Por Douglas Barraqui
Um “zoológico humano” é
o que é o Big Brother Brasil. Programa de baixarias e vilanias, que
alguns gostam de chamar de entretenimento, da TV Globo. Um “zoológico humano”
que a todo o momento nos empurras desvalores miolo adentro e alienação.
Seria o BBB o reflexo
de uma sociedade narcisista, consumista, individualista e superficial? Ou, ao
contrário, o BBB estaria refletindo esses pseudos valores para o público ao
deixar de estimular a cultura, a inteligência, a criticidade; e
corrompendo princípios como solidariedade, ética e moral? Neste programa
o que vale é ser bonito dentro de um padrão predeterminado de homens e mulheres
sarados e saradas, siliconados e siliconadas. Em meio ao um reality show de
pornografia e conspirações, em frente às câmeras o que se assiste é o reflexo
da ganância pelo prêmio em dinheiro.
George Orwell se
levantaria do túmulo se soubesse que seu livro iria dar nome a um reality show. O Big Brother, traduzido como o
“grande irmão”, é um personagem fictício do Romance intitulado “1984” de George
Orwell. Escrito originalmente em 1948, trata-se de uma sociedade vigiada dia e
noite pelo grande irmão, que vê tudo, controla tudo, decide tudo. De fato os
regimes fascistas da Alemanha e da Itália serviram de inspiração ao autor.
O Big Brother Brasil
é um enlatado holandês criado originalmente por John de Mol, executivo da
empresa Endemol. Consiste em pessoas “comuns”, pré selecionadas, que
conviveriam juntas dentro de um mesmo espaço, e sendo vigiadas vinte quatro
horas por dia por câmeras.
A versão brasileira
conta com o apresentador Pedro Bial: Jornalista, escritor, cineasta e poeta.
Repórter que cobriu a queda do muro de Berlim, Bial prometeu um “zoológico
humano divertido” e chama os participantes do reality
show de heróis. Será que
Bial, pessoa instruída que é, desconhece o verdadeiro significado da palavra
herói? Será que não percebe que o BBB significa a morte da cultura, de valores
e princípios como ética, moral, solidariedade...?
O fato é que a TV
brasileira, como um todo, não esta cumprindo seu papel, que nas palavras de
Arlindo Machado, é o de colaborar na construção da cidadania. [1] Os críticos
da Escola de Frankfut viam a TV como uma ferramenta a serviço do poder,
vinculadora de interesses ideológicos dos detentores dos meios de produção e
que seria um meio de comunicação incapaz de colaborar para a construção da
cidadania. [2] E se esses mesmos críticos de Frankfut tivessem assistidos ao
BBB veriam o show de horrores segundo o qual os dominantes submeteram os
dominados.
BBB é um programa de
entretenimento? Se você respondeu sim, reveja seus conceitos. E se você ainda
acha que os participantes do BBB são heróis lembre-se dos bombeiros, dos
policiais, dos professores, das donas de casa, dos pedreiros, dos garis, das
empregadas domésticas que trabalham dia a dia por um mundo melhor recebendo
salário indigno. Acordam de madrugada, no cantar do galo, pegam duas a quatro
conduções para chegar ao trabalho, e receber um salário mínimo, e alimentar uma
família de seis a dez bocas. Isso é Reality
Show, isso
sim é ser herói.
Referência:
[1] MACHADO, Arlindo. A
televisão levada a sério. São Paulo: Ed. Senac, 2005.
[2] BOURDIEU, Pierre. Sobre
a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1997
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