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sábado, 22 de agosto de 2009
História Política (discutindo René Remond)
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sábado, 15 de agosto de 2009
Moniz Freire
Foi lendo o livro de Jose Cândido Rifan Sueth, mestre em história social das relações políticas, que de fato entendi porque Moniz Freire ocupa um lugar especial no hall de personalidades capixabas, tendo deixado sua marca como personalidade política na história do Espírito Santo. E aqui está, portanto, a razão de existir deste artigo.
José de Melo Carvalho Moniz Freire, nasceu em 13 de julho de 1861, natural de Vitória, cursou direito na Faculdade de Recife tendo concluído o curso na área jurídica
Tinha, como meta de trabalho, a construção de uma linha férrea unindo Minas Gerais e Espírito Santo, para tanto o estado contraiu a primeira divida externa, de 17 milhões e quinhentos mil fracos franceses, que foram de fato aplicados na construção da estrada de ferro Sul do Espírito Santo, que faria ligação entre Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. Povoar o solo e transformar Vitória em um grande centro comercial era seu sonho.
Trouxe ao estado 20 mil italianos a fim de trabalharem diretamente na lavoura. Implementou a navegação a vapor no Rio Doce e promoveu a expansão da ilha de Vitória com o projeto Novo Arrabaldi. Todavia, a carência de autonomia em relação ao governo central impediu a continuidade dos planos tão esperançosos. O próprio Governo Federal não assistia o estado, negligenciando varias reivindicações e pedidos de auxilio feitos pelo então governador Moniz Freire, São Paulo, por sua vez, era preferido. A exemplo da necessidade de um serviço regular de higiene para o Estado, assim se queixa Moniz Freire:
“[...] porque faltam-nos para isso pessoal competente, recursos, e outros elementos indispensáveis, dos quais no Brasil só dispõem a Capital Federal e São Paulo, que têm dependido muitos milhares de contos para montá-lo [...].”[2]
Outro exemplo claro da insignificância a qual era arremetida o E.S., apesar de ser a nona renda do país, estava na representatividade nos ministérios. O estado encontrava-se entre os seis estados sem nenhuma representação nesse organismo. Com o termino do primeiro mandato, em 23 de maio de 1896, sendo então sucedido por Graciano dos Santos Neves, o quadro se agravou.
Em meio ao contexto de baixa dos preços do café no mercado, em 23 de maio de 1900, Moniz Freire dá início ao seu segundo mandato. A seca abate os agricultores capixabas, agravando a situação produzida pela crise do café. O “Espírito Santo viu-se obrigado a pedir a moratória aos credores estrangeiros em
A fim de enfrentar a crise Moniz não vê outra saída se não corte de gastos públicos. A possibilidade de um novo recurso econômico para o estado estava na exploração da areia monazítica do litoral capixaba, que devido a um problema jurídico relacionado a constituinte de 1891, sofreu dificuldades de se efetivar. Moniz se queixa-se do Governo Federal:
“a execução desse contrato tem sido dificultado por atritos entre a União e o estado, devido a falta de delimitação da área de marinhas na zona onde a exploração teve começo.”[4]
A crise cafeeira assolava as zonas produtoras, levando Moniz Freire a tomar a iniciativa de procurar o presidente de São Paulo, a fim de, juntos mandarem carta aos governantes de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, convidando-os a uma ação conjunta, para um inteligente trabalho de marketing dirigida a Europa, com intuito de arrebanhar novos mercados consumidores, o que poderia resolver o problema da superprodução causa primaria da crise. Dentre as prerrogativas do plano de Moniz, estavam a distribuição de café nas fábricas européias, liceus, exército e marinha, com a finalidade de fomentar novos consumidores em potencial, também, organizar estatísticas que permitiriam um plano de manobras em momentos de crise e estabelecimento de relações diretas entre comércio e os mercados consumidores. Um projeto audacioso, todavia, nada foi levado a diante, o que leva a novas queixas por parte de Moniz:
“não poderia o nosso estado, pequeno e exausto como se acha, pretender presentemente tomar nenhuma iniciativa no sentido de forçar uma deliberação eficaz sobre esses assuntos; por mais que a sua sorte esteja aí envolvida, sua posição não pode ser senão de passividade resignada.”[5]
Assim está o estado do Espírito Santo em seu governo: “pequeno e exausto”, impossibilitado de “iniciativa”, encontrando se numa posição de “passividade resignada”; no mais sem autonomia. Tende a se agravar com relação ao saldo devedor externo.
Moniz questiona a centralização do poder, e reclama da posição de subordinação em relação à União. O Espírito Santo estava em uma situação de fragilidade, quando comparado co outros estados considerados de primeira ordem.
É em meio a um ambiente de pessimismo e de possibilidade de agravamento das dependências que ele termina seu segundo mandato em 1904.
1. FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003. Pg. 48 e SS.
2. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg. 72.
3. FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003. Pg. 51.
4. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg.82.
5. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg.83.
Bibliografias:
FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003.
SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
O Caos Nosso de Cada Dia: um livor de Novaes
1.800 ônibus cheios e fumegantes;
70 mil carros particulares;
30 mil vagas;
centenas de caminhões;
17 mil táxis,
1 milhão de pedestres
e misture bem(não precisa bater).
Adicione 1.489 buracos,
500 sinais sem sincronia,
250 guardas sem iniciativa.
Leve tudo ao forno do centro da cidade.
E em menos de cinco minutos estará
Mordaz, sagaz, irônico? Ou tudo de uma só vez? Novaes, batizado como Carlos Eduardo de Agostini Novaes, é carioca, tendo nascido em 13 de agosto de 1940 (logo num 13). Foi parar na Bahia para fazer direito pela Universidade Federal da Bahia (não que tenha feito algo de errado). Para viver, foi ele de tudo um pouco, trabalhou como agente rodoviário, sócio de uma fabrica de sorvetes e, até chegou a ser burguês como, dono de uma dedetizadora. Mas, seria como cronista do Jornal Última Hora, já no Rio de Janeiro, que o mundo começa a assisti-lo como um homem que não seria de meias palavras. Em 1972 acabou por aportar, com prognósticos bem-humorados, no Jornal do Brasil. Novaes também é romancista, dramaturgo, contista e por ai vai.
O Caos Nosso de Cada Dia, confesso, comprei em um sebo. Trata-se de uma compilação de crônicas, escritas para o Jornal do Brasil, publicada em 1974, ficou 32 semanas na lista dos mais vendidos de Veja. E, se é para rir do caos, do nosso caos, é melhor rir com Novaes. Pois ele faz do caos nosso de cada dia uma arte de viver com alegria.