Prof.
Douglas Barraqui
A)   O CONCEITO DE CULTURA:
- Alfred Kroeber (1876-1960):
 
Ø 
Latim
– “colere” = cultivar
Ø 
Cultura
como mecanismo adaptativo, acumulativo, transmissivo de geração a geração, ao
longo da história.
- Bronislaw Malinowski (1884-1942):
 
Ø 
Cultura
como significados e valores.
Ø 
Só
é possível compreender a cultura quando se é integrante dela.
Ø 
Propõe
que o pesquisador se insira dentro da cultura.
- Roberto DaMatta (1936-)
 
Ø 
Noção
prescritiva de cultura: cultura como uma espécie de receituário, um código uma
espécie de mapa que, ao ser seguido, nos torna humanos.
- Ruth Benedict (1887-1984)
 
Ø 
Noção
descritiva: cultura é o que nos descreve como humanos. Não é possível falar em
humanidade sem cultura.
B)    DA ANTIGUIDADE A MODERNIDADE:
I.                   
Grécia e Roma:
Ø 
Cultura
como um sistema de valores universais.
Ø 
“Bárbaro” – conceito utilizado pelos
gregos e romanos para quaisquer povos que não fossem originários de sua
cultura.
Ø 
Visão
etnocêntrica.
II.                 
Iluminismo: 
Ø 
Cultura
assume um caráter hierarquizante (como se houvesse uma cultura superior a
outra).
Ø 
Relacionada
ao conhecimento científico, à evolução e ao profresso.
Ø 
Cultura
se refere ao cultivo do espírito humano ao adquirir educação e instrução com
pressuposto na razão. 
Ø 
Estado
de cultura se opõe ao estado de natureza.
Ø 
“Visão
universalista” – todas as culturas se desenvolvem da mesma forma em direção a
um mesmo objetivo: a civilização.
Ø 
Hierarquiza:
concebe o modelo de sociedade europeia do século XVIII (urbana,
industrializada, republicana e democrática) como superior. 
Ø 
Cultura
como civilizadora. 
III.               
Civilização e
cultura
Ø 
A
noção de civilização está atrelada ao progresso.
Kultur – Para os alemães
é aquilo que os indivíduos tem de mais autêntico (hábitos, costumes,
habilidades, tradições). Aspectos únicos e particulares de uma comunidade. 
Civilization – Para os
franceses é um padrão universal de comportamento ligado a identidade cultural. 
Culture – para Edward
Tylor (1832-1917), antropólogo inglês, é toda a gama de conhecimentos, crenças,
produções artísticas, leis, moral, ou seja todos os aspectos simbólicos que
envolve a vida em sociedade. 
C)    O CARÁTER SIMBÓLICO DA CULTURA
Ø 
O
ser humana se caracteriza pela capacidade de abstração e simbolização.
Ø 
Comportamento
humano se baseia em símbolos (escrita, gestos, placas de transito, ritos,
valores).
Ø 
Cultura
é a produção, reprodução e manutenção de símbolos ao longo da história.
D)   EVOLUCIONISMO CULTURAL
I.                   
Definição:
Conjunto de teorias antropológicas,
inspiradas na Teoria Evolucionista de Charles Darwin.
Ø 
Sociedade
funcionaria como um organismo vivo (visão organicista).
Ø 
Uso
de leis naturais e conceitos das ciências naturais para explicar a sociedade.
II.                 
Autor e obra:
Edward Tyler - Primitive Culture (1871)
Ø 
Cultura
como um fenômeno natural.
Ø 
Os
grupos humanos se diferenciam apenas pelo grau de civilização (assim quando
comparada a civilização européias, as demais civilizações sempre eram atrasadas
/ servil de base para a “missão civilizadora” do imperialismo do séc. XIX e
XX).
Ø 
Uso
do método comparativo linear (como se todas as civilizações caminhassem em uma
mesma linha evolutiva.
E)     DIFUSIONISMO CULTURAL
I.                   
Conceito: 
Corrente de pensamento que defende que a
cultura é fruto de “irradiação” por meio do contato (comércio, guerras) entre
os povos o que leva a imitação, reprodução, reelaboração (sincretismo). 
F)     ANTROPOLOGIA ESTRUTURALISTA
I.                   
Conceito: 
Defende a existência de uma estrutura
simbólica, lingüística, e mítica comuns a toda a humanidade.
II.                 
Autor e obra:
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) –
“Antropologia Estrutural” (1967). 
Ø 
Defendia
a existência de estruturas mentais universais.
Ø 
Ex.
“Tabu do incesto”: todas as culturas apresentam algum tipo de condenação a
prática do incesto (esse elemento em comum expressa uma estrutura mental). 
Ø 
Todas
as culturas operam em estruturas binárias (masculino x feminino, céu x inferno,
morte x vida, frio x quente, belo x feio).
G)   O CULTURALISMO
I.                   
Conceito: 
Teoria que defende que cada cultura segue
seu próprio processo evolutivo.
Questionou as bases do evolucionismo
cultural e significou uma crítica ao etnocentrismo, ao racismo e as formas de
dominação cultural. 
II.                 
Autor:
Franz Boas (1859-1942)
Ø 
Cada
cultura passa pelo seu processo evolutivo que está intimamente ligada às
condições geográficas, climáticas, psicológicas e históticas. 
Ø 
Cada
cultura deve ser compreendida dentro de sua história particular.
H)   CULTURA TRADICIONAL, 
CULTURA ERUDITA E CULTURA DE MASSAS
I.                   
Cultura Tradicional
Ø 
Também
chamada de cultura popular é aquela produzida e reproduzida pela camada
dominada.
Ø 
Encontra-se
no folclore, nas crenças, tradições, habilidades e costumes, bem como valores
morais e na linguagem. 
II.                 
Cultura Erudita
Ø  É aquela produzida
pela camada dominante da sociedade.
Ø  Caracterizada pela
erudição, letramento, fundamentada na ciência e racionalidade aos moldes do
pensamento iluminista.
III.               
Cultura de Massas
Ø 
Absorvida
por maior parte dos indivíduos de uma sociedade.
Ø 
Fator
mercadológico, seguindo a lógica do capitalismo de mercado e do consumismo.
I)       CAPITAL CULTURAL E CAPITAL SIMBÓLICO
I.                   
Conceito: 
Elementos da cultura sendo utilizados como
instrumentos de poder econômico, social e político.
Ø 
Ex.
quanto mais cultura eu acumulo, mais culto sou. Quanto mais diplomas acumulo
maior meu status. 
J)      ANTROPOLOGIA E CULTURA NO BRASIL
I.                   
Contexto Histórico:
Déc. De 30 e 40 
Ø 
Expedições
do Marechal Cândido Rondon.
Governo Vargas – pretensão de unificar o
território sob o prisma de uma única cultura nacional brasileira (índio como
atrasado que precisava ser civilizado).
Ø 
Influencia
do culturalismo de Franz Boas e do estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.
II.                 
Principais autores
e obras: 
1)      Luís Câmara Cascudo (1898-1986) – “Dicionário do
Folclore Brasileiro” (1952)
Ø 
Se
esforçou para registrar as práticas culturais, comidas típicas, o folclore, os
mitos e lendas regionais brasileiras.
2)      Eduardo Viveiros de Castro (1951-) – “A inconstância da
alma selvagem”
Ø 
Estudo
detalhado das manifestações culturais dos indígenas atuais.
3)      Gilberto Velho (1945-2012) – “"A Utopia Urbana: um
estudo de antropologia social" (1973)
Ø 
Estudou
a complexa relação entre o individuo, sociedade e modo de vida urbano.
Ø 
Analisou
fenômenos como violência nos grandes centros urbanos, práticas culturais dos
grupos juvenis, o individualismo, o consumismo e as relações familiares.
4)      Luis Eduardo Soares (1954-) – “Elite da Tropa” (2006)
Ø 
Interpretou
a relação entre a violência, a criminalidade, a mídia e o Estado.
Ø 
Nos
mostra como que o próprio poder político corrompido produz e sustenta a
criminalidade.
Ø 
Nos
mostra como que a mídia ajuda a propagar a violência por intermédio do
sensacionalismo.
5)      Roberto DaMatta (1936-) – “Carnavais, malandros e
heróis (1979)
Ø 
Estudou
o carnaval e seus significados, a figura do malandro, o jeitinho brasileiro e a
prática do “você sabe com quem está falando?”.
K)    INTÉRPRETES DO BRASIL
I.                   
Principais autores
e obras: 
1)      Gilberto Freyre (1900-1987) – “Casa grande e Senzala”
(1932)
Ø 
Estudou
a formação histórica e social do Brasil desde o período colonial.
Ø 
Sociedade
brasileira resultado da mestiçagem. 
2)      Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) – “Raízes do
Brasil” (1936)
Ø 
Conceito
do “homem cordial”, como característica marcante da alma brasileira. O homem
que valoriza mais a emoção do que a razão. Tese de que o brasileiro seria mais
“cordial”, mais afável, amigável, submetido a paixões;, tende valorizar mais as
relações familiares e afetivas; mais festi9vo e hospitaleiro; daria mais
importância ao domínio privado do que o público.
Ø 
No
país da malandragem, o jeitinho brasileiro teria como tragédia maior a
corrupção.
3)      Darcy Ribeiro (1922-1997) – “O povo brasileiro” (1997)
Ø 
Estudou
a formação da sociedade brasileira a partir das três matrizes: nativo (índio),
negro (africano) e o branco (europeu).
Ø 
Demonstra
como esse caldeirão cultural foi marcado tanto por relações amistosas quanto por
conflitos, violência e relação de dominação. 
OBS.: Ambos os autores
são duramente criticados pelas explicações reducionistas e generalizantes. 
L)     PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL
O
Patrimônio Cultural
pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza material e imaterial
considerado importante para a identidade da sociedade brasileira. Segundo
artigo 216 da Constituição Federal, configuram patrimônio "as formas de
expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e
sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico."
Ø 
O
patrimônio cultural pode ser material ou imaterial: 
I.                   
PATRIMÔNIO CULTURAL
MATERIAL 
É formado por um conjunto de bens culturais
classificados segundo sua natureza: arqueológico, paisagístico e etnográfico;
histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens
imóveis – núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens
individuais – e móveis – coleções arqueológicas, acervos museológicos,
documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e
cinematográficos.
II.                 
PATRIMÔNIO CULTURAL
IMATERIAL
Estão relacionados aos saberes, às
habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas.
Ex.: Festa do Círio de Nossa Senhora de
Nazaré, a Feira de Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de fazer
Queijo de Minas e as matrizes do Samba no Rio de Janeiro.
Obs.:
No Brasil, o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é responsável por promover e coordenar o
processo de preservação e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro, em
suas dimensões material e imaterial.
REFERÊNCIAS:
GIDDENS, Anthony. As consequências da
modernidade. São Paulo: Ed. da Unesp, 1991. 
Sociologia hoje: volume único: ensino médio
/ Igor José de Renó Machado… [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : Ática, 2013.

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