Prof. Douglas Barraqui
O monge Pedro o Eremita em cruzada, montado em um burro (iluminura francesa, c.1270 |
A Cruzada Popular ou Cruzada dos Mendigos foi tida como extra-oficial. O monge Pedro, o Eremita,
graças a suas pregações comoventes, conseguiu reunir uma multidão de mulheres,
velhos e crianças, católicos fervorosos e fanáticos.
Maltrapilhos e sem recursos os cruzados atacaram vilarejos, pilharam
plantações, atacaram infiéis ricos a exemplo dos judeus. Inspirado por Pedro o
Eremita, o conde Emich de Leisengen marcou a própria testa com queimadura em
forma de cruz e liderou um grupo de peregrinos para atacar os judeus da cidade
de Spier.
Auxiliado por um cavaleiro, Guautério Sem-Haveres (nobre sem herança),
os peregrinos atravessaram a Alemanha, Hungria e Bulgária, causando desordens e
desacatos, sendo em parte aniquilados pelos búlgaros.
Em 1 de agosto de 1096, chegaram em péssimas condições a Constantinopla.
Mal equipada e mal alimentada saquearam algumas plantações. Ainda assim, o
imperador bizantino Aleixo I Comneno recebeu os seguidores do eremita em
Constantinopla.
Prudentemente, Aleixo aconselhou o grupo a aguardar a chegada de tropas
mais bem equipadas. Mas a turba começou a saquear a cidade. O imperador
bizantino, desejando afastar aquele bando turbulento de sua capital, obrigou-os
a se alojar fora de Constantinopla, perto da fronteira muçulmana, e procurou incentivá-los
a atacar os infiéis. Foi um desastre, pois a Cruzada dos Mendigos chegou muito
enfraquecida à Ásia Menor, onde foi arrasada pelos turcos. Somente um reduzido
grupo de integrantes conseguiu juntar-se à cruzada dos cavaleiros.
O exército do Eremita partiu, então, para atacar a fortaleza de Niceia. Conseguiram
tomá-la, os cruzados comemoraram se embriagando, sem saber que estavam caindo
numa emboscada. O sultão mandou seus cavaleiros cercarem a fortaleza e cortarem
os canais que levavam água aos invasores. Foi uma questão de tempo para que a sede
e a fome se encarregasse de aniquilá-los e derrotá-los.
REFERÊNCIA:
WILLIAMS, Paul L. O guia completo da Cruzadas. 1 1 ed.
São Paulo: Madras (2007). 326 páginas.