by Douguera
O movimento republicano
O ideal de república não era novo no país e se divide em duas fases: durante o Período colonial, significou a revolta contra a metrópole, é o que a autora Emila Viotti Costa chama de republicanismo utópico e após independência:, que significou uma oposição ao governo.
O partido republicano surge em 1870, sua origem está no partido liberal, que em 1868 cindiu-se em duas alas: radicais e moderados. Dentro da ala dos radicais que vai evoluir o ideário republicanismo.
De 1870 até 1889 o partido republicano ampliou sua influência. Foram criados vários clubes e jornais, e essa ampliação do ideário de república se dá graças a propaganda feita por esses órgãos, que se concentraram preferencialmente no sul, segundo o qual 73% dos jornais e 89% dos clubes, localizavam-se nessas províncias. Portanto, o sul do país demosntrava que era o grande emissor da propaganda republicana.
Grande parte do corpo militante do movimento republicano era composto por fazendeiros, rompendo com a idéia de que as zonas rurais eram predominantemente conservadoras. Os dirigentes do movimento deixavam bem claro em não ter nada a ver com a questão abolicionista (o que não significava que alguns de seus membros fossem simpáticos ao fim do escravismo) a fim de conservarem a simpatia com os fazendeiro. Quando a participação no movimento era preponderante a presença de elementos do oeste paulista em detrimento do Vale do Paraíba. Emília diz que o Oeste Paulista configurava-se em uma zona pioneira e que destacava-se pelo espírito progressista: pioneiros na substituição da mão de obra escrava pela de imigrantes, ampliação de ferrovias e organismos de credito, a própria população era mais diversificada profissionalmente, formação de uma mentalidade mais urbana do que rural devido que os fazendeiros viviam boa parte do ano nas cidades. Portanto
O partido republicano se dividia em duas tendências: A revolucionária, idealizava a revolução popular, o povo deveria fazer a revolução e a evolucionista, acreditavam que se chegaria a republicanismo pelo modo pacífico, através da via eleitoral. Essa ala evolucionista é a vencedora no congresso realizado
A solução militarista
É em 1887 que a chefia do partido começa a cogitar na possibilidade de recorrer ao exército a fim de derrubar a monarquia e instaurar a república. A questão militar era explorada pelos republicanos a fim de colocar os militares contra a monarquia, e assegurava-lhes incondicional apoio. A autora explica que não havia uma questão militar e sim várias: a primeira data do fim da Guerra do Paraguai; difusão do positivismo de conte nas escolas militares, principalmente com a ação de Benjamin Constant; entre os militares havia a difusão da convicção de que os homens de farda eram “puros” e “patriotas”, e estavam ansiosos para corrigir os vícios da organização política do país, ao contrário dos civis corruptos e sem nenhum sentimento patriótico. Dentro do corpo militar havia certamente profundas divergências, mas a adesão de uma facção, mais ou menos importante, à idéia de república foi decisiva para a proclamação da mesma. Emília argumenta que: "A república nasce sobre o signo do exército".
Tentativas de frear o movimento
O movimento abolicionista e a propaganda republicana faziam generalizar a impressão de que a monarquia estava com seus dias contados. Foram então deixadas algumas palavras proféticas pelo Barão de Cotegipe, disse ele:
“não se apresse a correr para ela que ela está correndo para nós. O meu ministério caiu por uma conspiração do palácio, o meu sucessor sairá na ponta das baionetas e talvez com ele a Monarquia.”
Ouro Preto, quem assumira o ministério em 1889, tinha a plena convicção dos riscos que estava por enfrentar. E deste modo era necessário neutralizá-la, não por meio da violência ou repressão, mas sim demonstrando a elasticidade do regime monárquico, por intermédio de reformas políticas, sociais e econômicas, inspiradas na escola democrática. Inicia-se então o programa de reformas: ampliação da representação; plena autonomia das províncias; liberdade de culto religioso; temporariedade do senado; liberdade de ensino; lei de terras que facilitasse sua aquisição; estabelecimento de créditos; elaborar um código civil; reformas no conselho de Estado dentre outras reformas de nítido carater liberal.
Pedro Luiz Soares de Souza, deputado do Rio de Janeiro, pergunta a Ouro preto: “é o começo da República?”, ao que lhe respondeu Ouro Preto: “não, é a inutilizarão da República.” A câmara recuou diante das medidas, que pareciam demasiadamente radicais. O que testemunhando, portanto, a incapacidade dos grupos dominantes em aceitar as reformas necessárias para inutilizar o movimento republicano sem a repressão. O fato é que seria impossível realizar tais reformas dentro dos quadros da monarquia.
O golpe de 15 de novembro
Com a dissolução da câmara a situação se agravou. Ouro preto tomou algumas medidas que desagradaram os militares e foram amplamente utilizadas pelos republicanos, que se aproveitando do momento de inquietação, passaram a insistir com os militares para que se colocassem à frente do movimento republicano. Em 11 de novembro, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Bocaiúva, Glicério e o coronel Sólon reuniram-se na casa de Deodoro a fim de convencê-lo a tomar partido. Assim em 15 de novembro era proclamada a República, por um golpe militar, conjugando três forças: O exército, fazendeiros do Oeste Paulista e Representantes da classe média urbana.
O ano de 1889, todavia, não significou uma ruptura do quadro histórico do Brasil: As condições de vida do trabalhador rural continuaram as mesmas; Permaneceu o sistema de produção e o caráter colonial da economia e persistia a dependência em relação ao mercado externo e ao capital estrangeiro.
Bibliografia:
COSTA, Emilia Viotti da. Da Monarquia a Republica: momentos decisivos. 5. ed. - São Paulo: Brasiliense, [1989?]. 361p. ISBN 8511130462 (broch.).
BEAUGESTE, Leon. Fatos do Brasil Império. Disponível em: http://fatosdobrasilimperio.blogspot.com. Acessado em 23/11/2008.