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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Interpretação da Realidade, Metodologia da História

INTRODUÇÃO


Este trabalho foi requisitado pelo professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Doutor André R. V. V. Pereira, da disciplina de Metodologia da História e elaborado com base na aplicabilidade do Método de pesquisa em história elaborado com a finalidade de interpretar a realidade de forma empírica.


Se o objetivo deste trabalho, portanto é o desenvolvimento do Método para explicar a realidade, por intermédio de comprovações, se faz necessário um exercício aplicativo como exemplo de sua funcionalidade. O exercício escolhido para o mesmo, foi à questão de “como surgiram os sovietes?” Para tanto, buscarei compreender como um determinado grupo se apropria de elementos da estrutura mental, elabora um projeto, quer seja de caráter político, econômico ou social e que graças a uma conjuntura favorável, consegue convencer o público e alcançar o sucesso. Como pesquisador na área de história, utilizarei do Método desenvolvido, no qual acredito ser o melhor viés para interpretar a realidade, a fim de provar minha hipótese de forma empírica, abandonando qualquer interpretação subjetiva que tenha caminhado pelo “achismos”.


É importante ressaltar, que esta pesquisa tem um objetivo claro e específico, sendo assim, se transforma em um trabalho de caráter consultivo para primeiras análises.


A INTEPRETAÇÃO DA REALIDADE


A realidade sempre foi interpretada de diversas maneiras e pontos de vista. Nunca ninguém conseguiu, isso porque é imposível, interpretar a realidade sem se deixar levar por uma posição pré estabelecida dos fatos, ou seja ninguém nesse mundo consegue ser imparcial. Minha afirmação pode ser tão perigosa quanto se deixar levar por uma única intepretação da realidade, um único lado dos fatos.


Existem três planos nessa interpretação que tem que ser bem delimitados e delineados antes de mais nada: o da estrutura mental, mais elevado quanto a influência sobre os demais e é aqui que se encontra a concepção de valores, visão do que é feio ou belo, bem e mal, comcepção de mundo; o das conjunturas, que são momentos específicos influenciados pelo primeiro e que podem servir ao próximo plano; e por fim o das ações humanas concretas, tomadas pelos homens que se apropriam de elementos da estrutura mental e ou das conjunturas.


Portanto, apresento, como esquema interpretativo da realidade, que exista o plano da estrutura mental, das conjunturas e das ações humanas concretas. O homem, localizado no plano das ações humanas concretas, defendendo seu interesse íntimo e ou de algum grupo específico, o que alguns autores como Antonio Gramsci chamam de ideologia, se apropria de elementos da estrutura mental e/ou das conjunturas, elabora um “projeto” que visa o convencimento do público por intermédio de uma propaganda, manipulando em muito dos casos e, mesmo que não seja um fato, se o projeto estiver alinhado com elementos da estrutura mental e/ou das conjunturas, este terá exito em seus propósitos.


Assim sendo as ações humanas concretas são respostas de um sujeito – individual ou coletivo – a uma situação espécifica da realidade. Dai que, para esta interpretação da realidade: todo comportamento humano tem um caráter significativo.


Meu objetivo não é buscar a imparcialidade, porque como disse: isso é imposível; querendo ou não, sabendo ou não, acabamos por opitar por uma ou até mesmo diversas posições. Muito menos me importa aqui se a interpretação é de direita, esquerda, centro ou concervadora. O fato é que proponho uma maneira de interpretar a realidade, melhor dizendo, um Método.


A METODOLOGIA DE APLICAÇÃO


O exercício básico escolhido a fim de aplicar o Método de interpretação da realidade, foi explicar a origem dos sovietes. A metodologia de aplicação consiste em:

  1. Absorver uma gama de literaturas a mercê do tema, a origem dos sovietes. É de fundamental importância saber os fatos históricos ocorridos antes, durante e depois dos sovietes;
  2. Traçar uma cronologia dos fatos o que chamo de crônicas dos eventos. Para mim um bom historiador tem que saber “narrar” os fatos e, não somente elaborar uma linha cronológica dos mesmos;
  3. Extrair a opinião de cada autor, das literaturas lidas, a respeito da origem dos sovietes;
  4. Escolher fontes históricas (documentação) a fim de serem utilizada como provas empíricas da teoria levantada a mercê da origem dos sovietes;
  5. Retirar da literatura e também dos documentos a estrutura mental, o grupo, o autor, o estilo, a propaganda e o público segundo o qual era destinado o documento;
  6. Levantar a hipótese sobre a origem dos sovietes com base nas literaturas e nas documentações, utilizando estes para provar empiricamente a realidade em uma analise final;


É importante ressaltar que está metodologia de aplicação está sujeita a alterações devidas de acordo com as necessidades didáticas da aplicabilidade do Método, portanto deixam de ser uma receita pré estabelecida para se tornar mutável de acordo com as necessidades do pesquisador. Evitando assim qualquer amarra formal e caminhando, portanto para a liberdade de aplicação o que a meu ver é fundamental.



CRÔNICA DOS EVENTOS


Até meados 1350 os mosteiros desempenharam papel importantíssimo como centros colonizadores por intermédio de atividades missionárias ocupando e conquistando solos de forma excepcional dentro do vasto território russo. A formação do Estado czarista, todavia, se deu de 1462 a 1584, sob Ivan o Grande, Basílio e Ivan o Terrível, sendo este último o primeiro a coroar-se csar.


"O Imperador de todas as Rússias é um monarca autocrata e ilimitado. O próprio Deus determina que o seu poder supremo seja obedeci­do, tanto por consciência como por temor”1.


De 1682 a 1725 quem governou a Rússia foi Pedro o Grande, “czar reformista” promotor de mudanças significativas nas áreas da economia, política exterior, social e cultural, bem como nas reformas radicais do seu exército. Um camponês disse em uma audiência:


“Esse sim é que é um czar. Não comia sua comida na ociosidade, trabalhava mais que qualquer um de nós”2.


No mo­mento em que no Ocidente europeu o feudalismo iniciou sua decadência, Os laços servis na Rússia começa­ram a se fortalecer. A servidão foi reforçada a partir de 1580 quando, Ivan IV, proibiu o camponês de abandonar a terra do senhor. A servidão se sobrepôs ao “Mir” ou comuna – comunidade aldeã em que não existiam diferenças sociais, sendo a terra partilhada anualmente entre os seus integrantes, que a possuíam coletivamente. Existindo um laço firme de solidariedade, fomentando deste modo, uma célula econômica e social básica do campesinato3.


O desenvolvimento das relações capitalista se deram a partir do século XIX, fomentando uma crescente diferenciação social em meio ao campesinato e a servidão tornou-se então um entrave ao desenvolvimento. Em 1861, Alexandre II decreta o fim da servidão dando ao camponês a propriedade da terra em que construíra sua casa. A organização social baseada no “Mir” foi rompida e transformando em célula administrativa pela qual a comunidade se tornava responsável pelo pagamento da dívida ao Estado, que assumia as indenizações aos senhores nobres, acentuando deste modo a crise social.


Nas Assembléias Provinciais, Zemstvos, os opositores ao governo, compostos por representantes da nobreza, protestavam contra a política de elevação das tarifas alfandegárias destinada a favorecer a industrialização, mas que não beneficiava a agricultura; mostravam-se favoráveis a instituição de uma Monarquia constitucional. E em 1906, quando o ministro Stolypin autorizando os camponeses a se retirar da comunidade com sua parcela de terra e a procurar fortuna com o auxílio do Banco Camponês, a questão agrária agravou-se. Os camponeses mais pobres se viram obrigados a venderem seus lotes.


No XIX iniciou-se o processo de industrialização russa. Uma industrialização era de caráter dependente dos capitais estrangeiros. A produção era voltada para a exportação e foi favorecida pela enorme oferta de mão-de-obra gerada pelo êxodo rural. O proletariado ou grande parte era de origem camponesa, que logo se desligou, e concentrou-se em algumas cidades. As condições de vida se pauperrizaram a partir de 1905 com a desvalorização dos salários acompanhado da alta constante dos preços, além de uma elevada taxa de desemprego.


"Não nos e possível ser instruídos porque não há escolas e desde a infância devemos trabalhar além de nossas forças por um salário ínfimo. Quando desde os nove anos somos obrigados a ir para a usina, o que nos espera? Nós nos vende­mos ao capitalista por um pedaço de pão preto; guardas nos agridem a socos e cacetadas para nos habituar à dureza do trabalho; nós nos alimentamos mal, nos sufocamos com a poeira e o ar viciado, até dormimos no chão, atormentados pelos vermes (...).”4



Ainda no século XX a Rússia era uma monarquia de caráter absolutista, e que a maior parte das terras encontrava-se nas mãos do czar. A burocracia e a nobreza rural eram quem amparava socialmente o governo do Czar. As pequenas empresas, com o desenvolvimento da industrialização, foram gradativamente eliminadas, sem chance de oferecer concorrência ao capital estrangeiro.


Em 1840, houve o desenvolvimento de duas formas de pensamento: Ocidentalismo e a Eslavofilia. A primeira considerava a cultura ocidental superior, almejando propagá-la dentro da Rússia. Contrários a servidão; acreditavam no liberalismo, no governo constitucional e na ciência. A segunda, dotada de um fervor místico e ligada a igreja oficial, considera o ocidente corrompido pelo materialismo e resiste a penetração de suas idéias afirmando deste modo a singularidade do passado nacional russo, acabaram por identificar-se com o Czarismo fazendo a propaganda do Pan-Eslavismo, justificando a proteção dos povos eslavos pela mãe Rússia.


Em meio a uma sociedade conservadora, com vários problemas sociais e econômicos aliado aoCongresso de Lipetsk e Voronej do partido Zemlia i Volia, este cinde em dois grupos: Narodnaia Volia (Vontade do Povo) e o grupo Emancipação do Trabalho, de Plekhanov. fracasso do trabalho revolucionário entre os camponeses e à violência da repressão governamental, surgiu em 1879, no seio da Zemliá i Vólia (Organização secreta dos populistas revolucionários, fundada em Petersburgo no Outono de 1876) os zemlevoltsi (membros da Terra e Liberdade, que viam nos camponeses a força revolucionária fundamental da Rússia, procuraram sublevá-los contra o czarismo), uma facção de terroristas que decidiram como principal meio de luta contra o czar, o terror contra os membros do governo. Em 1879, no



Em 1898 foi fundado o Partido Operário Social-Democrata Russo. Destacaram Vladimir Ilich Ulianov (mais conhecido como Lênin) e Júlio Martov. Embora coesos nas idéias de Marx e Engels, o Partido dividiu-se em duas tendências: Bolchevistas e Menchevistas. Liderados por Lênin, Trotski, Zinoviev, Lunatcharskios, Kamenev e Radek, os Bolchevistas tinham como objetivos principais, no contexto da Primeira Grande Guerra, a paz imediata e a revolução socialista em nível mundial. No plano interno, a implantação de uma ditadura do proletariado, dominação dos sovietes e sindicatos e, dissolução da constituinte. Os mencheviques dividiam-se em três grupos. Os de direita agrupavam-se em torno de Petressov e do jornal Den (o dia); o grupo em torno de Tchkhlidze e Tsereteli, internacionalista no início da revolução, aproximou-se depois do primeiro; o grupo dos mencheviques internacionalistas, liderados por Martov, Martinov e Axelrod, editava o diário Robotchaia Gazeta (Jornal do Operário), discordavam da visão leninista de partido político e de ditadura do proletariado, e era pela Assembléia Constituinte, contrários a acordos com a burguesia e contra a transferência de poderes aos sovietes.5


Outra organização foi o Partido Socialista Revolucionário, que também se dividiu em duas tendências, uma delas seguia as idéias de Miguel Bakunin (1814 - 1876), e defendia a violência para destruir o regime czarista. Outra adotava as diretrizes de Pedro Kropotkin (1842-1921), anarquista russo que defendia a não-violência a fim de desagregar o Czarismo.


O Partido Constitucional Democrata, conhecido como Cadete, defensores da ideologia liberal pleiteavam instalar na Rússia um sistema de governo similar ao da Inglaterra. Reunia elementos da burguesia e de alguns setores da nobreza.


Em 1904 tem início a Guerra Russo-Japonesa, provocada pela intenção de conquista da Coréia e da Manchúria por parte dos russos e dos japoneses. A guerra termina em 2 de janeiro de 1905 com japoneses vitoriosos.


Em 22 de janeiro de 1905, uma multidão de manifestantes desarma­dos foi fuzilada nas ruas de Petrogrado, atual São Petersburgo, foi o Domingo Sangrento, aumentado e ampliando a oposição ao governo do então czar Nicolau II.


Em junho de 1905 nasce o primeiro soviete (conselho) é organizado em Ivanovo-Voznesensk. Em primeiro momento Lênin não observava no soviete de operários e camponeses a expressão da autogestão econômica, política e social. Todavia, em 1915 Lênin muda sua atitude diante dos sovietes, considerando-os, então órgãos do poder revolucionário.6 Em 15 de novembro de 1905, o soviete de São Petersburgo dirige uma greve de protesto contra a repressão aos marinheiros de Kronstadt. Trotski é eleito presidente desse soviete em 9 de dezembro e em 16 de dezembro governo czarista prende os membros do soviete de São Petersburgo. E ainda no ano de 1905, 21 de dezembro, eclodem uma constante de greves, de 90 mil operários e São Petersburgo e mais 150 mil em Moscou.


O fato de a Rússia ter entrado na primeira guerra mundial em 1914, despreparada para o esforço de guerra, veio a acelerar o processo revolucionário. As manifestações grevistas cresciam culminando no choque entre povo e a polícia, parte do exército aderiu às idéias revolucionárias e em março de 1917 eclodiu a Revolução. Todavia, essa ainda não era a Revolução Socialista.


“Durante os primeiros meses do novo regime, com efeito, não obstante a confusão que se segue a um grande movimento (...) a situação interior bem como a força combativa dos exércitos melhorou sensivelmente”. (...)“Mas essa 'lua-de-mel' teve curta duração. As classes dominantes pretendiam uma alteração unicamente política que, tirando o poder do Czar, passasse para as suas mãos. Queriam fazer na Rússia uma revolução constitucional, segundo o modelo da França ou dos Estados Unidos, ou então uma Monarquia Parlamentar, como a da Inglaterra. Ora, as massas populares queriam, porém, uma verdadeira Democracia operária e camponesa.”7


O Czar ainda tentou uma manobra abdicando em favor de seu irmão, o Grão-Duque Miguel,

que não aceitou a coroa imperial. À frente do Governo Provisório da República es­tava o Príncipe Lvov, liberal; contudo, logo se destacou Kerenski, convertido em homem forte do governo. Os ânimos, contudo, ainda se exaltavam entre os trabalhadores russos naquele momento.


“Os trabalhadores compreendiam bem que, mesmo sob um governo liberal, eles se arriscariam a continuar morrendo de fome, se o poder ainda permanecesse nas mãos de outras classes sociais”8.


Quando explodiu a revolução de março Lênin, que estava exilado na Suíça, não escondia seus ideais de revolução aos moldes dos socialistas, assim como seus seguidores depositavam a confiança em sua liderança a fim de preparar a Revolução.


"(...) eis que é chegada a hora de tomar o trem (...) enviamos ao grande líder nossos últimos cumprimentos e pensamos: Ele há de colocar a revolução sobre os trilhos certos (...)"9.


Mais de meio milhão de manifestantes pediam a deposição dos ministros capitalistas e exigiam direitos políticos para os sovietes de deputados camponeses, operários e soldados em uma passeata no dia 4 de julho. Porém a repressão assim como em 1905, fora violenta contra os manifestantes. Lênin após retornar do exílio, em 16 de abril de 1917, lança as Teses de Abril: propondo paz, coma saída da Rússia da guerra; uma ampla reforma agrária com a divisão dos latifúndios, com isso os Bolcheviques ganham prestígio, culminando na Revolução de Outubro de 1917. Maria Spiridonova, respeitadíssima na Rússia, percebendo a importância da Revolução, disse em uma reunião do Comitê Central dos Sovietes:


“Os operários da Rússia têm diante de si perspectivas históricas até agora desconhecidas. Todos os movimentos revolucionários do proletariado, até o presente, foram derrotados. O movi­mento atual é internacional. Eis por­que é invencível. No mundo inteiro, não há força capaz de extinguir este incêndio revolucionário. O velho mundo desmorona-se e um novo mundo nasce.”10.


O mundo desde então ficaria dividido: entre o capitalismo liderado pelos EUA do outro o socialismo liderada pela recém nascida URSS, federação cuja República mais importante era a Rússia, reunindo também a Ucrânia, Bielorrúsia, Transcaucásia e as Repúblicas da Ásia Central.


Os Bolchevistas, agora no poder, se deparavam com antigos e novos problemas. O período 1918-1928 pode e ser dividido em três etapas: o Comunismo de Guerra (1918-1921), a Nova Política Econômica (1921-1928) e a implantação do Socialismo integral a partir de 1928.


O Comunismo de Guerra (1918-1921)

De forma paulatina o novo poder se organizou. Criou o exército vermelho, promoveu a separação da Igreja do Estado, aboliu os empréstimos contraídos durante o período czarista, nacionalizou bancos, estradas de ferro e indústrias estrangeiras e, em março de 1918, Lênin assina o Tratado de Brest- Litovsky com os alemãs, retirando assim a Rússia da Primeira Guerra Mundial.


Alguns antigos oficiais czaristas apoiados por países europeus, que viam a Revolução como uma eventual ameaça a seus próprios regimes, formaram o Exército Branco anti-bolchevista. A reação dos Bolcheviques foi à ampliação do Exército Vermelho que teve amplo apoio dos camponeses, temerosos em ter suas terras confiscadas e devolvidas à antiga aristocracia pelo Exército Branco. Após alguns anos de luta a vitória fora possível por parte do Exército Vermelho graças ao emprego de determinadas medidas consideradas radicais, conhecidas pelo nome de Comunismo de Guerra.


"o seu objetivo é uma estrita regulamentação do consumo e da produção em um país cercado, mas ao mesmo tempo sua ação provoca transformações da estrutura econômica que nunca mais serão postas em xeque (...) Há, portanto, expropriação completa da grande indústria e da maior parte das peque­nas empresas; o simples controle operário previsto foi substituído pela gestão operária (...) Criam-se, então, o monopólio dos cereais pelo Estado e 'Comitês de camponeses pobres', encarregados de combater a influência política dos cultivadores abastados que animavam a resistência, bem como de confiscar os estoques dos camponeses ricos. Finalmente, começam a organizar-se propriedades agrícolas coletivas de produção e consumo, completa ou parcialmente coletivizadas, embora seu número em 1921 representasse apenas 1% de todas as explorações camponesas.”11


Com o fim da guerra civil a vitória da Revolução estava em termos consolidada, mas a economia ainda se encontrava em condições precárias, regredindo inclusive a níveis inferiores aos anteriores da Primeira Guerra, o que fez aumentar a insatisfação. Os camponeses sentiam-se ameaçados, o poder enfrentava sua primeira crise com as próprias forças que o apoiavam. A resposta encontrada pelo governo para apaziguar os ânimos foi à criação da Nova Política Econômica (NEP).


A Nova Política Econômica (1921-1928)

Caracterizada por ser uma espécie de economia mista de socialismo e capitalismo, permitia dentre outras coisas, funcionamento de pequenas empresas industriais, livre comércio interno e o ressurgimento de propriedades rurais, além de permitir concessões a empresas capitalistas, francesas, alemãs, inglesas e norte-americanas. Paralelo a essas medidas o Estado conservaria seu direito de propriedade sobre os meios de produção e sobre a terra, exercendo rígido controle sobre o comércio externo, os bancos, a grande indústria, havendo, portanto, um setor privado e um setor público em concorrência. Embora houvesse recuperado a agricultura, a indústria soviética sofria com a carência de capitais, técnica e equipamentos.


"Foi preciso, portanto, buscar os meios indispensáveis à construção de uma indústria poderosa exclusiva­mente nos recursos internos e operar a transformação da economia em uma verdadeira autarquia. Tornou-se mis­ter, de outro lado, conduzir, a par, uma industrialização rápida e a coletivização agrícola."12


Em 21 de janeiro de 1924, Lênin morre. Após esse acontecimento cresceram as disparidades e controvérsias entre a facção Stalinista e os partidários de Trotsky. Para Trotsky o caráter internacionalista da Revolução, não triunfaria na Rússia se não fosse acompanhada de movimentos idênticos em "países mais adiantados". Para Stalin o isola­mento dos soviéticos não deveria impedir a construção do Socialismo. O Estado possuía recursos materiais e humanos para empreender a tarefa de um "Socialismo em um só país". Assim ele sobe ao poder em 1924 governando a URSS até 1953.


Socialismo Integral. A Era Stalinista: Planificação e Coletivização (1928-1939)

A Comissão do Conselho do Trabalho e da Defesa (GOSPLAN), fundada em 1921, encarregada dos estudos para a então planificação da economia elaborou durante o período da NEP o chamado Plano Qüinqüenal que, todavia só foi posto em prática a partir de 1928. O primeiro plano focou seus objetivos no aumento da produção e na supressão da propriedade privada. A indústria de produção de bens de consumo deu espaço a de produção de bens de equipamentos, Já no setor agrícola a coletivização foi bem mais complicada de ser desenvolvida. Foram instituídos dois tipos de unidades de produção agrária: os Colcoses, cooperativas de produção, onde o camponês recebe pequena parcela de terra, que explora para si e os Sovcoses, fazendas estatais em que o camponês torna-se um assalariado do Estado, No âmbito da política, ocorrera um gradativo endurecimento e fortalecimento do grupo liderado


por Stalin, nasce então uma ditadura. Enquanto isso externamente o mundo assistia à ascensão

dos regimes de caráter Totalitários da Itália (fascismo) e da Alemanha (nazismo). E não era diferente na URSS onde por intermédio da força nascia o “stalinismo”.


Próximo da Segunda Grande Guerra Mundial a situação econômica soviética tinha melhorado consideravelmente em relação à década de 1920; a indústria colocou a URSS entre as grandes potências mundiais. Porém, o padrão de vida de sua população estava abaixo ao dos países capitalistas desenvolvidos. Em 23 de agosto de 1939, Vyacheslav Molotov e Joachim Vin Ribbentrop, ministros do exterior de URSS e Alemanha consecutivamente, assinariam em Moscou, as vésperas da Segunda Guerra Mundial um tratado de não agressão conhecido como Tratado Molotov-Ribbentrop ou como alguns autores chamam ainda de Pacto Nazi-Soviético. Em linhas gerais configuravam-se em uma aliança entre ambas as nações que se comprometiam a manter-se afastadas uma da outra em termos bélicos.


Em 1941, após ter a base naval de Pearl Harbor atacada, os EUA entram no conflito. O exercito alemão, na chamada frente oriental, teve relativo sucesso mesmo enfrentando a ferrenha reação soviética; até que por intermédio da “tática da terra arrasada”, que consistia no esvaziamento dos suprimentos, fábricas, máquinas, alimentos, gado e da população retirados por trem e levados para região oriental do país, o que não podia ser levado era destruído; os soviéticos dificultaram seriamente o avanço das tropas alemãs, promovendo uma gradativa derrocada. Em 1943 o exército nazista recuava enquanto russos promoviam o avanço em direção a Berlim que foi cercada em abril de 1945.


Antes ainda, Roosevelt, presidente dos EUA e Churchill, premier inglês, juntamente com Stalin reuniam-se na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, para acertar os detalhes finais da grande ofensiva contra a Alemanha, fixar as zonas de ocupação sobre o território germânico a serem controlados por um conselho e reformular o mapa europeu. Se reuniriam ainda no mesmo ano, a partir de 17 de julho na cidade de Potsdam, Alemanha, na então intitulada Conferência de Potsdam, Stalin, Churchill e Harry Truman, sucessor de Roosevelt, desmobilizaram a Alemanha e dividiram seu território em quatro zonas de influência, administradas por França, EUA, Inglaterra e URSS. A guerra termina em 1945 e EUA líder do capitalismo e URSS líder do socialismo emergem como as duas grandes potências mundiais. Culminando em disputas que se exacerbaram e se estenderam para outras regiões, na forma de auxilio financeiro e militar, o choque parecia inevitável e uma Terceira Grande Guerra era prenunciada, deixando o mundo todo apreensivo.


As diferenças políticas ideológicas são claras entre as duas forças, e já na Conferência de Potsdam, americanos e soviéticos começam a se divergirem. Os EUA contavam com um poderoso arsenal bélico atômico, forçando a URSS promoverem uma grande corrida armamentista nuclear. Temeroso do avanço soviético, que ficou evidente ainda durante a guerra na ocupação de Lituânia, Letônia e Estônia, Winston Churchill usou o conceito "cortina de ferro", para explicar a influência da URSS sobre os paises da Europa Centro-oriental e em 12 de março de 1947, Harry Truman conclamou, em um discurso no congresso, a todo o ocidente e seu país a lutar contra o “totalitarismo” soviético. Essa política ficou conhecida como “Doutrina Truman”.


A fim de ampliar a influência capitalista na Europa Ocidental, os EUA desenvolvem o Plano Marshall, significou um auxílio financeiro para erguimento dos países europeus, devastados e destroçados pela guerra. A URSS em 1947 cria o Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (KOMINFORM), que objetivava promover a união, sob a liderança de Moscou, da ação comunista na Europa Ocidental. E em 1949, foi criado o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon), visando auxiliar aos países socialistas a recompor suas economias, por intermédio dos princípios da planificação. Em 1949, respondendo a primeira explosão da bomba atômica soviética, as nações do ocidente criam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em resposta, em 1955, é assinado um tratado de assistência mútua entre países da Europa Oriental (pacto de Varsóvia), organismo que se uniram Alemanha Oriental, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Albânia, Polônia e URSS.


Internamente, Stalin, visava privilegiar o setor energético, o transporte ferroviário e a reconstrução das fábricas atingidas pela guerra, era o Quarto Plano Qüinqüenal (1946-1950), De 1951 a 1955, foi implantado o quinto Plano Qüinqüenal, que incentivava principalmente o progresso tecnológico e a indústria bélica, a União Soviética alcançou a posição de segunda potência industrial do mundo e o maior produtor de aço e de petróleo. Todavia, a agricultura não cresceu nesse ritmo, prejudicando o abastecimento de uma crescente população.


A violência era uma característica marcante do governo de Stalin, atingindo não só os soviéticos opositores ao regime, mas se alargando para outros países do bloco socialista, que por ventura arriscavam vias autônomas de desenvolvimento, fora dos padrões do Kominform. Os expurgos nos partidos comunistas da Polônia (1951), da Romênia (19S2), da Hungria e da Bulgária (1949), foram conseqüência e decorreram após a dissidência da Iugoslávia do marechal Tito, em 1948. O terror e violência serviriam de exemplo para que não se repetisse.


Nikita Kruschev (1953 – 1964)

Em 1953 Stalin morre, o poder foi assumido pelo membro do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Kruschev, que a partir de 1955, dá início a uma política de liberalização do regime, mesmo que tímida, o processo ficou conhecido como “degelo” ou ainda “desestalinização”: reabilitando presos políticos, fechando diversos campos de trabalhos forçados e amenizando o rigor da censura. Concentrou como uma de suas prioridades ao aumento da produção agrícola. Em 4 de outubro, o mundo se surpreenderia com a União Soviética, eles colariam na órbita um satélite artificial, o sputnik e em 12 de abril de 1961, eles colocariam um homem em órbita: Iúri Gagarin.


Em 1959, fez uma visita aos EUA, ao retornar bem disse: “Eu vi os escravos do capitalismo. E vivem bem." Ampliou o bloco socialista, de forma trans-oceânica, com a adesão e Cuba. A China de Mão Tse-Tung, ao discordar dessa política liberalizante, rompe relações em 1960. Após ser expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), Cuba governada por Fidel Castro, aproximou-se dos soviéticos passando a receber auxilio financeiro, técnico e militar para estruturar o país aos moldes socialistas. Os soviéticos, em represária ao posicionamento da ogiva nuclear americana na Turquia, posicionaram mísseis em Cuba. Seguiram-se dias de extrema tensão, o mundo estava à um passo de uma Guerra Nuclear. Após muitas negociações os mísseis retornaram para URSS.


Brejnev (1964- 1982)

Após diversas pressões, devido sua política reformista, Kruschev entrega seu posto em outubro de 1964 para Leonid Brejnev. Em síntese representaria a retomada do poder pela burocracia que se moldava como imutável e impermeável às reformas. O crescente gasto com o aparelho militar, devido ao constante estado de alerta culminando em uma cansativa corrida bélica; somado a estagnação econômica interna fez com que Brejnev não tivesse grande opção de manobra. Destacou-se pela mão de ferro com que exercia o controlo sobre os países da Europa Oriental, como o exemplo na Tchecoslováquia, em 1968, onde as reformas liberalizantes idealizadas por Alexander Dubeek, seriam esmagadas por tanques do então Pacto de Varsóvia.


Houve a tentativa de limitar as armas nucleares, em uma negociação com o EUA governado por Richard Nixon (1968-1974), todavia as negociações foram suspensas em 1979 após a invasão soviética ao Afeganistão.


Gorbatchev (1985 – 1989)

Em 1982, Brejnev morre e seus sucessores, já de idade e doentes, também faleceram. Assim em 1985 assumiu a direção da União Soviética Mikhail Gorbatchev. No ano de 1986 ele lança a glasnost (transparência), uma política direcionada para a abertura e transparência, fomentou-se uma campanha a fim de combater a ineficiência da máquina administrativa e a corrupção, visando à liberdade em parâmetros político, econômico e cultural. Posteriormente ele implementa a Perestroika, visando reestruturar o sistema político-econômico. Simplificando, tratava-se de reformar a estrutura administrativa de agilidade paquidérmica, em um país de dimensões continentais retirando o rígido controle estatal sobre a economia. Ambas as políticas, sofrera oposição dos militares preocupados com o fim dos investimentos bélicos, dos comunistas ortodoxos, e dos burocratas temerosos em perder suas regalias e cargos. A abertura política acabou por incentivar movimentos de autonomia, principalmente dos povos da região do Báltico (Letônia, Lituânia e Estônia), haviam sido subjugados por Stalin.


Mas as reformas não pararam: março de 1989 realizou-se eleições livres para a escolha do Congresso dos Deputados do Povo. E em 1990, uma nova legislação partidária estabelecia a permissão para a organização de novos partidos políticos. Era o fim da hegemonia absoluta do Partido Comunista. Em meio a essa conjuntura começa a se destacar a figura de Bóris Yeltsin, favorável a reformas mais aceleradas, demonstrou total apoio as reformas propostas por Gorbatchev, Yeltsin é o que alguns autores denominaram de “ultra reformistas”.


Movimentos separatistas eclodiam nas repúblicas bálticas a partir de 1990, propagando-se para outras repúblicas. Por intermédio de um plebiscito, realizado em março de 1991, 76% dos soviéticos demonstraram o desejo de manter coeso o país em forma de federações renovadas de repúblicas soberanas com justa igualdade. Na verdade a conjuntura colocava Gorbatchev em posição delicada, pressionado de um lado por ultra-reformista, comandados por Yeltsin; e por outro lado por conservadores: comunistas ortodoxos, burocratas e militares.


Em 19 de agosto de 1991, a “linha dura” do Partido Comunista arquitetou um golpe de Estado, a alegação para o mundo foi a de que Mikhail Gorbatchev havia deixado a presidência da URSS por motivos de saúde. A reação popular foi quase que imediata: liderados pela militância de Bóris Yeltsin, milhares de pessoas saíram às ruas e passaram a enfrentar os soldados e os tanques que se dirigiam ao edifício do Parlamento da República da Rússia. Gradativamente os golpistas foram perdendo força perante a resistência da nação e externamente os chefes de Estado de diversos Estados do Ocidente exigiam o retorno de Gorbatchev ao poder. Três dias de resistência, então os rebelados acabaram por serem presos e Yeltsin e os militares legalistas recuperaram o controle do Estado. Gorbatchev de volta a presidência reafirmou o socialismo democrático.


O golpe de agosto de 1991 serviu, também para dar combustível aos movimentos de diversas repúblicas que faziam parte da URSS, assim em setembro Lituânia, Estônia e Letônia declararam-se autônomas. Gorbatchev, em meio à implosão da União Soviética, tentou manter a união entre as repúblicas propondo a assinatura do chamado Tratado da União.


Em setembro de 1991, Bóris Yeltsin presidente da Rússia, uma das repúblicas soviéticas; Gorbatchev, como presidente da União Soviética e mais alguns presidentes de nove outras repúblicas, apresentaram um plano de transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão Econômica Inter-republicana. Yeltsin prometeu total apoio à Rússia e ao novo plano, percebendo é claro a importância da figura de Gorbatchev, não só para a República russa como também para toda a nação.


Em uma votação onde 90 % da população decidiram pela emancipação, a Ucrânia tornou-se independente em dezembro de 1991. Tal fato fez precipitar o chamado “Golpe Branco” contra Gorbatchev, onde foi criada a Comunidade de Estados Independentes (CEI), presidentes das repúblicas da Ucrânia, Bielorússia e Rússia o que decretava, portanto o fim da URSS. A União Soviética já não existe mais.


LITERATURA SOBRE O TEMA


Como o objetivo básico é a aplicabilidade do Método para explicar a realidade, e o exercício escolhido foi explicar como surgiram os sovietes, para tanto utilizei uma quantidade de autores significativos a mercê do tema, como o caso de Richard Pipes, Mauricio Trangtenberg, Lionwl Kochan e Christopher Hill. Mesmo que limitada, estas literaturas demonstraram-se bastante esclarecedoras para o Método. O ideal seria ter absorvido “tudo” da literatura a respeito do tema, todavia nós historiadores somos submetidos as nossas limitações.


Richard Pipes, em sua obra, História Concisa da Revolução Russa, diz que existiu um grupo, que em especial foi preponderante para o desfecho da revolução e o nascimento dos sovietes, os da intelligentsia - este termo é utilizado para diferenciar aqueles intelectuais que contemplam a vida passivamente, daqueles que são ativistas determinados a transformá-la, ou seja, intelligentsia são os intelectuais que ambicionam o poder para mudar o mundo.


Para que a intelligentsia consiga emergir, diz Pipes, é necessário que exista uma conjuntura favorável em dois aspectos. A primeira delas é a ideologia materialista, que não vê seres humanos como criaturas dotadas de uma alma imortal, mas apenas como entidades físicas moldadas pelo meio. E a segunda aparece nas oportunidades econômicas que asseguram a independência à intelligentsia, a dissolução das classes sociais tradicionais, o aparecimento de novas profissões liberais (tais como o jornalismo e o ensino universitário) e, paralelamente, uma economia industrial carente de especialistas, e um público leitor instruído.


Este grupo age basicamente por meio de influência sobre a opinião pública e, através disso, obtendo alterações na legislação onde tais instituições e garantias inexistem, ela se funde numa casta dedicada ao ataque ininterrupto da ordem vigente, com vistas a desacreditá-la. Assim estes são grupos que transformaram rebeliões em revoluções, protestos populares por questões específicas em completa rejeição à ordem social e política. Pois no início do século XX, não havia nada que empurrasse a Rússia inexoravelmente em direção à revolução, exceto essa coisa rara: a presença de um corpo de revolucionários profissionais, numeroso e fanático. Segundo Pipes, até hoje nenhum documento que tenha vindo à luz deu conta de que os camponeses ou os trabalhadores desejassem a abolição do czarismo e uma completa transformação da Rússia.


A partir de 1870, surge um movimento onde centenas de estudantes abandonaram as classes universitárias para ir ao povo e inculcar nele suas idéias. Encontraram-no totalmente indiferente: o camponês acreditava resolutamente em Deus e no czar, e não via nada de errado na exploração do próximo, e em 1879 cerca de trinta intelectuais em uma nação de cem milhões nomearam-se “Vontade do Povo”. Essa técnica de traduzir reivindicações específicas em questões políticas gerais converteu-se em estratégia padrão operacional na Rússia, tanto para os radicais como para os liberais.


Um momento em específico teria culminado em uma transformação significativa das massas que tinham se mantido distantes dos tumultos políticos. As pressões em favor de mudanças constitucionais emanavam quase exclusivamente de estudantes universitários, dos revolucionários profissionais e dos senhores de terra, nas províncias. Mas o episódio do dia 9 de janeiro de 1905, conhecido como ”Domingo Sangrento”, alterou drasticamente a situação.


O massacre dos que participavam da manifestação pacífica provocou uma onda de indignação que varreu o país e organizações de quase todos os tipos protestaram e centenas de milhares de trabalhadores entraram em greve. Os liberais, encorajados pelo apoio maciço que seu programa obtivera, criaram uma União das Uniões, aglutinando várias associações profissionais, de advogados, médicos, professores, engenheiros etc. para exigir o fim da autocracia e um novo regime constitucional. No fim de setembro, a Rússia central foi assolada por novas greves, iniciadas pelos gráficos de Moscou, que logo recebam a adesão dos de São Petersburgo. Em 8 de outubro, União da Uniões votou pela instalação de comitês de greve em todo país, como medida preliminar à greve geral. Mas os fatos precipitaram e na segunda semana de outubro, os serviços essenciais aderiram a greve e a Rússia inteira parou. Em 13 de outubro, um comitê de greve reuniu-se no Instituto Tecnológico de São Petersburgo; quatro dias depois, adotou o nome de Soviete dos Deputados de Trabalhadores. Destinada a um papel importante no futuro, a liderança da nova instituição estava nas mãos da intelligentsia radical: os membros do seu comitê executivo foram designados pelos partidos socialistas. Foi este o precedente do Soviete de Petrogrado de 1917.


Mauricio Trangtenberg, em sua obra, A Revolução Russa, esboça que os sovietes, conselhos, surgem como órgãos revolucionários que representam as classes proletárias urbanas ou rurais e sua estrutura organizatória toma a direção de uma democracia direta, tendo em vista atingir seu objetivo: uma transformação estrutural da sociedade. A forma de conselho historicamente aparece diferenciada: por movimento de conselhos, entende-se o fenômeno concreto político-social, podendo acompanhar-se sua origem, influência político-social e o processo histórico de sua atuação; por filosofia dos conselhos, entende-se seu ideário, as noções teóricas que se articulam com o movimento dos conselhos; por fim, pode aparecer um sistema de conselho, na forma de sovietes estatais, como ocorreu na Revolução Russa. Assim, a forma conselho pode tomar conteúdos históricos diferentes, dependendo do momento histórico social (conjuntura) em que se dá. A primeira aparição enquanto fenômeno político e histórico se dará na Revolução Russa de 1905.


O soviete que surgiu em São Petersburgo foi conseqüência de um grande movimento grevista, ocorrido em outubro do mesmo ano. O soviete que se instala a 27 de fevereiro de 1917, no Palácio Taurida, em Petrogrado, já é fruto de um processo revolucionário que atinge o exército, as fábricas e os camponeses. As greves começam por reivindicações estritamente econômicas e rapidamente atingiram o caráter de greves de massa ou greves gerais com objetivos políticos. Isso explica por que foi na Rússia que produziu a primeira exemplar tentativa histórica de massa.


O movimento operário soube emergir rapidamente, apesar de sua fraqueza numérica, como força motriz de toda a corrente de oposição. A capacidade de auto organização das massas operárias e camponesas russas com a criação dos sovietes, instituição essa, diz Trangtenberg que surgira espontaneamente da massa como forma de organização, mostra que espontaneidade na origem dos movimentos. A espontaneidade e organização são características de ação de massas populares há muitos anos, argumenta o autor. Trotski, Em sua obra 1905, admite os sovietes como a resposta das massas a uma situação em que elas precisavam se organizar.


Lionwl Kochan, por sua vez, em sua obra Origens da Revolução Russa, diz que os Sovietes (conselhos), foram um “fenômeno que não se buscava”. Não se enquadrava em categoria conhecida alguma e era singular na Rússia, sendo vista como mais uma personificação da ânsia do trabalhador russo, até então reprimido, de organização e ação coletivas. Segundo Kochan, pouquíssimos trabalhadores estavam mais de uma geração distantes do meio rural, portanto conservavam ainda determinados elementos e traços característicos do campesinato russo, como a solidariedade e a união na “mir” (comuna).


O primeiro Soviete a surgir foi, aparentemente, o de Ivanovo-Vosnesensk, em meados de 1905. Desenvolveu-se a partir de um comitê de greve, mas logo tomou um caráter de órgão eleito representativo pelas autoridades e pela polícia.


O soviete de São Petersburgo, no entanto, teria se originado de modo espontâneo ou algo semelhante, no auge do movimento grevista de outubro e, esse movimento havia sido encorajado durante o ano inteiro. O autor resgata as palavras de Martov, que argumentou: “um movimento nesse sentido servirá para organizar o governo autônomo revolucionário, o qual esmagará o grilhão da legalidade tzarista e lançará as bases do futuro triunfo da revolução.”


METODOLOGIA


As fontes escolhidas para efetivação empírica dos fatos foram os documentos de número 5 e de número 10: O Apelo do Soviete de Petrogrado à População da Rússia (27 de fevereiro de 1917) e O Apelo do Sovietes aos Povos do Mundo Inteiro (14 de março de 1917), respectivamente. As mesmas, dispostas na obra, “A Revolução Russa de 1917” de Marc Ferro.


Antes de qualquer coisa se faz necessário contextualizar esses documentos. “O Apelo do Soviete de Petrogrado à População da Rússia” (27 de fevereiro de 1917) e o documento “O Apelo do Sovietes aos Povos do Mundo Inteiro” (14 de março de 1917), estão inseridos em um dos momentos decisivos da Revolução Russa: em 27 de fevereiro, nasce um soviete de deputados operários composto dos representantes de fábricas, de oficinas, dos partidos e organizações democráticas e socialistas; em 12 de março o czar Nicolau II abdica do trono; em 16 de abril Lênin chega à Rússia em um trem blindado e no dia 17 lança as Teses de Abril. Lênin, que antes abominava os sovietes, já em 1915 mudara de atitude com relação aos Conselhos e em suas Teses de Abril, pregava abertamente todo o poder aos sovietes13.


(...) os Soviets de deputados e operários são a única forma possível de um governo revolucionário e que por conseguinte nossa tarefa, enquanto este governo permanecer submetido à influência da burguesia não pode ser senão explica pacientemente, sistematicamente, como obstinação, às massas.”14


O motivo específico da escolha dos documentos releva à praticidade de aplicabilidade do método proposto quanto, a facilidade de encontrar o autor, o grupo, interpretar a propaganda em questão, o estilo do documento e analise da estrutura mental. O que ambos os documentos demonstraram-se bastante sucintos e esclarecedores quanto a isso. Outro ponto que se faz necessário explicitar é que, em primeiro lugar, tomei como base os alicerces teóricos enquanto guia geral da prática de pesquisa, vendo a documentação como a testemunha ocular dos fatos reais, objetivando a comprovação científica da teoria levantada.


Quanto à autoria dos documentos, é perceptível que o soviete tendo os operários e os soldados, como sua militâncias, são os autores do documento e os mesmos levantam a bandeira e o ideário da democracia aos moldes da igualdade de todos, portanto o grupo em questão é o defensor da democracia. Richard Pipes, chamou esse grupo de intelligentsia.


“convidamos toda a população a unir-se imediatamente ao Soviet, a organizar comitês locais nos bairros e a tomar em mãos a condução dos negócios locais.”15


“nós, soldados e operários russos, unidos no seio do soviet dos deputados operários e soldados, vos enviamos nossas saudações calorosas e vos informamos de um grande acontecimento.”16


O que é notório, portanto e se torna fundamental destacar é que uma conjuntura favorável se formou devido à crise de legitimidade do discurso dominante, e os sovietes souberam melhor se apropriar da desse momento, criando um projeto abrangente em termos de propaganda, visando o alcance das massas, esse discurso torna-se vitorioso à medida que consegue a derrocada do despotismo czarista.


“A democracia russa derrubou o despotismo dos Tzares e entra na família das nações como membro igual aos outros e como uma força poderosa no combate pela libertação de todos nós.”17


Do ponto de vista da estrutura mental a sociedade russa pode ser interpretada como uma sociedade conservadora, embora seja necessário salientar que existem diferentes formas de conservadorismo no mundo, a sociedade russa ainda convivia, em pleno século XX, com uma monarquia de intrínseco caráter absolutista, amparada pela burocracia do Estado e pela nobreza rural. O ponto de rompimento é encontrado no momento em que há o esgotamento da legitimidade do discurso dominante da época.


“O antigo regime conduziu o país à ruína e a população a fome. Era impossível suportá-lo por mais tempo e os habitantes de Petrogrado saíram às ruas para demonstras seu descontentamento.”18


O Estado czarista, em sua origem de elementos culturais, bebe na fonte de tártaros e bizantinos e o poder dos czares passa a ser legitimada, a partir do século XV, pela igreja russa que via neles os sucessores da autocracia bizantina instituída por Deus, com poderes de âmbito secular e religioso. E a nobreza rural se sustentava com a manutenção de seus privilégios, dando apoio incondicional ao poder dos príncipes de Moscou. 19


Nicolau II abdica em 12 de março de 1917, para os sovietes esse acontecimento específico significou a vitória da democracia sobre o despotismo. O documento faz da união, em forma de sovietes, uma arma fundamental e necessária para a vitória em prol da liberdade e da democracia.


Quanto ao estilo, o caráter apelativo é marcante em ambos os documentos, fazendo dos mesmos uma propaganda voltada para um público bem amplo, defendendo a união como forma de alcançar uma assembléia constituinte com base no sufrágio universal, igual com voto secreto e direto deste modo então, alcançará a tão esperada democracia. Se a democracia, portanto, for o objetivo final do projeto dos sovietes estes necessitavam de uma propaganda bem abrangente em termos de alcance das massas e como verificado no documento, “O Apelo do Sovietes aos Povos do Mundo Inteiro” (14 de março de 1917), denota-se a conclamação pela união em termos globais como garantia da libertação da humanidade frente aos regimes despóticos.


“Trabalhadores de todos os países: estendendo irmãmente nossas mãos por sobre as montanhas dos corpos de nossos mortos, por sobre os rios de lágrimas e de sangue inocente, por sobre as ruínas ainda fumegantes das cidades e das aldeias, por sobre os tesouros destruídos, nós vos fazemos um apelo para restaurar a unidade internacional. (...) proletários de todos os países, uni-vos.”20


TEORIA LEVANTADA APARTIR DO MÉTODO


A partir da leitura dos autores, Richard Pipes, Mauricio Trangtenberg, Lionwl Kochan e Christopher Hill, fomentei uma hipótese de caráter “derivativa”, a mercê da origem dos sovietes, essa mesma hipótese buscarei comprovar empiricamente, por intermédio da utilização da documentação dispostas na obra de Marc Ferro, na analise final deste trabalho.


Para essa teoria levantada, uma conjuntura específica caracterizada pela perda de legitimidade da ordem czarista vigente, no qual o acontecimento mais marcante foi o 22 de janeiro de 1905, conhecido como Domingo Sangrento, fez com que a população russa fabril, que por estarem a menos de uma geração longe do meio rural, preservaram e guardaram elementos e especificidades de instituições do meio campesino a exemplo da comuna e do Artel. Então, unem-se de forma singular na história, como conselhos denominados Sovietes.


Faz-se fundamental argumentar que, nesse contexto específico, a Duma não tivera poder de fato e faltava a Rússia um governo representativo local que sanasse os anseios de uma população cada vez mais subjugada por uma monarquia que se configurava em um anacronismo. Logo a união de todos os trabalhadores no Soviete, significaria o único modo de se alcançar a vitória plena do governo popular democrático.


ANÁLISE FINAL


Para fechar, portanto a aplicação do Método em História, farei a analise final da hipótese levanda a mercê da origem dos sovietes, utilizando para tanto, dos documentos dispostos na obra de Marc Ferro, “A Revolução Russa 1917”, O Apelo do Soviete de Petrogrado à População da Rússia (27 de fevereiro de 1917) e O Apelo do Sovietes aos Povos do Mundo Inteiro (14 de março de 1917).


Como bem explicitou Richard Pipes, era necessário existisse um momento específico, uma conjuntura favorável para o surgimento do Soviete, esse acontecimento seria, portanto o Domingo Sangrento.


“Era impossível suportá-lo por mias tempo os habitantes de Petrogrado saíram às ruas para demonstrar seu descontentamento. Foram recebidos a tiro. Em vez de pão, receberam chumbo, os ministros do tzar lhes deram chumbo.”21


Assim se explica o surgimento do soviete de Ivanovo-Vosnesensk, em junho de 1905, todavia como explicar a eclosão dos demais sovietes, como exemplo o Soviete de São Petersburgo? Que como argumentou Lionwl Kochan e Mauricio Trangtenberg, teria se originado de modo espontâneo. Nesse ponto específico entra a perda de legitimidade do czar, chegando ao ponto de os próprios soldados russos voltarem-se contra o governo.


“Mas os soldados não quiseram agir contra o povo e se voltaram contra o governo.”22


Como disse Christopher Hill, faltava ainda a Duma um poder representativo de fato, assim como também um governo representativo local que sanasse os anseios da população russa, por representantes populares, engajados na luta pela liberdade esses seriam os sovietes.


“Defendemos com firmeza nossa liberdade contra todas as tentativas de reação, no interior como no exterior.”23


E por fim, à todos as condições já propostas, acrescenta-se o fato de que a população urbana russa, operários de fábricas por exemplo, diz Lionwl Kochan, estavam a menos de uma geração distantes do campesinato.


Essa população urbana fabril, como diz Christopher Hill, guardava, portanto valores e elementos, como a solidariedade, especifica de instituições características do meio rural a exemplo da comuna aldeã ou “Mir” e do Artel (cooperativa de pequenos produtores e artesãos).


“Possa ele estar enterrado para sempre. Viva a liberdade. Viva a solidariedade internacional do proletariado e viva a sua luta pela vitoria final.”24


Logo a união de todos os trabalhadores russos e do mundo inteiro em torno do Soviete, significaria o único modo de se alcançar a vitória plena do governo popular democrático. Ambos os documentos tem um caráter apelativo que demonstram a necessidade estrema da união de forças.


“Mas apelamos para vós: desembaraçai-vos do jugo de vosso governo semi-autocrata, como o povo russo varreu a autocracia tzarista; recusai manejar os instrumentos da conquista e da violência entre as mãos dos monarcas, dos proprietários, dos banqueiros; então, unindo vossos esforços, deteremos a horrível carnificina que é a vergonha da humanidade e ensombrece os grandes momentos do nascimento da liberdade russa.” (...) “nós fazemos um apelo para restaurar a unidade internacional. Essa é a garantia de nossas vitórias futuras e da completa libertação da Humanidade. Proletários de todos os países, uni-vos.”25


CONCLUSÃO


Tendo dominado a Rússia durante três séculos, o regime autocrático imposto de forma anacrônica pelos czares da dinastia Romanov sofreu sua derrocada em 1917. Unidos em forma de conselhos, denominados Sovietes, os operários e os camponeses realizaram uma das maiores façanhas populares da história contemporânea. A Revolução Russa foi um fato único na história da humanidade, um momento em que praticamente todas as fontes de energia revolucionária do povo jorraram mais impetuosamente que nunca, de forma única, singular; modificando drasticamente a estrutura social, política e econômica desse país.


Alguns podem dizer que a essência da compreensão da revolução está em capitar o seu caráter de classe e suas forças motoras. A partir de todo estudo, concluí que a revolução assim como os Sovietes (conselhos) são indubitavelmente momentos significativos da história e devem ser estudados e entendidos como tal.


No desenrolar do estudo, buscando aplicar o Método, por muitas vezes me choquei com explicações subjetivas de caráter simplista que se deleitaram pelo viés do “achismo”, demonstrando fatos e interpretações sem qualquer embasamento empírico. O método, direcionado a pesquisa em história, aplicado no tema a “Origem dos Sovietes”, me demonstrou ser objetivo, eficaz e competente com a realidade acadêmica dos estudos científicos, proporcionando melhor compreensão e interpretação dos fatos.


Longe de mim, dizer que encontrei “a solução” para interpretar a realidade, mas posso dizer que o Método é aplicável, restam agora mais pesquisas para provar sua utilização prática. Meu objetivo não foi elaborar uma receita, mas sim um Método, um Método para explicar a realidade.



_________________

1. KOCHAN, Lionel. Origens da Revolução Russa: (1890-1918). Rio de Janeiro: Zahar, 1968. Pág. 60.

  1. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - São Paulo: Atual, 1991. 138 p. (Discutindo a história ). Pg. 16.
  2. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - São Paulo: Atual, 1991

Pg. 28.

  1. DEFRASNE, J. DEL e LARAN, M. Declaração de um operário russo. Op. M., pág. 22
  2. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - SP: Atual, 1991. Pg. 75.
  3. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. SP: Atual, 1991. Pg.101.
  4. REED, John. 10 dias que abalaram o mundo. 7. Ed. - São Paulo: Global, c1978. Pg. 22 e 23
  5. REED, John. 10 dias que abalaram o mundo. 7. Ed. - São Paulo: Global, c1978. Pg. 23.

9. NENA­ROKOV, A.. 1917. A Revolução de Mês a Mês, Editora Civilização Brasileira, pág. 45 e 46.

10. REED, John. 10 dias que abalaram o mundo. 7. Ed. - São Paulo: Global, c1978. Pg. 378 e 379.

11. CROU­ZET, Maurice. História geral das civilizações. 2. Ed. rev. Ed. Atual. – SP. D.E. p. 234.

  1. CROU­ZET, Maurice. História geral das civilizações. 2. Ed. rev. e atual. - São Paulo: D.E. Pg. 243.
  1. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - São Paulo:

Atual, 1991. 138 p. (Discutindo a história). Pg. 101.

14. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 116.

15. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 106.

16. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 113.

17. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 113-114.

18. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 105.

19. TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - São Paulo: Atual, 1991. 138 p. (Discutindo a história). Pg. 8-9.

20. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 114-115.

21. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 105.

22. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 105.

23. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 114.

24. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 114.

25. FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974. Pg. 114-115.

BIBLIOGRAFIA

BOUILLON, J., SORLIN, P. e RU­DEL, J., Le Monde Contemporain, n, Bordas.

CROU­ZET, Maurice. História geral das civilizações. 2. Ed. rev. e atual. - São Paulo: D. E. do Livro, 1961-63.

DEFRASNE, J. DEL e LARAN, M. Declaração de um operário russo. Op. M.

FERRO, Marc. A Revolução Russa 1917. São Paulo, editora Perspectiva. 1974.

HILL, Christopher. Lênin e a revolução russa. 2. Ed. - Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 180p.

KOCHAN, Lionel. Origens da Revolução Russa: (1890-1918). Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

NENA­ROKOV, A.. 1917. A Revolução de Mês a Mês, Editora Civilização Brasileira.

PIPES, Richard. . História concisa da Revolução Russa. Rio de Janeiro: Record, 1997. 403p.

REED, John. Dez Dias que Abalaram o Mundo. 7. Ed. - São Paulo: Global, c1978.

TRAGTENBERG, Mauricio; PINSKY, Jaime. A revolução russa. 4. Ed. - São Paulo: Atual, 1991. 138 p. (Discutindo a história).

2 comentários:

  1. legal o seu blog
    informativo, organizado...
    parabéns
    boas festas
    Apenas Alguém

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  2. vlw
    pod me favoritar sim
    sempre que quiser me visitar esteja à vontade
    abraços
    té mais
    Apenas Alguém

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