domingo, 8 de março de 2015

AS TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA FEUDAL

Prof. Douglas Barraqui

I.             O CRESCIMENTO DO COMÉRCIO E DAS CIDADES

A partir do século XI a Europa feudal atravessou um período de transformações políticas, econômicas e sociais:

A)  O CRESCIMENTO POPULACIONAL (SÉCULOS XI-XIII)
No século XIII, a população europeia saltou de cerca de 23 milhões para aproximadamente 55 milhões de habitantes.

Motivos do crescimento populacional:
1)   Relativa estabilidade e certa segurança graças ao fim das invasões e a ações da Igreja que visavam conter a violência – Paz de Deus (“Que nenhum cristão mate outro cristão”) e Trégua de Deus (proibia a guerra em domingos e dias santos).
2)   Mudanças climáticas contribuíram para reduzir as epidemias e proporcionaram melhores colheitas.
3)   Houve, assim, uma queda significativa da mortalidade.

Os senhores feudais passaram a se preocupar em ampliar as áreas de cultivo, e a prática do arroteamento foi a primeira iniciativa nesse sentido - os arroteamentos consistiam em transformar áreas improdutivas do feudo em locais apropriados para o cultivo agrícola. Dessa forma, os camponeses eram estimulados a ocupar e cultivar regiões de florestas, pântanos e bosques.

A explosão demográfica resultou em:

1)   Maior demanda por alimentos,
2)   Necessidade de ampliar a produção de tecidos, utensílios domésticos e produtos artesanais, entre outros, o que levou algumas pessoas a se especializar na produção desses itens e também no comércio.
3)   A oferta de tais produtos nos feudos resultou na intensificação da atividade comercial de caráter monetário.

B)  AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS
As transformações econômicas foram favorecidas pelos avanços tecnológicos na agricultura:
1.   Arado de ferro ou charrua: que substituiu o arado de madeira. Mais resistente e pesado, o arado de ferro abria sulcos profundos na terra, tornando-a mais fofa e apropriada ao plantio. Solos difíceis puderam ser trabalhados, e isso aumentou a área disponível para o cultivo.
2.   Tração animal: para puxar o arado. No novo sistema, o cavalo, mais ágil que o boi, passou a ser utilizado para esse fim. Assim, foi possível cultivar áreas maiores e aumentar a produtividade do campo.
3.   Rotação trienal das culturas: que consistia em alternar cultivos diferentes em uma área previamente dividida em três partes ao longo de três anos. A cada ano, enquanto duas áreas forneciam dois produtos distintos, a terceira permanecia em descanso, sendo utilizada para pastagens. Desse modo, a produtividade aumentou consideravelmente.
4.   Moinhos d’água ou por cata-ventos: foram aprimorados e tiveram seu uso amplamente difundido. Dessa forma, foi possível moer os grãos com mais eficiência e rapidez.

Consequências das inovações técnicas:
1)   Aumento da produção agrícola,
2)   As pessoas puderam se alimentar melhor,
3)   O número de mortes por fome e doença diminuiu
4)   As famílias puderam sustentar um número maior de filhos.
Tudo isso contribuiu para o processo do aumento populacional

C)  O CRESCIMENTO DO COMÉRCIO LOCAL
1)   O desenvolvimento agrícola gerou um excedente alimentar, que podia ser vendido para a população urbana,
2)   O aumento populacional gerou um excedente de mão de obra, que se deslocou para as cidades em busca de alternativas de trabalho.
3)   Nas cidades, muitos camponeses sem terra se dedicavam ao comércio e ao artesanato.

D)  A EXPANSÃO MILITAR

O desejo da classe mercante medieval em dominar as rotas comerciais dos árabes e judeus e um excedente populacional (tanto de nobres quanto de camponeses) criaram as condições necessárias à busca por territórios fora da Europa e à campanha pela proteção da fé cristã.

As Cruzadas e as ordens militares
Dá-se o nome de Cruzadas às expedições religiosas e militares que, entre os séculos XI e XIII, se dirigiram contra aqueles considerados inimigos da cristandade os muçulmanos que invadiram a terra santa e proibiram a peregrinação de fiéis.

Objetivo: reconquista da cidade de Jerusalém, tomada pelos turcos em 1076.

Organização: As cruzadas foram aclamadas pelo Papa Urbano II em 1095 Concílio de Clermont (França)

Causas:
1.   Causa religiosa: libertar Jerusalém;
2.   Causa econômica: abrir Mediterrâneo ao comércio;
3.   Causa política: questão da primogenitura – os filhos dos nobres sem herança viram nas cruzadas a oportunidade de conquistarem terras;
4.   Causa social: crescimento populacional;

Consequências:
1.   Crise do sistema feudal, com o enfraquecimento dos senhores que se endividaram para montar exércitos e perderam camponeses;
2.    Despovoamento das terras do norte da Europa;
3.   Criação de rotas comerciais pelo mar Mediterrâneo;
4.   Revigoramento do comércio entre o Oriente e o Ocidente;
5.   Chegada das especiarias do oriente na Europa;
6.   O estabelecimento de contatos culturais entre a Europa e o Oriente;
7.   Os cruzados contribuíram para a abertura e a recuperação de estradas;

II.           MUDANÇAS NA EUROPA: ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA

A)  O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO:
Entre os séculos XI e XIII, o feudalismo sofreu transformações sociais e econômicas, como o aumento populacional, as inovações nas técnicas agrícolas e a revitalização das cidades devido ao comércio. Esse conjunto de mudanças ficou conhecido como renascimento comercial e urbano.

O comércio:
O crescimento do comércio modificou a estrutura da sociedade europeia, provocando o fortalecimento de uma nova camada social: a burguesia formada por comerciantes e artesãos.

As cidades:
A expansão comercial foi fundamental para o desenvolvimento da vida urbana na Europa. Os movimentos migratórios do campo para a cidade aumentavam a população urbana e, com isso, as cidades cresciam e o comércio prosperava ainda mais.

1.   As atividades artesanais: Com o crescimento dos núcleos urbanos surgiram novas ocupações profissionais, como as atividades artesanais. Os artesãos medievais passaram a se organizar para aumentar sua produção. Em geral, os artesãos de um mesmo ofício formavam uma associação, a corporação de ofício, responsável por controlar a qualidade do produto e seu preço.
Faziam parte dessas corporações:
a)   Os mestres de ofício, que eram os donos das oficinas artesanais e dos instrumentos de trabalho,
b)   Os aprendizes que eram homens livres que dependiam do mestre para trabalhar e aprender o ofício.
c)   Os jornaleiros que trabalhavam por jornada, recebendo uma remuneração diária.
Objetivo: As corporações protegiam os artesãos de uma cidade da concorrência dos de outras. A produção era pequena e não havia grande divisão do trabalho.

2.   O crescimento do comércio regional
Com o aumento populacional do período, esses negócios se ampliaram e o comércio passou a enriquecer os senhores feudais, que lucravam com o crescimento agrícola e comercial, e a própria burguesia em formação.

3.   O comércio de longa distância
O comércio de longa distância, que envolvia comerciantes e produtos de outras regiões, também cresceu, principalmente envolvendo as chamadas especiarias do oriente – cravo, canela, nós moscada, perfumes, essências, ceda, ouro, marfim, açúcar mascavo entre outras mercadorias.
Para facilitar o comércio das especiarias, foram criadas as rotas comerciais. Nos pontos de encontro das rotas mais movimentadas, estabeleceram-se as feiras, importantes locais de venda. As feiras mais famosas ficavam na região de Champagne, na França, loca-lizada entre duas grandes áreas de comércio internacional: o norte da penín-sula Itálica e a região de Flandres. As cidades do norte da península Itálica, especialmente Gênova e Veneza, controlavam o comércio com o Oriente.
O comércio de longa distância gerou maior circulação de dinheiro e novas formas de pagamento, como a letra de câmbio - título de crédito intermediado geralmente por uma instituição financeira.

B)  A CRISE DO SÉCULO XIV

No início do século XIV, mudanças climáticas e desmatamentos provocaram colheitas insuficientes e, com isso, houve aumento do preço dos cereais, em especial do trigo. A população urbana sofreu com o declínio da produção, os negócios recuaram e alguns banqueiros faliram. Guerras, doenças e aumento na cobrança de tributos, levaram ao surgimento de violentas revoltas no campo e nas cidades.

A guerra dos cem anos (1337-1453): destruiu os campos cultivados e aumentou a fome, especialmente nos territórios da atual França.

A peste negra: doença transmitida por pulgas de ratos doentes reduziu drasticamente a mão de obra disponível para a agricultura.
As cidades medievais não eram planejadas. Nessas cidades, as ruas eram tortuosas, estreitas e escuras, e não havia nenhum serviço de coleta de lixo. Nas casas mais pobres não havia banheiros ou qualquer sistema de esgotos. Nas mais ricas e nos castelos havia latrinas, que eram esvaziadas de tempos em tempos. Sem condições adequadas de higiene, esse cenário favoreceu o aparecimento e a transmissão de doenças. Foram comuns no período as epidemias de varíola, cólera, lepra e tifo, além da peste negra.
O comércio entre as cidades da Europa e o Oriente – de onde vinham artigos de luxo, como tecidos, pedras preciosas e especiarias – possibilitou que diversas doenças chegassem pelas rotas comerciais e se alastrassem pelo continente europeu.
Origem: Os primeiros casos dessa doença parecem ter ocorrido na China, no iní-cio do século XIV, quando era dominada pelos mongóis. Em pouco tempo, a peste dizimou populações da Ásia central até chegar às cidades do mar Negro.
Calcula-se que, de 1348 a 1390, a doença tenha vitimado entre 20 e 25 milhões de pessoas, o que equivale a um terço da população europeia da época.
Consequência: dessa tragédia foi uma redução ainda maior da atividade agrícola, o que aprofundou a crise econômica e promoveu mais miséria.

A grande fome de 1315 a 1317: A fome foi resultado da queda da produção agrícola decorrente de secas. Dessa forma, a peste negra alastrou-se rapidamente, pois encontrou o povo desnutrido e sem anticorpos para a doença. Devido às más colheitas, o preço dos cereais, especialmente do trigo, aumentou e o banditismo cresceu. A população urbana sofria com a falta de produtos básicos e alguns banqueiros faliram.

As Jacqueries, revolta camponesa: Os senhores feudais passaram a explorar mais intensamente os camponeses. Camponeses e servos passaram a pressionar seus senhores, reivindicando liberdade e melhores condições de vida, já que estavam presos à terra.
Famintos, cansados e sem a proteção dos senhores, os camponeses deram início, em 1358, às Jacqueries, revoltas que ocorreram nas regiões francesas da Picardia e da Provença, e nas áreas em torno de Paris. A expressão jacquerie deriva de “Jacques Bonhomme” (equivalente a “joão-ninguém”, em português), apelido que os nobres deram aos camponeses para ridicularizá-los.
Motivação: era contestar, por meio de ações violentas contra os nobres, a exploração a que estavam submetidos.
Ações: os rebelados queimaram castelos e assassinaram senhores.
Apesar de toda a mobilização popular, a revolta foi reprimida e mais de 20 mil camponeses foram massacrados pelos exércitos dos reis e seus aliados.

As lutas urbanas: Nesse período, outro foco de ocorrência das revoltas populares foram as cidades.
Causas: dificuldades provocadas pela Guerra dos Cem Anos e pela peste negra, a luta pela independência dos poderes feudais, reais e eclesiásticos.

C)  AS MUDANÇAS SOCIAIS NA BAIXA IDADE MÉDIA

As dificuldades materiais e as revoltas do século XIV desestabilizaram o feudalismo:
O Clero:
1.   Perdeu parte de seus poderes, pois estava menos ligado à aristocracia;
2.   As leis de Deus passaram a ser questionadas;
3.   Perdeu terras e influência;

A Nobreza
1.   Em razão dos problemas econômicos, a aristocracia teve seu poder diminuído;
2.    Muitos nobres perderam suas terras e tiveram de se deslocar para as cidades ou para as cortes reais;
3.   Outros procuravam casar as filhas com burgueses ricos.

Os Camponeses
1.   Depois da peste, das revoltas e do declínio demográfico, muitos conseguiram suas próprias terras e se livraram da servidão.
2.   Outros migraram para as cidades, tornando-se trabalhadores livres.

A Burguesia
1.   Em geral, o grupo mais favorecido, pois, apesar das dificuldades, muitos burgueses compraram terras dos nobres,
Passaram a participar e a influenciar cada vez mais do governo das cidades e da administração real. 

Referências:

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 7° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.

CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.

COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.

MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

Projeto Araribá: História – 7° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.

Uno: Sistema de Ensino – História – 7° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.


VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.

A HISTÓRIA DO NÚMERO "1"

domingo, 1 de março de 2015

QUANTO A CORRUPÇÃO

Por Douglas Barraqui

O debate em torno da corrupção está tão latente atualmente no Brasil que na qualidade de historiador e, acima de tudo cidadão, resolvi me pronunciar. Algumas pessoas, ditas honestas, integras, pseudo moralistas e demagogas, estão polarizando esse debate a um grau tão específico que acabam olhando somente para o próprio umbigo. Não vamos ser hipócritas ao ponto de achar que nessa história, na história desse país, a corrupção tem cor (vermelha, branca ou azul) ou mesmo direção (esquerda, centro e direita). No Brasil corrupção tem tons de cinza e é ambidestra.

Andam repetindo por ai, feito papagaio de piratas, a fala de uma mídia tendenciosa, capciosa, controladora e totalmente parcial, que “nunca se roubou tanto”. Não sejamos justiceiros e afoitos ao ponto de agirmos pela precipitação da emoção e da indignação. Nessa novela, tão antiga quanto às da Rede Globo, existem atores, os coadjuvantes, vilões, mocinhos e mocinhas e, aquilo que considero como mais importante, os bastidores. Precisamos entender os bastidores, caso contrário vai continuar “o sujo falando do mal lavado”.

A corrupção é algo histórico e estrutural

Lula, Dilma, Dirceu e outros tantos, toda corja corrupta desse país, se assim for provado por meio de processo legal - tenho dito - devem ir para a cadeia. Portanto, não estou aqui para falar por este ou por aquele partido. Estou aqui para dizer que corrupção é tão antiga no Brasil quando o conto-da-carochinha. Que esta, está tão impregnada em nossa sociedade que as pessoas, em um pisca de olhos, conseguem confundir o público com o privado. 
Primeira coisa a fazer é olhar para o passado, para a história do nosso país. A corrupção vem sido escrita errada e por linhas tortas desde a carta de Pero Vaz de Caminha, quando este encerra a carta pedindo ao rei D. Manuel de Portugal um emprego para um sobrinho, um “rapaz competente e cumpridor dos deveres” segundo o próprio Caminha. 
Durante o Segundo Reinado (1840-1889) Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, obteve junto ao governo a concessão e a licença para exploração de cabo submarino para rede de telégrafo que ligaria o Brasil a Europa. A efetiva ligação do Brasil à Europa pelo telégrafo ocorreu em 1874, com a instalação do cabo submarino ligando Pernambuco a Portugal, realizada pela empresa The Western Telegraph Company Limited, organizada pelo barão de Mauá que, assim que recebeu a concessão, tratou de transferi-la para capitalistas ingleses. Na inauguração desse cabo transatlântico, o governo imperial, em reconhecimento aos serviços prestados por Mauá, "fê-lo visconde, como o fizera barão ao inaugurar-se a primeira estrada de ferro". Ainda no Império, outro empresário brasileiro, que havia recebido a concessão para a rede de iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro, assim como fez Mauá, transferiu a concessão para uma companhia inglesa em troca de 120 mil libras.
Na República, proclamada em 1889, não havia de ser diferente. O chamado “voto do cabresto” foi a marca registrada do período. Os grandes latifundiários, conhecidos como coronéis, impunham por meio da intimidação, força das armas e da violência de seus jagunços, o voto desejado aos seus empregados e pessoas sobre sua influência.  A compra de voto por favores, mantimentos e mesmo por um par de sapatos era muito comum. No dia da votação o pobre coitado do indivíduo ganhava um pé, após a apuração das urnas, ganharia o outro pé, mas somente se o candidato do coronel vencer as eleições.
No pleito eleitoral de 1950 um caso pitoresco tornou-se muito famoso e entrou para o anedotário da política do país, foi a caixinha do Adhemar. Político de São Paulo, Adhemar de Barros era conhecido pelo lema “rouba, mas faz!”. A tal caixinha era um meio de arrecadar dinheiro em troca de favores. A caixinha envolvia políticos, empresários, bicheiros, entre outros que desejavam algum benefício político. Adhemar chegou a agadanhar com sua caixinha o montante de 2,4 milhões de dólares que ele guardava para gastos pessoais em sua própria casa em um cofre. O tal cofre de Adhemar de Barros foi roubado, em 18 de julho de 1969, pelos guerrilheiros da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR- Palmares) que na época tinha como cabeças o ex ministro do meio ambiente Carlos Minc e atual presidenta Dilma Rousseff.
Essas empreiteiras investigadas pela operação lava jato começaram os namoricos com o poder público ainda no governo JK. Na construção de Brasília as empreiteiras receberam favorecimentos e houve superfaturamento de muitas obras. A lua de meu foi na ditadura com as chamadas obras faraônicas como a ponte Rio Niteroi, a trans amazônica e a usina de Itaipu. A pouca vergonha só foi descoberta agora no governo PT, e com envolvimento de petistas, não poderia ser diferente.
A corrupção está impregnada
Portanto, meu caro amigo leitor, a corrupção no Brasil é histórica, estrutural, está impregnada na sociedade e na cultura de uma maneira quase que generalizada. Sejamos, portanto, justos; não é algo exclusivo do governo PT e não é monopólio de criminosos do colarinho branco.
Quando furamos uma fila; achamos uma carteira no banheiro pegamos o dinheiro e jogamos a carteira no lixo; quando cortamos um sinal vermelho; quando escapamos da blitz graças ao aviso do grupo de whatsapp, quando recebemos o troco a mais e ficamos quietos; sempre quando fazemos valer o velho jargão “jeitinho brasileiro” estamos sendo tão corruptos quanto Dirceu, Delúbio, Genoino e toda corja de mensaleiros.
A verdade é que somos incondicionalmente todos éticos, moralistas e probos quando algo não nos convém, a exemplo da alta da gasolina, alta dos impostos, a Petrobras e seus escândalos de corrupção. E quando nos convém somos pioneiros em esconder, surrupiar, manipular, escorchar, afanar, rapinar, escamotear e, também, a nos safar.
Repito: a corrupção não é algo exclusivo deste ou daquele partido. A corrupção faz morada em sua casa, no dia a dia, nas pequenas e grandes atitudes. Quando você, pai, promete um brinquedo, um celular, ou aquele jogo de vídeo game se a seu filho se ele passar de ano; parabéns, você está comprando o seu filho. Ele vai crescer acreditando em um mundo onde se pode conquistar as coisas em troca de favorecimentos, proventos e privilégios; e a política será a parte mais trágica desse enredo.
Devemos começar pelas nossas crianças
A “negociata é um bom negocio para o qual não me convidaram”, disse uma vez o Barão de Itararé. Ele estava fazendo referência à diluição da ética no sentido aristotélico do termo corrupção. Todos querem mudança, todos aparentam ter raiva da corrupção, apontam para este e aquele partido e se fazem de justiceiros afoitos.
Então, tenhamos a convicção de que, se queremos mudar a história de nosso país, teremos que começar pelas nossas crianças e dentro de nossos lares e, em extensão, nas escolas. É fundamental ensinar as nossas crianças, desde a tenra idade, a linha tênue e a sutil diferença entre mentir e dizer a verdade, entre a honestidade e a desonestidade, este é um princípio.

Um Brasil sem corrupção depende, inexoravelmente, da honestidade de seus cidadãos. Eu tenho um sonho, quero um dia poder reescrever o velho axioma de Lima Barreto: “O Brasil não tem povo, tem público”.