Prof. Douglas Barrqui
a)
LOCAL:
Sertão
da Bahia.
Movimento
popular de fundo sócio-religioso (messiânico).
b) CAUSAS:
I.
Miséria
e abandono do nordeste:
ü O
nordestino estava esquecido pelo governo republicano. O nordeste e a caatinga
não despertavam o interesse dos latifundiários.
II.
Situação
fundiária:
ü 2/3
das terras pertenciam a 5% dos proprietários rurais.
ü Os
poucos recursos hídricos (diques e açudes) eram explorados e monopolizados
pelos grandes fazendeiros.
III.
Seca
e a fome:
ü A
região do agreste ficava muitos meses e até anos sem receber chuvas. Este fator
dificultava a agricultura e matava o gado. A fome era um drama corrente.
IV.
Messianismo:
ü Em
meio a situação de seca, miséria e fome restava ao nordestino três saídas:
migrar, banditismo (a esse fenômeno chamamos cangaço) ou o apelo religioso.
ü Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio
Conselheiro),
Ø Nascido
em Quixeramobim (CE) em 13 de março de 1830.
Ø Após
a morte do pai, um comerciante, Antônio Conselheiro abandonou os estudos no
seminário e assumiu o comércio da família. O negócio acabou falindo.
Ø Casou-se
com Brasilina Laurentina.
Ø Foi
professor dos filhos dos coronéis da região.
Ø Advogou
defendendo pobres e desvalidos nos sertões de Ipu e Sobral.
Ø Flagrou
sou esposa em sua própria cama com um sargento do exército.
Ø Passou
a viver como andarilho.
Ø Chegou
a Canudos em 1893, tornando-se líder
do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que a República,
recém-implantada no país, era a materialização do reino do Anti-Cristo na Terra.
Ø Canudos
era uma pequena aldeia que surgiu durante o século XVIII nos arredores da
Fazenda Canudos, às margens do rio
Vaza-Barris.
|
O arraial de Canudos visto da estrada do Rosário, litografia de D. Urpia, de 1897. |
c) OPOSIÇÃO:
ü Construiu-se
uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso monarquista" a serviço de potências estrangeiras,
querendo restaurar no país a forma de governo monárquica.
ü Difundida
através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio da opinião pública
do país para justificar a guerra movida contra os habitantes do arraial de
Canudos.
ü Observação: Antônio
Conselheiro nunca foi um monarquista:
·
Apenas lembrava em seu discurso de como era
bom o tempo em que o Estado estava atrelado a Igreja.
·
Criticava a instituição republicana e os seus
altos impostos.
·
Condenava o casamento no civil.
·
Dizia que o fim do mundo estava próximo.
|
Igreja de Santo Antônio, em ruínas, e o púlpito onde pregava Conselheiro, após o massacre do Arraial, fotografia de Flávio de Barros, de 1897. |
d)
CONFLITO:
ü Outubro de 1896 –
Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro
havia encomendado uma remessa de madeira, vinda de Juazeiro, para a construção
da igreja nova, mas a madeira não foi entregue, apesar de ter sido paga. Surgem
então rumores de que os conselheiristas
viriam buscar a madeira à força.
1ª expedição:
Ø Destacamento
policial de 100 praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.
Ø A
tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos seguidores de Antônio
Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeú e João Abade.
Ø O
próprio Tenente Pires Ferreira descreve o ataque destacando a "incrível
ferocidade" dos conselheiristas.
Ø Passadas
várias horas de combate, os canudenses, comandados por João Abade, resolveram
se retirar, deixando para trás um quadro desolador. Apesar da aparente vitória,
a expedição estava derrotada, pois não tinha mais forças nem coragem para
atacar Canudos.
2ª expedição:
Ø Janeiro de 1897 - Os
jagunços fortificavam os acessos ao arraial.
Ø Comandada
pelo major Febrônio de Brito, depois de atravessar a serra do Cambaio, uma
segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com
pesadas baixas pelos conselheiristas, que se abasteciam com as armas abandonadas
ou tomadas à tropa. ]
3ª expedição:
Ø Março de 1897 -
Na capital do país, diante das perdas e a pressão de políticos florianistas que
viam em Canudos um perigoso foco monarquista.
Ø O governo federal assumiu a repressão,
preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira César (popularmente
conhecido como "corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem
pessoas a sangue frio na repressão à Revolução Federalista em Santa Catarina).
Ø Depois
de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas na travessia
das serras, a força, que inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o
arraial. Moreira César foi morto em combate, tendo o comando sido passado para
o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo, que também tombou no mesmo
dia. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder.
4ª expedição:
Ø Abril de 1897 – A repercussão
da derrota foi enorme no Rio de Janeiro, principalmente porque se atribuía ao
Conselheiro a intenção de restaurar a monarquia.
Ø Junho até outubro de 1897 - Após
várias batalhas, a tropa conseguiu fechar o cerco sobre o arraial. Antônio Conselheiro morreu em 22 de
setembro, de uma disenteria.
Ø Após
receber promessas de que a República lhes garantiria a vida, uma parte da
população sobrevivente se rendeu com bandeira branca (Apesar das promessas,
todos os homens presos, e também grupos de mulheres e crianças acabaram sendo
degolados - uma execução sumária que se apelidou de "gravata
vermelha").
Ø O um
último reduto resistiu na praça central do povoado até 5 de outubro de 1897,
quando morreram os quatro derradeiros defensores. O cadáver de Antônio
Conselheiro foi exumado e sua cabeça decepada a faca. No dia 6, quando o
arraial foi arrasado e incendiado, o Exército registrou ter contado 5.200
casebres.
e)
RESULTADO
DO CONFLITO:
Ø Estima-se
que morreram ao todo por volta de 25 mil pessoas, culminando com a destruição
total da povoação.
f) CONCLUSÃO:
Ø A guerra
de canudos é o retrato de como o governo republicano, a oligarquia cafeeira,
tratava as questões sociais.
Ø A grande
quantidade de vidas perdidas, de ambos os lados, apontam para um dos capítulos
mais trágicos da nossa república.
REFERÊNCIAS:
BENÍCIO, Manoel. O
Rei dos Jagunços: crônica histórica e de costumes sertanejos sobre os
acontecimentos de Canudos. 2 ed. Rio de
Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997.
BOMBINHO, Manuel Pedro das Dores. Canudos, história em versos. 2 ed. São Paulo: Hedra, Imprensa
Oficial do Estado e Editora da Universidade Federal de São Carlos, 2002. p.
340. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=WHRfAAAAMAAJ.
Acesso em 14 de abril de 2016.
GALVÃO, Walnice Nogueira. No Calor da Hora - a guerra de Canudos nos jornais (São Paulo:
Ática. 1977).
SILVA, José Calasans Brandão da. No
Tempo de Antônio. Salvador: Aguiar & Souza, 1959. p. 121. Disponível em
https://books.google.com.br/books?id=3dFmAAAAMAAJ. Acesso em 14 de abril de
2016.