quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Casos e acasos da corrupção em nosso país: “O Brasil não tem povo, tem público"

Por Douglas Barraqui

"Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?" palavras de Juan Aries, correspondente no Brasil do Jornal espanhol El País. Manifestações políticas, passeatas, barricadas, rostos pintados estão resumidos em pilhas e mais pilhas de livros de história em nossas bibliotecas, esquecidos.

A causa gay, ou a marcha evangélica, ou, até mesmo, a maconha, de certo, não são causas menos importantes do que os escândalos de corrupção de nossa pátria. Todavia, é notória, a letargia do povo brasileiro quando o assunto é corrupção.

O conceito de corrupção é assistido pelo povo como “velho jeitinho brasileiro de ser”. O modo como o conceito de corrupção foi construído no Brasil afetou diretamente o comportamento e práticas da população e, digo mais, afetou também sua moral ética.

O fato é que os diversos casos e acasos de malversação e uso indevido de recursos e da máquina pública, redes de clientelismo, desvios de dinheiros, práticas de lobby dentre outras maracutaias políticas, causaram uma sensação crônica de mal-estar coletivo que nos leva a olhar com olhos incrédulos para a política e para os políticos brasileiros.

Os incontáveis escândalos e as bombas estampadas nas manchetes dos jornais criam um estado de clamor geral, um muro de lamentações, e só isso nada mais. Uma espécie de mal-estar coletivo que cria uma visão de senso comum acerca da honestidade e da índole dos brasileiros. Não é por menos que vários indicadores apontam o Brasil como um país onde a desconfiança impera.

É muito fácil falar da corrupção como uma herança histórica, que teria privado o povo de discerni e racionalizar a diferença entre o que é público e o que é privado dentro de uma moral e uma ética. O que nos parece difícil é a mobilização. E mais uma vez sou obrigado a concordo com o axioma do saudosíssimo Lima Barreto: “O Brasil não tem povo, tem público”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fato!
bom texto!

Anônimo disse...

Muito bom!