Prof.
Douglas Barraqui
A
CRISE DA IGREJA CATÓLICA
Durante a Idade Média acumulou poderes:
a) econômico:
posses de terras;
b) Político:
influência nas decisões políticas;
c) Jurídico:
interferência na criação de leis;
d) Poder
social: estabelecia padrões de comportamento moral para a
sociedade
Heresias
A autoridade da Igreja era
praticamente inquestionável: aqueles que ousassem julgar o comportamento dos
clérigos ou discordar dos seus ensinamentos eram considerados hereges, ou seja, cristãos que
escolhiam outra forma de interpretar os dogmas e as doutrinas católicas. Como
isso não era permitido no cristianismo, a Igreja identificava e punia esses
transgressores. A mais comum forma de punição era a morte pelo fogo.
Contexto
da crise:
Ø Com
a crise que acometeu a Europa nos séculos XIV e XV (fome, pestes, dificuldades
econômicas), as críticas ao domínio da Igreja católica tornaram-se cada vez
mais comuns.
Ø O
Renascimento, como movimento cultural, questionou os valores medievais,
buscando recuperar os ideais da Antiguidade clássica.
Ø Criou-se
assim um ambiente favorável ao desenvolvimento de cismas, que levaram os
cristãos à Reforma Protestante e à criação de novas Igrejas cristãs.
AS
CRÍTICAS À IGREJA CATÓLICA
I)
Conflito
filosófico quanto à salvação: tomismo (salvação pela fé e
boas obras) e o agostinianismo (salvação pela fé) - Aurélio Agostinho (354 – 430) e São Tomás de Aquino (1225-1274),
II)
Luxo e na riqueza desfrutados pelos membros do alto clero;
III)
Não obediência ao celibato clerical (Alexandre VI teve várias amantes, em
particular Vanozza Catanei, com quem teve quatro filhos. Teve ainda por amante
Giulia Farnese, mulher de Orsino Orsini).
IV)
Venda de Indulgências ("Assim que uma moeda tilinta no
cofre, uma alma sai do purgatório" – Tetzel - bispo encarregado da
campanha de cobrança de indulgência na Alemanha).
V)
Prática de simonia - Simonia é a venda de favores divinos,
bençãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas
sagradas, objetos ungidos.
VI)
Conflito de interesses entre reis (Estado)
e a Igreja.
VII)
Desenvolvimento
do espírito capitalista;
VIII)
Ascensão da Burguesia (lucro e da usura – práticas condenadas
pela Igreja Católica);
AS
REFORMAS PROTESTANTES
I)
MARTINHO
LUTERO (1483 —1546)
Em 1517, o papa Leão X estabeleceu a venda de
indulgências, ou seja, uma carta que assegurava o perdão dos pecados em troca
de uma quantia em dinheiro. Segundo a Igreja, o dinheiro seria usado no término
da construção da basílica de São Pedro, em Roma. Na Saxônia (região da atual
Alemanha), o monge e teólogo Martinho Lutero, que pregava uma volta à “pureza
original” da fé cristã, revoltou-se com o escândalo das indulgências.
Quem
foi Lutero:
n Lutero
nasceu na Alemanha em 10 de novembro de 1483;
n Filho
de Hans Luther e Margarethe Lindemann, integrantes de uma pequena
burguesia ascendente;
n 1501
- aos 17 anos, ingressou na Universidade de Erfurt. Se formou em
bacharel e posteriormente mestre.
n 1505
- ao voltar de uma visita à casa dos pais, em meio a uma tempestade, teria
feito uma promessa à Santa Ana;
n Aderiu
à ordem dos agostinianos.
n 1507
- foi ordenado sacerdote. No ano seguinte começou a lecionar teologia na Universidade
de Wittenberg.
n 1515
- Lutero passaria pela chamada “experiência da Torre”: no alto da
torre da Catedral do Castelo de Wittenberg;
n Salmo
30: “liberta-me em tua justiça”
n Conta
Lutero em sua autobiografia: “me senti renascido, entrando no
paraíso por suas portas abertas”.
n 1517
– Lutero, revoltado com a campanha de venda de indulgências, escreve as 95
teses – 95 críticas à postura e a moral da Igreja
n 1520
– Lutero é excomungado pelo papa Leão X. Passa a ser perseguido como herege.
Recebeu auxílio e proteção dos
príncipes austríacos, dentre eles Franz von Sickingen.
Doutrina
luterana:
I.
Salvação pela fé;
II.
Sacerdócio universal –
para Lutero “pelo batismo somos todos sacerdotes”;
III.
Negou da infalibilidade da Igreja: a única fonte da verdade é a Bíblia, e
não a tradição ensinada pela instituição religiosa;
IV.
Negou a infalibilidade do papa: e a existência de uma hie-rarquia dentro
da Igreja.
V.
Fim dos sacramentos: exceto batismo e a eucaristia;
VI.
Fim do culto aos santos
II)
JOÃO
CALVINO (1509 —1564)
Enquanto na Alemanha e em alguns reinos escandinavos
(onde hoje se localizam a Suécia, a Noruega e a Finlândia) o luteranismo
avançava, uma reforma mais radical iniciava-se na região da Suíça, onde havia
importantes centros comerciais e uma forte burguesia mercantil.
Foi nessa região que o francês João Calvino refugiou-se,
protegendo-se das perseguições religiosas que ocorriam na França. Defensor da
Reforma de Lutero, Calvino entrou em contato, na Suíça, com outras ideias protestantes,
que o ajudaram a formar uma nova doutrina.
Quem
foi Calvino:
n Nasceu
na França, região da Picardia, em 10 de julho de 1509 (Martinho Lutero escreveu
as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade);
n 1521
- com doze anos, João Calvino ganhou uma renda anual concedida pela Igreja, com
o fim de estudar Teologia;
n 1529
– Mudou-se para Orleães: O pai muda de idéia e preferiu que Calvino seguisse
com estudos de Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos
aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado
do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino.
n Calvino
tomou contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e
o renascimento são, pois, os movimentos culturais que o influenciaram em
primeiro lugar
n 1532
- foi doutorado em Direito em Orleães. Memos ano em que teria dada a sua
conversão de Calvino ao protestantismo (Aderiu as idéias de Lutero);
n 1534
- Calvino ajudou seus conterrâneos picardos Antonie Marcout e Fefevre d´Etaples
a espalhar os cartazes em algumas cidades próximas a Paris condenando a missa
como blafematória (criticavam a celebração da missa tal como ela era realizada
oficialmente pela igreja católica).
n 1536
- aos 26 anos, após ser perseguido na França foge para Genebra, na Suíça.
DOUTRINA
CALVINISTA
I)
Salvação pela Predestinação;
II)
Todo homem é pecador por natureza;
III)
Fim do culto aos santos;
IV) Infalibilidade
da Bíblia;
V)
Fim dos sacramentos:
com exceção à eucaristia e o batismo;
VI) Separação
entre Igreja e Estado;
III)
HENRIQUE
VIII (1491-1547)
O movimento reformador na Inglaterra teve origem na
própria monarquia inglesa. O rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, desejava
divorciar-se de sua esposa Catarina de
Aragão (filha dos reis católicos da Espanha), porque com ela teve apenas
filhas, deixando o trono sem sucessores homens.
O rei queria casar-se, então, com a dama da corte Ana Bolena. Diante da recusa do papa em
lhe conceder o divórcio, Henrique VIII rompeu com a Igreja de Roma em 1531 e
assumiu o poder absoluto na Inglaterra.
1534 - Três anos depois do rompimento do rei com a Igreja
católica, o Parlamento inglês aprovou o Ato
de Supremacia, que proclamou o rei como o único e supremo chefe da Igreja
na Inglaterra. Henrique VIII tornou-se assim o chefe da Igreja anglicana (expressão medieval latina datada de, pelo menos,
1246, e que significa Igreja Inglesa),
com o poder de nomear bispos, desapropriar terras da Igreja católica e
distribuí-las entre nobres ingleses.
Quem
foi Henrique VIII
n Nascido
em 28 de junho de 1491 em Greenwich, no Palácio de Placentia. (Foi o sexto
filho de Henrique VII e Isabel de
Iorque, dinastia dos Tudor).
n 1509
- foi coroado rei de Inglaterra.
n Foi o
governante absoluto da Inglaterra.
n Excêntrico
pelos seus 6 casamentos
Conflito
entre Estado Inglês e a Igreja (igreja católica era detentora de 1/3 de todas
as terras da Inglaterra;
n Motivos
Pessoais:
Ø Queria
a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão,
Ø Desejava
um novo matrimônio com Ana Bolena.
Ø Conflito
com o Papa Clemente VII.
Ø Catarina
foi formalmente despojada do seu título de rainha, e Ana foi coroada rainha
consorte em 1 de junho de 1533.
Ø Clemente
VII excomungou Henrique VIII;
n Ato
de Supremacia:
Ø Confiscou
todas as terras da Igreja Católica na Inglaterra;
Ø formou
uma nova Igreja a Anglicana ;
Ø Declarou
Henrique VIII o líder supremo da nova Religião.
DOUTRINA
ANGLICANA
n É uma Igreja Católica Reformada;
n Importância da Bíblia: Adora a Deus e
entende que a Bíblia e a chave para compreender a revelação de Deus aos homens;
n É uma Igreja Democrática
onde todos tem direito de se expressar mesmo sendo minoria.
n Aceitação do divorcio;
n Reconhecemos os cinco Ritos Sacramentais: Confirmação,
Confissão, Sagradas Ordens, Matrimonio e Unção dos Enfermos e dois
Sacramentos: Santa Comunhão e Santo Batismo
CONTRA
REFORMAS
n Contra Reforma, também conhecida por Reforma Católica;
n Resposta
e reação da Igreja Católica ao avanço do protestantismo;
n Papa
Leão X, organizou a Igreja no Concílio de Trento entre 1545 a 1563;
I)
Reafirmar os dogmas da Igreja;
ü Negou
as mudanças doutrinárias realizadas pelos reformistas,
ü Confirmando
os sete sacramentos (batismo, confirmação ou crisma, eucaristia, penitência ou
confissão, ordem sacerdotal, casamento e unção dos enfermos);
ü Reafirmou
o culto à Virgem Maria e aos santos;
ü Reafirmou
que um bom católico é julgado por sua fé e pelas obras que faz;
ü Estabeleceu
a supremacia dos papas, revalidou o celibato clerical e a indissolubilidade do
matrimônio.
ü Confirmou
que as fontes da doutrina católica são a Bíblia e a tradição da Igreja.
II)
Moralizar a Igreja;
ü Condenou
a corrupção interna ligada à venda de cargos eclesiásticos, relíquias e
indulgências.
ü A
venda de indulgências não foi proibida, mas devia ser controlada pelas
autoridades da instituição.
ü Exigiu-se
que o clero voltasse a ter uma vida simples e espiritual, com a obrigação de
ter conduta moral exemplar e boa formação intelectual.
ü Determinou-se
a criação de seminários para a formação de sacerdotes. Deveria haver um
seminário em cada diocese,
ü Crio
a Companhia de Jesus;
ü Criou
o INDEX (lista de livros proibidos)
ü Reabriu
o tribunal da Santa Inquisição;
Referências
n AZEVEDO,
Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto
Teláris: história 7 ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.
n CAPELLARI,
Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed.
São Paulo: SM. 2010.
n COLLINSON,
Patrick. A reforma. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2006. 277 p. (Historia essencial )
n COTRIM,
Gilberto. História Global –
Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.
n FERNÁNDEZ-ARMESTO,
Felipe; WILSON, Derek A. Reforma:
o cristianismo e o mundo 1500-2000 . Rio de Janeiro: Record, 1997. 416 p.
n LÉONARD,
Émile G. O Protestantismo
Brasileiro. Rio de Janeiro / São Paulo: JUERP/ASTE. 1981.
n Projeto Araribá: História – 7º ano. /Obra
coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel
Apolinário Melani.
n SKINNER,
Quentin. A formação do pensamento
político moderno. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
n Uno: Sistema de Ensino – História – 6º ano.
São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto
Pozzani.
3 comentários:
Meu Deus qntos desinformação, este é um site de estudo ou um site anti católico, tantos erros, como por exemplo insinuar q o papa quem ordenou a venda de indulgências, mentira, qlq um com o mínimo de interesse pela verdade encontrará, só ler as teses de Lutero, ele ñ era conta as indulgências, ele era conta a forma q essas eram aplicadas por alguns padres sem o conhecimento do papa, ele aliás defende o papa.
Site sem credibilidade onde o maior intuito é dissiminar mentiras anti católicas
Meu caro Gilmar Pires,
Primeiramente não sou contra a Igreja católica. Segundo: sempre que for argumentar alguma coisa busque suas referências. Veja:
Os primeiros documentos que fazem referência explícita a cobrança de indulgência remontam ao Quarto Concílio de Latrão de 1215. Concílio este que foi convocado pelo papa Inocêncio III pela bula "Vineam Domini Sabaoth". Em 1517 o Papa Leão X ofereceu indulgências para aqueles que dessem esmolas para reconstruir a Basílica de São Pedro em Roma.
Quanto a posição de Lutero frente a cobrança de indulgência observe a 21ª Tese “Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.” E a 32ª Tese “Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.”
Caro Gilmar Pires o objetivo do blog é ser uma ferramenta para professores e alunos. Meu objetivo como educador é justamente combater a desinformação e qualquer forma e o proselitismo a esta ou aquela religião. Meu compromisso primeiro é com a verdade histórica. Logo sito as minhas referências abaixo.
Referências:
Brenda Bolton. A Reforma na Idade Média. Lisboa: Edições 70, 1985, p.126.
BALMES, Jaime. "A Igreja Católica em face da Escravidão". Centro Brasileiro de fomento Cultural (1988).
Luther Martin. Luther's Correspondence and Other Contemporary Letters, 2 vols., tr.and ed. by Preserved Smith, Charles Michael Jacobs, The Lutheran Publication Society, Philadelphia, Pa. 1913, 1918.
Muito bem explicado, adorei o site!
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