Prof.
Douglas Barraqui
1.1          
ARISTÓTELES: A
IMPORTÂNCIA DA REALIDADE SENSORIAL
A)   CONTEXTO HISTÓRICO:
Ø  Aristóteles nasceu
em 384 a. C., em uma família de médicos, na cidade de Estagira (por isso ele
também é chamado de estagirita).
Ø  Foi discípulo de Platão.
Ø  Professor de
Alexandre o Grande.
Ø  Fundou a sua
escola: Liceu.
B)    DIFERENÇAS ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES:
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PLATÃO 
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ARISTÓTELES 
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Ø  Matemática como
  meio de se alcançar o conhecimento verdadeiro. 
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Ø  Experimentalismo como
  forma de se alcançar o conhecimento verdadeiro (empirismo – usos dos
  sentidos). 
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Ø  Dualidade: mundo
  sensível e inteligível. 
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Ø  Mundo sensível
  (material). 
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Ø  Beleza (bom e
  belo) percebida através do pensamento, só existe no mundo das idéias
  (inteligível). 
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Ø  Beleza percebida
  através dos sentidos, propriedade do ser (admite o feio como valor estético).
   
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Ø  Idealista 
 | 
  
   
Ø  Realista  
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C)    A METAFÍSICA:
Ø  É o estuda das
causas primeiras.
Ø  A metafísica (busca
a essência das coisas), portanto, FILOSOFIA PRIMEIRA.
Ø  É o mais alto grau
de conhecimento que o ser humano pode alcançar sobre o mundo do ser.
Ø  A mais difícil e a
mais ampla de todas as ciências.
Ø  A filosofia
aristotélica busca o conhecimento daquilo que está além do mundo empírico (uma
realidade METAEMPÍRICA). 
D)   A LÓGICA:
Ø  Para Aristóteles
para se chegar ao conhecimento verdadeiro deve-se obedecer a regras lógicas.
Ø  A lógica nos
permite avaliar as idéias em argumentos.
Ø  Para que uma
conclusão seja correta, a argumentação deve ser lógica.
I.                   
Tipos de
Argumentação:
1)     
Indução (analogia):
ü  O RACIOCÍNIO parte
da experiência PARTICULAR em direção ao UNIVERSAL para se chegar a uma
CONCLUSÃO LÓGICA. 
ü  A experiência
PARTICULAR permite alcançar por meio de uma GENERALIZAÇÃO uma LEI GERAL. 
ü  A conclusão pode
ser forte ou fraca, depende do numero de seres observados.
Ex. 
·        
Urubu
é um pássaro que voa,
·        
Pardal
é um pássaro que voa,
·        
Pombo
é um pássaro que voa,
·        
Logo,
todos os pássaros voam.
2)     
Dedução
(silogismo):
ü  O RACIOCÍNIO parte
da experiência UNIVERSAL em direção ao PARTICULAR para se chegar a uma
CONCLUSÃO LÓGICA. 
ü  O silogismo é
formado por uma PREMISSA MAIOR (P) (verdade) somada a uma PREMISSA MENOR (p)
para se chegar a uma CONCLUSÃO LÓGICA (C). 
P+p=C
Ex. 
·        
Todo
brasileiro é sul-americano. (Premissa maior) 
·        
Ora,
todo paulista é brasileiro. (Premissa menor) 
·        
Logo,
todo paulista é sul-americano. (Conclusão)
E)     COMO COMPREENDER A REALIDADE: A TEORIA DO CONHECIMENTO
Livro: “Metafísica”
Ø  A realidade pode
ser compreendida através da observação (sentidos).
Ø  A realidade é constituída
pelo concreto e mutável.
Ø  É na realidade que,
através do experimentalismo, o ser humano deve buscar a verdade.
Ø  O sujeito
cognoscente (ser pensante) deve partir dos dados sensíveis (pelo método
indutivo) para chegar a verdade universal ou essência do ser.
Alguns conceitos em
Aristóteles são importantes para compreender o mundo sensível, material:
I.                   
MATÉRIA E FORMA:
1)     
Matéria:
ü  A matéria é o que
compõe o mundo físico.
ü  O que constitui as
coisas.
ü  Um princípio que
individualiza o ser.
ü  É tudo aquilo que é
perceptível aos nossos sentidos e contem a potência (possibilidade) de se
transformar em outra coisa.
Ex.: Madeira, pedra
2)     
Forma:
ü  É a maneira com a
qual a matéria de cada ser (coisa) se individualiza e se dispõe.
ü  É a essência da
matéria.
Ex.: Cadeira, mesa
II.                 
SUBSTÂNCIA E
ACIDENTE:
1)     
Substância:
ü  Definições: 
a)     
Existência
particular, característica individual e única do ser (essências individuais) 
b)     
Objeto
da metafísica, que busca encontrar a metafísica do ser (fundamento)
Ex.: Cedro, mármore
2)     
Acidente:
ü  Característica
circunstancial do ser.
ü  Varia, mas sem
mudar a sua essência. 
Ex. cor dos olhos,
azuis ou castanho possuem a mesma função; dedos, curtos ou largos possuem a
mesma função.
Ex.: Madeira roxa,
Mármore rosa
III.               
NECESSIDADE E
CONTINGÊNCIA:
Características do
ser:
1)     
Necessário: aquilo que é
necessário para que o ser exista (a substância). 
Ex. Cadeiras e
mesas precisam da madeira e da pedra.
2)     
Contingentes: aquilo que é
dispensável para a existência do ser (os acidentes). 
Ex.: Cadeira pode
ser de madeira roxa ou vinho, terá mesma função. A mesa pode ser de mármore
rosa ou branco, ainda assim terá a mesma função.
IV.               
POTÊNCIA E ATO:
1)     
Potência:
Está relacionado
com a matéria que possui potencial
para ser transformado, ex.: 
ü  A madeira é a
potencia da cadeira.
ü  A pedra é a
potencia da espada.
2)     
Ato:
Está relacionado com a Forma que assume o ser após ser transformado.
 Ex.:
ü  A cadeira é o ato
da madeira.
ü  A espada é o ato do
ferro.
ü  A moeda é o ato da
prata.
Ø  Os seres se
transformam da potência para o ato.
Ø  A FORMA por ser
sempre o ato, é o REAL.
Ø  A MATÉRIA por ser
sempre uma potência, é o POSSÍVEL.
Ø  O REAL é MAIS
PERFEITO do que o POSSÍVEL.
Ø  Logo, a FORMA é
MAIS PERFEITA do que a MATÉRIA.
V.                 
A TEORIA DAS 4
CAUSAS:
1)     
Causa material: é a matéria que
forma a coisa ou  o ser. (ex. a madeira e
a causa material da cadeira)
2)     
Causa formal: é a forma ou modelo
da coisa ou do ser. (ex. a cadeira para ser a cadeira precisa ter quatro pés e
um acento).
3)     
Causa eficiente: aquele que realiza a
transformação (criador). (ex. carpinteiro é a causa eficiente da cadeira).
4)     
Causa final:  é o objetivo, o porquê das coisas, sua
finalidade. (ex. a cadeira serve para sentar).
Todas as coisas têm um propósito e
devem cumprir sua finalidade.
F)     ÉTICA: A MEDIANIA OU JUSTIÇA MEDIDA
Ø  Diz respeito ao
comportamento das pessoas em sociedade.
Ø  O PRINCÍPIO BÁSICO e fundamental que guia
o pensamento de Aristóteles é a noção de FELICIDADE.
(todas as ações humanas devem ser para buscar a felicidade).
Ø  Felicidade não está
nas coisas materiais ou nos prazeres da carne.
Ø  Felicidade consiste
na realização da racionalidade através das virtudes (justa medida / mediania).
Ø  justa medida /
mediania seria a justa medida entre o excesso e a falta (busca pelo
equilíbrio).
Ø  As escolhas racionais
devem vencer os instintos e os prazeres. 
Ø  O homem não nasce
bom, torna-se bom a partir do exercício da virtude, atingindo assim a
felicidade. 
Escolhas racionais
(virtute) equilíbrio = felicidade
G)   A CIDADE E O CIDADÃO POLÍTICO
Ø  O ser humano é um
“animal político” (as pessoas nasceram para viver em comunidade).
Ø  A felicidade está
em viver em sociedade.
Ø  Justifica a
escravidão como meio para que o cidadão tenha tempo para se dedicar a política.
Ø  O governo (de um só
homem ou de vários homens) tem o dever de garantir o bem comum. Aristóteles
classifica as formas de governo: MONARQUIA (despotismo ou tirania),
ARISTOCRACIA (oligarquia) e POLITÍA (democracia ou demagogia). Para Aristóteles
a democracia seria uma governo alheio ao bem comum por favorecer os mais
pobres.
REFERÊNCIAS:
 ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução á
Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.
 BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis;
ed. Vozes, 1997.
CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo,10ª.
Ed.,Ática,1998.
CONTIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia -História
e Grandes Temas. São Paulo;Editora Saraiva, 2000.
 GAARDEr, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo;
Cia. Das Letras, 1995.
GILES, Thomas Ransom. Introdução á Filosofia. São Paulo;
Epu, 1979.
LICKESI, C. Carlos. Introdução á Filosofia -
Aprendendo a Pensar.2ª. Ed. São Paulo.
Cortez,1996. MONDIM, Battista. Curso de Filosofia.
8ªEd. São Paulo; Paulus,1981 - Volume I, II e III.
MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de Filosofia -
Lições Preliminares. São Paulo; Mestre Jou,1980.
POLITZER, G. Princípios. Fundamentais de Filosofia.
São Paulo; Hemus, 1995.

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