domingo, 25 de abril de 2010

O quadro social e a representação religiosa no Brasil Colonial



Por Douglas Barraqui

Em Portugal a igreja estava atrelada ao Estado por intermédio do padroado, que fazia do rei o Grão-mestre da Ordem de Cristo, dando a este o direito de nomear capelães, vigários e bispos. Quanto a participação dos clérigos na colônia, é fundamental destacar que se fez presente desde a expedição de Cabral, embora que em muitas das vezes desarticulada, atendendo a interesses pessoais e/ou de terceiros, e não preocupados com ações pastorais. É necessário lembrar ainda que, em meados do século XVI, vivia-se na Europa, bem como no Brasil, o agitado clima dos conflitos religiosos.

A radicalização dos embates religiosos em vários países europeus teve reflexos na América. Protestantes, judeus e ciganos eram hostilizados abertamente; os índios deveriam ser convertidos. Para os primeiros a repressão oficial; para os últimos, a propaganda da fé e as conversões que ficava a cargo da Companhia de Jesus.

A Companhia de Jesus adentrou o interior da colônia, convertendo os indígenas e estudando suas línguas. Na defesa de suas posições os jesuítas conflitaram constantemente com os colonos. Portanto, seria um erro apresentá-los como um mero braço religioso do Estado lusitano, ao passo que tinham seus próprios interesses.

Dentro da ótica das contra-reformas não podemos deixar de fazer referência à inquisição. Estabelecida em Portugal por D. João III, a inquisição nunca teve um tribunal permanente no Brasil, o que de fato acontecia era a formalização de processos que eram enviados para o tribunal em Portugal. Os representantes do Santo Ofício não tinha autoridade para instaurar processos sem a ordem de Lisboa, podendo apenas realizar sindicâncias e enviar o relatório para Portugal, só assim poderia ser decretada a prisão do acusado.

Os principais crimes, confessados ou denunciados eram as faltas religiosas quanto ao dogma ou à liturgia, critica à hierarquia religiosa e à inquisição, prática de luteranismo, judaísmo, maometanismo, feitiçaria, superstições, pactos demoníacos, sodomia, bigamia e suborno. Até mesmo os padres poderiam ser admoestados por erros ou abusos teológicos.

Bibliografia:

WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil colonial. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma bruxa no meu divã: Entrevista com Binha Martins

Ola meus caros amigos contemporâneos de meu tempo. Durante a Idade Média os chamados inquisidores tiveram a oportunidade de estarem frente a frente com mulheres acusadas de atos de bruxarias, as interrogaram e torturaram e por fim queimaram-nas em fogueiras. Mais de cinco séculos se passaram o mundo mudou e elas, as bruxas, ainda estão presentes, sobreviveram às torturas, as perseguições e à fogueira da inquisição.


Não tive a oportunidade de estar junto dela por motivo de incompatibilidade geográfica, mas minha cara amiga e bruxa Binha, foi de uma receptividade fantástica a minha proposta de entrevista-la. Segue abaixo algumas a entrevista feita com a bruxa Binha para complementar meu artigo especial sobre Bruxas. Desde já agradeço a minha amiga bruxa:


HiStO é HiStÓrIa: Na Idade Média ao se declarar como bruxa você seria levada a uma fogueira. Sei que os tempos mudaram, mas, por que você se intitula bruxa Binha?


Bruxa Binha: Desde criança me interesso por temas que envolvem o místico, o oculto, a Natureza, a paranormalidade… esses temas sempre me interessaram… é uma característica muito forte em mim. Hoje, sigo uma filosofia de vida pagã, a Bruxaria. Aplico e acredito em meus conhecimentos e na minha intuição. Trabalho diariamente para manter-me em equilíbrio. E sigo o que eu acredito, independente do que a Sociedade nos impoe. A forma que escolhi viver faz de mim uma Bruxa.


HiStO é HiStÓrIa: Qual o por quê, e/ou quais os motivos que a levaram a se interessar pela bruxaria?


Bruxa Binha: Meu encontro com a Bruxaria aconteceria de uma forma ou de outra. Quando me desliguei da Umbanda buscava algo como a Bruxaria… então quando conheci esse modo de vida, foi um Encontro muito feliz! Pois tudo era exatamente como eu visualizada dentro de mim. O motivo maior foi a interação que tive e tenho com minha essência.



HiStO é HiStÓrIa: Historiograficamente a Wicca é uma religião neo-paga, originada na Europa Antiga, fundamentada em cultos centrados na fertilidade. O que é a Wicca em nosso mundo contemporâneo?



Bruxa Binha: A Wicca auxiliou a popularização da Bruxaria. E isso foi um passo muito importante para todos aqueles que estudam, pesquisam e praticam algum caminho místico ou oculto. É muito comum, quando as pessoas se interessam por Bruxaria, iniciar seu caminho pela Wicca...

Conheço poucos adeptos que realmente seguem a Wicca…

A grande maioria se diz Wicca, mas não seguem suas vidas baseadas na religião e muitas vezes nem numa filosofia pagã. Apesar de muitos criticarem, eu acredito que já é um ótimo começo. Afinal de contas, essas pessoas precisam colocar em prática o que acreditam e expor que esse é seu caminho já um começo. O que impede essas pessoas de realmente ter uma prática intensa é a falta de disciplina e compromisso, a família, o pré-conceito vindo de fora ou até mesmo de dentro da pessoa…

Mas enfim…

Já é um começo para um nascimento de pensamento livre.


HiStO é HiStÓrIa: Você tem dois sites: “Grande Arte” e “Ateliê Fruto Primitivo”, qual o objetivo dessas páginas?


Bruxa Binha: O site Grande Arte tem 3 importantes funções:

*É uma Loja especializada em instrumentos para praticantes e também atende um público simpatizante pelo místico. Atende inclusive peças sob encomendas, de acordo com a prática do cliente e confeccionado de forma magicamente correta para que o mesmo alcance seu objetivo.

*O site Grande Arte tem uma seção especial para estudos. Nesta seção tem diversos textos para auxiliar o praticante, além de conter uma agenda de eventos pagãos.

*Também divulgo meus trabalhos artísticos através do site Grande Arte.

O Ateliê Futuro Primitivo tem como objetivo ser um local para minha produção interna (artística) e do artista visual Felipe Ruído. Além das produções internas, acontecem Cursos, Bazares, Eventos, Oficinas, etc.



HiStO é HiStÓrIa: O termo Bruxaria, até certo ponto, respeita as faculdades espirituais de um indivíduo que geralmente se auxilia de práticas e rituais tido como mágicos, ou magia. Assim ao produzir determinados efeitos “mágicos” sobre a realidade natural, efeitos que não se consegue explicar cientificamente, utiliza-se a terminologia sobrenatural. Até que ponto você acredita em forças sobrenaturais?




Bruxa Binha: Trabalho com forças que julgam sobrenaturais diariamente. Porém, para mim, são forças naturais que todos nós podemos ter conhecimento de como trabalhar com elas. São forças que todos nós temos como as desenvolves. O nível de desenvolvimento dependerá do histórico, conhecimento, disposição e disciplina de cada um. De forma objetiva, respondendo sua pergunta, eu acredito em forças “sobrenaturais”. Cada caso avalio isoladamente para chegar numa conclusão satisfatória.


HiStO é HiStÓrIa: Quanto à realização de rituais de bruxaria; a mentalidade comum, e a que provocou verdadeiros devaneios na Idade Média, é a de que os rituais de bruxaria interferem com as pessoas causando efeitos sobre seu estado mental ou físico, ou mesmo altera-se a percepção que essa pessoa tem da realidade. Poderia nos dizer o que de fato é um ritual de bruxaria? e qual seu objetivo?




Bruxa Binha: Existem muitos tipos de Rituais de Bruxaria e com uma infinidade de objetivos. O importante é saber que todos nós, a todo momento, temos o poder de alterar nossas vidas. Basta ter consciência e conhecimento para alterar de uma forma benéfica. Na realidade isso é um processo muito natural e um trabalho de energia. E todas as pessoas podem ter esse conhecimento, mas para isso deve começar a assumir responsabilidades por seus atos. E posteriormente pegar as rédeas da sua própria vida. Geralmente quando temos a nossa frente um caso de pessoas que forçam ou são forçadas a viver uma situação, com certeza ambas precisam trabalhar seu auto-conhecimento e sua força espiritual e serem felizes da forma que realmente são. O uso do conhecimento místico deve ser usado para harmonizar nossa essência com nossa vida e não para forçar situações.
Essa questão é bem complexa...

Espero ter esclarecido um pouco o meu ponto de vista.





Douglas,

***Que bons ventos atravessem seus caminhos e lhe traga tudo o que sinceramente desejar!!!***

Agradeço o convite para responder à esta entrevista.

Agradeço também a forma carinhosa que está conduzindo este trabalho.
Desejo-lhe sucesso
.



Binha Martins

Binha Martins trabalha com orientação de cursos e atendimentos com Tarô e atualmente está dando início a um projeto musical. Mora em Vila Mariana – São Paulo. Contatos:



Loja Virtual Grande Arte - para Brux@s e afins!!!

http://www.grandearte.art.br/loja.html



Ateliê Futuro Primitivo

http://ateliefuturoprimitivo.blogspot.com
E-mail e msn: ateliefuturoprimitivo@hotmail.com



(11) 2769 0221