quinta-feira, 5 de maio de 2016

CIÊNCIA E IGREJA, CIÊNCIA E RELIGIÃO: É POSSÍVEL?

Prof. Douglas Barraqui


Ciência e a Igreja têm uma história em comum, estão interligadas.  É uma história longa e, às vezes, bastante conflituosa, também, por vezes harmoniosa. A primeira coisa a fazer é separar Igreja dos homens: Quem perseguiu hereges, quase condenou Galileu, queimou mulheres bruxas na Idade Média não foi a igreja, foram homens. Ditos homens de Deus, acreditavam estar agindo em nome de Deus e da Igreja que seguiam. Esses homens utilizaram textos das sagradas escrituras para justificar os seus atos.

Mas, posso afirmar de forma categórica que sem a Igreja Católica não haveria ciência. Devemos lembrar que a Igreja católica, durante muito tempo, esteve ligada ao ensino, a construção das universidades, ao apoio financeiro aos cientistas, clérigos e não clérigos. No Brasil temos vários exemplos de instituições religiosas e produtoras de conhecimento científico como as Pontífices Universidade Católicas.

De acordo com o Thomas Woods, historiador estadunidense, ao longo da história muitos padres foram cientistas: Pe. Nicholas Steno (considerado o "o pai da geologia"), o Monge Franciscano Bacon (considerado precursor do método científico moderno, defendendo como método a experiência), Pe. Athanasios Keicher (o pai da egiptologia), Pe. Giambattista Riccioli (a primeira pessoa a medira a taxa de aceleração de um corpo em queda livre), Pe. Robert Boscovich (considerado o pai da teoria atômica moderna), entre outros. Mais recentemente, no ano de 2013, um conclave da Igreja Católica Apostólica Romana passou a reconhecer uma forma teísta de evolução cósmica e evolução biológica, em miúdos, passou a reconhecer Darwin.


Devemos lembrar ainda que a ciência, também a religião, é filha de seu tempo. E que a mentalidade, a forma de pensar das pessoas muda ao longo da história. Podemos concluir que em menor ou maior grau ciência e religião sempre estiveram próximas.


REFERÊNCIAS:

FILORAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo. As Ciências das Religiões. São Paulo: Paulus, 1999.

MARQUES, Leonado. A História das Religiões e a Dialética do Sagrado. Madras, 2005.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A MACONHA E OS TEMPLOS INDIANOS

Os templos das cavernas de Ellora são uma das maravilhas arquitetônicas do mundo. Cavados na rochas são a epítome da arquitetura indiana dos séculos V a X, e também um testemunho da tolerância religiosa da época, porque pertencem a três religiões: hinduísmo, budismo e jainismo. Uma dupla de cientistas indianos acaba de revelar o segredo de sua preservação: maconha.

O gesso usado no interior de um dos templos budistas, que foi estudado por eles, revelou que 10% era fibra de cânhamo.  “As fibras de cannabis parecem ter mais qualidade e durabilidade que outras fibras”, afirma o botânico Milind Sardesai, que conduziu o estudo com o arqueoquímico Rajdeo Singh. “Além do mais, a goma de cannabis é grudenta e pode ter contribuído com o cal e a argila para formar uma liga bem firme.”
Gruta 29

Templo Kailasa, gruta 16
Templo Kailashnath



Fonte: Revista Aventura na História. Pg. 07. Maio de 2016.

domingo, 1 de maio de 2016

O ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA

Prof. Douglas Barraqui

O assassino, sr. João Duarte Dantas, confessou que matou o presidente da Paraíba, João Pessoa,  por uma “questão de honra pessoal”. Um triângulo amoroso teria, nada comprovado historicamente, sido o pivô da tragédia.

No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como de rotina se encontrava na Confeitaria A Glória, no centro do Recife, na Rua Nova. Por volta de 17h e 30 min João Duarte Dantas entrou na cafeteria. João Dantas e João Pessoa eram rivais na política. Os desafetos baterão boca no salão da cafeteria, os ânimos se exaltaram. Dantas sacou a sua arma e atirou duas vezes (o jornal Folha da Manha noticiou cinco disparos) contra João Pessoa que caiu mortalmente ferido.

Após o crime João Dantas tentou fugir, mas, ainda na calçada da cafeteria, foi alvejado por Antonio Pontes de Oliveira, o chofer de João Pessoa. Nas palavras do Jornal Folha da Manha do dia 27 de Julho de 1930: “Sua atitude despertou entusiasmo sobretudo pela serenidade com que agiu, atirando contra o sr. Duarte Dantas, calmamente, sem se apressar, visando-o na cabeça.”

João Dantas era adversário político de João Pessoa. Conflitavam pela política, e dizem, pelo coração de Anaíde Beiriz, uma mulher bela, vencedora do concurso de beleza promovido pelo Correio da Manhã em 1925. Professora e poetisa Anaíde Beiriz mantinha um relacionamento amoroso com João Dantas, escrevendo para ele diversas cartas. Interessado em ter uma arma contra o rival, no dia 10 de julho de 1930, João Pessoa deu ordem para a Polícia da Paraíba, invadir o escritório de Dantas, à Rua Duque de Caxias, a fim de encontrar alguma coisa para usar contra o rival. A polícia encontrou no cofre cartas íntimas, de amor, entre João Dantas e a professora Anaíde Beiriz. Nos dias seguintes, o jornal governista A União, e outros órgãos de imprensa estadual ligados à situação, publicaram o conteúdo das cartas. O objetivo de João Pessoa era claro, visava atingir a honra de João Dantas.

João Dantas sobreviveu ao ferimento e em depoimento para polícia confessou que matou o presidente João Pessoa “por uma questão de honra pessoal”. Declarou “que há dias, mais ou menos, o presidente mandou depredar sua residência, em Teixeira, além de estar movendo campanha de difamação á sua honra pessoal”. Acrescentou que “não estava arrependido, pelo contrario, está tranquillo e aguardando a ação da justiça”.

Criticada publicamente por razões morais e políticas, Anaíde Beiriz sentiu-se acuada após o assassinato de João Pessoa, que causou comoção popular. Anaíde Beiriz abandonou a sua residência na Paraíba e foi morar em um abrigo no Recife, onde passou a visitar João Dantas, que ficou preso na Casa de Detenção daquela cidade. Em 3 de outubro, no início da Revolução de 1930,  João Dantas foi encontrado morto em sua cela, degolado. Embora tenha sido declarado o suicídio como causa mortis na época, as circunstâncias ainda permanecem obscuras. Anaíde Beiriz, aos 25 anos de idade, no dia 22 de outubro, cometeu suicídio por auto envenenamento.

O assassinato de João Pessoa tem uma grande simbologia na história política brasileira, porque acelerou o processo no qual as novas elites urbanas derrubaram as aristocracias que dominavam o poder desde o início da República, era a Revolução de 30.

REFERÊNCIA:


FOI ASSASSINADO, EM RECIFE, O SR. JOÃO PESSOA. Banco de Dados Folha da Manha, domingo, 27 de julho de 1930. Disponível em http://almanaque.folha.uol.com.br/dossietexto2.htm. Acesso em 01 de maio de 2016.