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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Nada como a sensibilidade de uma mulher para falar de mulher

Além de uma amiga, uma doce amiga, Cida Neuenschwander é uma daquelas mulheres que fazem das palavras poemas. Uma mulher que quando você se dá conta já se tornou amigo. E Nada como a sensibilidade de uma mulher para falar de mulher.


Por Cida Neuenschwander

"A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte."  Oscar Wilde

Maria Antonieta
Noite passada, assistindo a um programa, creio que eslovaco, uma frase me chamou a atenção. Em determinado momento a repórter fala: “A vida sangra a mulher durante cinco dias de cada mês”.  Documentário muito bem feito sobre um dos problemas, além de outros fatos bem conhecidos por nós mulheres, que a história impõe: o direito ou não de conceber e dar continuidade a esta história. Este direito é para umas, fundamental, para outras uma questão de escolha.

“As questões da alma feminina não podem ser tratadas tentando-se esculpi-las de uma forma mais adequada a uma cultura inconsciente, nem é possível dobrá-la até que tenha um formato intelectual mais aceitável para aqueles que alegam ser os únicos detentores do consciente. Não! Na verdade a meta deve ser a recuperação e o resgate da bela forma psíquica natural da mulher”[1]

Além de suas forças poderosas e naturais.

Não tenho aqui a pretensão técnica e expertise no assunto, não defendo correntes de pensamento e sim fatos, e tenho uma condição: Sou MULHER. E nesta condição sou toda emoção, controle da vida, “dona” das preocupações, soluções, mazelas familiares. E mais. Independente, portanto, não me vejo como vítima,corro atrás do que precisa e deve ser compartilhado por todos, dentro do que chamo comunidade e cidadania.

Nossa casa, nossa vida é uma empresa e como disse o poeta, posso cuidar para que ela não vá à falência. Como mãe, sempre digo, sou e serei a culpada; mãe não tem culpa de tudo? Digo aos meus filhos: se forem à terapia podem me culpar, pois não nasci deusa, tótem, algo para ser venerado. Nasci na melhor essência: MULHER, GENTE.

Embora a história mostre o contrário, ser mulher não é fazer o que nos foi ensinado e muito menos ensinar da mesma forma, pois tudo o que nos foi ensinado e cravado em pele, foi para a submissão. E discriminação lembra a Terceira Lei de Newton. Quando dois corpos A e B interagem, se A aplica sobre B uma força, esse último corpo aplicará sobre A outra força de mesma intensidade, mesma direção e sentido contrário. E aos poucos, a falta de identidade, a intensidade da reação sucederam-se ao longo de mais de 200 anos. Somos mesmo intensas. E isto rondará a história quer alguns queiram ou não. As evidências estão aí. A igualdade foi buscada e continua sua luta 

Apesar das conquistas da mulher no decorrer da História muitos ainda são os abusos que devem ser conhecidos e discutidos, para que sejam tomadas medidas que levem à sua extinção, para sempre. Há leis, leis e leis, direitos adquiridos e realidade. A realidade mostra uma questão largamente conhecida como gênero. A questão gênero ronda homens e mulheres e vice-versa. Pois neste momento, não discutiremos quem é o melhor / pior e sim a igualdade dos direitos. A igualdade de ir e vir, a liberdade de expressão, como consta em nossa mambembe constituição. O que poderia ainda explicar a discriminação nas questões intelectuais, profissionais, de saúde, força e vitalidade?

A agressão, a violência nas mínimas coisas? E por violência leiam-se também direitos. Sem exageros: as lutas continuam acesas aos olhos abertos ou fechados da sociedade. Desafio a todos, homens e mulheres: Anotem, notem, o quanto o apelo discriminatório prevalece e sobrevive. A questão é quando a história deixará de mostrar tais coisas e veiculá-las.  Onde ficam então a capacidade mental, física, criativa e multiplicadora de funções exercidas pelo sexo feminino? Aqui, pergunto apenas, quero e exijo sim, continuar sendo quem sou e com tranquilidade ter-me igualada. Os gêneros podem ou não? Troquemos os papéis. Por um dia! Façam este exercício de raciocínio, multiplicidade e poder de solução. 

Discutam os pobres de entendimento, falem muita besteira. Apenas confirmarão na pele e no desgaste do dia a versátil figura que é capaz de ser, em várias situações, onipresente.

Referências: 

1. ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com lobos: Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. 


Cida Neuenschwander tem Licenciatura Plena em Português, Inglês e suas Literaturas. Ataulmente é Coordenadora pedagógica e de Projetos de eMentoring - ADE Brasil – www.adebrasil.org.br

3 comentários:

  1. Caro golega gostei de mais deste artigo que fala de nós mulheres.Muito bem posto.Abraços.

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  2. Grande Douglas. Esse post cara, deveria ser lido por muitas mulheres. Tomei a liberdade de mandar o seu endereço para algumas pessas. Um abraço...

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  3. Olá Douglas, muito bom otexto da Cida Neuenschwander. É de fundamental importÂncia que muitas mulheres conhecem a sua trajetória de luta e conquistas. Este texto já seria de bom tamanho para tal questão.
    Por isso foi bom entrar em contato com este texto.

    Abraços.

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