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Gladiadores de ontem e de hoje

Por Douglas Barraqui

Introdução

Provavelmente você já deve ter visto uma luta de boxe televisionada, ou uma luta de MMA (Mixed Martial Arts), mais conhecido como “vale tudo”. Agora você já viu uma luta entre gladiadores romanos? a não ser em filme, certamente que não. Os jogos romanos sobrevivem até os dias de hoje, como uma nova roupagem e certo, mas ainda desperta em seus espectadores o mesmo interesse de tempos romanos.

Arenas lotadas, estádios lotados: passaram mais de dois mil anos e o prazer por assistir o combate “homem a homem” continua perpetuado na sociedade moderna. A ética cristã, não foi capaz de mudá-lo e hoje o MMA é um dos esportes que mais cresce em todo o mundo gerando lucros exorbitantes.  Meu caro leitor, o que se segue é um breve capítulo da história que não passa, meu artigo tem por objetivo traçar um breve panorama entre os gladiadores de ontem e os gladiadores de hoje.

Origem

Foi entre os romanos que os combates entre gladiadores se popularizaram, tendo seu auge por volta do século II a.C. e V d.C. Todavia, os combates homem a homem eram bem mais antigos do que se pensa. Foram os etruscos, povo que habitou o norte da península Itálica, que costumizaram a luta entre servo e escravo como um ritual fúnebre com a finalidade de homenagear o morto. É bem certo dizer que os etruscos acabariam por influenciar a cultura romana.

Seria em 264 a.C. realizado o primeiro combate público quando os irmãos Décimo Bruto e Marcus promoveram um combate com três duplas para homenagear o pai falecido. Um século se passou e, também para homenagear a morte de seu pai, o general Tito Flavio promoveu um torneio com 74 gladiadores que duraram três dias.

Os romanos conheceram a República e os jogos perderam seu caráter fúnebre. Agora o Estado romano financiava os combates. 105 a.C. os Cônsules Rutilo Rufo e Caio Mamilo, realizaram os primeiros jogos sob a tutela do Estado. À população os jogos agradaram e os espectadores cresceram a cada evento. Em 44 a.C. Julio César organizou evento com 300 pares de lutadores. No Império, Trajano colocaria frente a frente 5 mil gladiadores em um evento que durou 117 dias sob os olhos e a ovacionação de espectadores que lotavam as arenas.

Os jogos foram proibidos por Constantino (306-337), todavia a relatos de combates até o governo do imperador Honório (395-423). O fato é que o público existia e era fanático por aquilo, alguns historiadores comparam o fanatismo pelo futebol na atualidade ao fanatismo pela luta entre gladiadores em Roma.

Os lutadores de ontem

Diferentemente do que muitos pensam quem lutava nas arenas romanas não era somente escravo. Os chamados homens livres também se enfrentavam, bem como alguns criminosos.

Em seu grande número os escravos que combatiam eram decorrente de guerras, alugados por seus senhores para promover o espetáculo. Sendo escravos, portanto, esses homens não tinham muitas escolhas a não ser lutar e ser um campeão nas arenas. O que  poderia significar conquistar da tão sonhada espada de madeira chamada de  rudiarii, ou seja era a conquista da liberdade.

Durante o período da República romana foi muito comum o enfrentamento de homens livres, chegando a metade dos gladiadores sendo formados por eles. O mais famoso deles talvez tenha sido o grande campeão Públio Ostório que na cidade de Pompéia fez 51 combates.

Mas o que levava homens livres a se submeterem ao fio da espada? Bem, apesar de toda a insalubridade da vida de um gladiador a fama e a admiração do público, principalmente feminino, faziam do gladiador um herói. E esse apreço feminino gerou várias histórias: Eppia, mulher de um senador romano, fugiu para o Egito com um gladiador isso quem nos confirma são os registros do poeta Juvenal. Cômodo, filho de Marco Aurelho e Faustina, era de fato fruto de uma paixão dela com um gladiador.

O fato é que os combates entre homens, e entre homens e feras era muito bem quisto entre os romanos.

Os gladiadores hoje 


Os tempos mudaram e hoje nos assistimos lutas entre homens, sem regras ou com um limite mínimo, televisionadas é o Mixed Martial Arts (mistura de artes marciais). Poucos sabem, mas o Mixed Martial Arts, que já foi conhecido como “Vale Tudo”, é uma invenção brasileira  legado da família Gracie (criadores do Jiu-jitsu brasileiro), cujo seus membros nos anos de 1950 e 1960, desafiavam praticantes de outras categorias marciais para combates que valia tudo mesmo. 

Em 1993, a família Gracie  levou o evento para os EUA que foi batizado de Ultimate Fighting Championship (UFC). O campeão seria aquele que vencesse o torneio de caráter eliminatório entre oito homens praticantes de qualquer luta marcial. O esporte se difundiu e devido às barbáries assistidas teve que se impor algumas regras.
Antônio Rodrigo Nogueira

O UFC foi comprado pela empresa de cassinos norte-americana Zuffa, que pertencia aos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta. A Zuffa investiu pesado nos eventos e transformou em espetáculos televisionados. Os atletas foram divididos em categorias, foram realizados eventos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, foram criados jogos de vídeo game, brinquedos, em fim, em tudo se lucrava. Um esporte que gera divisas volumosas nas bolsas de apostas, e é o  que mais cresce no mundo hoje. 

Os lutadores tem prestigio e fama estando os brasileiros entre os melhores nas diversas categorias como Anderson Silva, “the Spiderman”, Atual campeão do cinturão dos Medios do UFC; Mauricio Milani Rua, o “Shogun”; José Aldo da Silva Oliveira Júnior, Atual campeão dos Peso Pena do UFC, temos ainda nomes lendários que fizeram história e fama como Antônio Rodrigo Nogueira, o “Minotauro” e o Wanderlei Silva. Os dois brasileiros juntamente com o croata Mirko "Cro Cop" Filipović foram os homens mais perigosos das arenas durante vários anos.

Fedor
Mas o maior de todos os tempos para vários especialistas em MMA é o russo Fedor Vladimirovich Emelianenko "The Last Emperor". O último imperador como é chamado pelos fãs pode ser comparado ao grande campeão romano Públio Ostório. 

Conclusão

O MMA é um dos esportes que mais cresce em todo mundo. Uma contradição em meio a uma sociedade ocidental pautada pela ética cristã que condena a violência. Os gladiadores de hoje, bem como os de ontem, tem fama e prestigio sendo ovacionados por multidões quando entram nas arenas octogonais cercadas por arame. No passado as lutas tinham uma função política, fazendo parte do "panis et circenses" e acabavam, geralmente, com a morte do perdedor; os gladiadores lutavam por suas vidas, pela liberdade. Os combates de hoje estão inseridos na ótica capitalista de lucrar; não se luta pela liberdade ou pela vida, se luta por dinheiro e o evento é formidavelmente lucrativo e felizmente não mais acaba em mortes. É a história que se repete ou o passado que teima em não passar?



Bibliografia:

FERREIRA, Olavo Leonel. Visita à Roma Antiga. São Paulo: Moderna, 1993 História em Revista: impérios em ascensão (400 a.C. – 200 d.C.). 3.ed. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1993. p.65.

ZANCHETTA, Maria Inês. Os que vão morrer. Superinteressante. São Paulo, nº10, ano 10, out. 1988.

GRECCO, Dante. Por que lutavam os gladiadores. Galileu. Rio de Janeiro, nº108, ano 9, jul. 2000

Ultimate Fighting Championship (UFC). Disponível em: http://br.ufc.com/. Acesso em 21 de janeiro de 2011.

7 comentários:

Goliardos disse...

É imprecionante como as lutas de MMA atrai muitos espectadores, assim como as lutas de gladiadores atraia. A relação do seu texto é interesante.

Talvez a diferença esteja no sentido que cada uma representa a cada tempo. Na Roma antiga as lutas de gladiadores eram usadas para promover a Política do Pão e circo. Hoje o MMA esteja mais no bojo do sistema capitalista em gerar lucros com algo que atrai as pessoas.

Abraços..

DoUgLaS BaRrAqUi disse...

Obrigado pela visita meu amigo e pela contribuição!

Professor Josimar Tais disse...

Caro prof. Douglas, sua análise entre os antigos e os novos "gladiadores" foi muito bem sucedida. Vale ressaltar que na época romana os gladiadores usavam da sua frieza e brutalidade até que provocavam a morte do oponente. Hoje em dia, as lutas, apesar de serem bastante violentas, não chegam a esse ponto, possuem somente um caráter esportivo. Ainda bem, não é?
Abraço.

ensinoregular disse...

Caro colega,gostaria de dizer que embora exista hoje os gladiadores do futuro é necessário fazer uma resalva, os gladidores do passada eram obrigados a lutarem.Ou matavam ou eram mortos por isso defendiam sua honra.Hoje estas lutas são só por dinheiro e desumana.

Anônimo disse...

Olá Doug!!

Td bom? Fiquei feliz em poder ajudar no seu projeto.
Gostei muito de como você traçou a luta de gladiadores até as lutas livres de hoje, parabéns.

Abs,

Pamella

Mídia Católica disse...

Seu artigo não é ruim. É um artigo razoável, que precisa ser aperfeiçoado, mas não deixa de ser uma boa fonte de subsídio, já que pretendo escrever sobre este mesmíssimo tema. No geral concordo com suas conclusões.

Sylvio Mário Bazote disse...

Inteligente a comparação entre as arenas dos gladiadores e dos lutadores de UFC!
O tempo passa, as sociedades se organizam de formas diferentes, mas certos aspectos da essência humana não mudam.