quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

HiStO é HiStÓrIa HOJE: 23 DE DEZEMBRO DE 1888 VINCENT VAN GOGH ENTREGA A PRÓPRIA ORELHA A UMA PROSTITUTA

Prof. Douglas Barraqui

Vincent Van Gogh - Auto retrato com a orelha cortada - 1889

Em 23 de dezembro de 1888, véspera de Natal, a prostituta Rachel recebeu um presente inusitado de um cliente, uma orelha ensanguentada e enrolada em um lenço branco. O dono da orelha era, nada mais nada menos que um dos maiores pintores pós-impressionistas da história, Vincent Willem van Gogh.

Vincent van Gogh tinha um sonho: fundar uma colônia de artistas em Arles, no Sul de França, local de paisagens belíssimas. Seu sonho era compartilhado pelo pintor francês Eugène-Henri-Paul Gauguin. Porém, os desentendimento entre as duas mentes brilhantes era comum.

No dia 23 de dezembro de 1888, Gauguin e van Gogh discutem. Gauguin resolve sair para uma caminhada e é seguido por Van Gogh que o surpreende com uma navalha aberta. Gauguin assustado decide pernoitar em uma pensão. Cheio de remorso e transtornado, Vincent corta um pedaço de sua orelha direita, embrulha em um lenço branco e leva, como presente, a uma prostituta Rachel, com a qual o artista mantinha relações. Junto um bilhete que dizia: "Guarde com cuidado”. O artista retorna à sua casa e deita-se para dormir como se nada acontecera. A polícia é avisada e encontra-o sem sentidos e ensanguentado.

Já reabilitado após 14 dias no hospital, van Gogh pinta o Auto-Retrato com a Orelha Cortada. O episódio trágico convenceu van Gogh da impossibilidade de montar uma comunidade de artistas em Arles. Gauguin, o amigo artista, se afasta: "Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz, devido à incompatibilidade de temperamentos".

Vincent van Gogh faleceu em 29 de julho de 1890, após um disparo acidental feito por dois jovens que manejaram uma arma em más condições. Van Gogh vendeu apenas um quadro em vida, o Vinhedo Vermelho, por 400 francos. Hoje suas obras valem milhões. Van Gogh  foi uma mente brilhante de seu tempo. E assim como muitos outros só foi reconhecido como tal após sua lapide estar selada.

REFERÊNCIAS:

WALTHER, Ingo F.. In: Taschen. Vincent Van Gogh. [S.l.: s.n.].


CABANNE, Pierre. In: Thames and Hudson. van Gogh. 1974 ed. Alemanha: [s.n.], 1974. Capítulo: Saint-Rèmy 3rd May 1889 - 16th May 1890. , 189 p.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O MUNDO DO MEU ALUNO EM UM DESENHO INUSITADO

Hoje ao corrigir uma prova de recuperação fui surpreendido com uma obra de arte:



Meu aluno foi capaz de transportar para uma pintura de Carlos Julião (1770 - retrata a mineração de diamantes no período colonial da história do Brasil) robôs, naves espaciais, caos, violência, guerra e fogo. Uma intervenção um tanto quanto inusitada. Excelente noção de perspectiva e, eu diria, em 3D. A questão que avaliaria seu aprendizado foi deixada em branco.

Tirando as habilidades artísticas do meu aluno, fiquei por alguns minutos a me perguntar. O porquê daquele desenho? O porquê de robôs transportados para um mundo de exploração, violência e escravidão?

MINHA CONCLUSÃO APÓS ALGUNS MINUTOS ANALISANDO A OBRA:

Este na verdade não é o mundo do século XVIII - o mundo do pacto colonial, da sociedade escravista, da exploração da metrópole sobre a colônia. É o retrato do mundo do meu aluno. O mundo do meu aluno é um mundo de guerras, caos, violência e, por que não, escravidão. Hoje vivemos um novo tipo de escravidão, somos escravos das máquinas.

Quando saímos de casa sem o celular é como se faltasse uma parte do nosso corpo. Um dia sem jogar videogame é motivo de discórdia e mesmo violência entre do filho contra a mãe. Uma semana sem internet, redes sociais, e sem compartilhar e curtir; a criança terá febre, vômitos, convulsões. Sintomas muito parecidos de um dependente químico.


O meu mundo, o mundo da bolinha de gude, do pião, da amarelinha, do pique-pega, pique-bandeira, foi substituído pelo mundo em 3D. Com direito a robôs e naves espaciais. Não estou dizendo que é um mundo melhor ou pior. É apenas o mundo do meu aluno. Meu aluno apenas desenhou o mundo dele. 

Referência:

JULIÃO, Carlos.  Brazil, Da Mineração, De Diamantes, Arte Brasileira, Imagem Da, Mineração De, 1770 Carlos, Desenhos Em História do Brasil.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O QUE PODEMOS APRENDER COM O RELÓGIO CUCO, MAQUIAVEL, TROPICÁLIA, A LEGIÃO E O CALYPSO

Prof. Douglas Barraqui

A Suíça em 5 anos de estabilidade política e econômica produziu o relógio cuco. A Itália submersa em crise política com seus principados em guerra, instabilidade econômica produziu Maquiavel, Michelangelo, Torquato.

Momentos de estabilidade e tranquilidade nos deixam letárgicos e anestesiados. Eu diria até mesmo acomodados. Momentos de crise e instabilidade, uma situação de incomodo, nos abre um leque de opções para mudanças, transformações. Eu diria superação.

Veja o exemplo na música: a década de 70, marcada pela tragédia do regime militar, censura, repressão, perseguição política e torturas, produziu  Francisco Buarque de Hollanda, Elis Regina, Geraldo Vandré e Caetano Veloso. A década de 80, a “década perdida” com inflação acumulada ao ano em 365,9%, e 90 da “geração Coca Cola”, produziu a Legião Urbana, Paralamas e Titãs. Os últimos 15 anos de um país passando por uma relativo desenvolvimento econômico e estabilidade, chegamos a condição de 6ª potência econômica mundial, produziu-se banda Calypso.


Calypso não é melhor ou pior que a Legião Urbana. São apenas filhos de seus respectivos momento histórico. Nosso país hoje oferece as condições perfeitas, oportunidade de mudança, transformação e acima de tudo superação. Então pare de ficar lamentando sobre a crise, reclamando desse ou daquele governo e mexa o seu rabo. 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

MARIA QUITÉRIA “MULHER MACHO SIM SENHOR”

Prof. Douglas Barraqui
Maria Quitéria (Domenico Failutti, 1920)

Hábil com as armas, disciplinado e audacioso o soldado Medeiros, herói da luta pela independência do Brasil, era na verdade Maria Quitéria de Jesus Medeiros. Em 1823 Maria Quitéria foi a primeira mulher a assentar praça numa unidade militar das Forças Armadas Brasileiras. Foi também a primeira mulher a entrar em combate defendendo o Brasil.

Maria Quitéria nasceu no sítio do Licurizeiro, uma pequena propriedade no Arraial de São José das Itaporocas, na comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, atual município de Feira de Santana no estado da Bahia. A data mais aceita pelos historiadores para o seu nascimento é o ano de 1792. Foi filha primogênita dos portugueses nascidos na colônia do Brasil Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus.

Em 1822 quando eclodiram as lutas pela independência do Brasil Maria Quitéria, pediu autorização ao pai para se alistar, tendo este negado. Fugiu para a casa de sua meia-irmã, Teresa Maria, casada com José Cordeiro de Medeiros e, com o auxílio de ambos, cortou os cabelos e vestindo-se como um homem, dirigiu-se à vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia. Mas, duas semanas depois, acabou sendo descoberta pelo pai.

O Major José Antônio da Silva Castro, avô do poeta Castro Alves, que na época era comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe, mais conhecido como "Batalhão dos Periquitos", se colocou do lado de Maria Quitéria que acabou sendo incorporada às tropas. Em seu uniforme foi acrescentado um saiote estilo escocesa.

A amazona seguiu com seu batalhão para defesa da Ilha da Maré em 29 de outubro de 1822. Integrando a Primeira Divisão de Direita, lutou ainda em Conceição, Pituba e Itapoã. Em fevereiro de 1823, participou com grande bravura do combate da Pituba, quando atacou uma trincheira inimiga, onde fez vários prisioneiros portugueses, segundo alguns autores apenas dois, escoltando-os, sozinha, ao acampamento.

Em 31 de março de 1823, alcançou o posto de Cadete, recebeu, por ordem do Conselho Interino da Província, uma espada e seus acessórios. Em 2 de julho de 1823, vestindo uniforme de cor azul, com saiote por ela elaborado, além de capacete com penacho, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa de Salvador. General Pedro Labatut, enviado por D. Pedro I para o comando geral da resistência, conferiu-lhe as honras de 1º Cadete. E no dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo próprio Imperador D. Pedro I, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro.

Mesmo vestindo roupas de soldado, muitos cronistas da época diziam que Maria Quitéria mantinha sua feminilidade e tinha uma beleza marcante. Casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma filha Luísa Maria da Conceição. Após a morte do marido mudou-se com a filha para Salvador, onde ficou parcialmente cega e faleceu no anonimato em 1853.

Por Decreto da Presidência da República, de 28 de junho de 1996, Maria Quitéria foi reconhecida como Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. A sua imagem encontra-se em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares da Força, por determinação ministerial.

REFERÊNCIAS:

AMARAL, Braz do. História da Independência da Bahia. Salvador: Livraria Progresso Ed., 1957.

PALHA, Américo. Soldados e Marinheiros do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército-Editora, 1962. p. 47-51.


SILVA, Joaquim Norberto de Souza. Brasileiras Célebres (ed. fac-similar). Brasília: Senado Federal, 1997.